Fundo

Foto de SariinháH

A hora !

Começou como um sonho
Virou pesadelo
Agora dói muito
Não queria perdelo
Mas o tempo passou
e a hora chegou
Hora de te esquecer
Pra no futuro não sofrer.
Não se magoe comigo,
sei que fui eu que comecei
Só queria que soubesse
que no fundo...
NUNCA TE ESQUECEREI !

Foto de Sonia Delsin

O MAIS SABOROSO

O MAIS SABOROSO

Eram tão frias...
Minhas noites eram tão frias...
Naquele tempo eu tinha tanto medo.
Guardava no fundo do coração meu maior segredo.
Ele me machucava tanto.
Me causava tanto pranto.
Mas hoje em dia ele não me machuca mais.
Encontrei a paz.
Meu segredo é a melhor parte de mim.
Meu segredo é a flor mais bela do jardim.
Se ele é um bem, por que eu sofria?
Ele tinha que me trazer era alegria.
Mas naquele tempo não trazia.
Era um fruto proibido.
Era o mais saboroso.
Mais desejado.
Para manter este sonho o que eu não teria dado?
Descubro... depois de tanto tempo passado.
Fui tão amada, foste muito amado.
Existiu tanto amor e nenhum pecado.

Foto de Carmen Lúcia

Tu me ensinaste

A ver o alvorecer sorrindo
E um novo pôr-do-sol se indo...
Que o brilho da última estrela,
É tão intenso quanto o da primeira.

Que a flor mais bela será sempre aquela
Que em nuances aos olhos se revela,
Que a primavera tem sua beleza
Tal qual o inverno...sua realeza.

Que a felicidade mora onde supomos,
Que o amor reflete tudo o que somos,
Ou alcançamos céus,ganhamos terra,
Ou sucumbimos fundo,vítimas do mundo.

Me ensinaste que a dor morre e nasce,
Em meio à ilusão,sempre em contraste
Com o amor que descompassa o coração
E lança nossos sonhos pelo chão.

Me ensinaste a viver fortes emoções,
Desencadeando um mar de inspirações,
Sorri,sofri,amei,poetizei...
"Mas nessa hora a viver comecei..."(Garret)

_Carmen Lúcia_

Foto de Sonia Delsin

SENTIMENTAL

SENTIMENTAL

Sim, eu sou uma sentimental.
Mas ser assim não me faz mal.
Pelo contrário.
Me faz é muito bem.
Pensam que sou triste por que sou sensível?
Longe disso.
Da tristeza eu passo para a alegria.
Transformo tudo em poesia.
E sigo...
E vou.
Caminhando.
Apreciando.
O mundo.
O universo.
Transformo tudo em verso.
Me realizo com esta minha alma leve que pousa como borboleta nas flores do mundo.
Mergulho em tudo muito fundo.
Se me deslumbro e me encanto por que razão existiria pranto?
A vida é bela.
Maravilhosa.
Já paraste um dia para observar atentamente uma rosa?

Foto de DAVI CARTES ALVES

ESSA MINHA OBSSESSÃO DE AMAR VOCÊ

Marcastes n’alma tua imagem
com ferro de marcar,
Musa predileta das minhas canções de amar
Tantas vezes, meu porque de sorrir
Quantas vezes, meu porque de chorar

Sereia das minhas praias de desejo
Onde o prazer de buscá-la mais ao fundo
Se intensificava maviosamente
Em cada toque, em cada beijo

Agora o fogo faminto se alimenta
Reclamando em mim
Sua ausência, abstinência
Incendiando,
escravizada alma sedenta

Sente falta de sua brisa tépida
Em sopros fagueiros o açoitando
Por fim em vão,
Terá que arrefecer com as lágrimas
As laminas de fogo,
em seus pesadelos balbuciantes,
o beijando

Terá que apagar com prantos,
Os slides intermitentes na memória
De seu sorriso melífluo,
nos recantos d'alma,
reboando,
chamando... chamando...
reboando...

