Vim dos ventos uivantes
Que percorrem os recantos,
Os mais escondidos cantos,
Deste planeta-encanto.
Vim da profundeza dos mares,
Em ondas de muitos lugares.
Por vezes, em par de pares,
Bem distante de outros olhares.
Vim de perfumadas florestas,
De riachos de mente aberta,
De cujas trilhas se dispersam
Para o encontro do rumo certo.
Vim de profundas cavernas,
Invisíveis ao olho externo,
Feitas de cristais, ouro e ferro,
A sustentar a nossa Terra.
Some pude pôr a caminho,
Ao descobrir o carinho
De não me encontrar sozinha,
Triste, solitária e vazia.
O meu coração, religuei,’
Às vozes que trouxe, entranhadas,
Dos cantos onde passei.
À Via Láctea cheguei,
Num misto de tudo e nada
E, tudo, de nada sei.
Sou fogo, água e ar,
Sou terra e sou metais,
Sou estrelas, sou cristais,
Azul-céu e verde-mar.
Vivo, revivo, enfim,
Em versos,
No universo sem fim.
Tudo é breu:
O cotidiano
Transmuda-se na chuva ácida
Que pulveriza por completo
Sonhos forjados por aço, diamantes e ferro.
Tudo é bruma que cega:
A esperança fica estéril
Ao perder a sua centelha eterna
Para o alucinógeno e deletério
Oxigênio da guerra.
O caminho
São zilhões de labirintos prenhes de maledicência:
Neles, o imensurável deserto
Nos espreita: sedento por nossa alma,
Verve e consciência.
Queria ser um parlapatão ou um espantalho
Para que me mantivesse indiferente ao teatro.
No entanto a redoma de mim se despoja,
Deixando a minha retina ser ferida
Pela tétrica realidade belicosa.
Enviado por betimartins em Sáb, 29/01/2011 - 12:37
Diário da minha vida – Parte um
Minha vida é um faz de conta encantado, onde eu fui menina bem pequenina entre lembranças, birras, choros e gargalhadas.
Correndo entre os passeios do jardim da minha amada casa, lembro do balouço branco abanando com o vento, aquela menina sentada na cadeira de ferro, com o livro sobre a mesa, sentindo-se a dona do mundo.
Lembro do dia em que fiz a minha comunhão na candura do meu vestido minha alma estava confusa sobre o medo entre o gélido frio que sentia por medo de errar em algo.
Não entendi ali o magnífico momento e comunhão com Deus, coisas de criança distraída e teimosa.
Ainda lembro-me da casa, toda em pedra, pintada entre os desenhos da pedra em branco, as escadas onde eu alegre colocava as velas acesas para a procissão passar. Quanta vaidade eu sentia ali, naquele mágico momento, onde ninguém podia tocar só Deus e eu.
Lembro do jardim que mais tarde ajudava a cuidar, lembro das roseiras, do podar, regar, da exausta forma de tirar as ervas daninhas a sua volta. Eram as rosas mais belas em seu tom vermelho aveludado, nos presenteando com seu cheiro maravilhoso.
E as Primaveras, como eram belas as Primaveras, as flores desabrochavam e abriam deixando tudo repleto de pura beleza, os passarinhos vinham alegres fazer seus ninhos nas aves dos frutos, a tartaruga despertava do seu sono profundo e passeava entre canteiros e seu pequeno lago. .
Lembro-me de correr abraçando meu tio, mostrando as borboletas que por ali passavam, era tão belo, eram tão variadas, o céu azul, a brisa que por ali passava nos refrescando a alma, no silencio do mágico momento.
E as historia de vida e contos do cotidiano que meu amado avô contava debaixo da varanda, onde escutava feliz por estar ali, mas sempre em minha alegria e curiosidade eu pedia mais uma historia a que falava das bruxas na encruzilhada.
Sorrindo e com aquele rosto meigo e paciente, voltava a contar e contar e nunca me cansávamos de escutá-lo.
Um dia as nuvens vieram sobre a minha casa, com aquela escuridão levando aqueles que eu mais amava e tive que crescer e deixar de sonhar acordada.
Entre trovões e tempestades, entre lagrimas e desatinos, escolhas eu cresci velozmente com o relógio do tempo sem nunca parar.
Quis duvidar do meu Deus, gritei com ele sem medo, impôs respostas e no meio da minha revolta por vezes devo ter o ofendido com arrependimentos constantes.
