Cima

Foto de Sonia Delsin

VINTE ANOS... VINTE

VINTE ANOS... VINTE

Ele a beijava e Laura pensava. Vinte anos...
Como pesam vinte anos!
O convite para dançar viera inesperadamente naquela tarde.
Os dois a conversar no ponto de ônibus.
A chuva que caía sem piedade.
-- Não me importo com a chuva. Até gosto.
-- Eu também. Notou que não está uma chuva fria?
-- É mesmo. O calor é tanto.
-- Vamos dançar hoje à noite, Laura?
-- Dançar com você?
-- Por que não? Não quer? Não gosta?
-- Adoro.
-- Então...
-- Mas dançar com um jovem?
-- Não vejo problema algum. Você vê?
Por que não aceitar um convite tão tentador?
Os olhos de Fábio a deslizar em seu corpo. Uma diferença grande de idade. Vinte anos. Mas ele vivia afirmando não ver problema algum nisso.
-- Aceito.
-- Nos encontramos lá às vinte horas.
Despedindo-se rapidamente ela falou olhando-o nos olhos:
-- Estarei sem falta. Meu ônibus.
Deram-se um beijo rápido no rosto e Laura entrou no ônibus com a face afogueada. Não era mais uma menina. Cinqüenta anos nas costas. Mas a alma... A esta era de uma menina. E o coração então! Um menino travesso que jamais cresceria em seu peito.
Ia pensando. Colocaria um vestido bem bonito pra encontrar-se com Fábio.
Belo jovem.
Fazia um ano que se conheciam e nunca tiveram uma proximidade tão grande como naquela tarde embaixo da chuva. Os olhos dele correndo em seu corpo.
Os dela buscando aqueles olhos escuros.
Sentia-se tão só ultimamente.
Sim, colocaria um vestido bonito. Capricharia na maquiagem. Se bem que era bonita aos cinqüenta. Muito bonita. O corpo bem cuidado. O rosto bonito.
Quando ele a viu chegando com aquela saia leve e a blusinha rosa elogiou de imediato.
-- Está tão bonita, Laura.
Os dois entraram de mãos dadas na danceteria e subiram a escadinha.
-- Muito melhor lá em cima, não?
-- Sim, é melhor.
Os olhos escuros não despregando dela. Laura gostava daquele olhar quente, mas ao mesmo tempo ficava um pouco apreensiva. Há meses não saia com um homem.
Sentaram-se na última mesa do lado direito.
-- O que vamos pedir?
-- Uma água sem gás.
Quando Fábio buscou sua mão ela estremeceu. A mão tocou seu pulso e subiu de leve pelo antebraço. Subiu mais um pouco e ele a puxou para um abraço.
-- Você é tão bonita.
-- E você tão jovem.
-- Já vem você de novo com esta estória.
-- Está bem, vou tentar esquecer.
Estreitou-a nos braços e buscou seus lábios, depositando um beijo leve.
No peito dela o coração pulava como doido quando ele buscou sua mão delicada e levou-a até seu peito. Precisava entregar-se ao momento. Precisava...
A sensação de estar encostada a ele era boa demais. Um homem a desejá-la. Bonito e jovem.
Quando ele buscou sua boca ela não apresentou resistência alguma. Também estava querendo beijá-lo. Como estava.
Ele quis mais beijos e levou-a até uma das vidraças.
Viam dali a cidade que dormia.
Ele a puxava pra seus braços e Laura podia sentir como estava desejoso dela. Os corpos tão próximos. Aquele contato provocava uma ereção no rapaz. O que não passava desapercebido dela, que também ardia por ele.
Achava errado esta atração que sentia pelo jovem. Já estava de novo a pensar na diferença de idade. Isto era prejudicial e ela sabia. Mas que fazer se tinha filhos da idade dele e não aceitava uma relação com uma diferença tão grande de idade?
Desejava-o.

