Comer

Foto de Lou Poulit

O Trovão e o Sabiá Sereno

Sentada sob alpendre da mansão colonial, sua fortaleza de toda a vida, Sinhá havia se perdido em seus pensamentos. O dia havia se despedido há pouco, na apoteose fugaz de um céu prestante de cores e texturas, que de tudo o que pode tentou fazer para merecer a atenção da moça. Nem a sinfonia da passarada fez efeito. Tudo em vão, restaram as estrelas que nem sequer se aventuravam. A passarada se calou para dar a vez aos grilos, sapos e outros barulhentos notívagos. Sinhá revirava mecanicamente os fartos rendados da saia à sua volta, pois de fato não estava ali.

Então, passos arrastados vindos de dentro precipitaram-na do etéreo, de volta ao corpinho magoado pela posição pouco cômoda. De tão surpresa e assustada, não teve coragem de se virar. E esperou apenas, como seu sangue esperava dentro das veias. Aos poucos uma luz tênue, mas capaz de expulsar soberanamente a escuridão, se aproximou. Depois mais um pouco. A moça temeu que se aproximasse ainda mais e explodiu em gritos nervosos: Saia já daqui! O que quer de mim, demônio? Eu não lhe chamei aqui!

A pouca distância um caboclo mulato de aspecto impressionante, pele muito morena e os olhos claríssimos de uma onça enterrados no rosto embrutecido, como pequenas gemas raras no emboço úmido da terra adubada pelos séculos. O velho Sereno segurava a candeia, tentando compreender, tão próxima, a moça que à distância vira crescer, como flor única naquelas glebas. Durante parcos segundos, Sinhá não conseguiu balbuciar uma palavra. Tentava decifrar como aquela figura estranha havia invadido seu silêncio, que significado poderia ter dentro dele e se seria perigoso para as coisas ricas que guardava em segredo. Porém, achando que o silêncio era ainda mais insuportável, a moça voltou à carga: Quem lhe deu o direito de estar aqui? Ele tentou explicar: Vim só alumiá o negrume da noite pra vosmicê, Sinhazinha... Carecia de se assustá não... Não tenho medo de nada, ela empinou a própria fragilidade. Como poderia temer um empregado dentro da casa do senhor meu pai? Ademais, estava aqui com meus pensamentos...

O homem olhava com segurança os olhos escorridos de lágrimas da moça, cheios de brilhos amarelados pela chama da candeia. Sentia pena dela, mas sabia pelas décadas de convívio que não se devia manifestar piedade para com os senhores. Sereno sabe que está triste, Sinhá. Ma num pode fazê nada não, disse ele abaixando os olhos. Mas como pode saber disso? Não lhe dou esse direito. De onde você saiu?... Ainda com os olhos baixos, ele respondeu: Sempre estive aqui, Sinhazinha. Vim pra essas terras do senhor seu pai na barriga da minha mãe, que se foi embora amarrada naquele pé-de-jurema-branca, bem ali na direção onde a lua vai nascer já. Eu era desse tamaninho, cabia no cesto onde o alazão comia o seu mio. Naquele tempo o capataz era um homenzinho muito do ruim... Ela só queria alimentar a sua cria...

A moça se refez da letargia quando o ouviu falar no alazão, tornando a gritar: Não me fale do meu alazão. Eu amava o Trovão como se fosse uma pessoa! Ninguém montava nele além de mim! E acabaram de trazê-lo num arrasto de pau-de-mangue... Ele estava morto! E eu vou matar quem fez isso com ele... E a chorar convulsivamente ela recostou-se no portal, até sentar-se de novo no degrau do alpendre. Sereno continuou calado, imóvel, com os olhos cravados nas lages do chão. Como se sua alma cansada procurasse uma brecha para um imenso arrependimento.