O Deus do meu coração perdoou, mostrou-me o amor, abençoou e eu caminhei de pazes feitas com ele, feliz.
Hoje voltei a minha casa antiga, a casa de onde eu fui menina, onde corri entre brincadeiras e gargalhadas e vi que nada restou dela a não ser o lugar mágico que ainda eu senti ali naquele momento.
Nem jardim, nem o balouço, nem as pedras são iguais, a água sumiu, presa a um poço escondido, parece um palácio, mas não é o meu palácio onde eu fui feliz na infância.
Caíram as lagrimas de saudade, lembrando-me das historias que por lá passaram, lembrando-e de um casal que teve sonhos e os realizou no amor e na partilha da vida.
Esta é uma pequena parte do meu diário de vida.
Enviado por KAUE DUARTE em Qui, 16/12/2010 - 20:36
vida longa ao rei
palavra que prolifera
concordia e amizade
quem confia consegue
enquantos muitos duvidam
de minha capacidade
se sou capaz de mexer o trigo
ja carrego o bolo
confeitado de glória
não quero coroa
não sou de ferro
mais em minha humildade
humilde prospero
não sei se tenho sabedoria
ou se ela me tem
nunca da pra discernir quem usa quem
se sou tolo??
ahh te respondo
comoter tolices pra tudo que não me acresce
isso chama esperteza
tenho em mim um grande fardo
se vou construir ou destruir
se for pra construir
que eu construa a PAZ
se for pra distruir
que eu destrua as muralhas que nos separam
quem vençe a jornada
paz? guerra? infelizmente não sei
mais manifesto o mesmo, vida longa ao rei
Vida curta, mundo estreito
Visão parca, desrespeito
Sobrevivendo nesta feroz competição
Subjugam, sobrepujam
Uns aos outros mais se sujam
A todo momento uma nova decepção
Retração dos sentimentos
Uma nova farsa, um novo tormento
Um novo degrau difícil de galgar
Sempre correndo contra o tempo
Tropeço, queda, derrota e lamento
As mãos nas rédeas sem poder para controlar
Vamos nos recolher à nossa insignificância
Todo mundo é ninguém, o resto é ignorância
O ferro fere, o tempo marca
Dando soco em ponta de faca
Na nossa eterna persistência em viver
Sofre, teima, lima e sua
Todos os dias, em todas as ruas
Esta labuta dá vontade de morrer
Pobres, gays e meretrizes
Também buscam seus dias felizes
Que força é essa que lhes fazem perdurar?
Cai a noite, perco o sono
Meninos de rua, cachorros sem dono
É justo perder as esperanças disso mudar
Vamos nos recolher à nossa insignificância
Todo mundo é ninguém, o resto é ignorância
O caminho de ferro de São Vicente
Está muito fortemente delineado
Na imagem sem trilhos dos dormentes
De madeira a muito na areia fixados
E que deixaram no leito marcado
Seu trajeto e mesmo que se tente
Disfarçar de onde foram retirados
Eles aparecem muito latentes
Nas fotos aéreas e no solo escarpado
Dos morros pelos quais passava rente
Às rochas e no túnel escavado
Na divisa das cidades proeminentes,
Passando então o túnel a ser chamado
De ”José Menino”. Ida a São Vicente.
(DIRCEU MARCELINO)
“VIAGEM DE TREM”
Lá vem a Maria Fumaça...
Trazendo e levando saudades...
Por onde ela passa!!!
Por toda a composição...
Esta espalhada à esperança...
Em muitos corações!!!
Lá vem o trem de ferro...
Carregado de sonhos...
De sentimentos sinceros!!!
Na beira das estações..
Tem crianças brincando...
Se enchendo de ilusões!!!
No apito do trem amigo...
A cabeça viaja...
Num grito contido!!!
O amor, que ainda não voltou...
É esperado na rampa, com todo fervor!!!
Lá vem a Maria Fumaça...
Trazendo a alegria...
Por onde ela passa!!!
Chuck,chuck, chuck, lá vem a Maria Fumaça,...
Espalhando noticias por onde ela passa!!!
(Viajar de trem faz parte do imaginário de toda criança...
Portanto permaneçamos criança enquanto durar nossas vidas...
Porque na vida de cada criança, não pode faltar esperança...
E nem uma viagem de trem!!!)