Contrário

Foto de Anjo Azul

Mulher-anjo

Não se engane...
Eu não sou simples...
ao contrário, sou complexa...paradoxal...
Eu não sou mulher que se possa guardar num cofre...
não posso ser retida entre os dedos...
não posso ser aprisionada por sentimentos que não sejam os meus...
Para me conhecer...
olhe o movimento das ondas do mar..
o barulho do vento nas folhas das árvores....
Para me seduzir...
não me peça pra calar quando quero cantar...
não me peça para falar quando quero apenas olhar a vida que passa e refletir em silêncio...
não me peça para parar de sorrir... ou de chorar...
não estranhe quando eu sentir vontade de abrir minhas asas e voar em direção à lua...
ou de me despir e mergulhar nas águas de uma cachoeira...
Para me possuir...
não tente me segurar quando preciso ir...
Deixe-me livre...
e assim, terás a certeza de que serei tua...
porque,livre, voltarei sempre para ti!

Foto de Civana

O Jornal

Coisas estranhas acontecem e não sabemos explicar o porquê. Como pode um jornal no lugar errado trazer algo de positivo na vida de alguém? Ainda estou tentando entender...

"_ Quem colocou esse jornal ali?”

Estranho, em cima do armário de parede da cozinha. Quem poderia ter essa brilhante idéia? Será que era pra ler depois? Mas poxa, em lugar assim tão alto, só pode ser doido, vou ter que pegar a escada pra tirar.

"_ Ah, fica pra depois...saco!"

Anoiteceu e quando entrei na cozinha, o jornal ainda incomodava, mas sempre vou até lá pra fazer algo e deixo pra depois, não quero ter que pegar escada e parar o que estou fazendo.
Amanheceu e fui pegar água, ao beber, automaticamente levanto o copo e olho pra cima...o jornal de novo...ainda lá, no mesmo lugar, apenas com uma ponta pra fora. Só que dessa vez pude ler o título da reportagem: "À espera de uma grande paixão". Que estranho, o que será isso? Ri e deixei pra lá, estava com pressa mais uma vez, depois eu pego pra ler.
No dia seguinte, ao beber água, mais uma vez li o título da reportagem na ponta do jornal, ainda pra fora, na mesma posição. Só que dessa vez não me irritou, ri e fui embora. E assim tem sido por vários dias, ler aquilo a cada vez que bebo água me faz bem, me dá vontade de rir, de beber mais água e sair pra caminhar.
Já perguntei aos que poderiam ter colocado aquilo ali, meu irmão, quando vem me visitar, ou meu filho. Nada, nenhum dos dois lembra de ter colocado o jornal lá. Será que estou doida e fui eu? Sei lá... Agora também nem me interessa quem colocou, só sei que quem tirar vai ter que se entender comigo, rs.
Se estou doida? Não! Mas parece relaxamento deixar aquilo ali, não? Sim, pode parecer, mas quem não gosta de rir sem motivo, de sentir ânimo pra fazer as coisas, assim, do nada? Pois é, o jornal está lá, agora não me incomoda mais, pelo contrário, ler várias vezes por dia "À espera de uma grande paixão", me faz bem...muito bem!

(Civana)

Foto de Civana

Receita Caseira by Civana

Prato do Dia: Amor Eterno

Ingredientes:

* 1 amor
* pitadas de carinho a gosto
* 1 tablete de amizade
* 1 colher de sopa cheia de respeito
* litros de compreensão

Preparo:

Primeiramente, conseguir o ingrediente principal, raro no mercado, mas não impossível. É só saber procurar o "amor" incansavelmente. Feito isso, teria que conseguir que ele se fizesse presente, pois do contrário a receita desanda.
Vá adicionando calmamente as pitadas de "carinho", até que ocupe todos os espaços. Em seguida dissolva a "amizade", até que esteja pura e transparente. Adicione a colher bem cheia de "respeito", mexendo sempre, sem parar, até que esteja totalmente absorvido. E finalmente os litros de "compreensão", que devem ser adicionados calmamente, precisos. Nesse momento aconselho ir provando, pois se deve saber respeitar o gosto de cada um.

Sugestão de sobremesa: "Intimidade a Dois".