Tentando descobrir em seu próprio silêncio o que deveria fazer naquela situação triste e constrangedora, o velho caboclo foi lentamente até a arandela pendurar a candeia. Não sabia o que fazer a mais. Durante quase vinte anos quisera ajudá-la em muitas situações de perigo, mas sempre chegava alguém antes. Sereno trabalhara sempre na plantação, às vezes tratando dos cavalos doentes e outras como mateiro. Amava a menina, antecipava os riscos que ela corria, mas haviam outros mais próximos dela. E agora o mesmo sentimento de proteção lhe parecia palpável de tão denso. E ironicamente, embora estivessem ali apenas os dois, simplesmente não sabia o que fazer.

Passados alguns poucos e imensos minutos, a moça quebrou o silêncio, mais calma, porém sem perder a altivez da voz: Como se chama? Sereno, Sinhazinha - disse ele. E porque está aqui, nunca lhe vi dentro de casa?... O velho empurrou a aba do chapéu para trás e coçou a calva rala e branca, como sempre fazia quando se sentia inseguro. Demorou um pouquinho mas respondeu: Eu vim de pés lá de trás da serra dos pastos... O senhor seu pai mandou que me alimentasse e ficasse por aqui até amanhecer. Ela insistiu: Mas por que veio de pés? Ah, Sinhazinha, parei no meio da mata para ouvir o sabiá-da-mata, tava cantando bem em cima de mim. Desde menino adoro os sabiás, num gaio da mangueira, por cima da minha palhoça tem um que fez ninho agora. Quando passo o café da tarde ele tá arrebentando os peitos, de tanto chamá uma fêmea pro seu ninho novinho e arrumadinho. Mas me distraí, meu cavalo assustou-se com a onça e saiu desembestado, nem sei pra onde. Mas vou lá buscar, pro seu pai meu senhor num ficá num prejuízo maió. Não é um bicho caro, é até meio capenga... Mas é um bom companheiro, num sabe? Vendo a perplexidade dela, ele perguntou: Que foi Sinhá, com essa boca aberta, quem nem peixe morto? A moça sussurrou: Onça?... Que onça é essa, Sereno?

O velho respirou profundamente. Não haveria mais de esconder. Ela que soubesse a verdade e que fizesse o que achasse justo. Disse a ela com segurança: a mesma que pegou o Trovão... Aquele sangue todo foi porque quando cheguei ela já tinha garrado no pescoço dele – disse caboclo limpando instintivamente as mãos grosseiras nas calças. A moça mostrou-se inconformada: E você não fez nada para ajudar o coitado? Não tinha uma arma, Sereno? Sinhazinha, ele caiu por cima da bicha, esperneava como um porco endemoninhado... Endemoninhado é você, miserável! Ele era o alazão mais valente que conheci... Só que havia uma onça mordendo o seu pescoço... E um homem medroso e inútil assistindo a sua morte desesperada! Que queria que o Trovão fizesse?... Sereno, se calou constrangido. E ela quis saber mais: E depois, Sereno?... Sinhazinha, num é nada fácil chegar perto de dois bichos grandes e raivosos... E eu só tinha mesmo o meu facão de mato e não queria ferir ainda mais o Trovão. Sim, mas o que você fez? – ela implacável. Eu nada, Sinhazinha, a onça é que resolveu desaparecer. Onça é um bicho covarde. Só pega pelas costas, sangra e espera morrer. Mas se sentindo insegura ela larga e fica de longe só espiando. Esperando a hora de comer sossegada. E o outro, que também é bicho, sabe que vai morrer e que ela vai vir lhe rasgar as tripas. É só uma questão de tempo... O mundo dos bichos é assim mesmo, Sinhá. Ninguém muda não. Vosmicê ta triste e eu também... Mas o Trovão tá não... Só tá esperando os primeiros lampejos do dia, pra correr por essas terras sem fim, pelos campos e pelas matas fechadas, num tem mais nada que lhe impeça... Vai conhecer todos os lugares onde nunca tinha ido, vai beber água do rio grande e vai saltar nas ondas da praia... Enquanto isso nós vai fica aqui chorando de tristeza, porque num pensa que ele ta livre como nunca foi... É que como nós só sente o sentimento da gente, só pensa com a cabeça da gente, então acha que o trovão ta sentindo e pensando a mesma coisa, Sinhazinha... Não tenha raiva não... Que ele não pode aparecer pra vosmicê e lhe contá como que é lá donde ele vem, ele vai ficar triste por causa da sua tristeza...

