Cidade

Foto de Martinha Brito

À Laranjal do Jari

Eu me redescobri,
Depois de anos,
Para a minha surpresa,
Saí de minha casca.

Conheci tão bela cidade,
E as pessoas que ali vivem,
Que me trataram como igual

Foram muitas as aventuras,
Foram muitas situações,
Foram tantos neurônios,
Que queimei.

Foram os sorrisos dos amigos,
Os sorvetes degustados,
As festas e os banhos,
Que envolviam meus dias.

Foram as viagens tumultuadas,
Que pouco incomodavam,
Lá era meu refúgio,
Meu ninho.

Amo tanto aquela cidade,
Quero voltar,
Ser de lá.
De Laranjal do Jari.

Foto de Lucíola

Reencontro

Era uma linda manhã de verão. O sol iluminava a paisagem, enquanto Celina caminhava lentamente pelas ruas da cidade em busca do seu destino.
A vida lhe reservara sempre grandes surpresas, pois Celina acostumara-se a esperar o oposto do que queria. Isto facilitava nas decepções e propiciava alegrias inesperadas. Resolveu então pensar que aquele era um dia comum, com pessoas comuns ao seu redor e que seus passos comumente lentos a levariam tão somente na direção do mar.
Chegou, finalmente. Seu destino estava ali traçado naquele calçadão. Em seu peito, a ânsia da incerteza atravessada no coração feito faca afiada que corta a carne ainda viva. Não podia mais recuar. Não tinha forças. Restava apenas esperar até que tudo terminasse. Queria apenas encontrar uma última chance de poder falar o que realmente sentia.
Pensou então em buscar as palavras que usaria para dizer tudo o que desejava tanto. Mas as palavras sumiram instantaneamente de sua cabeça. Como num passe de mágica, tudo ficou branco, por um momento, tudo parou.
Celina, então, simplesmente ouviu:
- Oi, bom dia!
Foi difícil acreditar naquela voz ao seu ouvido. Desejou por um momento o fracasso de uma longa espera sem esperança. Seria então esta uma grande surpresa, ou uma decepção? Não sabia explicar.
Seu coração bateu tão forte que teve medo que todos pudessem ouvir. Não conseguia se mover. Não sabia como. Como conseguiu chegar então até ali? Precisava criar coragem. E após uma longa pausa, enfim, respondeu:
- Bom dia.
Seus olhos de repente alcançaram a plenitude nos olhos dele. Naquele momento, as palavras já não eram mais necessárias. Tudo estava tão profundamente explicado que o mundo parou um instante para ver aquelas almas se tocarem silenciosamente, imaterialmente, irracionalmente, num momento pleno de amor.
- Pensei que você não viesse. - Disse ela com a voz trêmula, rompendo o grande silêncio e trazendo o mundo ao seu devido lugar.
- Eu disse que vinha. – Respondeu ele com certa impaciência.
Era estranho imaginar que aquele ser tão próximo, tão conhecido seu, de certa forma, em algum momento, denunciava-se tão estranho. Mas se o peso dos anos tinha a força de mudar tudo de lugar, como então poderia explicar aquela sensação de estar revivendo um passado tão distante? A circunstância permitia mesmo sensações ambíguas. O momento era tenso. O sentimento, intenso. O tempo seguramente não pudera remover ou mudar o amor contidamente existente nas almas daquelas duas pessoas.
Como nos tempos idos, os olhos dos dois falavam mais do que as palavras. Não se importaram sequer em identificar as marcas do tempo em seus rostos. Parecia que nada havia mudado - nada. Até mesmo as dúvidas e receios eram os mesmos de antes. Apenas a ansiedade dera lugar à serenidade daqueles que verdadeiramente se amam para além dos tempos e da própria existência terrestre.
- Eu não acredito que estamos aqui, agora. – Disse Celina, com um largo sorriso no rosto e um brilho nos olhos inconfundível.
- Por quê? – Perguntou ele, mesmo sentindo no peito a mesma emoção de quem racionalmente não consegue mensurar a plenitude de um momento tão raro, onde o sentimento é quem comanda cada palavra, cada gesto, cada pensamento.
