Direção

Foto de Marta Peres

Amor Eterno

Sigo passo a passo os ponteiros do relógio,
Cada minuto é eternidade,
Milagre que não pode repetir
Aumentando a tortura da saudade.

Tormento é a vida longe do meu amor.
Em rastros de luz vou seguindo
Pegadas que conduzem a um mar distante
E a tristeza me consumindo, pouco a pouco.

Mesmo como nuvens perdidas no horizonte
Tento mudar a direção do destino,
Busco rumos onde não lhe procurei
E perco-me pelos caminhos.

Entro por estradas que nunca imaginei
E vivo de saudades e na esperança
De algum dia poder lhe encontrar,
Vou vivendo de sonhos e lembranças.

Amor, amor eterno que vivo a recordar,
Amor que me revigora e me destrói
Sentimento que não dá para esquecer.

Amor, amor eterno,
Mesmo com o tempo que passa e apavora,
Jamais envelhece.
Marta Peres

Foto de Anandini

Onde estás?

Os dias passam...
passam um a um, correm como a agua saloba que caem de meus olhos...
Lágrimas que, uma a uma buscam por ti.
Passam os dias,
e a saudade bate a todo momento,
na porta entreaberta desse meu coração!
E este coração que pulsa por ti,
espera...
Aguarda aflito o momento de reencontrá-lo.
O momento de entregar-se e de abandonar-se em suas mãos.
Onde estás,que não aparece para realegrar a minha vida?
Para onde fois?
Quem será a pessoa de sorte que neste momento desfruta de seu doce sorriso?
Para quem entregas agora esse coração que outrora juraste ser meu?
Querido não sais de meus pensamentos...
Te espero a cada minuto...
e cada minuto se torna um calvário para esse coração que jaz...
sem dono
e sem direção...

Foto de Oraculo

TOMA-O...

Toma-o em tuas mãos meu coração,
Com cuidado e zelo tal qual com uma ave ferida.
Coloca-o na correta direção,
Para tornar única a minha e a tua vida!

Toma-o em tuas mãos,
Para que ninguem possa o machucar de novo.
Entrego-lhe além dele minha alma e minha paixão,
Toma para ti, a história desse pobre tolo.

Toma-o como parte de ti,
Pois eu já pertenço num todo a seus desejos.
Apenas lhe peço, não me deixe partir,
Levando esse amargo gosto de despedida,
Nos teus beijos...

Foto de Carmen Lúcia

" A morte do cisne "

Últimos passos da última valsa...

Pas des deux,..pas de bourrée .
Últimas piruetas, rodopios, calafrios...
Arabesques, développés, coupés...
Chopin, Strauss...Noturno?Soturno!!!
Que se tisne o Lago dos Cisnes...
Leve-os a morte...cumpra-se a sorte!

Da doce bailarina, resta a rima...

Da ternura, pureza, purpurina,
Encantos que realçavam a magia,
Dos passos e repassos, luz que reluzia...
Nada restou...somente a noite fria...
E cara a cara com a vida,
Perderam-se encantos, queimaram-se fantasias.

Nos olhos agora, ar de ironia...

Não mais vê a vida como outrora via...
Mas,o talento ainda aflora e vigora,
E na “salida”, molda a pista qual felina
Em direção ao par que o seu corpo alisa,
Revela as fendas laterais e sensuais,
De um vestido preto, colado, ousado, passional.

Ouve Gardel, ousa um “gancho” num bordel...
Num atrevido “ocho”,usa e abusa da atração...
Andar de gato, elegância e aparato,
A flor vermelha nos cabelos, um desagravo,
Seus lábios sorvem o gosto amargo da paixão...
“Y aquella noche lejana”.. triste recordação!
Tango e solidão...nada que cause emoção!

