Cidade

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Disforme

Tudo é mentira
quando não sabes quem és.
Tudo perde o sentido
quando já não tens o mundo a teus pés.
Sossegado,
sofrego,
perdido absorto...
O sorriso se esvai, disforme
nas montras da cidade.
Tudo igual,
indiferente;
sem rumo, descontente...
Sozinho e cansado
num passeio amargurado,
se descobre longe e divino
na verdade escorraçado.
E por quem foi?
Se por ele ou por alguém?
Como se pode perder nos vislumbres
da luz d'aquém?
Não desistas ó guerreiro cansado
de desditar essa sina de quereres
ser esse mestre, esse senhor
a viver a meu lado.

Lídia de Sousa 12-05-06

Foto de Mor

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

Em época não muito distante, duas mulheres se encontram na maternidade de um hospital.
Joelma chega de uma cidade do interior e é internada, pois estava próximo o dia em que deveria dar a luz a uma criança. Lúcia, a enfermeira que atendeu Joelma sentiu naquele momento uma sensação estranha que nem sabia explicar.
- Qual é o seu nome?
- Joelma, Cláudia da Silva.
- Solteira ou casada?
- Solteira.
- É o seu primeiro parto?
- Sim.
- De onde é natural?
- Carminha.
- A que município pertence essa localidade?
- Canto Novo em Santa Catarina.
- Tem algum plano de saúde?
- Não tenho, vim encaminhada pelo SUS, meu parto pode ser difícil por esse motivo fui encaminhada para uma maternidade que tenha mais recurso.
Carminha fica no interior do estado sem qualquer recurso, nem Posto de Saúde existe naquele ermo sertão.
Fez o prontuário da futura mamãe e encaminhou a mesma para o setor de internação da maternidade.
Logo em seguida fez o relatório da situação da paciente, nos mínimos detalhes para ser entregue ao ginecologista de plantão daquele dia.
- Doutor a paciente vem do interior do estado, cuja localidade não tem condições de atender em caso de um parto difícil, o médico da cidade encaminhou a mesma para um hospital que tenha mais recursos.
- Você trouxe roupas para usar aqui na maternidade?
- Não, só trouxe comigo roupas que vim vestida e uma outra para quando retornar como também para o bebê, já tinham me informado que aqui na maternidade as roupas de uso durante a internação são fornecidas pela maternidade.
- Nem sei bem porque a maternidade fornece as roupas?
- Aqui temos os mais rigorosos controles de infecção hospitalar, para garantir a saúde da mãe e do bebê.
A enfermeira da ala de internação da maternidade recebeu Joelma, anotou seus dados levando-a ao quarto indicando a cama que por ela seria ocupada, mostrou o local onde ficava o botão para acionar a campainha em caso de emergência.
Joelma levava consigo somente as roupinhas para o futuro bebê, que ficaram guardadas no setor de internação.
As roupas para seu uso, bem como para o futuro bebê eram fornecidas pela maternidade, com isso evitaria o problema de infecção hospitalar. A maternidade tinha um bom conceito em relação ao problema citado.
Mais tarde, Lúcia a enfermeira plantonista, que recebeu Joelma foi até o quarto, para saber se tudo estava em ordem.
Ela ainda estava impressionada com o que tinha acontecido quando da chegada de Joelma, pergunta:
- Está bem acomodada não falta nada para você? Estava preocupada, pensei que não tivesse um bom atendimento, muitas pessoas que chegam do interior são relegadas a um segundo plano no atendimento.
- Até parece que seu relato mostra que o atendimento pelo Sistema Único de Saúde deixa algo a desejar.
Despediu-se de Joelma dizendo:
- Se necessitar de alguma coisa durante sua estadia aqui na maternidade, peça para a enfermeira de plantão me chamar, meu nome é enfermeira Lúcia, meu plantão está no fim logo eu retorno para casa, até amanhã.
E Joelma responde:
- Até amanhã e bom descanso.
Lúcia chega ao final do seu turno de trabalho, bate o ponto, troca sua roupa e vai para casa pensando:
- O que aconteceu comigo hoje? O que tem aquela mulher que vi pela primeira vez até parece um imã a me atrair, nunca me vi numa situação dessas.
Lúcia entra em seu carro, demora para acionar a chave e seguir em frente, até parece hipnotizada, diante daquela situação liga a chave e aciona o carro, sempre pensando:
- Será que o caso de Joelma é tão complicado? Como vai ser o nascimento da criança?
Claro que Lúcia como boa profissional estava preocupada, mas será que era só isso?
Finalmente chega a sua casa, entra no condomínio estaciona o carro e fica imóvel dentro dele e pensa:
- Como cheguei aqui, nem sei por onde passei, nem me lembro de quem encontrei no caminho.
Estava realmente fora de si diante de tal situação, finalmente sai do carro, dirige-se para o elevador e sobe para o seu apartamento.
Joga-se sobre a cama e fica delirando:
- Como pode acontecer tal coisa comigo, quem é ela, de onde veio, porque logo fui eu que tive que atender essa pessoa? Ela vai ser bem atendida, o caso dela pode ser grave se vier a falecer durante o parto, com quem vai ficar o bebê, será que vai nascer sadio?
Finalmente depois de algumas horas naquela situação Lúcia acorda daquele torpor e se levanta toma um banho e vai preparar o jantar, pois morava sozinha e não tinha companhia.
Sua mente ainda não tinha se acalmado daquela situação, continuava pensando.
- O que vou fazer, como vai ser amanhã quando chegar na maternidade, como terá ela passado a noite, certamente é a primeira vez que é internada em um hospital.

