Às cinco da manhã
Espiando o mar...
Não encontro nada
Senão a fraca figura da liberdade.
É a hora da madrugada,
Que se esconde
Nos mármores frios
Das escadarias dos edificios...
Na ângustia vertida
Da noite,
Onde tudo repousa;
"Morrentes", nas últimas estrelas
De um céu abandonado.
É a hora dos frios,
Libertos da morte
No horror de mais uma finda noite.
...Tinha-me esquecido da noite!
...Tinha-me esquecido das horas!
Espiando o mar: são cinco da madrugada.
A noite banha a cidade
E os poetas, são os seus seios...
Olho-te perdido ao mar,
Nas ondas que se espumam
Aos meus pés, em banho.
Não me esqueço,
Não te esqueço...
Porque havia em ti paz.
Paulo Martins