Sons e odores adocicados no ambiente
No ar a palavra solta dos pregadores
Envolta na fumaça do teu riso contente
Sob o olhar nostálgico dos vendedores
Tua mão transpirada na minha
a alegria estampada no teu rosto de menina
caminhas com leveza e flutuação
os teus olhos, vivos e atentos, traem a tua paixão
sacos empilhados de canela,
tabuleiros alinhados de açafrão,
frascos, recipientes de pimenta,
um ambiente que nos enche de emoção
Observo-te enquanto fumo tranquilamente o narguilé
a taça de café parece ganhar vida na tua mão
enquanto observas os movimentos de Talibé
o pequeno bebé de Iussuf, o anão
Poiso a minha mão na tua com doçura
e retribuis-me um olhar de ternura
olhamos bem dentro dos olhos um do outro
sorrimos e não é preciso articular palavra ou gesto
A chama do desejo patente nos nossos gestos
visível o líbido nos nossos olhos
Amo-te e quero-te ter, alí, nesse momento
Amamo-nos e é nosso o desejo.
Samory de Castro Fernandes