A moça se esforçava para aceitar aquela sabedoria estranha, que quase desdenhava os seus mais puros sentimentos, todas as coisas que aprendera a sentir. Mas, embora não tivesse coragem de dizê-lo, até que gostava muito de imaginar seu querido Trovão suando da correria que tanto amava, brilhando ao sol e ao luar. Ele amava o vazio dos espaços, os obstáculos que vencia, amava o vento revirando as suas crinas, enchendo-lhe os pulmões no peito enorme e musculoso, e depois expirava com força fazendo seu próprio vento, era quase um deus da natureza... Ah, como ele gostava disso... – dizia a si mesma. Alagada da própria ternura, disse então ao velho: Ele lutou até o último instante não foi, Sereno?

Ele era valente demais, eu o conhecia desde que era um potrinho muito abusado... Sou lhe muito grata, quero que fique, se alimente bem e descanse bastante. E depois vá buscar o pangaré, antes que essa onça o coma, já que não comeu o Trovão, pois que os homens foram buscá-lo antes disso... Sereno sentia-se mais à vontade agora, já sentado também no degrau de baixo. E completou: Vou Sinhazinha, antes de clariá vou atrás dele. E ai dela que se meta... Faça isso por mim, Sereno – ela pediu com raiva.

Não posso prometer, Sinhazinha... Não Sereno, não se arrisque, leve uma arma... E se ela lhe pegar pelo pescoço, como fez com o Trovão?... Vosmicê num fique triste não, Sinhá... Também sou meio bicho, já fiz muita coisa nesse mundo de meu Deus... Já matei oito onças, seu pai meu senhor pode lhe dizer... Uma delas ia morder era o pescoço dele... É que de uns anos pra cá elas estavam sumidas, que os cachorros farejam a catinga delas de longe... Gato tem raiva de cachorro e vice-versa, num sabe?

Eu prometo, Sereno. Vou contar para os meus netinhos essa estória. E vou me lembrar de dizer que você foi um herói, que não pode salvar o Trovão, mas veio de pés buscar homens, para que ele tivesse um enterro digno. Meus netinhos vão aprender a odiar todas as onças, porque essa matou o Trovão... Mas eis que tais palavras indignaram o velho filho-do-mato, e ele quis ser exato: Não, Sinhazinha... Isso não é certo, não é verdade não... Como, Sereno? Se ela não matou o meu alazão, então quem foi?... Fui eu mesmo, Sinhazinha... A moça de um pinote ficou de pé, com o dedo em riste, enfurecida lhe disse: Seu traidor! Vá embora, suma daqui! Nunca mais quero ver sua cara! Não vou lhe perdoar jamais! Vai... Antes que eu grite por alguém para lhe surrar no pé-de-jurema, desgraçado!

Naufragados novamente em profunda tristeza, ambos se foram. Ela para chorar na cama e ele no mato. Mas nenhum dos dois conseguiu dormir. A moça rolou na cama, sobre o lençol úmido das suas lágrimas, até que lhe viessem chamar para o almoço. Não foi. À tarde, na hora da refeição também não quis sair do quarto, deixando a todos apavorados. Seu pai começou a preocupar-se, vendo que as mucamas não paravam de cochichar pelos cantos. Resolveu-se a sacudi-la. Entrou no quarto como um furacão para intimidá-la e foi querendo saber o porque daquele drama. Sabia o porque, também sentia muito pelo alazão, sabia o valor que tinha, mas não queria perder também a filha. Sinhá estava desolada e não apenas pelo seu Trovão. As horas lentas da madrugada lhe convenceram de que havia sido injusta com o Sereno. Estava agora claro que quisera apenas poupar o animal de mais sofrimento. Não podia carregá-lo nas costas e com certeza não quis que o alazão assistisse a desgraçada da onça comer-lhe as carnes ainda vivas. Ela estava soterrada de remorso e com muito jeito fez o velho concordar em mandar buscá-lo. Assim também concordou em levantar-se para se banhar e voltar à vida normalmente.

