Despertador

Foto de LUIZ NEVES

texto

HORA MARCADA

São 5 horas da manhã, mal o dia nasceu e meus olhos já estão despertos, inquietos, acordados...
O telefone insiste em tocar, toca forte, teimosamente incomoda o meu silêncio, unicamente meu. Lembrei-me que não tenho nenhum telefone, nada parecido com seu trimtrim...mas, esses meus ouvidos que escutam passos, laços apertando a dor, lamentos ocultos!
Agora sim, são exatamente 6 horas e meus pensamentos flutuam perdidos. O tempo nunca para e o relógio marca em segundos, seguindo numa mesma direção.
Agora são 7, 8, 9 horas e o trem apita três vezes naquela mesma estação, gente de cá, de lá, vindo, indo e nunca voltam, perdem-se no meio do caminho. Dirijo meus olhos aos ponteiros que circulam e jamais se cansam, marcando o mesmo compasso sem atalhos. São exatamente 12 horas e, no entanto, essas horas todas num dia tão curto, e não explica, só complica. Raciocínio lento, sonolento.
Agora o relógio marca 18 horas, as estrelas lá fora despertam luminosas, a escuridão ofusca-se diante de pequeninos e brilhantes pontinhos. A lua surge preguiçosa, (meia lua). Estou ainda aceso e as horas correm, escorregam; ouço o tic tac do despertador que segue religiosamente o tempo, infinitamente estou indo junto acompanhando cada segundo, acordado, desperto, profundamente moribundo!!!
São 5 horas da manhã, mal o dia nasceu e meus olhos já estão...

LUIZ NEVES

Foto de LU SANCHES

Um dia daqueles!

Acordou assustada naquela manhã de inverno, olhou para o despertador e teve vontade de espancá-lo, pois já passava dos oito; deu um pulo da cama. Foi ao banheiro olhou para o espelho, sabia que o café da manhã estava fora de cogitação; Kátia estava com raiva, se já não bastasse os cobradores de ônibus estarem em greve geral, até o relógio resolveu voltar-se contra ela.
Sabia que não chegaria a seu destino a tempo, então resolveu apelar a Jéssica, amiga de infância que morava no apartamento ao lado e possuía um belo importado. Pronto, seu dia estava salvo, afinal aquela data era esperada com ansiedade. Ela funcionária dedicada com alguns anos de experiência, pronto para ser promovida.
Vestiu-se formalmente para a ocasião, pegou sua bolsa e mais que depressa bateu na porta da amiga. Bateu e bateu, mas nem sinal se Jéssica. Respirou profundamente três vezes para manter a calma. A solução agora era pedir a seu Joaquim para fazer uma corrida até o centro, ele taxista, senhor de boa aparência passava todos os dias debaixo de uma árvore à espera de um cliente.
Desceu pelo elevador e foi às pressas ao encontro de seu Joaquim, que não se encontrava no ponto. Provavelmente fora fazer alguma corrida, fato raríssimo, mas que naquele dia ocorrera.
Kátia que não era supersticiosa estava para mudar de idéia. De ônibus não tinha como chegar, sua amiga que nunca saia de casa tão cedo não se encontrava, seu Joaquim arrumara passageiro justo naquela manhã, seu carro sem previsão de sair da oficina.
Como chegar? Do que ir? Eram perguntas à procura de respostas. Kátia lembrou de sua bicicleta; fazia tempo que não á usava.
Pedalando pela cidade, notou algo estranho, diferente. Que será que estava acontecendo? A maior parte do comércio estava fechado, eram poucos os carros que circulavam pelas ruas. Mas a preocupação de chegar logo a seu destino era maior do que a curiosidade de saber o que estava ocorrendo.
Com aproximadamente duas horas de pedaladas, ela estava exausta e toda desarrumada; porém aliviada por estar chegando, cruzou a esquina andou alguns metros e em fim chegou pelos fundos como fazia todos os dias. E aquele era especial, pois não é todos os dias que se é promovida.
Mas algo estava estranho, a porta encontrava-se trancada e não havia ninguém no local. Kátia estressou-se começou a chutá-la e esbofeteá-la; ações que chamou a atenção de um moço que passava na calçada, que resolveu perguntar a ela o que estava ocorrendo e se ela era da cidade; posteriormente disse-a que aquela agência não abria aos sábados e nem aos feriados.