Foto de Sonia Delsin

A FORÇA DA NATUREZA

A FORÇA DA NATUREZA

Os mais velhos sempre me disseram uma frase que hoje me voltou nítida à memória. Que ninguém pode com a força da natureza. Minha avozinha me mostrava o fogo e falava: Quem o domina? Os elementos têm poder. Não brinque com fogo.
Meu pai me ensinou a amar e a respeitar a natureza. Quantas vezes assistimos juntos temporais acompanhados de raios, de trovões. Quantos estragos vimos juntos e quanto falamos a respeito.
Quem consegue segurar com as mãos a água? Um bem tão caro, mas que pode nos tirar a vida; tão benéfico e tão traiçoeiro tantas vezes.
Eu que quase morri afogada aos doze anos sei bem como é. Eu queria me segurar, me dependurar em alguma coisa e esta coisa simplesmente não existia dentro daquele rio. Não era a hora de minha morte, porque meu irmão que sabia nadar me retirou de lá quase sem vida. Depois aprendi a nadar, mas junto com a natação aprendi algo muito importante, a respeitar a água.
Ontem tivemos aqui em minha cidade uma chuva repentina e acompanhada de forte vento. Um vendaval.
Eu e meu filho ficamos olhando as antenas que balançavam e nosso pé de acerola que tombava todo.
Por sorte os galhos são bem flexíveis e tombam, mas não quebram facilmente.
Está tão bonito este nosso arbusto e eu não queria vê-lo por nada deste mundo ao chão caído.
Pois bem, vou adentrar agora no que me levou a escrever esta crônica. Quando cheguei hoje no local aonde estudo a primeira coisa que vi pelo portão entreaberto foi que uma de nossas belíssimas árvores, uma cuja sombra tantas vezes praticamos tai-chi ao ar livre, estava tombada. Os galhos retorcidos...
Pareceu-me que um gigante andou por lá ontem. Torcendo galhos como educadores maus torcem braços de aprendizes.
Foi esta a minha sensação, mas não acredito que a natureza venha se vingar em cima de belas criações como aquela árvore tão linda. A idéia me passou e o motivo nem sei. Também nem sabia se devia citar aqui isto, mas citei e está citado.
No chão estava o filhote de João-de-barro e os pais aflitos revoavam por lá.
É duro descrever a cena. Nos ponteiros da bela árvore algumas flores azuladas permaneciam lindas como ela se ainda estivesse de pé.
Senti vontade de chorar. A dor daqueles pobres passarinhos que tantas vezes vimos carregando material pra fabricar o ninho chegava a doer no meu peito.
Ficávamos admirando, conversando sob a árvore e os dois tão empenhados em construir a casa.
Olhando-os revoando conseguia trazer de volta os dias que os via trabalhando na construção do ninho, a alegria deles.
Uma cerca de segurança foi colocada, pois uma das outras árvores estava com o caule totalmente trincado e perigava cair.
Fui triste para a sala de aula, porque deixamos no pátio aquela árvore tombada. Fiquei imaginando se vão cortar as que ficaram de pé, porque me parece que apesar de imensas, elas são frágeis. Ou o vento foi tão forte?
Acredito que exista sim uma fragilidade naquelas árvores, mas são idéias minhas. Não conversei a respeito com nenhum entendido. E também não sei como encontrarei tudo lá amanhã.
Não teremos mais aquelas sombras tão aconchegantes? Será muito desolador encontrar aquele local vazio.
Mas se elas podem colocar as vidas das pessoas em risco...
Algo a pensar, realmente.
Bem, quem pode com a força da natureza? Algumas vezes vemos um céu tão azul, tão quieto. E de repente algumas nuvens se formam, chega um vento e o que parecia que ia durar eternamente se acaba.
Eu tinha que contar. Eram simples e lindas árvores, mas fazem parte do meu dia-a-dia. Ajudam a enfeitar o tempo que passo lá; pela beleza; pela sombra; pelos pássaros que nela se abrigam; pelas parasitas grudadas nos caules.
Senti vontade de chorar...senti vontade de contar e contei.