...

O pessoal da cozinha serviu o jantar para todos os doentes.
No hospital, ao cair da tarde, serviram o jantar para Joelma que estava calma, mas pensativa pela acolhida dada pela enfermeira Lúcia.
- Que bondosa ela foi comigo quando cheguei à maternidade, que primor de atendimento, muito diferente do atendimento dado nos Postos de Saúde do interior, me impressionou.
A enfermeira de plantão passa no quarto faz as recomendações necessárias e fala:
- Em caso de emergência acione a campainha que logo atenderemos.
Ela respondeu.
- Obrigado pelas orientações.
No quarto do hospital tinha televisão, assistiu o noticiário depois desligou, e fez suas orações.
- Senhor, protegei-me nesta noite, bem como meu bebê que está prestes a nascer, a todos que trabalham nesse hospital, principalmente a enfermeira que me recebeu quando aqui entrei, que ela seja feliz, peço pela minha família que ficou no interior, agradeço por tudo meu bom Deus Pai nosso que estais nos céus...
Logo em seguida adormece.

...

Lúcia em seu apartamento continua a pensar em Joelma.
- Será que serviram o jantar? Como deve estar pensativa longe de seus parentes.
A imagem daquela mulher não sai da sua memória, mas finalmente ela adormece.
...

Durante o sono já de madrugada acorda assustada, pois sonhara que a paciente que havia atendido a tarde tinha morrido na hora do parto naquela noite. Ao acordar fica pensativa:
- Será que esse sonho significa? Terá ela morrido, ou só foi um sonho meio maluco desses que sempre acontece comigo de vez em quando?
Vira para o lado e logo dorme novamente. Quando acorda com o ruído do despertador pensa:
- Vou levantar tomar banho e depois tomar meu café.
Em seguida ela vai até a garagem retira o carro; sempre impressionada com o sonho da madrugada, estava um pouco fora de si, na saída da garagem quase bate em outro automóvel que ia passando na rua pensa:
- Meu Deus o que estou fazendo? Quase bati meu carro.
Sai com mais calma e segue até a maternidade, ansiosa para saber como está passando a paciente que tinha chegado para a internação, estaciona o carro e vai direto até o setor da Maternidade e fala com a enfermeira chefe:
- Como vai Joelma aquela moça que foi internada ontem à tarde?
- Ela vai bem, entrou em serviço de parto na madrugada passou um pouco mal, pois o menino era grande pesou seis quilos é muito lindo e gordinho.
- Qual é o quarto que está?
- Está no quarto anexo a enfermaria número 3 e está passando bem.
- Vou fazer uma visita.
Lucia vai até o quarto que Joelma está internada bate na porta e entra.
- Bom dia como está passando?
- Agora estou boa, mas o parto foi difícil, o menino era grande e demorou mais, para nascer.
- Há pouco, ele estava aqui mamando depois levaram para o berçário.
- Qual é o número que tem no braço?
- É o número 3A.
- Depois eu vou lá ao berçário ver o menino.
Lúcia retorna, pois está na hora de começar o seu trabalho na recepção da Maternidade, continua pensando:
- Como será o menino; branco, moreninho e seus cabelos que cor têm, tudo imaginação.
Mas realmente quem não saía de sua memória era Joelma:
- Continuava pensativa. O que vou fazer quando entrar no berçário para ver o menino? Deixa isso pra lá.
Depois do almoço, Lúcia vai até lá, para conhecer o filho de Joelma, nesse horário quem estava atendendo o berçário era sua amiga Maria. Chegando Lúcia fala:
- Oi! Maria que bom que é você que está aqui, vim ver o menino que nasceu essa noite passada.
- Você sabe o número que ele tem no braço?
- Sim sei é o número 3A.
- Ele está no berço número 6.
- Lúcia chegou perto do berço e viu um menino robusto gordinho bem claro cabelos pretos ele estava enrolado numa faixa e dormia.