- Porque imaginei que a nossa história havia terminado, mesmo que ainda inacabada, assim como uma criança que morre em tenra idade, de qualquer mal súbito, ou por qualquer fatalidade. Então, dessa criança, restam apenas as doces recordações e a lembrança do seu sofrimento, de sua dor e de seu triste fim.
Em seu coração, Celina temia ouvir duas palavras: sinto muito. Estas palavras quando ditas em certas ocasiões produziam conseqüências quase que letais para quem as ouvia. Ouvira uma só vez em sua vida, o suficiente para lhe trazer noites intermináveis de angústia, pelo peso de um amor fracassado.
O momento de êxtase agora dera lugar a uma inquietação, daquelas que trazem ardor à alma e a insatisfação antecipada de quem imagina agora tudo perdido, sem conserto mesmo.
- Você disse que me esperaria... E eu acreditei. Você não só não me esperou, mas também me esqueceu. Seu amor por mim foi tão sincero e tão verdadeiro como um feriado que cai no domingo. – Respondeu ele, visivelmente perturbado. Naquele momento, por um instante, arrependeu-se de estar ali entregando tudo o que de mais profundo carregara durante todos aqueles anos. Arrependeu-se. Aborrecido, achava-se um tolo. Não suportaria aquela situação por mais tempo.
Celina sentiu o mundo sobre suas costas, temia profundamente aquela reação. Desejava que tudo fosse mais fácil. Mas a inocência dos velhos tempos de juventude havia perecido. Agora não havia mais tempo. Tudo deveria ser esclarecido. Tudo. Não poderia hesitar nem um só minuto. Precisava sinceramente falar para ser compreendida e desejava mais do que tudo que ele soubesse que o seu amor, um feriado num dia de domingo, foi, era e sempre seria um domingo sem fim.
Então, ela retrucou:
- O domingo, o sétimo dia ou o primeiro dia da semana, é o dia do descanso. A semana vai passando e ele lá, inerte, parado. Ou ele espera por você ou você espera por ele. Feriado ou não feriado, de uma forma ou de outra, inevitavelmente ele está lá. Seja você feliz ou triste. Durante um passeio, ou uma viagem, numa festa ou no sofá da sua sala, é domingo. Eu sei, você sabe, todos sabem. É domingo. Às vezes temos sono, às vezes não. Às vezes queremos que a segunda-feira venha nos salvar, ou que o domingo seja o único dia da semana, se estamos cansados. Mas se eu estiver feliz é porque você não só está em mim, mas eu também estou com você verdadeiramente. É por isso que eu quero que você saiba, independentemente de tudo e de todos, eu te amo. E nada nesse mundo poderá mudar essa triste realidade que me corrói a alma e me faz viver sempre esperando a realização desse amor, que eu sei, não tem mais futuro, apenas passado. Não pense em como tudo aconteceu, pois não há racionalidade para as coisas do amor. Eu apenas amo e nem sei como. Eu amo tão simplesmente que até parece complicado. Meu amor por você está além de onde se pode ir. Vive e revive a cada dia que se passa, com maior intensidade. Eu sei disso porque quando encontro você é tudo tão inexplicavelmente mágico! O tempo parece não ter passado. O dia não parece dia, as pessoas parecem não estarem lá, a vida parece ganhar outra dimensão. A partir daqui, eu sei, tudo vai mudar. A magia será enfim explicada e então perderá o encantamento. Mas o amor, esse sentimento que carrego dentro de mim e que só eu sei o quanto é puro e verdadeiro, esse não mudará. Eu sim, não serei mais a mesma. Imagino que deixarei de sonhar com você, meu grande e eterno amor. Mas saiba, eu te amo, te amo, sinceramente...
Depois dessas palavras, não havia mais o que ser dito. Todas as dúvidas não podiam ali ser esclarecidas. O amor e sua verdadeira face envolveram de tal sorte aquele homem e aquela mulher, que eles, do magnetismo do momento, não puderam mais fugir. Arrebatadoramente, abraçaram-se, em corpo e alma. Beijaram-se e, na mais completa plenitude, enfim, compreenderam que não há explicação para o amor. Ama-se e fim.