Foto de sidcleyjr

Quarto escuro

Porta fechada guardando palavras ilustres,
Fazendo sombra às fotos do passado,
Medo que a luz apareça sem sentido acordando a realidade dos monstros,
Água ao lado matando a sede das fabulas,
Escorrendo pelos rios e alagando florestas sem prejudicar as borboletas,
Voando pelos céus ao alcance da metamorfose.

Quarto sustentando o escuro poder de significado das quatro paredes,
O amor muitas vezes passou e deixou vozes do puro desejo,
Deixou aqui a velocidade dos constantes privilégios da emoção,
Uma viagem a marte com passaportes ao doce mel da abelha rainha.

Aventurado foi à aniquilação do silêncio,
Que provocou as promessas ameaçadoras,
Conservando a tal verdade dos homens,
Atuando no breve momento dos sonhos,
Acordando pelo próprio despertador no meio da madrugada.

Ninguém escutou,
O quarto permaneceu em silêncio no inverno constante,
Lágrimas deixaram à marca no chão delicado,
Base de vidro que hoje passo com calma,
Para manter-me firme ao local que acreditei.

Agora semeio a experiência,
Ganhei o semblante noturno,
Possuindo uma mascara de palhaço enfeitando o sorriso,
Neutralizando o atrevimento e esperando que o dia amanheça.
O tempo passa e sinto seqüelas oferecidas pela lembrança,
Ao desprezo do corpo sou vulnerável a luz,
Conduzindo a escuridão do quarto.

Macro ):

Foto de lotus

Nascer para dar vida.

Nasci para fazer com que o meu irmao sobreviva.

Ele tem uma coisa má dentro dele que o vai matando todos os dias e os médicos dizem que so o meu sangue pode fazer com que a coisa má nao o destrua mais depressa.

Ninguem me explica nada, vivo trancada nas paredes da casa, do quarto.

Vivo com o olhar perdido a olhar atravéz da janela trancada do meu quarto, onde posso ver a chuva a cair, e o vento a passar nas arvores, mas nao os posso sentir. Vivo a imaginar o que será sentir o sol a abraçar-me com os seus raios.

As pessoas com quem falo sao todas grandes, e nunca me dao atenção.

Será que todas as crianças vivem assim?

Sei que nasci apenas para prelongar a vida do meu irmao, para lhe dar sempre mais esperança, e mais uns segundos, minutos, horas, anos de vida...

Mas começo a ficar cada vez mais cançada, cada vez mais fraca. Os ataques dele cada vez acontecem com mais frequência, e é retirado cada vez mais sangue de mim.

O sangue que lhe corre nas veias é o meu. A vida que ele tem é a vida que ele rouba de mim, aos poucos.
Os pais nao se importam.

A mae está sempre em viagem, fica apenas as horas suficientes para fazer um novo par de malas cheio de roupa para se voltar a ir embora.

O pai esté sempre em reuniões. Diz que nao pode falar porque tem trabalho, mas traz sempre gente ca para casa para trabalharem com ele, ou melhor, converçarem.

Quando se vai deitar já é tao cedo, que o despertador toca logo depois de enfiar os pés debaixo dos cobertores. Acho que é isso que o faz andar sempre tao mal disposto, porque a mim ele diz-me para eu dormir muito para acordar mais bem disposta e como ele nao dorme, acho que é isso que o deixa sempre mal disposto.

Ele tambem nunca me dirige mais de 5 palavras juntas. Nunca olha para mim, e nunca me deu um abraço como aqueles que o mano me dá depois de lhe salvar a vida.

Será que eu sou uma má menina?

Gostava de respirar um bocadinho que fosse o ar lá fora... mas o pai discute sempre comigo quando lhe pesso isso. Acho que é por isso que ele nao gosta de mim.

O mano pode sair sempre que quer, as horas que quer, e ele está doente, mas eu nao posso, porque o pai diz que os remédios nao podem andar a passear na rua, e eu sou o remédio do meu irmao, logo, nao posso andar a passear.

E se eu nao quiser ser um remédio?