OBS: A receita é prática e fácil, basta saberem usar os ingredientes corretamente. Acredito que com essa receita, qualquer amor que se julgava "infinito enquanto dure", tornar-se-á eterno! E pode abusar, use esse prato do dia diariamente!

(Civana)

Foto de Cecília Santos

O TEMPO TERMINOU PRA NÓS

O TEMPO TERMINOU PRA NÓS
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Nosso tempo juntos terminou.
Os anjos do céu em meu ouvido,
estão à sussurrar.
Tenho que dizer adeus agora.
Pois nas asas plumadas dos anjos
você será carregada.
Nosso tempo juntos terminou.
Antes de você ir embora,
quero te abraçar apertado.
Aconchegar-te em meu peito,
ouvir o seu respirar.
Nossa história não está
terminando agora.
Pelo contrário ela terá continuidade,
pois cada capitulo vivido.
Será uma eternidade de recordação.
Os milésimos de segundos
estão passando.
Preciso deixar-te ir.
Mas não consigo desprender-me de ti.
O cordão é forte demais, o elo é resistente
para ser rompido, interrompido assim.
O tempo acabou, o sopro de vida se esvaiu
Como brisa suave que vai embora.
Levado por uma rajada de vento forte.
Como nuvens esculpidas no céu,
que pouco à pouco se transforma.
Você também se modificará.
Será sorriso de lembrança.
Lágrimas de saudades.
Presença constante, feito magia.
Magia que ilude os olhos, a alma, e o coração,
fazendo-me pensar, que nada mudou.
Na minha íris retratei sua imagem.
Seu sorriso bonito, seus lindos olhos verdes.
Que pra sempre me acompanharão...
Pra estar contigo, basta cerrar meus olhos.
Pronto!!! Estás pertinho de mim...!
Tão longe do meus braços, mas dentro
dos meus olhos e do meu coração.

Direitos reservados*
Cecília-SP/04/2007*

Foto de Dirceu Marcelino

ESTÓRIAS QUE SE REPETEM

“ESTÓRIAS QUE SE REPETEM”.

Este conto se baseia na estória de “Eros” e “Lara” e de “Marcílio”, os dois primeiro personagens fictícios de nossa poesia denominada Súplica.
As estórias de “Eros” e “Marcílio” podem ser comparadas a do francês Jean Genet .
Sabe-se que “Genet nasceu de uma união ilegal. Sua mãe abandonou-o na primeira infância, tendo sido criado até a adolescência por uma família substituta e depois teria passado alguns anos em orfanato do governo, em Paris. Sempre se sentiu ‘um enjeitado’, pois seus irmãos adotivos o chamavam de ‘bastardo’, consideravam-no “ovelha negra” da família, a quem imputavam os atos mal feitos que fizessem e consta até que fora vítima de violência sexual”.
Aos poucos até os demais membros da pequena comunidade passaram a lançar-lhe a responsabilidade de todos os atos anti-sociais que aconteciam na localidade e passaram a chamá-lo de “ladrão” e “homossexual”. Desse modo, não tendo pai, não mantendo contatos com a mãe, sem ninguém com quem se identificar, foi assumindo a única identidade que poderia internalizar.
Porém, nosso personagem “Eros”, apesar de ter estória muito parecida com a de Genet, ao contrário, tinha pais e vários irmãos. Aliás, estes se destacavam no pequeno vilarejo em que moravam por serem trabalhadores, construtores de “calçadas de pedrinhas”. Eram muito requisitados para fazer seus serviços e “Eros”, com cerca de quatorze de idade podia ser visto acompanhando-os quase todos os dias pela manhã quando a família saia para o serviço diário e só à tardezinha retornava para casa.
Ao entardecer observa-se que “Eros” se associava ao grupo de adolescentes do bairro, pequeno grupo da vizinhança, grupo de amigos, autênticos. Passava a gozar dos folguedos juvenis típicos daquela região e sempre terminavam as brincadeiras em “peladas de futebol”. Após as mesmas, permaneciam por algumas horas conversando, raramente seu grupo mantinha contatos com meninas, apesar de que nas proximidades e no mesmo horário formar-se outro grupo de moças.
O primeiro dos adolescentes que passou a se associar com as moças foi “Eros”, que logo começou a namorar uma delas, a mais bonita por sinal – “Lara”. Esta aos dezesseis anos se destacava por sua beleza. “Eros” também era um rapaz bonito e logo começou a namorar “Lara”, um casal lindo de namorados e inseparáveis. “Lara” engravidou e apressou-se o casamento que sequer havia sido programado. Casaram-se e passaram a morar em uma casa doada pelos irmãos de “Eros”. Tiveram um casal de filhos, duas crianças que se destacavam por sua beleza e gentileza.
No mesmo período em outra pequena cidade vizinha eis que surge - “Marcílio”. Também, ao contrário de GENET, tinha pais. Mas eram ambos sexagenários. Alguns dizem que essa é uma grande dificuldade de pais que concebem muito tardiamente, pois quando alcançam a terceira idade já não tem energia suficiente para cuidar dos filhos adolescentes e acompanhá-los nos primeiros anos e após atingirem a maioridade. Parece-nos que foi o que aconteceu com “Marcílio”. Não teve o privilegio de ser assistido por seus pais já idosos, na sua infância e adolescência.
Mesmo sendo um belo rapaz, ao contrário de “Eros”, não se interessou por namoradas. Ao contrário, diziam que se interessava por rapazes. Apesar desses comentários na realidade nunca ninguém comprovara tal fato. Destacava-se no colégio onde estudava por ser inteligente e vivaz. Logo começou a ser chamado pelos colegas adolescentes de “Marcília”. Percebeu-se que não se preocupava com essas difamações, e aos poucos foi assumindo essa “identificação diferencial”. Como Genet assumiu a identificação de homossexual.
Porém, mais grave do que a assunção dessa identidade foi o fato de “Marcílio”, num mecanismo de fuga e evasão, passar a fazer parte de outro grupo pernicioso, uma “gangue” de usuários de drogas.
Talvez, tenha passado a associar-se a este grupo inconscientemente, induzido pelo casal que praticamente o adotou, fazendo-nos lembrar do slogan que hoje vemos afixados nas traseiras de ônibus caminhões e em alguns locais públicos:

“Adote seu filho, antes que ele seja adotado”.

“Marcílio” após ser adotado pelo casal, de alguma forma começou a se relacionar com outros jovens, pessoas de outra cidade, maior e próxima, e prosseguindo naquele mecanismo de busca de identificação, e de evasão, passou a fazer parte de um grupo formado por pessoas de fora do circulo familiar e da comunidade local, membros clandestinos, ocultos, que compareciam à pequena cidade para adquirir alguma coisa que só o “respeitável casal” comercializava muito livremente, pois além de vendedores de roupas – mascates – também eram respeitáveis no círculo dos ricos, dos mais abastados, pois moravam em uma das mais belas casas da pequena cidade e assim seus relacionamentos se estendiam aos altos círculos sociais.
Provavelmente, os pais legítimos de “Marcílio” gostaram do interesse do casal por seu filho, mesmo porque além de morar bem, do aparente sucesso material o varão exercia respeitável cargo público.
Com bom grado deixaram que “Marcílio” com eles permanecesse, trabalhasse, até morasse. Pensavam que ele trabalharia no bar, dormiria na casa do casal, mas na realidade o jovem passava os dias no bar, no recinto de jogo e à noite passava ao relento a perambular pela outra cidade vizinha, a “trotoir” pela praça e pelas ruas quase desertas até o amanhecer.
Ainda que se resumisse à jogatina ou a promiscuidade sexual o casal de velhos não teria muito com o que se preocupar. O problema era ainda mais grave. “Não percebia o velho casal que seu filho passava por problemas individuais que ‘induzia-o’ à fuga e ao refúgio no consumo de estupefacientes e ao cometimento de infrações conexas”
Aos poucos o respeitável casal que o “adotou” começou a utilizar “Marcílio”, para outros comércios que faziam além das vendas de roupas, que ofereciam para seus clientes de casa em casa.
Percebeu-se então que era um comércio clandestino e ilegal quando alguns cheques emitidos pelo casal foram objetos de registro de boletim de ocorrência na delegacia de polícia local e nas investigações procedidas constatou-se que apenas a assinatura era verdadeira, as demais escritas eram todas falsificadas. O casal dono do cheque, mesmo prejudicado desejava apenas resgatá-los, mas de forma alguma queriam que fosse aberto inquérito. Pois diziam que não pretendiam responsabilizar o adulterador, pois este era “Marcílio” “seu filho adotado” que já tinha naquela ocasião algumas passagens nesta mesma delegacia, por pequenos furtos e não pretendiam prejudicá-lo ainda mais. Por que será?
Ninguém sabia o que estava acontecendo, pois, geralmente, esses atos anti-sociais são imperceptíveis aos que não conhece a subcultura da localidade.
No seio dos grupos secundários que se interligam de modo imperceptível, através de um mecanismo de “transmissão cultural”, “alimentam uma tradição delinqüente com o seu peculiar sistema de valores anti-sociais, que se transmite de uma geração de residentes à seguinte”.
Na realidade “Marcílio”, não era apenas um pequeno delinqüente, hoje reconhecemos, também era vítima. Vítima tão culpada quanto aos delinqüentes traficantes de drogas. Durante as investigações dos estelionatos praticados por “Marcílio”, percebe-se que ele usava apenas camisas de mangas longas, com o propósito de esconder as inúmeras marcas de picadas intravenosas nas dobras dos cotovelos.
Mas como de fato cometera delito de estelionato, foi indiciado em Inquérito Policial e respondeu ao respectivo processo criminal.
“Marcílio” até então conhecido como “homossexual”, agora, também, passou a ser considerado “toxicômano” e “ladrão”. Embora a comunidade local o rejeitasse como sempre, surgem não se sabe como, pessoas abnegadas que espontaneamente oferecem ajuda nas horas de desespero e assim com colaboração de representantes de uma grande indústria local, conseguiu-se sua internação na instituição especializada na recuperação de toxicômanos.
Lá permaneceu por algum tempo nesta instituição, esperando o julgamento do mesmo processo a que respondeu, sendo condenado, foi recolhido à Cadeia Pública da Comarca, para cumprimento da pena de um ano e quatro meses de reclusão. Permaneceu recolhido no regime fechado até ser beneficiado com progressão para o regime de prisão albergue e passou a pernoitar na casa de albergado.
A Casa de Albergado era uma das poucas existentes, que pouco a pouco foi desativada, como as demais.
No mesmo período em que “Marcílio” permanecia internado, o “respeitável casal” que o adotara, também, foi preso, em flagrante por tráfico de entorpecente e ao final condenados as penas de três anos.