Foto de Sonia Delsin

A MAIOR CRIAÇÃO

A MAIOR CRIAÇÃO

Como falarmos qual é a maior criação?
Se estamos rodeados de beleza?
Como é bela a natureza!
Viemos para um planeta tão bonito pra exercitar a nossa evolução.
E parece que não aprendemos o valor que cada coisa que nos rodeia.
Na busca pelo progresso estamos destruindo o que sempre foi lindo.
O poder, a fama, o conforto, a busca pelo prazer...
Será que o homem nunca aprende o que é o viver?
De tão pouco precisamos.
Muitas vezes necessitamos chegar pertinho da morte pra valorizar a vida.
As preocupações se tornam maiores do que nós mesmos.
Quando devíamos estar apenas vivendo.
Sentindo a plenitude do que é estar vivo.
Ganhamos o presente pra viver e tantos de nós vivemos nos preocupando com o futuro.
Outros vivem e revivem o passado. Ficam remoendo o que já está concluído. Acabado. Morto.
Se erramos ou acertamos já foi. Já passou. Já acabou.
Claro que o sofrimento nos marca, mas precisamos usar estas marcas, estas cicatrizes que a vida nos deixa pra nos fortalecemos. Pra saber que já as vencemos.
Eu gosto de ver as pessoas hasteando uma bandeira e caminhando. Dando a volta por cima, seguindo em frente. Reconstruindo sobre os destroços.
Porque a vida é isso. Um eterno superar. Um caminhar...
Ninguém anda pra trás. A estrela que buscamos está lá na frente.
A mais bela criação qual é? É a vida em si. É a vida...

Foto de amandu

VACAS DO MAL DIZER

UM POEMA DE INGLÊS PARA INGLÊS VER
OU MELHOR DE FRANCÊS PARA FRANCÊS
E NÃO SERIA MELHOR PARA O PORTUGUÊS.
SIM TALVEZ PARA O PORTUGUÊS.
NÃO PARA O AMOR
MAS SIM PARA O AMOR.
SERÁ PARA O POEMA
PARA O MEU POEMA.
PRONTO ESTÁ PERFEITO
AGORA SÓ FALTA O PENSAMENTO.
DEMORA
NÃO VOU COMPRAR UM AO MERCADO.
ESTÁ FEITO JÁ O COMPREI.
AGORA ENCAIXO POR CIMA DISTO TUDO UMA GRADE
E DEPOIS FUNCIONA PERFEITO.
ASSIM DIZIA O PANFLETO
ESPERO QUE O VENDAM A METRO.

Foto de Sonia Delsin

DE VIRADA É MAIS GOSTOSO

DE VIRADA É MAIS GOSTOSO

Quando me levantei hoje vi que o Brasil perdia para Alemanha de um a zero no futebol feminino. Tomei meu desjejum e desliguei o televisor. Pensei: vou caminhar que este jogo vai virar.
Andei pouco mais de meia hora e parei numa padaria. Vi que o Brasil já tinha revertido o jogo para três a um. Vibrei e comentei com o moço que me atendeu que as coisas surpreendem a gente.
As meninas são bravas guerreiras e eu as admiro muito.
A vida é assim também. Quando pensamos que estamos perdendo tudo pode mudar.
Sou uma pessoa para cima e nada me deixa caída. A vida me ensinou a reagir bem às cacetadas.
Recordo que certa vez jogava xadrez com meu filho e estava numa fase ruim da vida. Já estávamos numa partida há duas horas e deitei as peças. Ele ficou muito bravo e falou que não gostou nada de minha atitude. Ele tinha nesta época dezoito anos e me deu uma lição. Eu poderia até ter ganhado, mas desisti devido ao cansaço.
Gostei muito das nossas brasileirinhas hoje. Tomara que elas consigam o ouro tão almejado. É a glória para todo atleta.
Parabéns a todo o time.

Foto de Lonely_Eagle

De Como me tornei um Executivo...