Alguns dias depois estava novamente sentada no alpendre, mas dessa vez assistiu a obra da natureza que se comprazia em dispor da sua atenção. O dia terminou. Escureceu por completo. Ela se lembrou da noite em que se assustou com Sereno. Dessa vez queria imensamente que ele lhe trouxesse a candeia. Havia preparado algumas palavras para lhe pedir que perdoasse a grosseria. Ninguém lhe dissera uma palavra durante esses dias, tinha a impressão cada vez mais densa de que não lhe queriam falar a respeito. Uma luz veio de dentro, mas pelo andar sem botas não poderia ser Sereno. Era uma mucama, que foi dispensada. Sinhá só queria a luz do velho caboclo, como naquela noite. Agora queria gostar dele, da sua sabedoria e da sua paz. A lua começou a aflorar, derramando seu prateado pelas colinas que pareciam abraçar em segurança a mansão. De repente, algo mexia nas folhas do pé-de-jurema-branca, que pareciam lhe acenar variando o reflexo do luar. Então, para sua imensa surpresa ouviu com nitidez o canto mavioso de um sabiá... Mas como? Sabiá cantando há essa hora? Não pode ser... Não queria aceitar o que seu próprio silêncio lhe dizia, lutava contra com todas as suas forças... Então ouviu de novo, logo ouviu outra vez e de novo tornou a ouvir... As defesas que havia erguido em si própria foram ruindo a cada canto, como se fossem rojões de poderosos canhões. Até que não pode mais sustentar a certeza que preferia. O sabiá só podia estar feliz. Tão feliz que nem se importava com a noite, não queria esperar o amanhecer! Se quisesse vê-lo sempre feliz, devia afastar a tristeza. Libertá-lo do próprio peito para que fosse completamente livre, para que cantasse onde quisesse e quando quisesse. Seu canto não era triste como o de outros, mas vigoroso e doce como o de uma flauta da natureza. A mucama voltou com um semblante pávido, mas quedou-se quando à luz da candeia viu que o de sua Sinhazinha sorria para a lua, já em seu esplendor. A mucama lhe disse: Sinhazinha, o seu pai mandou meu irmão e me primo buscar o Sereno... Mas eles não querem falar, estão com medo. Medo de que? Diga logo... Não fica brava comigo não Sinhazinha... Fala de uma vez, mulher... É que a onça pegou o Sereno também, Sinhazinha...

Completamente perplexa, a mucama ouviu a Sinhá lhe dizer com doçura: Não fique assim tão triste. Há essa hora ele deve estar bem assobiando por aí... Por onde, Sinhazinha?... Pela natureza, pelo céu, pelo rio grande, ou se lavando nas ondas do mar... A pobre mucama não conseguia atinar com aquelas palavras surpreendentes e Sinhá completou: Anda, pode deixar a candeia na arandela e vá pra dentro. Se precisar eu lhe chamo, agora vá. Quando mais tarde seu pai veio lhe buscar para dentro, aliviado pelas falas da mucama, encontrou-a bem disposta, quase feliz para aquelas circunstâncias. Sinhá aproveitara o tempo para fazer uma prece emocionada, repleta de gratidão e amizade, pela alma do velho Sereno. Durante toda vida estivera bem ali e nem o havia notado. Mas havia sido de grande valia justo no momento que mais precisou. Se estava feliz a ponto de assobiar no galho do pé-de-jurema àquelas horas, então deviam estar todos felizes: O Sereno, sua pobre mãe e também o Trovão. Não, não queria mais pensar em tristezas. Foi quando seu orgulhoso pai, sentindo necessidade de participar daquele momento lhe disse: Deixe estar, querida... Aquela maldita onça não irá longe... Eu me encarregarei disso pessoalmente.

Lou Poulit
Direitos Exclusivos do Autor

Foto de Vera Silva

Carta ao Pai Natal

Meu querido Pai Natal,
Velhinho de barbas branquinhas,
Promete-me que este ano
Te lembras de todas as criancinhas.