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Sonia Delsin

VOLTE, AMOR

VOLTE, AMOR

Tenho os olhos úmidos.
Aperte minha mão.
Tenho uma dor...
É lá no fundo...
... do coração.
Seria tão mais fácil meu viver se eu conseguisse te esquecer.
Mas não posso.
Porque do teu beijo ficou o gosto.
Todo dia eu me lembro do teu abraço.
De quando eu me deitava no teu regaço.
Tenho os olhos brilhantes.
Da lágrima que não cai.
Da lágrima represada.
Começo a dar risada.
De tudo.
De nada.
Aperte minha mão.
Estou tão sentida.
Querendo tanto, tanto que voltes a fazer parte da minha vida.
Volte, amor.
Vamos caminhar de braço dado.
Vamos percorrer os caminhos do passado.
Aquela sorveteria ainda existe.
E isto me deixa triste.
Quando passo por ela vejo lá um dentro um casal a sorrir.
Um casal que só eu existe no meu imaginar.
Este casal lá nunca mais vai voltar.
Ou vai?
Volte, amor. Eu quero tanto.
Tomar sorvete na taça.
Achar graça...
Ó! Estou chorando...
A lágrima represada encontrou no meu rosto uma estrada...

Foto de Henrique Fernandes

VANTAGEM DE SER FRACO

.
.
.

O mar está por todo o lado
Tudo que nos rodeia é feito de imenso
Os dias e as noites são como ondas
Que chegam e partem no areal da alma
Subindo e descendo as marés do espírito
Fazendo-se ouvir em gritos mudos
Ensurdecedores de silêncio
Pintando o serão com lágrimas de solidão
Olho o horizonte negro e distante
Entre as paredes que me apegam ao mundo
Sem fundo onde suspiros são melodias frias
Aquecendo a ausência de prazer
Numa desvantagem de ser forte
E em vantagem de ser fraco
O ser fraco morre rápido e não sofre
O forte é levado pela morte lentamente
Criando um exercito de trevas
Transporto-me pela noite
Onde me cai no olhar um céu estrelado
Dividido entre dor e satisfação
Onde quero ir sem o sabor do chegar
Guiado por um mapa falso do destino
Na pele que se ergue de ansiedade
No vácuo que entoa fantasias
Abrindo fossos até o raiar dos dias
E a alvorada é uma cortina de hipóteses
No labirinto que me leva e trás até mim
Nas dunas da vida forjadas a tempo
Cada instante é uma batalha

Foto de pétala rosa

ÉS LOUCURA DE MIM

ÉS LOUCURA DE MIM

Com palavras me entrego nesta vontade
de ti...
Os meus dedos seguram os
minutos que existem nesta extensão
de estrelas que me seguem
na madrugada
em que te quero.
Sinto o momento em que tu existes
como o sol
no fim do dia.
Sinto a tua poesia dançando
em arabescos
de cristal
entre
os meus dedos.
Real, sonho, fantasia
és loucura de mim...
Despertaste sonhos
transparentes
no fundo dos meus olhos.
Ocupaste este espaço de purpura
dourada
onde partilhámos sons de ternura
e esta
Inocência perfumada....

Amália LOPES

Foto de Dirceu Marcelino

REENCONTRO DA SEREIA (Atualizado, para ficar na sequência da série )

*
* Itanháem - SP
*
Eiaaaa! Vamos lá meu Napoleão!
Eitaaa!!! Vamos corre voa, galopeia!
Fustiga o chão, as pedras, meu garanhão!
Vamos procurar, encontraremos na areia...

Aiii! Como pula. Agüenta meu coração!
Com certeza e por aqui que ela veraneia?
Sim! Perto do rio, nessa linda aluvião
Ahhh! Olhe lá... Ali esta a linda sereia....

Quieto ooooooho!!! Ouça sua linda canção.
Tudo se cala. D’águas ouço a mareia,
Balançar no ritmo de sua entonação.

Nada. Nenhum um pássaro chilreia
Só a melodia impregna o coração.
E encanta minh’alma que devaneia...

NB. Sugiro que esta singela poesia, para entendê-la tome o eventual leitor, como "pano de fundo" a música "CALVAGADA", com Jair Rodrigues, na primeira parte e , na segunda parte, "UIRAPURU", de Lino Amaro, e, como paisagem, para quem conhece o Rio Itanhaém, adentrando para as matas Atlântica, à beira da Serra do Mar...