Lúcia se despede de Maria e volta para seu posto de trabalho. Quando na portaria chega um senhor de mais o menos 50 anos e pergunta:
- É aqui que está internada Joelma?
- Ela responde sim, é aqui que ela está internada e ontem a noite deu a luz ao um lindo menino, ela está passando bem.
- Quem é senhor?
- Sou o pai dela.
- Qual é o seu nome?
- João da Silva.
- Posso visitar ela?
- Sim pode, espere vou preparar seu crachá.
- Aguardo.
Lúcia chama uma atendente:
- Nair venha aqui leve o senhor João até o quarto anexo da enfermaria número 3 ele é o pai da Joelma que deu a luz a um menino ontem à noite.
- Sim, por favor, senhor me acompanha até o quarto.
Nair bate na porta e pede licença e fala:
- Joelma seu pai veio lhe visitar.
- Obrigada por ter trazido ele até aqui.
- Até logo, eu já vou.
O pai de Joelma entrou, cumprimentou a filha e perguntou:
- Como foi o nascimento do menino?
- Apesar de ter sido um pouco difícil ele nasceu forte e robusto.
- E onde ele está?
- Está no berçário.
- Ele não fica com você?
- Só vem aqui na hora de mamar e só faltam cinco minutos para o trazerem aqui, quando o papai vai conhecer seu neto.
Nesse momento Maria a atendente do berçário chega com o menino para ser amamentado e pergunta:
- Dona Joelma quem é esse senhor?
- É o meu pai ele veio me visitar e conhecer o seu neto.
- Pensei que fosse o pai do bebê.
Maria por curiosidade olha a ficha no pé da cama e nota que Joelma é mãe solteira e quem sabe nem saiba de quem é seu filho e pensa:
- Posso ter cometido uma gafe, em não ter olhado essa ficha antes, posso ter melindrado os dois com essa minha pergunta boba.
Maria aguarda até o final da amamentação, e do avô ver seu neto e ficar um pouco com o bebê no colo para, na volta, contar a sua esposa Virginia. Seu pai pergunta:
- Quando vai ter alta e voltar para casa?
- Não sei bem certo, mas devo ficar internada segundo o médico por mais quatro dias, mas depende de quando vem à ambulância para que eu possa voltar.
- Logo, que chegar à cidade irei falar com o prefeito para saber esses detalhes para telefonar e informar o dia que eles vêm.
- Quando o senhor for sair fale com a enfermeira Lúcia e ela lhe dá o telefone da Maternidade com todos os detalhes do dia da alta.
Estava chegando o fim do horário de visitas e o pai da Joelma iria se retirar à noite retornaria a sua cidade de origem, e disse:
- Eu vou até a Portaria falar com a enfermeira e depois vou voltar com a Ambulância da Prefeitura, espero que logo você retorne para casa, todos querem conhecer o bebê.
- Boa viagem papai; que Deus o proteja um abraço para a mamãe. Quando eu voltar vou relatar o que aconteceu aqui.
- Fique com Deus minha filha.
Chegando à Portaria a enfermeira Lúcia já tinha tudo pronto, entregou todas as informações ao pai de Joelma e disse:
- Obrigado por tudo que fez pela minha filha, que Deus lhe proteja em sua atividade profissional.
O senhor João partiu de volta para sua cidade de origem no interior do Estado, levando a lembrança do bom atendimento que recebeu quando da visita que fez a sua filha e pensava:
- Vai ser uma festa quando ela voltar no dia do batizado. Vou começar a preparar tudo antecipadamente. Qual será o nome que vamos dar a esse pimpolho? Bom, isso eu vou deixar para quando ela voltar.
Durante a viagem de regresso no final de outono início de inverno, as noites eram frias ainda mais a cada cem quilômetros ia subindo até chegar à altitude de mais novecentos metros acima do nível do mar. Em alguns trechos durante a madrugada se via fina geada nos campos quando o sol raiou trazendo um calor que foi aquecendo aos poucos e derretendo a geada. Quando já chegava o fim da viagem de retorno, o senhor João perguntou ao motorista:
- Quando será a próxima viagem a capital?
- Não sei bem certo temos alguns pacientes que tem que fazerem exames especiais, mas temos um pequeno problema, no momento esses exames estão suspensos, por falta de verba; pode ser que surja alguma emergência, porque da sua pergunta.
- Você sabe a Joelma está internada na Maternidade e deve receber alta dentro de poucos dias e ela poderia voltar na ambulância para casa, depois vamos conversar com o pessoal da prefeitura.
Finalmente chegaram à cidade. O motorista foi até a prefeitura, para saber se tinha alguma coisa a fazer com a ambulância o responsável pela saúde disse:
- Vá para casa dormir, viajou toda à noite e tem que descansar. Volte amanhã no horário normal.
O Senhor João foi para casa e sua esposa já o esperava para saber as notícias de sua filha e também saber se tinha nascido o filho (a) de Joelma. Na chegada foi uma festa e todos a rodeavam fazendo perguntas:
- Como foi a viagem?
- A viagem foi boa com muito frio na volta.
- Como vai a Joelma?
- A Joelma vai bem, nasceu o seu filho é um pimpolho muito lindo, gordinho e saudável.
- Quando ela vem daqui a alguns dias depois de estar recuperada o parto não foi fácil.
Na capital ficou a Joelma na maternidade pensando em seu pai que viajou de volta para casa, ela pensava:
- Como foi a viagem essa noite foi fria lá na serra devia estar mais frio, será que tudo correu bem e quando chegou em casa quais foram às perguntas?
De manhã serviram o café e logo mais tarde a enfermeira Lúcia veio visitá-la e saber com tinha passado aquela noite e perguntou:
- Seu pai viajou ontem à noite?
- Sim ele retornou com a ambulância da prefeitura deve ter chegado hoje de manhã em casa.
- Quando ele vai voltar para levar você de volta para casa?
- Vai depender de saber o dia da minha alta e se a prefeitura naqueles dias tem uma viagem até a capital para eu retornar.
- Posso fazer uma pergunta?
- Sim, pode fazer.
- Você gostaria de ficar morando aqui?
- Como vou ficar aqui longe de meus pais e como vou cuidar de um filho? Sem emprego isso seria difícil.
- Sei que pode ser difícil, mas não impossível.
- Com pode ser isso se não tenho ninguém por mim aqui?
- Isso se dá um jeito.
- Qual seria o jeito?
- Depois vamos falar sobre o assunto.
Tinha chegado a hora da enfermeira começar seu turno de trabalho, então se despediu dizendo:
- Antes de você voltamos a falar sobre esse assunto.
Joelma ficou pensativa todo o dia a imaginar o porquê daquela proposta da enfermeira Lúcia pensava em tudo:
- O que realmente ela quer fazendo essa proposta para mim, mas nem posso fazer isso e minha família o que vai dizer? Na certa, papai foi preparar a festa para quando eu chegar e já tenha marcado o dia do batizado do meu filho. Nem posso imaginar alternativa para ficar aqui, deixa para depois quero ver em que vai dar.
No dia seguinte quando o médico fez a visita de rotina, como vinha fazendo todos os dias desde sua internação, ele disse:
- Dona Joelma, eu vou marcar o dia da sua alta para que você comunique a seu pai para providenciar seu retorno para casa.
- Qual vai ser o dia Doutor?
- Daqui a três dias será o suficiente para se comunicar com ele?
- Ele deverá ligar amanhã para a portaria da maternidade.
- Eu vou falar com a enfermeira Lúcia e deixo o comunicado com ela.
- Assim ele terá dois dias para providenciar com a prefeitura para mandarem a ambulância me buscar.
- Nesses dias farei as visitas normais até o dia da alta.
- Doutor muito obrigado pela sua amável atenção.
- Tenha um bom dia.
Joelma fica a pensar:
- O que vai acontecer quando o Doutor falar para enfermeira Lúcia que vou receber alta daqui a três dias, ela vai vir aqui insistir naquela sua proposta, mas não posso aceitar sem voltar para casa, quem sabe depois.
Naquele dia a enfermeira não visitou Joelma, como de costume. Ela estava preocupada pensou:
- Deve estar com muito serviço por isso não veio até aqui.
No dia seguinte cedo seu João telefonou para a Portaria da Maternidade, para saber noticias do dia da alta de sua filha Joelma. Quem atendeu foi à enfermeira de plantão:
- Alô! Que fala?
- É a enfermeira Lúcia.
- Aqui é o pai da Joelma queria saber se o médico marcou o dia da alta.
- Sim ele marcou ontem e deu a contar de hoje três dias.
- Ontem fui à prefeitura saber do dia a ambulância vai até a capital informaram que vão viajar daqui a três dias chegarão aí no amanhecer do terceiro dia, ela que fique com tudo pronto para voltar para casa, aqui todos estão com saudades dela. Vou comunicar para ela daqui a pouco.
- Obrigado pela sua atenção e tenha um bom dia.
- E o Senhor também.
Naquele momento a enfermeira Lúcia levou um choque, não sabia o que fazer, ir logo ao quarto avisar Joelma? Seria uma saída, iria ela tentar mais uma vez convencê-la da sua intenção. Chega lá discretamente e pergunta:
- Já tem uma resposta para a proposta daquele dia?
- Pensei muito nesses dias, mas vai ser difícil estou esperando que ele telefone para saber do dia da minha alta, ou ele já telefonou?
A enfermeira Lúcia fica num êxtase nesse momento sem saber o que responder Joelma pergunta:
- O que aconteceu Lúcia? Parece que morreu, meu pai ligou ou não ligou?
- Ele ligou agora de manhã eu passei todos os dados que o doutor deixou comigo ontem e ele disse que a prefeitura está mandando a ambulância para buscá-la no dia marcado.
- Quanto a sua proposta depois que eu voltar para casa e ajeitar tudo por lá voltamos a conversar sobre o assunto com mais detalhes.
Naquele momento chega ao quarto a chefe do berçário com seu filho e diz:
- Está na hora de amamentar o nenê.
Lúcia sai cabisbaixa sem nada falar. Joelma amamenta o nenê e no final entrega dizendo:
- Daqui a três dias retorno de volta para casa.
A chefe do berçário tomou o menino no colo e levou para sua cama sem nada falar. Aquele foi o dia mais nefasto para a enfermeira Lúcia, uma noite interminável, estava mesmo atordoada e só pensava:
- Porque ela não aceitou a minha proposta, nem me deixou apresentar o que e tinha a dizer a ela.
Chegou o dia da partida de Joelma tudo tinha sido preparado na véspera recomendações médicas e quando deveria retornar para uma nova consulta. O motorista da prefeitura chega à portaria da maternidade e pergunta:
- A dona Joelma está pronta para viajar?
Lúcia responde que tudo está pronto.
Logo ela chega na portaria cumprimenta o motorista:
- Bom dia o senhor veio me buscar?
- Sim daqui a pouco vamos partir tudo está pronto para carregar na ambulância?
- Sim tudo está aqui às malas e mais o meu filho que ainda não escolhi o nome dele.
Joelma se despediu de todos e também da enfermeira Lúcia. Agradeceu a atenção e o atendimento que deram a ela no tempo que esteve internada embarcou e partiu de viagem. Lucia com os olhos cheios de lágrimas ficou pensando.
- Será que ela vai voltar um dia...
A viagem transcorreu dentro da normalidade e no final da tarde chegaram à cidade, em frente à prefeitura estava a família de Joelma esperando-a. Quando ela desceu sua mãe falou:
- Que bom minha filha que você voltou com um neto para sua mãe.
- Obrigada mamãe por essa recepção.
- Filha, no domingo será batizado o meu neto, o padre vem rezar missa na Igreja e seu pai já providenciou tudo só falta escolher o nome e os padrinhos.