Estavamos em Mar de 1979, e para ser mais preciso 07 Mar 1979, e foi qdo tudo começou...Bom , na verdade eu poderia começar a contar essa estória aproximadamente, 1,5 anos antes, mas isso implicaria ter q narrar fatos q eu não conheço integralmente...
Assim, tomarei a data de minha admissão na empresa como data inicial, e muito embora essa seja apenas uma parte da estória de minha vida profissional, é nela q os fatos q pretendo narrar se deram...
Qdo comentei q poderia ter começado antes, foi pq meus primeiros contatos com a empresa ocorreram em Outubro d 1977, qdo eu fui entrevistado por aquele q viria a se tornar, além de meu chefe, um grande amigo. Foi nessa época, q ocorreu a primeira das inumeras situações tragico-comicas, passadas por mim... Tudo pq, qdo eu fui entrevistado a previsão era para ser admitido logo, mas um conflito
interno, acabou adiando a minha contratação. Por uma questão de Orçamento, eles queriam q eu fosse contratado, através um outro setor de uma outra empresa do grupo... Mas, como eu tinha curso superior, esse setor não poderia fazer a minha contratação, pq só contratavam pessoal operacional... Embora fosse um pré requisito para a função, eles queriam q fosse contratado pela empresa, para
no ano seguinte, já com previsão no Plano de Pessoal, aí sim iriam me admitir... Quer dizer, antes mesmo de entrar eu já era um pomo
de discordia! Coisas de multinacional. Bom, encurtando, foi preciso esperar 1,5 anos para eles resolverem suas diferenças internas e eu poder vir a ser admitido. Mas, voltando a Mar de 1979....
Uma das coisas importantes q não falei, é q esse emprego chegou numa hora critica e era de vital importância pra mim pq uns meses antes, eu e minha mãe haviamos cortados relações diplomáticas, e eu havia saido de casa tendo alugado uma casa num bairro pobre vizinho, e estava trabalhando num emprego sem carteira assinada e ainda por cima o tinha perdido pq o proprietário era um argentino
e q devido à Guerra entre Argentina e Chile em 1979, ficou retido e
não pode voltar para o Brasil... esse emprego chegara na hora H!!
Qdo fui admitido, eu o fui para exercer uma das funções mais sem propósito e absurda q eu já vi em toda a minha vida : copiador de NF (vcs podem achar até engraçado, mas era isso mesmo)... Hj em dia eu posso explicar as razões de tal absurdo, mas na época, por mais q tentasse nunca entendi. Na verdade, essa absurda função foi criada devido a fatores politicos( O Gerente de Administração e Finanças, exigia absurdamente q o preenchimento de determinado documento ficasse subordinado à sua área de atuação, mas como o Gerente da Fábrica iria permitir um funcionário de um outro setor trabalhando em sua area). E criou-se o cargo em duplicidade, um funcionário no setor de Finanças e CPD e outro no setor Logístico da Fábrica... Vcs entendem? nem eu...
Eu nunca fui um escriba d primeira grandeza, muito menos usando
máquina de escrever IBM, e à época ainda não havia os corretivos, sendo q sómente um ano após minha entrada foi q apareceram as fitas de correção.. Eu qdo vi o problema q tinha pela frente, pensei até em desistir da oportunidade, pq eu não conseguiria exercer tal função... Foi aí q a sorte sorriu para mim! Chegaram uns auditores suiços q precisavam q fosse feito um trabalho sobre custos e como eu conhecia alguma coisa de custos, fui deslocado para a função!!!
Ufa, essa tinha passado por pouco...
continua no próximo >>>>>

Foto de DAVI CARTES ALVES

MARIONETES, ATÉ QUANDO???

Tomo um atitude
chove críticas, safanão
Opto por essa escolha,
Qual a razão?

Pavimento com suor & sangue um caminho:
Mude esse percurso!!!
Disse que fui fazer a matrícula:
Mas esse curso???

Comprei esse jeans
Liquidação?
Ponho uma musica
Tem outra não?

Admiro as águias e sua visão
Mas me sinto capivara
Atravessando a Marginal do Tietê as 18:08
Sobre mim, trânsito em flechas, não para

E um “garoto” e seu estilingue
Tem no alforje, pedras chamadas porquês
E atira com uma velocidade
matizada de impiedade

Brás Cubas dizia do “olhar da opinião”
Que quer que sejamos co-pilotos
de nossas vidas
enquanto “esse olhar ”
a manobre no sumidouro, a deriva
e tapinhas nas costas, diz: Viu?
Lute guerreiro, sobreviva!

" Machado " neles!!!

Entre cordas
e movimentos involuntários
olho pra cima, estabanado:
mais uma gargalhada longa e irônica
pra meu olhar assustado

Marionetes?
Até quando?

Lembre-se:
A convicção é uma virtude,
blindada por diamantes.

Foto de lotus

Nascer para dar vida ( continuação )

Os dias passam, os meses correm, os anos passam a velocidade da luz, mas eu estou como numa caixa do tempo. Tudo se mantem igual, tudo permanece nos mesmos sitios, tudo cá dentro esta exactamente no mesmo lugar.

As unicas coisas que mudam, sao as folhas das arvores que concigo ver atravez da janela que tenho no meu quarto. Gostava de ser folha, árvore, caminho, trilho, selva, floresta... Gostava de ser qualquer coisa menos o que sou, porque até a folha tem vida, até o caminho vê pessoas, até a selva envelhece e se transforma, e até a árvore morre.