Foto de Graciele Gessner

In Memoriam Marli Gessner.

A madrugada está lenta, a morte é um aviso de que a vida é de fato passageira. Não levamos nada, e tudo que nos resta é lembranças do que realmente fomos perante as pessoas que estiveram em nossa longa ou curta caminhada.

Lembro-me da minha tia que poucos anos tive contato da luta constante do seu câncer. Ela deixou sua mãe, seu filho, seu marido e seus familiares. Não conheceu o(a) seu(sua) neto(a) no qual falou com tanta alegria no Natal passado.

Sinto-me como se tivesse perdido uma parte da minha história. Era a tia que mais tinha afinidade, que conhecia a minha vida, e que sempre batalhou pela igualdade entre as suas irmãs. Deixou entre nós a lição de uma vida cumprida, que até ano passado salvou a vida da sua própria mãe (minha avó materna).

Não encontro palavras para aliviar a dor que sinto. Escrevo tentando diminuir a intensidade das lágrimas que não dão trégua. Escrever é ainda a minha melhor companheira. A vida é essa mesma, e não tem volta.

Agora já são 03h10min do dia 30/01/2010, uma hora que a notícia foi dada. O sono se evaporou. Dormir já não faz mais sentido. Dormir pode ser um abraço para a morte. Minha tia foi levada por um ataque cardíaco nesta noite.

Minha tia não será sepultada em sua cidade natal, mas se eu não conseguir ir à cidade de Guaramirim/SC, em pensamentos estarei com ela por onde ela estiver...

Oh Deus! Aceite de braços abertos essa humilde alma que nos deixou através da sua própria vontade. Amém!

Graciele Gessner.

30.01.2010

Foto de Graciele Gessner

Timbó e Suas Belezas. (Graciele_Gessner)


Inicialmente, estou mudando o foco dos meus escritos e dando vazão à história e a cultura de uma cidade conhecida como a “Pérola do Vale”, a cidade de Timbó que fica no estado de Santa Catarina.


Timbó é uma cidade em pleno desenvolvimento, também escassa em mão de obra qualificada. Em muitos casos necessita urgentemente de profissionais de outras cidades/estados. Sem falar da vida no campo, em que corresponde 15% da população. A cidade tem mais de 30.000 habitantes em seus 15 bairros distribuídos, são eles: Araponguinhas, dos Estados, Padre Martinho Stein, Fritz Lorenz, Industrial, Quintino, Vila Germer, Centro, Pomeranos, Imigrantes, Dona Clara, Tiroleses, das Capitais, das Nações e São Roque.


A cidade de Timbó esconde valiosas fontes, riachos e campos. A população é ainda regada de tradições do passado, rica de culturas e costumes. Porém, a população da área rural anda optando em dividir suas atividades entre a indústria e agricultura. E para que todos saibam o transporte mais utilizado por aqui é a bicicleta; eu faço parte desta estatística “ecologicamente correta”. Contudo, hoje apresento um pouco da cidade que moro, alguns pontos turísticos deste verde vale cercado de montanhas.


Começo pelo Jardim Botânico, um lugar perfeito para andar de bicicleta, caminhar, ler, ou simplesmente fazer um piquenique. Local de grande área verde, com lagos “chocolates” por causa da cor; tem quiosques com churrasqueiras que permite momento família ou entre amigos, e as trilhas para atividade física. Eu particularmente, gosto do lugar!


Outro local com atrações é o Morro Azul, além de ter um caminho com curvas sinuosas, podemos ver casas típicas e centenárias em seu estilo enxaimel. Dizem que o local é o ponto mais alto de Timbó, com seus 758 metros de altitude. É um local que permite uma vista espetacular.