Foi a mais bela festa realizada na cidade. Com muita comida, churrasco, porco assado e galinha recheada.

São José/SC, 9 de maio de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

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Às cinco da manhã

Às cinco da manhã
Espiando o mar...
Não encontro nada
Senão a fraca figura da liberdade.

É a hora da madrugada,
Que se esconde
Nos mármores frios
Das escadarias dos edificios...

Na ângustia vertida
Da noite,
Onde tudo repousa;
"Morrentes", nas últimas estrelas
De um céu abandonado.

É a hora dos frios,
Libertos da morte
No horror de mais uma finda noite.

...Tinha-me esquecido da noite!
...Tinha-me esquecido das horas!

Espiando o mar: são cinco da madrugada.
A noite banha a cidade
E os poetas, são os seus seios...

Olho-te perdido ao mar,
Nas ondas que se espumam
Aos meus pés, em banho.

Não me esqueço,
Não te esqueço...
Porque havia em ti paz.

Paulo Martins

Foto de eterno apaixonado

Sonhando acordado

A tarde é fria, a chuva cai lemtamente do céu venho caminhando pelas ruas desertas da cidade, passos lentos pensamento longe. Penso em como seria bomse você estivesse aqui comigo...andaríamos abraçados, um se aquecendo no corpo do outro, felizes se amando e fugindo da chuva, nos doi sem um único guarda-chuva ignorando e achando graça da situação. Ao se aproximarmos de casa fazer o que eu sempre fazia que te deixava louca- fechar o guarda-chuva- e te beijar sem se importar com o mundo ao nosso redor ,e como se por alguns instantes só existissem nos dois e mais nada e masi ninguém. Tomaríamso um banho quente a dois, me aquecendo no calor do seu corpo, do seu beijo, no pulsar do seu coração junto ao meu, nossos corpos em chama! E assim iríamos pela madrugada inteira, não existia inverno na nossa cama. Ops, de repente piso numa poça dágua, molho meus sapatos e asim desperto do sonho, por um instante te senti aki, por uminstante me esqueci que você já se foi, que já não sou mais eu que já não é mais o meu corpo que te aquece nas noites frias de inverno...
Só restaram as lembranças, a saudade e o meu amor por você...