O pai baixa a cabeça, levanta-me a mao, e lagrimas rolam pela face dele abaixo.

Depois ouço berros do pai a dizer que eu nao tenho escolha e que fui criada para salvar o filho dele.

Eu nao sou filha dele? Serei eu mesmo apenas um remédio? Criada para dar vida a quem a perdeu um dia, e agora anda a tentar recupera-la?

Tenho 8 anos, e o pai trata-me como se nao existisse, fala-me como se fosse uma das empregadas da casa, e passa por mim como se eu fosse um objecto.

Nao quero ver o meu irmao deitado numa cama, num quarto fechado, mas tambem nao quero que ele me roube toda a vida que tenho.

Nao podemos viver os dois? nao podemos partilhar os dois a vida que temos, e sermos como irmãos?
Irmaos como aqueles que sao retratados nas historias, que vivem juntos e unidos, que se ajudam mutuamente.

Vivo à 8 anos presa numa casa, num quarto cheio de nada. Repleto de coisas cáras que nao têm valor.

Será que dar a vida a alguem que desconheciamos quando nascemos tem valor?

Serei eu apenas um remédio que usam e deitam fora e que serve para chatiar as outras pessoas?

Gostava de ser alguem.
.
.
.
( continua brevemente )

Foto de sidcleyjr

Quarto escuro

Porta fechada guardando palavras ilustres,
Fazendo sombra às fotos do passado,
Medo que a luz apareça sem sentido acordando a realidade dos monstros,
Água ao lado matando a sede das fabulas,
Escorrendo pelos rios e alagando florestas sem prejudicar as borboletas,
Voando pelos céus ao alcance da metamorfose.

Quarto sustentando o escuro poder de significado das quatro paredes,
O amor muitas vezes passou e deixou vozes do puro desejo,
Deixou aqui a velocidade dos constantes privilégios da emoção,
Uma viagem a marte com passaportes ao doce mel da abelha rainha.

Aventurado foi à aniquilação do silêncio,
Que provocou as promessas ameaçadoras,
Conservando a tal verdade dos homens,
Atuando no breve momento dos sonhos,
Acordando pelo próprio despertador no meio da madrugada.

Ninguém escutou,
O quarto permaneceu em silêncio no inverno constante,
Lágrimas deixaram à marca no chão delicado,
Base de vidro que hoje passo com calma,
Para manter-me firme ao local que acreditei.

Agora semeio a experiência,
Ganhei o semblante noturno,
Possuindo uma mascara de palhaço enfeitando o sorriso,
Neutralizando o atrevimento e esperando que o dia amanheça.
O tempo passa e sinto seqüelas oferecidas pela lembrança,
Ao desprezo do corpo sou vulnerável a luz,
Conduzindo a escuridão do quarto.

'Macro

Foto de Wilson Madrid

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

* LIBERDADE
* AINDA
* QUE
* TARDIA

Antenas parabólicas do universo,
Rabiscando a vida em prosa e verso...

Captando a natureza de Minas Gerais,
Que quem conhece não esquece jamais...
Em 2008, dia vinte e um de abril,
Dia de Tiradentes, martir da independência do Brasil...

Manhãs com despertador de galos nos quintais,
Corais de alegres e positivos bem-te-vis,
Praças e jardins com suas palmeiras imperiais,
Natureza, árvores, flores, frutas, céu aniz...

Fractal de flamboyant,
Coração de erva doce na esteira,
Gelatina de uva e maçã,
Ameixeiras, bananeiras, laranjeiras...

Chuva, sol, lua e estrelas,
mergulhos no azul do céu anil
e nados até a copa amarela do ipê...

Caminhadas pelas trilhas tranqüilas,
chão de terra, ar puro, divina natureza,
entre matas, lagoas, peixes e borboletas...

O som do silêncio, as leituras dos gênios, a consciência que ressoa...
Mahatma Gandhi, Santo Agostinho, Tiradentes e Fernando Pessoa,
Paz, amor, liberdade e poesia também:
Libertas quae será tamen...

Amém!

Foto de Vlad Silva

INJUSTA JORNADA

Cinco horas da matina,
Inicia-se a rotina,
Clama o despertador:
Acorda, pobre trabalhador!