A “Respeitável Senhora” depois de um mês de reclusão na cadeia local foi transferida para uma Penitenciária Feminina do Estado. Lá teve algumas dificuldades de relacionamento com as demais reclusas, em face de ser esposa de funcionário público. Porém, com apenas nove meses de reclusão ela foi beneficiada com prisão albergue domiciliar e retornou para sua casa.
O “respeitável Senhor”, também, beneficiado com prisão albergue domiciliar, permaneceu preso apenas por um ano e dois meses.
Atualmente, ambos vivem felizes na mesma casa e continuam a ser respeitados na pequena comunidade. Consta que não reincidiram.
Ocorreu que, enquanto o respeitável casal saía do sistema prisional, logo depois, “Marcílio” ingressava, justamente, em razão daquele cheque adulterado cuja vítima era a “Respeitável Senhora”, pois fora condenado por estelionato.
Neste mesmo período Eros deu entrada na mesma cadeia em que estava recluso Marcílio, chegando a morar por pouco tempo juntos na mesma cela. Em razão disso saberemos a seguir o que acontecera com Eros.
“Eros” e sua bela mulher, também eram fregueses do respeitável casal e, provavelmente, além de roupas compravam outras “mercadorias”.
Logo a toxicomania de “Eros” o subjugou.
Inicialmente, por não conseguir acompanhar seus irmãos no trabalho de construção de calçadas, passou a ter dificuldades financeiras para suprir as necessidades da família e, provavelmente, para adquirir as substâncias entorpecentes de que necessitava, então passou a praticar pequenos furtos. Logo foi indiciado em inquérito. Mas sua primeira prisão ocorreu por porte de entorpecente. Tal infração era afiançável, porém, como nenhum de seus familiares se prontificou a pagar o valor arbitrado, chegou a ser recolhido à cadeia pública.
Consta que nessa oportunidade um dos presos, também oriundo da mesma comunidade, tentou seviciá-lo sexualmente e por resistir com afinco aquele não conseguiu seus intentos. Saiu da cadeia, invicto, mas marcado por uma das mazelas da prisão. Ainda dizem que a cadeia regenera, não foi essa primeira experiência de “Eros” o suficiente para ele.
Pouco dias depois, novamente ”Eros” foi preso por violação de domicílio. Desta vez, consta que o presidiário “Bárbaro” investiu sobre ele com intenções inconfessáveis e para resistir ele fingiu que estava tendo um ataque convulsivo, inclusive, espumando pela boca. Nesse estado foi socorrido e de alguma forma separado de ala da pequena cadeia, onde não poderia ser alcançado por seu algoz.
Ao saberem do sucedido seus irmãos e esposa fizeram esforços para pagar advogado e libertá-lo. Porém, consta que sua bela esposa inconformada do ocorrido, ou seja, com as constantes tentativas de sevícia a que o marido sofria, ameaçava-o abandoná-lo, caso não se corrigisse e retornasse à cadeia.
Foi o que ocorreu, pois decorridos mais alguns meses, outra vez “Eros” foi preso em flagrante por furto. Neste terceiro período consta que, totalmente, subjugado foi presa fácil de “Bárbaro”. Pior do que isso ao saber do ocorrido, sua esposa, o abandonou de vez. Logo arrumou outro companheiro.
“Eros” não foi abandonado apenas por ela, mas também, por seus irmãos e pais. Abandonado, não tendo trabalho e condição de comprar drogas, tornou-se um verdadeiro alcoólatra “bêbado de rua” e nos quatro ou cinco anos que se seguiram, retornou à prisão por flagrantes e condenações por furtos e uso de substância entorpecente.
Este foi o relato de “Marcílio” do ocorrido com Eros, porém, reservou-se a contar se “Bárbaro” tentara alguma coisa contra si. Chegou a dar a entender, que, o que importava saber sobre isso, se ele já era conhecido como “homossexual”.
Infelizmente, não foi longo o período de observação de “Marcílio”, pois ele que era conhecido como “alcagüete”, algum tempo após revelar esses casos que segundo a subcultura carcerária deveria permanecer oculto, e ainda por dar informações sobre outros delitos praticados na região, principalmente os relacionados ao tráfico de entorpecente, em certa data ao ausentar-se, descumprindo o horário de entrada na casa de albergado, foi morto num bairro de uma grande cidade próxima.
“Marcílio” morreu por “over-dose’ de cocaína, mas segundo dizem poderia ter sido forçados a tomar uma dose excessiva, ou seja, fora assassinado. Por quem? Não se sabe, pois esta é uma das estratégias do crime organizado.
Casos como o de “Eros” e “Marcílio” nos fazem lembrar e comparam-se com o de Jean Genet, mas agravados por serem estigmatizados, além de ladrões e homossexuais como “toxicômanos”, “alcagüetes” qualidades negativas que não são aceitas na sub-cultura carcerária, colocando-os na última categoria da hierarquia existente entre eles.
Estórias como de “EROS” e “MARCÍLIO” mesmo fictícias comprovam a dura realidade de nossos dias, mas o que é interessante são estórias que se repetem. Repetem...