Foto de @iram

Cidade que me devora

São os ruídos da cidade lá fora,
que me devora...
E a paz em mim ainda transborda.
Submissa e longa é a noite que me apavora.
Mas teu rasto ainda em mim se traduz.
Além nos horizontes
ainda há palavras que te descrevem
e são constantes essas palavras.
Imponente...
Inalterável...
Voz subalterna que não se cansa de me chamar.

Lídia de Sousa

Foto de Gata Apaixonada

Beijo que te quero mais

Beijo deveria ser moeda de pedágio. Passar pela porta de casa seria proibido sem antes lascar um beijo na mãe, no pai, no irmão, no filho, no marido e, para quem gosta, até no cachorro!
Beijo deveria ser como bolinha de sabão. Num sopro, a gente poderia mandar alguns pelos ares, que explodiriam na pele de quem neles encostassem. E de repente, sem saber de onde veio, seríamos presenteados com um beijinho perdido pelas ruas da cidade...
Beijo deveria ser elemento químico. Constar na Tabela de Elementos que a gente tem de decorar para a prova de química, no colégio. Assim, certamente seria mais interessante e ainda ensinaria qual a fórmula mágica deste estalo tão bom...
Beijo deveria caber num envelope, mesmo que fosse dos maiores, mas que pudéssemos enviá-lo pelo correio, para aquela pessoa que está tão longe e que daria qualquer coisa para sentir o gosto da boca de seu amado.
Beijo deveria acender luzes pelo corpo da gente. E quando a energia elétrica entrasse em pane, bastaria que demonstrássemos nosso amor pelas pessoas queridas e qualquer escuridão terminaria...
Beijo deveria estar disponível nas vitrines das melhores docerias. Poderia até ter preço especial, mas que pudessem pagar por ele aqueles que aparentemente menos merecessem, porque beijos são realmente transformadores e certamente provocariam reações sensacionais.
Mas beijo não é assim. É particular e a gente escolhe em quem quer dar. Porque beijo é um presente que precisa de vontade para ser oferecido. E talvez seja melhor que assim seja: não tão anônimo, não tão sem motivo, nunca forçado, ainda que possa ser pedido.
Por fim, é essencial que o beijo seja leve, fluido, sintonizado com a delicadeza própria de quem sabe dar.
Na verdade, beijo é sempre dado. Receber é apenas contingência da mais gostosa e prazerosa troca entre duas pessoas que se desejam insanas por alguns instantes, posto que um beijo pode valer mais que a lucidez de uma vida inteira.

Foto de @ngel

Só você

Procurei o teu olhar em cada canto da cidade,
Sua presença parece ser constante em minha vida ,a cada dia .
Sinto suas mãos acariciando meu corpo, fecho os olhos e consigo
sentir seu toque, seu gosto , seu corpo colado no meu
nosso suor, seu perfume
Sua boca colada na minha, sua língua devorando minha boca com paixão
Suas pernas coladas junto ao meu corpo, e se eu disser que não há amor estarei mentindo
Há muito mais que isso ,
paixão, desejo incontrolável de te amar cada vez mais ,
desejo de não me afastar de vc nem por um minuto sequer,
vontade de tocar seu corpo ,e sentir a sua pele,
sem dizer uma palavra,
porque entre nós já não existe o que dizer,
os olhos falam , nossas bocas murmuram mesmo sem som,
nossas mãos trocam carícias que nossos corpos tanto desejam,
Queria agora olhar nos teus olhos e dizer o quanto te quero,
o quanto te amo e o quanto te esperei e te espero.
Tocar suas mãos , e mesmo com meu coração acelerado conseguir sufocar o imenso desejo que sinto nesse momento de te amar...
Talvez tudo isso possa acabar
assim como começou , mas na minha memória ficaram dias felizes,
noites intermináveis de amor paixão , desejo,sussuros , palavras de amor , que se perderam no vazio daquele quarto onde um dia te amei... e hoje sinto sua falta,
Ficará pra sempre o quanto fui feliz
nos momentos que nos amamos e até quando trocamos uma simples carícia
numa mesa de bar....