Falando em altitude, não posso deixar de mencionar o Morro Arapongas com seus 470 metros de altitude, onde também podemos ter a visão completa da cidade de Timbó e concluir como a cidade está evoluindo. Apenas um detalhe, é um tanto restrito o acesso, é uma subida íngreme, exigindo uma caminhada de 45 minutos a 1 hora. Ou então, se você for um motorista aventureiro e sortudo consegue subir com automóvel ou moto.


Bem, quanto a museus é o que não falta por aqui. Temos o Museu da Música onde estão expostos mais de 200 instrumentos. Para o orgulho de muitos timboenses (eu penso), tem também o Museu Casa do Poeta Lindolf Bell preservando obras de arte, um completo acervo deste poeta timboense.


No entanto, falar de Timbó exige mencionar o ponto referencial da cidade. Estou falando da Thapyoka que é restaurante, choperia e danceteria. Lugar certo para encontrar amigos! Além disto, ao redor tem a represa do Rio Benedito, construída por imigrantes alemães e tem a ponte que liga as margens do rio. Para completar, tem uma figueira enorme na praça, a conhecida “Figueira Centenária”. Querendo mais informações é só ir ao Museu Casa do Imigrante que fica ao lado da Thapyoka. Vale à pena conhecer...



26.01.2010

Escrito por Graciele Gessner.


*Se copiar, favor mencionar a devida autoria, Obrigada!


  • Fonte: Baseado no guia turístico de março/2006.

  • Foto de Carmen Vervloet

    Porto de Tubarão - Um Grito Solitário

    Acordo nesta ensolarada manhã de segunda feira que teria todos os motivos para ser mais uma agradável manhã de verão. Moro no bairro mais nobre de Vitória, a Praia do Canto. Uma belíssima vista para o mar, hoje calmo e azul. Da minha janela vislumbro uma paisagem capaz de inspirar os mais lindos versos de amor e devoção à natureza. Mas não. O que grita dentro de mim é a revolta de ver minha cidade coberta por nuvens negras vindas do Porto de Tubarão. Nuvens que poluem minha cidade e trazem em suas garras graves problemas de saúde à população. É o nosso “famoso” pó de minério, um pó preto que cobre os pisos, os móveis, as cortinas das nossas residências. Que as invade sem dó nem piedade. Que chega ao sopro do vento nordeste. Entra por portas, janelas, passa por entre frestas e causa danos irreparáveis a nossa saúde. Pobre coitado do nosso aparelho respiratório! Ele já não suporta mais tanto pó! Mas esse pó preto não é apenas sinônimo de luto. Ele também faz com que algumas pessoas fiquem cada vez mais ricas. Ah!... E como ficam... Pessoas envolvidas no processo de camuflagem dessa devastadora poluição. Basta passar a mão sobre qualquer canto da casa e a mão fica negra do maldito pó. É um negro que nos remonta a triste morte e ao luto dos nossos corações face ao descaso de tantas “autoridades” envolvidas em altíssimos jogos de interesse. A imprensa fala superficialmente sobre o assunto. Ela tem na Companhia Vale do Rio Doce um de seus maiores anunciantes e precisa de anúncio para sobreviver. E então a quem recorrer? Ao bom Deus, incomodá-lo lá no céu? Creio ser a única alternativa que nos resta. Conversando casualmente com uma funcionária de determinada Secretaria (que deveria zelar pelo meio ambiente) disse-me ela que apenas em véspera de eleição é que o referido órgão “abre os olhos” numa campanha eleitoreira. De vez em quando, creio que quando o povo pressiona mais, durante o dia o pó é mais ou menos filtrado e a noite os filtros são desativados para que se dobre ou mais a produção. Mas daqui eu tudo observo. Nada me passa despercebido. E sofro na carne esse tormento. Falo como cidadã que paga seus impostos, que com seu voto ajudou a eleger esses dirigentes que fazem “vistas grossas.” Falo porque esta é a terra da qual tiro meu sustento e eu a respeito. Falo, sobretudo porque amo essa cidade, minha terra mãe, sempre tão calorosa e acolhedora! Vou gritar sim... E brigar pela minha querida Vitória e pelo seu povo que também é o meu. Ninguém mais agüenta respirar tanto minério de ferro. Afinal nosso pulmão não é contêiner para carregar tanto pó! O nosso grande cientista e ambientalista capixaba, conhecido internacionalmente, Augusto Ruschi, na época ainda do projeto para a construção deste Porto, foi totalmente contra a sua atual localização. Já previa todos os malefícios a que viria ocasionar a população de Vitória. Mas o jogo de interesses prevaleceu e o Porto nasceu no lugar errado. Já condenado por antecipação, pelo grande cientista. Agora é limpar a casa no mínimo duas vezes por dia e carregar nos nossos pulmões, que todos juntos já devem valer uma pequena fortuna, todo o minério de ferro que inspiramos em cada segundo das nossas cada vez mais curtas vidas. E conviver cordialmente com bronquites, rinites, sinusites e tantas outras “ites”. Hoje tenho a mais absoluta certeza de que os PODEROSOS não sentem com o coração e nem pensam com a cabeça. Pensam apenas com a conta bancária ou quem sabe com a BUNDA que se instala na poltrona do PODER e fica viciada e defeca sobre a cabeça do povo.