Foto de Fatima Cristina

Despedida.

Podias ter-me dito que ias sair da minha vida. A paixão é mesmo isto, nunca sabemos quando acaba ou se transforma em amor, e eu sabia que a tua paixão não iria resistir à erosão do tempo, ao frio dos dias, ao vazio da cama, ao silêncio da distância. Há um tempo para acreditar, um tempo para viver e um tempo para desistir, e nós tivemos muita sorte porque vivemos todos esses tempos no modo certo. Podias ter-me dito que querias conjugar o verbo desistir. Demorei muito tempo a aceitar que, às vezes, desistir é o mesmo que vencer, sem travar batalhas. Antigamente pensava que não, que quem desiste perde sempre, que a subtracção é a arma mais cobarde dos amantes, e o silêncio a forma mais injusta de deixar fenecer os sonhos. Mas a vida ensinou-me o contrário. Hoje sei que desistir é apenas um caminho possível, às vezes o único que os homens conhecem. Contigo aprendi que o amor é uma força misteriosa e divina. Sei que também aprendeste muito comigo, mais do que imaginas e do que agora consegues alcançar. Só o tempo te vai dar tudo o que de mim guardaste, esse tempo que é uma caixa que se abre ao contrário: de um lado estás tu, e do outro estou eu, a ver-te sem te poder tocar, a abraçar-te todas as noites antes de adormeceres e a cada manhã ao acordares. Não sei quando te voltarei a ver ou a ter notícias tuas, mas sabes uma coisa? Já não me importo, porque guardei-te no meu coração antes de partires. Numa noite perfeita entre tantas outras, liguei o meu coração ao teu com um fio invisível e troquei uma parte da tua alma com a minha, enquanto dormias.