Carmen Lúcia

Foto de angela lugo

Imaginação

Posso te imaginar na luz da minha existência
Sentir tua presença a inebriar minha alma
Sentir a fragrância do teu perfume
Escutar o palpitar distante de um coração
Posso sentir o som das lágrimas caindo
Escutar passos que vem em minha direção
Mas que nunca me alcançam...
Se correr ou se andar apenas ouço os teus passos
A me acompanhar durante o meu trajeto pela vida
É como se estivéssemos lado a lado no mesmo universo
Abro e fecho os olhos na esperança de te ver
Procuro-te em todas as direções e nada de ver você
Pergunto-me porque existe esta sensação de tê-lo
É como magia que vem preencher este meu vazio
Por mais que não te encontre pelas quebradas da vida
Vou andando pelas metades até que te encontre
E você seja a parte que me completa por inteiro
Enquanto não te encontro vou te imaginando na mente
E te alcançando em meus sonhos levemente

Foto de Lou Poulit

NÃO CABEM DOIS MARES NO MEU ABISMO

Não cabem dois mares no meu abismo. Não resplandecem duas estrelas na minha escuridão, nem duas manhãs podem beijar o reabrir dos meus olhares. O meu sonho incauto colhe os ventos rebeldes que o arrebatam, e o peito do alto tolhe as vagas que lhe desafiam, mas no silêncio milenar das suas profundezas o meu amor não se desalinha. Pelas imensuráveis distâncias do próprio cosmo, o meu amor peregrina e das palmas que lhe acariciam esmola: de cada era a prece em que tardo e a bailarina, em quem como um raio ardo e me esvaio, com cada passo tece o cetim no espaço, o olhar que toca a tez amada quando amanhece.

O relâmpago, que a eternidade de um instante proclama, não alforria duas senhoras, nem duas escravas lhe possuem a chama. O hálito morno, que áspero lambe o leito e dessedenta o rio, e como um senhorio crava estrelas em suas areias, só tem uma pataca. Para que dois alforjes? Não são de sandálias as suas pegadas, mas onde aponta o velho cajado ancora-se o frêmito do escuro ao firmamento, como se ao crepúsculo o amor ancorasse o vento e, a se deserdar do fim iminente, sentisse o que o músculo não sente. O corpo da amada não mente, o botão guarda o instinto da rosa. O templo espera, de uma só direção, pela manhã sestrosa que há de lhe dar vida às pedras.

Pois que venha o amor no dia das algas. Abissais, viscosas e quentes, esgalgas algas, crispadas no rastro das correntes, rubras espadas a sua conquista. Virá o tempo do grito rijo, nas entranhas do torpor. Virá a madrugada ao regozijo do repouso. Amada, virá o amor tardio... Ah, o amor vadio, sem peja ou medo, a mais doce peleja, o mais furioso brinquedo. Virá na ponta do dedo, no gume da fala, descabelar a pérola numa luta que na vala brota, de pétalas no fundo da grota... O pórtico exíguo e seu tímido obelisco hão de ser soterrados sob as asas do pégaso amado, para que apenas as suas estrelas rasguem o negrume e habitem o instante. Ah, o amor... Pelo caminho dos pirilampos o amor virá com seu tropel. Mas que não venha pelos campos, nem do mar nem do céu, mas com um canto gutural o amor mais visceral venha do nosso passado... E domado como um bicho amante, pela crina, há de transfigurar-se em doçumes, no vau largo da bailarina, num último cismo de lumes. A manhã pertencida espreguiça o levante, sem posses ou posseiros, sim à vida... E nunca mais aos ciúmes.

(Itaipú, 21/julho/2007)

Foto de Sonia Delsin

TEMPESTADE

TEMPESTADE

Chove em mim.

A cântaros.

Chove sem cessar e eu começo a rezar.

Deus pai que me ouve, que sempre vela por mim...

Por que tem que ser assim?

Por que tanto desencontro?

Por que tanto medo?

Por que o mundo me parece em certos momentos tão imenso?

E noutras horas penso.

Que ele encurtou.

Que não existe distância.

Que ele nos aproximou.

Vieste a mim como a coisa mais bela que alguém na vida podia encontrar.

Vieste num viajar.