@ngel c@ccer

Foto de eterno apaixonado

Seguir em frente

Não quero pena nem piedade.Quero pensar, andar pela cidade sem rumo, sem destino.Caminhar como um menino em busca das respostas da sperguntas que não querem calar.Que me façam entender o porque do meu sofrer.
não quero ilusões, nem sonhos, me, fantasias, busco rspostas e não palavras vazias.
Quero ouvir apenas a verdade.Uma explicação, algo que justifique o que aconteceu com a gente.
Não havia nada que eu não faria.se você me pedisse o sol eu o traria só pra te aquecer!Mas você me pediu algo que eu não posso fazer.Impediu a flor do nosso amor de florescer.
Depois de tudo que vivemos você veio me dizer pra te esquecer, pra não mais te amar e mesmo sem entender aceitar o fim.Pra te tirar da mente, pr aseguir em frente, prosseguir sozinho.
Até hoje sigo sem entender e nem sei se um dia entenderei.
O que mais me machuca por dentro não é a mágoa nem tãopouco o ressentimento e sim saber que todo esse sofrimento é por causa de um sentimento qu eapesar do tempo não morreu.
A minha dor não é ouvir o que eu não mereço, nem o seu jeito tão desigual, mas saber de tudo que você me fez e ainda sofrer no final, e ainda te querer, ainda sonhar que um dia você vai voltar.
Não quero inventar soluções nem tão pouco ser o centro das atenções.
Quero apenas andar pela cidade, ver gente, sentir o vento, seguir em frente.

Foto de eterno apaixonado

Foi se o tempo...

Foi se o tempo em que eu vivia transtornado po não estar ao seu lado.
Tempo em que eu telefonava, te escrevia, te mandava poesia todo dia, versos de amor.
Foi se o tempo em que eu vivia pra tedar felicidade,que eu andava pela cidade só pensando em você.Tempo em que tudo era fantasia, sonhos, planos de alegria, de viver pra te amar.
Foi se o tempo em que eu andava pela rua e comtemplava a luz da lua e lembrava do seu olhar que me fazia sonhar, viajar num mundo de amor.
Foi se o tempo em que eu sonhava acordado e ficava emocionado ao ouvir nossa canção.
Hoje carrego um coração maltratado pelo tempo, sem sentimento.
Foi se o tempo...

Foto de eterno apaixonado

O amor aconteceu...

Tudo começa num esbarrão.A cidade tão grande,tanta gente nas ruas.
Ambos tem o ímpeto de pedir desculpas, os olhares se cruzam, o tempo para, a respiração muda, o coração acelera,a mente se esvazia.
É como se por alguns segundos, segundos estes que parecem eternidades, a grande e movimentada cidade ficasse completamente deserta.Como só existissem eles dois.Querem falar, mas não encontram palavras.
Antes tão atrasados, agora já não mais se importam como tempo.Ficam parados, sentindo algo que não sabem explicar, os olhares fixos sem piscar nem um segundo,apesar da agitação ao redor.
De repente um sorriso tímido, disfarçado no canto da boca dele.Ela também esboça um sorriso tímido mas ao mesmo tempo angelical.Ambos não mais disfarçam, o sorriso agora envolve o rosto inteiro, eles sentem aquela alegria, aquela sensção de bem-estar sem saber explicar a razão,pronto: o amor aconteceu...

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