Foto de Naja

CONSCIÊNCIA E VERDADE

Toda vez que sentirmos dificuldades em determinadas situações, será o momento em que estaremos aprendendo a sermos verdadeiros. .Encontrar a verdade significa iluminar todas as situações; é situar-se num nível de compaixão. Ao atingirmos esse nível, atingimos junto a nossa verdade mais profunda, agindo de acordo com a verdade chegaremos a alegria, a paz e serenidade que tanto almejamos, podendo essa verdade manifestar-se a nível de sentimentos. Para encontramos essa verdade interior, para crescermos, não há a necessidade de sofrimento, pois o caminho que nos conduz à verdade mais profunda é a nossa consciência, quanto maior a integridade de nossos atos, mais evoluidos seremos. Em toda situação de nossa vida em que temos que agir com postura sincera, o que nos fará alcançar um nível mais profundo de nossa consciência, será a hora de aproveitarmos para um crescimento e aprendizagem. As situações de sofrimentos, dolorosas, difíceis nos forçará a essa tomada de decisão.
A questão não é saber quem é certo ou quem errou e sim, se estamos nos recusando a enxergar em nosso íntimo a nossa necessidade.
Por exemplo: se desejamos a atenção de alguém, o seu carinho; em vez de agirmos a favor dessa conquista, fazemos exatamente o contrário com atitudes desfavoráveis a nossos propósitos, nos recusamos a aceitar essa necessidade, nossa verdade mais profunda que justamente é: de fato precisamos dessa pessoa, de sua atenção e enquanto não aceitar essa condição continuaremos sofrendo.
Ao aceitarmos essa necessidade, que precisamos dessa pessoa, usando de toda a nossa sinceridade e integridade, estaremos dissolvendo o nevoeiro que se interpunha entre nosso bem estar e sofrimento.
A grande recompensa é que ao aceitaros essa necessidade plenamente, poderemos evoluir e dar e receber carinhos, afeição, amor.
Quando magoamos a quem amamos, estaremos principalmente magoando a nós memos. Jamais seremos desvalorizados ou desprezados se não nos prejudicamos nos trazendo os sofrimentos e deixando-se amar e amarmos também. O drama de nossa vida é o reflexo de nossa várias atitudes durante todo o tempo,
É essencial que ao dizermos alguma coisa a alguém usemos palavras amáveis, de maneiras carinhosas para expressarmos nossos desejos, e seremos da mesma forma tratados.
Respeitarmos nossas vontades mais profundas, aceitar nossa realidade só nos fará bem e a quem gostamos.
Se não pudermos encontrar esse caminho sozinhos, o ideal para conseguirmos nossa plena felicidade, nossa calma interior e termos paz e equilíbrio é procurarmos a ajuda de um especialista, psicanalista e com ele, chegarmos a nossa consciência e a nossa verdade. Não somos donos da verdade, não fomos criados para viver em isolamento, somos seres que se necessitam mutuamente e que precisam de ter e dar amor, carinho e amabilidades não farão mal, muito pelo contrário nos trará a tão sonhada felicidade, que está dentro de nós, basta que sigamos nossa consciência e que possamos entender isso. Daremos e receberemos amor , amizade, afeição e o carinho de quem amamos.

Bibliografia: estudos realizados no curso preparatório Mente Sadia

Foto de Cesare

Impressionismo

Quanto mais leio – e muito tenho lido!
A cada fragmento seu que descubro
Mais me sinto próximo de você...
E, estranhamente, mais distante.
Você parece um sonho irrealizável para mim
Não me pergunte porque, pois não saberia responder.