    Carmen Vervloet

    Foto de Fernando Vieira

    O Passarinho e o poeta

    Da minha mesa de trabalho
    Enxergo através da vidraça
    Um passarinho tão bonito
    Um Bem-te-vi cheio de graça

    Parece ser tão solitário
    Pois aparece sempre só
    Acho ele tão engraçado
    E ao mesmo tempo sinto dó

    O Bem-te-vi da sempre as caras
    Procurando sua alimentação
    Voa, caminha... Caminha e voa
    Sobre o sol quente do verão

    E olha que o sol na minha cidade
    É um sol daqueles de rachar
    Enquanto o pobre passarinho
    Vai tentando se alimentar

    Ele é tão bonitinho
    Com seu peitoral amarelo
    Um ser tão pequenininho
    Bicando atrás de algum farelo

    Em meio ao concreto da cidade
    Vejo a natureza florescer
    Na avenida belas árvores
    Que até dá gosto de se vê

    E o passarinho com certeza
    Fez seu ninho em uma delas
    É tão bonita a natureza
    Não existe então coisa mais bela

    Eu sei que eu vi o passarinho
    E o Bem-te-vi também me viu
    Ele voou para o seu ninho
    Tão solitário ele partiu

    E agora sempre que eu o ver
    Vou me lembrar desse poema
    Não importa o que acontecer
    Vou escrever, pois vale a pena

    Falando de um fato isolado
    Ou situações cotidianas
    Falando desse passarinho
    Que pousa sempre na varanda

    Foto de José Manuel Brazão

    Lisboa minha cidade

    Lisboa,
    minha cidade,
    onde nasci
    e tenho vivido,
    crescido,
    aprendido,
    ensinado
    e criado
    tudo aquilo que me deste,
    até a liberdade,
    que uns sabem usar
    e outros abusar.
    Quase toda te conheci,
    de oriente
    a ocidente,
    mas há sempre um cantinho,
    desconhecido
    ou mal observado,
    durante este caminho,
    igual à minha idade.

    José Manuel Brazão

    Foto de João Freitas

    SEM SENTIDO

    SEM SENTIDO
    Cocorococó, ai, ai, ai!
    Eu sou um galo da paz,
    Da raça dos galos de briga.
    Sou o filho da dor:
    Dor de bater nos amigos,
    Dor de apanhar dos semelhantes,
    Dor da ferida aberta e profunda,
    Dor da cicatrização sem pontos,
    Da bicada do bico amolado,
    Do esporão de ponta afiada,
    Do meu dono que me maltrata,
    Que despreza a minha vida
    Nas lutas sem sentido das rinhas.

