O vento da serra
Paulo Gondim
07/05/2000
O vento sopra bem leve
Trazendo a brisa fresca da serra
Sozinho, rumo incerto, deserto
Lá vou eu, errante nesta terra
No sertão é assim
No duro fio que interrompe o passo
Do caminhar lento, do olhar perdido
De pouca esperança em descompasso
E vejo homens da terra
Bravos, corajosos, grandes guerreiros
Numa luta desigual, quase impossível
Porque aqui são sempre derradeiros
Mesmo assim, sopra o vento
Embalando o pouco sonho sertanejo
Um sonho bom, sonho de vida, de paz
Como miragem, que ao longe sempre vejo
No sertão a esperança foge
Na sobrevida cruel, fria e desumana
O homem é forte mas já se faz descrer
Na mudança desta sina tão tirana
E o vento da serra ainda sopra
Desta vez mais quente, nas savanas
Já não há mais homens fortes, lá se vão
Tristonhos, feios, fugindo em caravanas.