Últimos passos da última valsa...
Pas des deux,..pas de bourrée .
Últimas piruetas, rodopios, calafrios...
Arabesques, développés, coupés...
Chopin, Strauss...Noturno?Soturno!!!
Que se tisne o Lago dos Cisnes...
Leve-os a morte...cumpra-se a sorte!
Da doce bailarina, resta a rima...
Da ternura, pureza, purpurina,
Encantos que realçavam a magia,
Dos passos e repassos, luz que reluzia...
Nada restou...somente a noite fria...
E cara a cara com a vida,
Perderam-se encantos, queimaram-se fantasias.
Nos olhos agora, ar de ironia...
Não mais vê a vida como outrora via...
Mas,o talento ainda aflora e vigora,
E na “salida”, molda a pista qual felina
Em direção ao par que o seu corpo alisa,
Revela as fendas laterais e sensuais,
De um vestido preto, colado, ousado, passional.
Ouve Gardel, ousa um “gancho” num bordel...
Num atrevido “ocho”,usa e abusa da atração...
Andar de gato, elegância e aparato,
A flor vermelha nos cabelos, um desagravo,
Seus lábios sorvem o gosto amargo da paixão...
“Y aquella noche lejana”.. triste recordação!
Tango e solidão...nada que cause emoção!
Carmen Lúcia
Comentários
p. bailarina
Olá, Saudade...
"Da doce bailarina, resta a rima...", belíssimo verso, Pássara. A rima é a música da poesia, o veículo sonoro que transmite a emoção e nos nos arrebata o íntimo de nós mesmos.
O ambiente sensorial, que precisou de três estrofes para ser criado, apesar de lindo, não sugere um terço do ambiente psico-emocional que a poetisa criou com apenas uma estrofe: "Da doce bailarina, resta a rima"...
Se resta a rima resta a chama que lhe dá sentido, embora possa estar exilada, porque, segundo Vinícius, "a chama ama o silêncio". Se resta a rima, embora lhe cubram grossas cortinas, restam as luzes da ribalta. Se ainda resta a rima, bela Bailarina, então só lhe falta a manhã, Cotovia.
Sua poesia derruba minhas defesas. Do crítico frio, só resta a emoção de tê-la lido.
Beijos e pius, do Passarinho Despencado.
Lou Poulit
Querido Poulit
Vinicius estava certo:a chama ama o silêncio e é nele que se encontra a ex doce bailarina.Nada mais tem a falar.Findaram-se os argumentos,diante dos fatos.
Quanto às rimas,talvez tenham restado as mais pobres e piegas...talvez seja esse o motivo da chama se encontrar em silêncio.
A fama,as luzes da ribalta,as decepções a transformaram numa bailarina fria,sem emoções,sorriso sarcástico,que nem ouve mais o cantar da cotovia...
É,passarinho,creio que quem despencou foi a bailarina.
Levante-se e alce seu vôo,que é lindo,cheio de esperanças.
Obrigada por tão lindo comentário.
Beijos no bico.Saudades!
Carmen
Carmen Lúcia