Ao olhar para o espelho vejo o cabelo a crescer, a cara rosada a mudar, o corpo a ficar cada vez mais torneado, vejo a altura a aumentar, a roupa a nao cobrir o corpo todo dizendo que estou a crescer mas mesmo no meio disso, olho bem no espelho, olho no reflexo do espelho e ainda vejo a mesma carinha rosada de menina, o mesmo olhar perdido, a boca a querer ganhar coragem para falar mais alto mas a nao conceguir.

Vivo a tentar ganhar coragem que nao tenho porque a dou a meu irmao para que ele tenha coragem de aguentar mais e mais tempo vivo. Embora nao esteja satisfeita com a situação, ele cada vez mais se agarra a mim, cada vez mais fala comigo, cada vez me sente mais como irmã e nao como o remédio de salvação dele.

Agora até vem ao meu quarto dar-me um beijinho de boas noites quando chega a horas a casa. Finjo que estou a dormir, e sinto o beijo dele no meu rosto. Sinto o coração bater, e as lagrimas a quererem sair, mas impesso-as de cairem pela cara abaixo, e so deixo que elas caiam quando o meu irmao fecha a porta do quarto e vai embora. Só aí concigo levantar o braço e enxugar as lagrimas caidas na almofada.

Tenho medo que o meu irmao esteja a aproximar-se mais, com medo de morrer, com medo de desistir, com medo de tropeçar e nao se conceguir levantar. Já estamos assim a anos, e isto pode continuar uma vida inteira. Sei que se o meu irmao morrer, eu nao terei mais função nenhuma cá em casa, e acabarei por morrer, acabarei por morrer no esquecimento dos outros, dos poucos que ainda se lembram que existo.

Se os meus pais me criaram para dar vida ao meu irmao, se ele morre eu tambem morro, porque nao serei mais o remedio, e eles vao culpar-me de nao ter sido suficientemente um bom remédio para o meu irmao. Vao culpar-me, vao castigar-me, vao descarregar tudo para cima de mim.

Á uns dias o pai veio ter comigo. Disse que eu estava crescida, mas ao inicio ficou parado a olhar para mim. Por momentos pensei que nao me conhecesse, depois de tantos dias e meses sem me ver. Mas depois olhou para mim fixamente. Nunca o tinha visto assim. Chegou perto de mim e sentou-se no cadeirão que estava ao meu lado. Depois disse para me sentar no colo dele, sem nunca parar de olhar fixamente para mim. Continuou a dizer que eu estava muito bonita, muito bem formada, e cada vez mais uma mulher.

Entretanto disse que tinha de ir dormir, e ficou a olhar para mim enquanto me preparava para adormecer, desligou as luzes e fechou a porta.

Ontem disse que queria estar um pouco cmg no quarto dele depois do jantar. Disse que tem uma surpresa para mim.

Será que está a ficar mais simpatico para mim por ver que o mano tambem está a melhorar? Será que estou a fazer um bom trabalho como remédio, e agora finalmente estao a reparar um bocadinho em mim?

O pai disse para eu vestir uma camisa de dormir com umas rendas e umas coisas mais... assim como as que a mae usa quando vem dormir a casa. Disse que ia ser uma noite especial, e para eu ir bem arranjada.. e com o robe de ceda vestido até ao quarto dele para mais ninguem saber.... disse que era um segredo só nosso e que eu tinha de o gruardar muito bem. É o que estou a fazer agora, estou a preparar-me para a surpresa, e vou esperar que o corredor esteja livre para poder lá ir. Assim ninguem me vê e o segredo que tenho com o pai fica bem guardado.
Acho que so aos 11 anos o pai se apercebeu que existo. Mas fico contente por saber que mesmo assim se apercebeu, pensei que nunca se ia aperceber.

( continua brevemente. )
A Lotus

Foto de Joaninhavoa

CAPTURADO PL`A EMOÇÃO

*
CAPTURADO PL`A EMOÇÃO
*
*

Palavras simples versos
cheios de intensidade
Recheados de sentimento
pura paixão e amor
Ah como é lindo saber que sua essência tem valor
Grau de entendimento que urge
uma capacidade

De satisfazer plenamente todas
as necessidades
Ainda que sejam ou pareçam
anormalidades
Aquelas que pertencem a uma outra dimensão
E que de tempos a tempos aparecem em emanação

Haja luta contra a evasão e fraude
Fiscais
Mas não contra as invasões do amor e da paixão
Pois são de cariz sentimental
e criam raízes existenciais

De tão complexas de simples que são puras e eternas
Fluxos e influxos surgem de cima
para baixo e vice verso
Bombardeando em riso e pranto
e nos altera até chegar

Àquele ponto perfeito.

