"O último poema da coleção CARETAS... Estive pensando no quanto estamos desabituados a lidar com o desconhecido, pois sempre buscamos explicações a priori para todas as coisas... Bom, aqui falo sobre um dia em que diante de um conflito, me posicionei de uma maneira que eu mesmo não esperava... Permiti minha desconstrução, para dar espaço a criação do novo e desconhecido em mim..."
(DES)CONSTRUÇÃO
=Allan Dayvidson=
Deve haver uma boa explicação,
só não quero ouvir mais.
É uma das perguntas cuja a resposta...
já tanto faz.
Não quero saber o que fazer para ser compreendido;
Não quero saber como ser assimilado ou tolerado;
E não quero anestésicos ou qualquer paliativo,
remendos para um coração impulsivo...
Meu coração será impulso vivo,
não mero pulso diagnosticado.
Deve haver um jeito de consertar essa história,
mas dessa vez isso é algo que permanecerá quebrado.
Conheço milhão de desculpas compensatórias,
mas deixou de ser questão de certo ou errado.
Não quero saber até onde ir para ser convincente;
Não quero saber o que fazer de meus pontos fracos;
E as palavras que escolho não se resumem a meros enfeites,
ou remendo para um coração em cacos...
Estou desconstruído e fora dos frascos,
não destruído ou silenciado.
Não farei dos escombros, minhas ruínas,
e minha reconstrução será interminável...
Meus pilares vão ganhando formas pouco a pouco,
mas em terreno sempre instável...
(Que lugar fértil e formidável!)
Não quero saber o que fazer para ser querido;
Não quero saber quem ser para ser amado ou desejado;
E não farei mais de meus poemas meros comprimidos,
ou remendos para um coração esforçado...
Meu coração será pura força e brado,
não fardo resumido ou explicado.