Andei perdido, largado, sem notícias suas.
Como um meliante embriagado, perdido nas ruas.
Procurando uma via que me levasse a você.
Desejando te abraçar, beijar, querer te ver.
Quanto mais eu andava, cambaleava, mais me perdia.
A cada passo dado, trocado, deixava a alegria.
Apanhava da vida, nas esquinas nas quais caía.
Vivia triste, marcado, sem nenhuma fantasia.
Ao me ver naquele estado, dopado, em plena letargia.
Viu só uma sombra, um farrapo, de quem já fui um dia.
Não era a mim que olhava, odiava, era minha tristeza.
Querendo você de volta, inconcebível ato de avareza.
Em um estado lastimável, desagradável, de me ver.
Acho que pensava, olhava, mais a mim, do que a você.
Não que um dia, mês, a tenha deixado de amar.
Pois a falta de você, sem você, me deixava sem ar.
Não podia viver, sobreviver, daquela maneira.
O que eu realmente queria, desejava, era você por inteira.
Nem como amigo, querido, você me aguentava.
Um Tigre deprimido, com dó de si, coisa bizarra.
A Rosa que eu conheço, vejo, não gosta de pessoas assim.
Gosta de homens corajosos, alegres, enfim.
Com pena de mim mesmo, confuso, sem querer saber de nada.
Andava cada vez mais desviado, tropeçando na estrada.
Aos poucos, comecei a sentir medo, raiva.
Quando vi, não queria saber mais de mim, nem lembrava.
Quando a sua ausência, ida, me fez perceber a insanidade.
Voltei para a minha terra, lugar, a minha cidade.
Lugar no qual amava, lutava, e bem conhecia.
Olhando para mim, naquele estado, não me reconhecia.
Aos poucos fui voltando, andando, caminhando.
Enquanto melhorava, alegrava, voltava voando.
No caminho de volta, pessoas que gostavam de mim.
Me dando apoio, gritando, torcendo por mim.
Me fazendo pensar, raciocinar, como cuidaria de você ?
Se nem mesmo a mim, naquele momento, podia manter.
Hoje sei por onde vou, ando, qual estrada caminhar.
Tenho consciência do que sou, o que represento neste lugar.
Querendo te achar, mostrar, que estou bem de verdade.
Voltei a ser quem eu era, forte, sem auto-piedade.
Grito alto para que ouça, escute o que tenho a dizer.
Ainda não sei o caminho, o destino, que me leva a você.
Não sei se um dia verei, ou irei descobrir.
Pode ser que vá embora um dia, tenha que partir.
Talvez encontre comigo, esbarre em um cruzamento.
Me mostre um sorriso lindo, gostoso, como nos velhos tempos.
Estou curioso, intrigado, com que a vida vai me mostrar.
Nessa viela sem tamanho, que ela me faz trilhar.
Se um dia ler isso, e ainda se importar.
Saibe que voltei a andar, caminhar e até voar.
Por esse local emocionante, assustador, como uma grande avenida.
Que todos nós chamamos, pelo nome de VIDA.