Joaninhavoa,
In “Não Pude Resistir”
(24 de Julho de 2008)

Poema inspirado e resposta
ao poema de Glayson,
intitulado, " Não Adianta... ".

Foto de Dirceu Marcelino

A VIOLA, VIOLINO & OUTROS - DUETOS - DIRCEU MARCELINO & JOANINHA VOA

1ª Poesia: AMO-TE

Esse rio grande que corre sem limites
Música viva! Arcos da viola e do violino
Movendo-se para cima e para baixo
Em movimentos concordes! Dançantes

E eu sinto-me como que perdida
Procurando-te num labirinto sem saída
Queria sentir a tua oscilação em paralelo
Com a minha e chegar a ser o arco tocado

Sentir a energia vital de um canto perfeito
Uma pauta sem notas mas cheia de melodias
Eternas!

Estranha sensação de pólos opostos
Em que a verdade é disfarçada pela mentira
Mas em que a atração prevalece à repulsão

JoaninhaVoa, In “ O Meu Amor” ( Costa da Caparica, Portugal )
(08 de Junho de 2008)

2ª Poesia: BRINCAR DE VERSEJAR

Tua sensibilidade me sensibiliza
Também, ela me reanima e me da mais força,
Coragem ao ver que tu me parabenizas
Com a pureza de alguém que não se esforça,

Não quer ser mais do que é e se às vezes ironiza
O faz por seu grande humor e como corça,
Ou bela gazela sempre nos energiza
E nos eleva ao alto alegre e lá nos coça

E depois nos solta lá do alto e em nosso aterrizar,
Com o bico dum pássaro sobre a palhoça
Nos apanha em pleno ar e não se atemoriza

Com brincadeiras, pois mesmo a mais jocosa
São expressões de poesias de quem memoriza
E reflete em nuances das formas gostosas. (Dirceu Marcelino 9 / 7 / 2008 )

3ª Poesia: À FLOR DA PELE

À FLOR DA PELE

Sensível eu sei que sou. O bastante
para sentir
O que toca e encanta minha alma e meu coração
Sejam palavras à solta ou em
prosas versos saírão
Do interior das profundezas de meu subtil devir

Gosto de rir e sorrir num riso aberto e franco
Adoro transmitir alegria e acabar com o pranto
Tristezas não pagam dívidas, diz o povo e com razão
Haverá alguém que não concorde comigo eis a questão

Sou Joaninha voa, agora gazela
ora corça
Vivo em mundos paralelos e minha
anima
É uma só!
Flui em ondas invisíveis e em tudo penetra
Deliciosa flutuante torrente das doces fragâncias
Inflamada nas tuas ressonâncias
perco-me
Para me encontrar... em ti.

JoaninhaVoa, In "O Meu Amor"
(08 de Julho de 2008)

4ª Poesia: A VIOLA, O VIOLINO E O VIOLÃO

Eu já tinha lido esta linda poesia
E guardei a essência da inspiração
E com ela compus a melodia
Dum vídeo com viola, violão

E o violino que é a força que extasia
Com seus acordes o coração
Atinge a alma com as freqüências
Agudas que faz eclodir a emoção.

Nos leva ao cume da alegria
E após nos faz por os pés no chão
Eis que no conjunto a sinfonia

Faz – nos ouvir a voz da razão
E assim prepara-nos p’rá mais um dia
Após essa grande reflexão. (Dirceu Marcelino, 6 / 7 / 2008 )

5ª Poesia: A VIOLA SUAVIZA O SOM DO VIOLINO

Às vezes sinto minha inspiração
Assim, como tu falas sem limites
Busco-a ao fundo d’alma e do coração
No recôndito profundo acredite

Onde os sons podem fazer a junção
Entre a escrita da poesia que emite
Através da melodia da canção
A mensagem que em acordes transmite

Para todos sem qualquer distinção
Com a sonoridade intermitente
Entre a viola que em suave evolução
Acaricia a mente resistente

Preparando para a aceitação
Do toque do violino estridente
Que atinge o coração...

(Dirceu Marcelino em 9 de julho de 2008 – Sorocaba-SP, Brasil )

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