Foto de Mentiroso Compulsivo

FELICIDADE (Carta a Pessoa Amiga)

Custa muito dizer sim, quando tudo em nós grita “não”. Mas, mesmo com custo, a nossa vida tem que ser um sim. Há duas atitudes que temos que evitar; a ignorância ou a ilusão dos problemas que surgem todos os dias a nós e aos outros, convencidos de que tudo corre bem… e o desânimo e a tentação de desespero, convencidos que não há nada a fazer, de que tudo está perdido….

Não procures ser aquilo que não podes ser. O jardineiro não transforma um cravo numa rosa. Enquanto ser livre, és responsável por ti, terás que te assumir como és, ou antes, terás que ser o melhor de ti mesmo, com tudo de bom e de mau que faça parte de ti.

O Homem aspira à “felicidade”. Mas, infelizmente, não sabe ao certo no que ela consiste, nem quais são os meios que lhe permitiriam alcançar de modo infalível esta condição de bem-estar “total”, de que tem uma vaga intuição, mas não uma ideia precisa. O Homem parece condenado a sonhar com ela, sem ser capaz de a definir claramente.

Saint-Exupéry em Citadelle dizia:

“Há pessoas que desejam a solidão, onde se exaltam, outras necessitam da balbúrdia das festas para se exaltar, outras ainda devem as suas alegrias à meditação das ciências (…), assim como as há que encontram a sua alegria em Deus (…). Se eu quisesse parafrasear a felicidade, talvez dissesse que para o ferreiro é forjar, para o marinheiro, navegar, para o rico enriquecer, e deste modo nada diria que te ensinasse alguma coisa. E, aliás, algumas vezes a felicidade seria para o rico navegar, para o ferreiro enriquecer e para o marinheiro não fazer nada. Assim foge esse fantasma sem entranhas que debalde tu pretendias captar.”

A felicidade, como vez, não é, exactamente, um “objecto” perceptível que se possa conquistar.

Talvez mais importante que aspirar a felicidade, com significado pouco claro, será a serenidade, a descontracção, um estado de alma caracterizado, se não sempre pelo contentamento, pelo menos por uma grande calma interior. Tu inspiraste-me ter essa calma interior, então, faz-me o favor de não a perderes.

Pascal disse:

“O único futuro é o nosso fim. Assim jamais vivemos, mas esperamos viver, e, dispondo-nos sempre a ser feliz, é inevitável que nunca o seremos”

Quase todos nós esperamos por grandes momentos no futuro, procuramos e investimos na tentativa de encontrarmos, um dia, o que nos irá fazer feliz, investimos na nossa felicidade de vermos realizados os nossos sonhos amanhã. E, enquanto ficamos à espera de ser feliz amanhã, estaremos ainda mais longe de o ser. Alguém, um dia, disse algo assim parecido: O homem torna-se velho demasiadamente cedo e sábio demasiadamente tarde, precisamente já quando não há tempo.

É uma questão de inverter o sentido da corrente do pensamento, em vez de pensarmos no futuro, de sonhar com ele ou de o recear, construímo-lo no presente.

Não basta tão-somente não situar a nossa felicidade na realização futura de algo, de sonhos, o que adia incessantemente o momento em que se poderá ser feliz. Também não é por nem sempre certos obstáculos, tidos como irremediáveis ou definitivos, obstruírem o nosso amanhã e nos impedirem de tomar consciência de que a serenidade ainda está, apesar de tudo, ao nosso alcance. É necessário, acima de tudo, algo que não captamos nitidamente, em virtude do próprio quadro social que nos é imposto pela sociedade na nossa vida quotidiana em todos os níveis, desde o profissional ao familiar: é a perda de relações directas com a natureza, com as pequenas coisas da vida.

Quase sempre esquecemos os pequenos momentos, as pequenas coisas do presente que passam por nós, que olhamos, que sentimos, mas que, por serem pequenas, simplesmente as ignoramos.