De asas leves...

Vieste como anjo num dia em que eu não acreditava mais em anjos.

Mas chove agora.

Porque tem hora...

Ah, tem hora que fico desacreditando!

Que acho que está demorando.

Esta roda da vida é estranha, muito estranha.

Ela vai arranhando, tem horas que parece que vai avançando.

Noutras parece que vai empacando.

Chove em mim porque meu céu escurece.

Mas entro em prece.

Acredito de novo. Começo a sonhar...

Vou te encontrar.

Sinto que um dia ainda esta roda vai estacionar.

Nós dois frente-a-frente.

Nem sei qual dos dois vai dar o primeiro passo em direção ao outro.

Mas um vai avançar.

Vai abraçar, vai beijar.

E o resto do mundo vai parar pra admirar.

Sonia M. Delsin

Foto de Cecília Santos

MANHÃ SEM SOL

MANHÃ SEM SOL
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Pela manhã, ao abrir minha janela.
Um vento frio e úmido beijou-me a face.
Prenúncio de que o dia seria um caos.
O sol não rasgou as nuvens,
seus raios não vieram iluminar meu dia.
A garoa fina se transformou e o céu deixou,
sua tristeza transparecer em forma de chuva.
Tal qual essa manhã triste, e melancólica.
Meu coração e minh’alma, entristeceram também.
Meu pranto rolou pelo meu rosto.
Como eu queria que minhas lágrimas.
se fundissem com a chuva.
Se tornando forte o bastante,
pra levar essa dor embora.
Como eu queria voltar o tempo,
e ser feliz novamente.
Como eu queria olhar o mundo,
com olhos de bem querer.
Mas nada pode atenuar meu sofrer.
A sua presença era, como uma luz na minha vida.
Ocupando todos os espaços.
Seu amor guiava meu caminhar,
me mostrando a direção.
Amar você era tão simples... quanto sorrir,
caminhar, cantar, respirar...
Mas, você foi embora, me deixando,
completamente perdida...
De repente, não mais sabia,
se era inverno ou verão, se era dia, ou noite.
Me perdi na sua falta, no fato, no acaso.
E nesse caos, que se tornou minha vida.
Todo dia, é mais um dia, pra eu lembrar de você.

Direitos reservados*
Cecília-SP/07/2007*

Foto de Sonia Delsin

BREVE

BREVE

O vôo da gaivota era breve.
A carta leve.
Voava no ar.
Feito pluma ia em direção ao mar.
Grande oceano.
Engolidor de segredos.
Eu contava na carta dos meus medos.
Breve ser que somos.
Tocadores de instrumentos.
Com nossos sofrimentos.
Somos sabe o que?
Somos momentos.
Fragmentos.
Breve.
Temos a ilusão que o tempo se estende.
Que o tempo é imenso.
Quando o tempo é pouco.
É quase nada.
É um nadinha de nada juntado a outro nadinha de nada.
Uma somatória que inutiliza.
Vem a brisa.
A carta cai. Cai... Vem a onda.
Vai.
E a carta na água salgada se dissolve.
Nem ao mar os segredos.
Nem aos habitantes do grande oceano.
Meus medos...
Outro plano.
Morro.
Mas é ao som de um piano.

Foto de opoeta josé carlos martins de lima

alguem

meu coração bate bem mas rapido quando escuto a sua voz , voçê se torna para mim um desequilibrio fico tambem sem direção. quando vejo o seu olhar me da arrepios , garota voçê ja me deixa louco sem ao menos ter lhe beijado o que eu sinto me consome. largo tudo e corro sem direção sempre quando fico assim penso em ter asas para voar. voçê me atrai e ao mesmo tempo me afasta estou ficando louco, ou talvez seja um sonho estou em frente de um abismo olho para baixo e vejo a escuridão e quando olho para traz vejo uma distancia infinita que nos separa eu não quero pular nesse abismo e tambem não tenho forças para voltar. e vejo que estou perdido e tambem não tenho asas para voar .

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