Aquele menino tão pobre
Que nem tem o que comer,
Traz-lhe para o lar abundância
Para que a fome, não mais o faça sofrer.

Aquela velhinha que passa
Dias sofridos de solidão,
Traz-lhe a família de volta
Para juntos viverem em paz e união.

A todos que estão doentes
E vivem em hospitais,
Dá-lhes a cura e saúde
Para que não sofram mais.

A todos os Homens que vivem
Pensando na guerra e na dor,
Oferece-lhes um novo coração
Repleto de paz e amor.

Espalha por toda a humanidade
Os preciosos ensinamentos de Jesus,
E faz com que todos os caminhos
Sejam plenos de alegria e luz!

Torna este dia tão belo,
Ainda mais mágico e especial,
E faz com que nos lembremos
Que todos os dias podem ser de Natal!

Foto de maxpinto

Isso sim é amor!

Hoje eu percebo que te amo, hoje percebo o valor deste sentimento
Hoje posso dizer que o que sinto por ti é amor!
Porque já não suporto essa ausência, essa saudade!
Não consigo comer, não consigo me concentrar em nada
Não penso em mais nada a não ser você
Não desejo mais nada a não ser os teus doces beijos
Não toco em nada a não ser em teu lindo corpo
Não vejo nada a não ser os teus olhos

Sim, teus olhos são como um candeeiro que nao se apaga
Iluminaste a minha vida desde a primeira vez que te amo
E não me importo que as pessoas digam que eu seja frágil
Eles não sabem o que dizem, porque eles nunca amaram
Meu coraçao montou um palco para tu brilhares nele
Tu és mulher.. mulher que me ensinou a amar
Isso sim é amor!
Quando percebemos que só somos nós mesmos, quando encontramos a nossa outra-metade!

Foto de Sirlei Passolongo

PARA AS CRIANÇAS EXCLUÍDAS.

.
Hoje,
Não quero homenagear meus filhos,
Pois eles são crianças homenageadas todos os dias.
Têm um lar
Têm todas as refeições necessárias;
Têm pais que os amam e protegem
Eles não são de família rica,
Mas têm uma rica família.
Quero homenagear...
A menina que olha a boneca da vitrine
E em seus olhos não há esperança,
Há uma lágrima e uma triste neblina.
O menino que sonha com uma bicicleta
Caminhando descalço pela rua
E sabe que jamais terá a sua
Crianças esquecidas, marginalizadas;
Crianças negras, brancas; desamparadas.
Crianças que dormem nos viadutos e praças
Enfrentando os perigos da fria madrugada
Sem sonhos, sem amor, sem sua inocente graça.
Quero homenagear as crianças que a mãe faz adormecer
Para aliviar a dor da fome.
Crianças que foram lançadas no trafico
Sem escolha, sem opção.
Crianças que choram esquecidas
Não contabilizadas como cidadãos.
Crianças covardemente excluídas!
Quero lembrar das meninas por canalhas exploradas
Que seu corpo venderam em troca de algo comer
Quero lembrar dos meninos
Que talvez homens nunca cheguem a ser.
(Sirlei L. Passolongo)
.

Foto de Sirlei Passolongo

Eu queria ser criança

Queria ser criança
Comer algodão-doce e se lambuzar
Correr pela praça sem rumo
De pega-pega brincar

Queria ser criança
Doces e pipocas no carinho da rua
Inventar história de monstros
Viver no mundo da lua

Queria ser criança
Andar descalças, pular amarelinha.
Bola queimada, pular cordas.
Passar-anel e brincar de casinha

Queria ser criança
Inocência, esperança.
Ver a vida sempre colorida
Ser simplesmente criança!

Foto de julhiana.fuschi

Só um simples pedido...