Sabes que pequenas coisas são estas? Que esperas? Tu tens estas pequenas coisas. Tu tens alma de poeta, ter alma de poeta é um dos segredos da felicidade. Tu tens um sorriso e um sentido de humor que modifica qualquer alma triste.

Basta um olhar, nunca desperdices um olhar, deixa fitar teus olhos por um olhar penetrante (especialmente de for de um rapaz de 1m80, simpático e bonito) que te transmita confiança e sensualidade, nem que dure breves instantes, vive esse olhar intensamente. Vive o olhar de uma criança que te olha com admiração, querendo explorar os mistérios das tuas expressões, como brinquedos nas suas mãos se tratassem.

Não deixes de sentir um perfume, uma flor, olha o mar, perde-te no horizonte, admira a lua, as estrelas. Sente a chuva, o sol a sombra e o luar… Vais ver que esse teu olhar vai além do horizonte que limita geralmente a nossa vista. Deixa o pensamento viajar e contempla tudo o que gostes e queres e verás que o teu corpo e a tua mente se sentirão bem. Admiráveis surpresas surgirão…

Admira um filme com os amigos, um jantar e sorri como sabes sorrir…

Devemos olhar os nossos desejos, os nossos sentimentos, não como fontes de ilusões, nem como impulsos que instigam a fugir ao presente para sonhar com um futuro melhor, visto haver risco de que ele nos faça esquecer de vivermos verdadeiramente, ou seja trocando, um pequeno momento uma pequena coisa do presente, sempre ao nosso alcance, por belos sonhos, que nunca chegaremos a saber se um dia os alcançaremos. Vive as aventuras, não importa quais, com quem ou com quê, nem como, apenas vive-as, se elas te aparecerem no presente.

Estas coisas que nos pertencem ao nosso meio habitual, aparecerem sob um novo aspecto, como lavadas da sua monotonia, que até objectos, pessoas ou coisas, renascerão sob uma nova forma de vida, como uma natureza-morta, como a cadeira ou os sapatos, pintados por Van Gohg, que parecem transparecer vida.

No fundo é só e simplesmente dar uma outra dimensão à vida. Toda a realidade pode adquirir uma profundidade que a une, pouco a pouco, o verdadeiro sentido de viver, ao conjunto das coisas da natureza, do universo.

Tu já tens o que é de mais importante na vida, uma filha. Vou-te contar o meu segredo. Não interessa o que temos materialmente, quanto tempo vamos aqui estar e a onde estamos, apenas interessa saber aquilo que são os sinais da vida, a lua, as estrelas, a chuva, a criança, o mar, o céu e o sol, uma flor, etc… Um dia em que a tua filha perceba tudo isto, e os filhos da tua filha e assim sucessivamente, ficarás eterna para sempre, porque eles irão olhar sempre a lua e as estrelas como tu um dia olhaste, vão sentir a chuva como sentiste, o céu e o mar como admiraste, cheirar o perfume da flor como cheiraste. Percebes agora porque as pequenas coisas são importantes e porque o pequeno nem sempre é necessariamente pequeno.

Elas podem ser vividas por ti só ou em conjunto com outras pessoas (não interessa quem, pode ser a tua filha, o teu marido, um admirador, um amigo, etc), desde de que tu sintas que está a viver o momento (seja ele qual for - até pode ser uma “queca”- smile), nem que seja por breves momentos que podem durar segundos, minutos dias, anos…e o resto, o resto é treta.

Eu até concordei com o António Variações*, que dizia: - Só estou bem a onde eu não estou e eu só quero ir a onde eu não vou. Mas agora nem pensar, temos que sentir que a onde estamos é a onde queremos estar e a onde vamos é a onde queremos ir, só assim poderemos acreditar que não estamos aqui para nada e que não procuramos a felicidade, porque estamos serenos com a vida, não queremos nada diferente, apenas e simplesmente aqueles pequenos sinais da vida. Se eles duram breves instantes ou anos, que importa, a vida vista assim, não faz parte do tempo, é vivida sempre eternamente.

Com Amizade
Jorge

*Cantor português, muito conhecido, cujo vida artística foi muito curta devido ao facto de ter falecido novo.

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