BREVE
O vôo da gaivota era breve.
A carta leve.
Voava no ar.
Feito pluma ia em direção ao mar.
Grande oceano.
Engolidor de segredos.
Eu contava na carta dos meus medos.
Breve ser que somos.
Tocadores de instrumentos.
Com nossos sofrimentos.
Somos sabe o que?
Somos momentos.
Fragmentos.
Breve.
Temos a ilusão que o tempo se estende.
Que o tempo é imenso.
Quando o tempo é pouco.
É quase nada.
É um nadinha de nada juntado a outro nadinha de nada.
Uma somatória que inutiliza.
Vem a brisa.
A carta cai. Cai... Vem a onda.
Vai.
E a carta na água salgada se dissolve.
Nem ao mar os segredos.
Nem aos habitantes do grande oceano.
Meus medos...
Outro plano.
Morro.
Mas é ao som de um piano.
Comentários
p/ Sonia Delsin
Olá Sonia:
Adorei o teu poema, era tão bom que toda a gente se deixasse envolver pelo som do piano e flutuar sob o encanto da sua música.
Sim de facto o tempo parece-nos infinito, aliás acho que nem damos mesmo pelo tempo.
De certeza que se sob o enacanto da musica de um piano, alguém decidisse escrever uma carta, essa carta seria a mais airosa, a mais perfumada, a mais leve de todas as cartas que alguma vez escrevera, e se esse alguém conseguisse transferir para a carta tudo o que lhe ia na alma, de certeza que escreveria um poema muito parecido com o teu.
Adorei
Bjs
Francisco Ferreira D'Homem Martinho
Francisco Ferreira D'Homem Martinho