    Ah, Anjo Protetor dos animais!
    Não te esqueças dos da cidade,
    Desce voando aí do Céu Verde,
    Vem ao Coliseu das frustrações,
    Soprar nos ouvidos da insanidade
    A cura deste desvio de conduta
    Alimentado pela indefesa dor alheia:
    Um divã Freudiano de veludo,
    Um cofre com segredo digital,
    Para guardar a vergonha coletiva
    Da prática cruel das brigas de galo.

    Desagravo aos galistas.

    Registrado na Biblioteca Nacional - EDA

    Foto de Graciele Gessner

    A Evolução Humana. (Graciele_Gessner)

    * Trabalho de 8ª série, em 1999, que ganhou o primeiro lugar do colégio como a melhor dissertação.

    Confira!


  • Com a transgressão da lei natural da saúde, o homem está a cada dia evoluindo ou degradando?

  • Uma grande parte das crianças não sobrevive. Enquanto a expectativa de vida é de 65 anos. O problema, não se reduz à possibilidade de viver. Significa envelhecimento prematuro e pior saúde individual. Enquanto uma pessoa aos 45 anos alcançou a plenitude de sua vida, para outros esta é a idade máxima a que pode aspirar. Estou querendo dizer que o homem a cada dia está degradando a lei natural da saúde. O mais grave problema também é a situação da falta de alimentos; que a produção mundial é mal distribuída para a população. Embora existam alimentos suficientes para outros, outras milhões de pessoas sofrem ainda de fome e doenças, e chegam a morrer. O problema existente também é a pobreza que é o círculo vicioso, ou seja, o homem é pobre, alimenta-se mal, está mais sujeito a doenças, tem pouca energia, trabalha menos, por isso é pobre, e assim por diante. Para romper esse círculo, é necessário que os políticos e as pessoas de classe média e rica tomem consciência dessas questões e desenvolvam mais empregos para que isso seja resolvido. A mulher, em geral, sofre incríveis formas de explorações e discriminações, no qual representam 35% da força do trabalho mundial e recebem apenas o seu salário ultrapassado. As cidades não foram planejadas para receber tantas pessoas e, por isso, as necessidades básicas, como saneamento e moradia adequada, não estavam ao alcance de grande parte da população. Nos grandes centros urbanos das cidades, além das piores das condições ambientais (população sonora, do ar, das águas etc.), a população enfrenta grandes problemas de moradia, de transporte coletivo, de lazer, de segurança, de educação e de alimentação. Na análise do problema urbano, no entanto, não podemos esquecer o outro lado da moeda, ou seja, as péssimas condições de vida no campo, que é a razão fundamental que levou populações inteiras a se deslocarem para cidade em busca de uma vida melhor.


    Nota: Um pergunta complexa sempre obtinha uma resposta a altura do problema. A pergunta que não quer calar: mudou alguma coisa neste tempo? Não! Não mudou nada... A tendência é só a piorar.


    13.01.2010

    Escrito por Graciele Gessner.

    *Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

    Foto de Carmen Vervloet

    Poema Passageiro

    Nasci no tempo de estradas
    não pavimentadas
    Ônibus saindo na madrugada...
    Em dias de chuva
    correntes nas rodas,
    um dedo de prosa,
    alegria no olhar!
    Quimeras bailando
    junto ao tempo
    sem pressa a passar...
    Da fazenda até a cidade
    coloria-se a realidade
    em poesia e encantamento!
    Uma magia vivaz
    eternizada
    em cada momento...
    Frutos cobiçados,
    buganvílias dependurados,
    cachos de felicidade
    brotando junto à idade.
    Hoje tudo é antagônico
    aos meus sonhos anacrônicos.
    Aviões supersônicos
    que levam junto a paz!
    Sou az
    de sentinela,
    faço-me tagarela
    para não ouvir
    o medo que me ronda
    nessa onda
    de violência!
    Deus, clemência!

    Carmen Vervloet

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