Se eu pudesse fazer um pedido hoje
Seria muito simples
Eu pediria só mais um pouco de tempo
Para podermos passear no parque de mão dadas
E colocar a conversa em dia
E sentados em um banco ver nosso filho correndo
E se lambuzando com sorvete
Escutar a voz de Deus nos pássaros
Curtir o silêncio da natureza
E ali esquecer da vida, das tristezas, dos problemas
Enfim curtir aquele bom momento ao seu lado
Então a noite nós dois poderíamos fazer uma lasanha
Daquele jeito que você gosta, com muito queijo
Ou então comer uma pizza fora
Depois rodar pela cidade de madrugada
E quando voltarmos para casa
Nos presentear um com o outro
E ficar te escutando sussurrar em meu ouvido
Sem se preocupar com o tempo
Nem lembrar que amanhã temos que acordar cedo
Mas já que a vida nem sempre nos da o tempo que queremos
Os dias são tão curtos , mas pelo menos eu tenho tempo de lhe dizer:
Que eu te amo....

Foto de betoquintas

Terceira sagração (Sarcanomia)

Aula
Hino do Lobo às ovelhas

Venham todas, sem demora,
Mesmo a menor e tímida.

O pastor está morto,
Foi derrubada a trave do cercado.

Não temam explorar a pradaria,
Sintam o gosto do horizonte
E a força da liberdade.

Eu as ensinarei estas coisas,
De que fonte beber;
De que fruto comer
E todos os caminhos.

Conhecerão seus corpos
E conhecerão o meu.

Poderão aproveitar a vida
E saborear este festim.

Eu as farei tocar
Em seu intimo divino
E as farei dançar
Em meu externo mundano.

Receio
Hino das ovelhas ao Lobo

Bom senhor e conhecedor,
Tenha calma e paciência,
Sabemos e sentimos sua verdade,
Mas ainda tememos e receamos!

Vivemos por muito tempo,
Vendo o mundo por uma fresta,
Suportando o peso da lei fria
E recebendo um amor sem paixão.

Agora sabemos e percebemos,
Que possuímos corpo e desejo,
Que isso é natural
E, portanto, divino.

Faça-nos conhecer,
Estes deuses da natureza,
Que bendiz e honra sua gente.

Queremos conhecer,
O toque sagrado
E, como as vestais,
Sermos inundadas.

Nos mostre como nos elevar
E nos eleve em ti.

Aceitamos este acordo,
Tu te nutres de nós
E nós nos completamos em ti.

Consolo
Hino dos deuses às ovelhas

Não vos envergonheis!
Mais vergonhoso foi o pastor
Que, fazendo papel de deus,
As manteve em um curral!

Muitos são os gados,
Tanto quanto os feitores,
Mas mesmo o terrível juiz
Deve obedecer a lei!

Aquele que escreve a norma,
Põe a si mesmo sob juramento,
Mas a lei que não se escreve
E, entretanto, é observada naturalmente,
Mais forte que o poder
E o medo do castigo,
Esta é a lei do Universo.

Amor como nome,
União como forma.
Os deuses em carne existem,
Os humanos em espirito vivem.

Então, recebam as dádivas divinas
E aproveitem as ofertas mundanas,
Nós nos fazemos presente em vós
Quando em vós se fizer presente o Lobo.

Conselho
Hino dos deuses ao Lobo

Bom e fiel guerreiro!
Tomai essas ovelhas
E as conduza pelas pradarias.
As alivie do remorso
E evite o rancor.

O pastor é digno de esquecimento.
Nós somos bem servidos,
Com sua força e língua,
Teu corpo satisfaz as deusas.

Você é a lei natural manifesta,
Seu nome é grande entre os homens
E sua figura temida entre os deuses.

Por causa de seu vigor voluntário,
Pedimos um disfarce ao seu nome.

Não esmoreça na batalha,
Continue a espalhar
A toda criatura consciente
A Lei da Vida.

Que o seu membro
Seja o medianeiro ideal,
Entre a morada dos deuses
E a morada dos homens!

Gratidão
Hino das ovelhas aos deuses

Bons e agradáveis deuses,
Que nos acolhem e aceitam,
Tal qual somos, naturalmente.

Não estigmatiza o que é puro,
Nem corrompe o que é virtuoso.

Estivemos tão longe da verdade
E tão afastadas da realidade,
Que estranhamos nossa natureza,
Mas nos entregamos aos sentidos.