O café da manhã é parco,
Só o tira do jejum.
Agradece pelo pouco,
Sabe que está no sufoco,
Mas há quem não tenha nenhum.

Despede-se de seu rebento
Com um terno e suave beijo
Promete-lhe um brinquedo
E pergunta o seu desejo.
Ele escolhe, sem pestanejar:
Quer que o pai fique em casa pra brincar.
Mas, esse presente, o pai não pode dar.

Ao pôr os pés fora de casa,
Já começa a preocupação:
Mora em área de risco
E o clima é de tensão.
Faz o sinal da cruz
E uma breve oração,
Pedindo, mais até para os que ficam,
A divina proteção.

O aceno da esposa
Da janela do barraco
Faz dele um homem forte,
Apesar do corpo franzino e fraco.

A primeira das batalhas
É encarar o transporte.
É uma tarefa árdua,
Requer força, destreza e sorte.
Se o patrão imaginasse
Como é penosa a jornada,
Por cada hora de transporte
Pagaria o dobro da trabalhada.

Mas o patrão vem de carro,
Com ar-condicionado,
E diz que não entende:
Como alguém já chega no trabalho cansado?

E assim se inicia
Mais um dia de labuta.
A hora rasteja-se ao passar,
Retardando o fim da luta.

Findo o primeiro turno,
É a hora da refeição.
Ao se benzer ele agradece
Pelo arroz com feijão.
O descanso é breve
E não faz do fardo
Algo mais leve.
Coragem, Camarada!
O segundo turno te aguarda.

Dez para as cinco da tarde,
Ele é chamado na administração:
Será mais uma bronca?
Ou a escala para o próximo serão?
Quiçá até um aumento ou promoção?
Ouviram-se rumores e boatos:
“Mudanças ocorrerão!”

Chega em casa cabisbaixo
E coloca sobre a mesa,
Onde deveria pôr o pão,
Uma folha de papel,
Que é a missiva mais cruel,
Sua CARTA DE DEMISSÃO.
(Vlad Silva)

Foto de Cecília Santos

FLORES ESPALHADAS

FLORES ESPALHADAS
:
:
:
Quero ver flores espalhadas
Por ai afora.
Mesmo que não seja primavera.
Quero sentir o calor do sol.
Mesmo que seja num dia de inverno.
Quero soltar muitos balões no ar.
Só pra ver o céu todo colorido.
Quero amar a vida.
Acordar ao toque do despertador.
Fazer uma retrospectiva do ontem.
Me preparar para o hoje.
Quero sentir alegria pelo que sou.
E pelo que tenho.
Quero olhar uma criança sorrindo.
E entender sua inocência através
Do seu riso.
Quero sentir a brisa batendo em meu rosto.
Ou a chuva fina à me molhar.
Quero olhar pro céu e agradecer.
Pela vida que ganhei de presente!
Pelo ar que respiro a todo instante.
Por tudo que está ao meu redor.
Quero agradecer pelo meus olhos.
Que podem enxergar belezas mil.
Que mesmo não sendo primavera.
Enxergam flores a enfeitar a vida!

Direitos reservados*
Cecília-SP/04/2008*

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"BOM DIA"

BOM DIA

O galo canta...
O sol se levanta...
E o mar se agita!!!

A chaleira aquece...
O dia amanhece...
E o despertador grita!!!

A vida começa...
Todos têm pressa...
E as horas avançam!!!

O rio segue seu curso...
O homem acerta seu rumo...
E o tempo vira cúmplice!!!

O trabalho se desenvolve...
A morosidade não resolve...
Tudo que tem para fazer!!!

O dia passa depressa...
O ontem e o amanha não interessa...
O hoje é puro viver!!!

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"BOM DIA"

BOM DIA

O galo canta...
O sol se levanta...
E o mar se agita!!!

A chaleira aquece...
O dia amanhece...
E o despertador grita!!!

A vida começa...
Todos têm pressa...
E as horas avançam!!!

O rio segue seu curso...
O homem acerta seu rumo...
E o tempo vira cúmplice!!!

O trabalho se desenvolve...
A morosidade não resolve...
Tudo que tem para fazer!!!

O dia passa depressa...
O ontem e o amanha não interessa...
O hoje é puro viver!!!

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