Vejo, lá fora, o banco da praça vazio...
Aqui não chove, pelo contrário,
Faz sol e calor... uma tarde quente.
Uma chama em meu peito sinto arder
Nuvem que sobe pela garganta
E deságua em meus olhos... janelas molhadas.

Impressionismo... Você me impressiona
Desde os seus primeiros fragmentos.
Ah, fosse eu um Monet ou Renoir
Certamente já teria feito um retrato seu
Seria mais para Degas... onde sobressaísse o seu rosto
Fingindo sorrir? Não... Mas talvez uma triste e bela bailarina...

Mas infelizmente não sou pintor
Tento escrever minhas angústias, desejos e sonhos...
E através de meus escritos vou despejando letras no papel
Esperando que esses versos a impressione,
E essas letras transformem-se num sorriso verdadeiro
Na tela de seu coração.

Foto de HELDER-DUARTE

SODOMIA

E tanto foi o pecado,
Que a humanidade fez,
Que o resultado...
Foi que se, afundaram de vez.

As mulheres, ao contrário, do sistema natural,
Tornaram-se, lésbicas,
E continuaram, neste mal.
Os homens, entraram, uns com os outros, em práticas idênticas.

Isto, é o fruto do pecado,
De deixado terem, o criador...
Caíram, neste caminho errado.

Assim está, o mundo,
Sem o Senhor...
Neste, desequilíbrio imundo!...

HELDER DUARTE

Foto de sagitariana.mgs

Educação

Educação

Um dia desses lemos em um adesivo colado no vidro traseiro de um veículo a seguinte advertência: "minha educação depende da tua"!

Ficamos a imaginar qual seria o conceito de educação para quem pensa dessa forma.

Ora, se nossa educação dependesse dos outros, certamente seria tão instável quanto a quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos.

Ademais, se assim fosse, não formaríamos jamais o nosso caráter. Seríamos apenas o resultado do comportamento de terceiros. Refletiríamos como se fôssemos um espelho.

A educação é a arte de formar caracteres, e por conseguinte, é o conjunto de hábitos adquiridos. Assim sendo, como fica a nossa educação se refletir tão somente o comportamento dos outros como uma reação apenas?

O verdadeiro caráter é forjado na luta, na luta por dominar as más tendências, por não revidar uma ofensa, por retribuir o mal com o bem.

Um amigo tinha o costume de dizer: "bateu, levou!" Um dia perguntamos se ele admirava os mal-educados que tanto criticava. Imediatamente ele se posicionou em contrário.

- É claro que eu não aprovo pessoas mal-educadas. Então questionamos outra vez:

- Se não os admira, porque você os imita?

Ele ficou um tanto confuso, pensou um pouco e respondeu:

- É, de fato deveríamos imitar somente o que achamos bonito.

Dessa forma, a nossa educação não deve jamais depender da educação dos outros, menos ainda da falta de educação dos outros.

Todos os ensinamentos do Cristo, a quem a maioria de nós diz seguir, recomendam apresentar a outra face. Imaginemos se Jesus tivesse ensinado: "se alguém te bater numa face, esmurra-lhe a outra", ou então "faz aos outros tudo aquilo que não desejas que te façam". Nós certamente não O aceitaríamos como modelo a ser seguido.

Assim sendo, lutemos por nos educar segundo os preceitos do Mestre de Nazaré, que diante dos momentos mais dolorosos de Sua vida manteve a calma e tolerou com grandeza todas as agressões sofridas.

Não nos espelhemos nos que não são modelos nem de si mesmos. Construamos o nosso caráter com os exemplos nobres.

Quando tivermos que prestar contas às leis que regem a vida, não encontraremos desculpas para a nossa falta de educação, nem poderemos jogar a culpa nos outros, já que Deus nunca deixou a Terra sem bons exemplos de educação e dignidade.

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Não adotemos os constumes comuns que nada tem de normais. O normal é cada um buscar a melhoria íntima com os recursos internos e externos que Deus oferece.

As rosas, mesmo com as raízes mergulhadas no estrume, se abrem para oferecer ao mundo o seu inconfundível perfume.

O sândalo, por ser uma árvore nobre, deixa suave fragrância impregnada no machado que lhe dilacera as fibras.

Assim, nós também podemos dar exemplos dignos de serem imitados

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