Como uma flor,
Cresce no asfalto da cidade,
Da poluição faço meu perfume,
Suave veneno,
Circula nas veias,
O barulho é um escudo,
Ao cair da noite,
Céu esfumaçado,
De telhados envidraçados,
A espelharem,
O brilho,
Gasto,
Falso recato,
Da tua boca,
Conheço os segredos,
Teu gosto,
Amargo,
Uma mistura decadente,
De um amante boêmio,
Mãos impertinentes,
A caírem como o sol poente,
Teus passos,
A afundarem, na lama da hipocrisia,
De uma burguesia decadente,
Roupas comuns,
Trapos caros,
Iguais, aos trapos,
Nas ruas, a caírem,
Como luvas,
Em armaduras,
Contra a pureza,
A tua velha destreza,
Causa-me repulsa,
Vejo-me meio usada e suja,
Não sonhar,
Virou minha realidade.