Pedimos para que nos amaciem,
Nos penetrem e nos invada.

Assim preenchidas,
Por cima, pelos deuses;
Por baixo, pelo Lobo;
Renascemos e recuperamos
A posse sobre nós.

Nos inundem com este leite,
Nos consagrem com a seiva
E nós não cessaremos o rito,
Espalharemos o louvor dos deuses,
Fazendo amor repetidamente
Por todo este mundo.

Confiança
Hino do Lobo aos deuses

Soberanos dos mistérios!
De quem recebi feliz missão
Da guarda e entrega da lei.

Dotaram-me da força,
Do vigor e plenitude,
Necessários para sagrar a vida.

Tendo vosso apoio,
Eu sirvo o palo,
Testemunha firme
E durável da lei.

Ainda que siga solitário,
Vivendo na sombra e rejeição
Devido ao temor dos demais,
Pelo meu excesso de vontade
E extrema paixão na forma,
Continuo com meus votos
Para, pelo meio das donzelas,
Abrir o entendimento
E preencher o conhecimento.

Foto de SexGirl

Confissão

Dizem que o amor é cego,
não nego,
por isso te abro os olhos:
não tenho bens nem alqueires,
eu não sou flor que se cheire,
nem tão boa cozinheira,
(bem capaz que ainda me piches
por só comer sanduíches),
minha poesia é fuleira,
tenho idéias de jerico,
um cio meio impudico
como as cadelase as gatas,
às vezes me torno chata
por me opor ao que comtemplo,
sei que sou péssimo exemplo,
por pouca coisa me grilo,
talvez por mim percas quilos,
eu não sei se valho a pena,
iguais a mim, há centenas,
desejo te ser sincera.
Mas no fundo o amor espera
que grudes qual carrapicho:
são tão grandes meu rabicho
e minha paixão por ti,
que não estão no gibi...
Ao te ver, viro pamonha,
sem ação, e sem vergonha
o meu ser inteiro goza..
Por isso, pra encurtar prosa,
do teu corpo, cada poro
eu adoro adoro adoro...

Foto de Marco Magalhães

Explica-me como se fosse um puto de 4 anos

Porquê? Porquê? Porquê?
Vá lá diz-me lá porquê?

Porquê que tu ouves musica do Ipod, e eu dum canhão?
Porquê que tu danças ao som da musica, e eu das balas?
Porquê que tu deitas na cama e eu nas valas?
Porquê que na tua terra existe paz, e na minha não?

Porquê? Porquê? Porquê?
Vá lá diz-me lá porquê?

Porquê que tu tens liberdade, e eu dela saudade?
Porquê que tu podes dormir, e eu apenas fingir?
Porquê que pela vida podes sorrir, e eu apenas competir?
Porquê que tu tens tanta facilidade, e eu adversidade?

Porquê? Porquê? Porquê?
Vá lá diz-me lá porquê?

Porquê que tu podes crescer , e eu nem comer?
Porquê que tu podes brincar, e eu nem andar?
Porquê que tu podes louvar e eu apenas tremer?
Porquê que tu podes morrer e eu nem viver?

Porquê? Porquê? Porquê?
Vá lá diz-me lá porquê?

Foto de Francisca Lucas

Poema Reflexão

Amor é o Pão de Cada Dia...

Se você quiser
O amor poderá ser eterno.
Mas é preciso senti-lo,
No fundo do seu coração.

Fazê-lo vibrar
Dentro de si todos os dias.
É preciso inventar e criar
Nas emoções do dia-a-dia.

Observe que o pão que nos alimenta,
Todos os dias terá que ser
preparado e amassado
todos os dias...

Como fazer:
Amassar e surrar
a massa.
Depois deixar descansar
por um pouco.
Em seguida levar ao forno
para aquecer e assar.
Ficou pronto pra comer!

Assim é o amor,
Uma mão de obra criativa,
Que motiva e te dará mais expectativas.

Assim como o pão fresquinho,
Feito todos os dias com carinho,
É mais nutritivo,
Assim também o amor criativo,
É bem mais receptivo!...

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