Enviado por Sonia Delsin em Qua, 27/02/2008 - 19:18
O FANTASMA DA SALA
Quando menina eu sempre ficava com minha mãe na sala aguardando a chegada de papai. Ele saía todas as noites, fizesse tempo bom ou ruim. Era um hábito que tinha, e do qual só se livrou quando eu já estava com quinze anos de idade.
Ficávamos um tanto inseguras na casa sem uma presença masculina, porque morávamos numa chácara.
Minha mãe era uma mulher corajosa e depois de ter trabalhado o dia inteiro ainda contava lindas estórias para nos distrair, todas as noites. Hoje eu me pergunto onde ela conseguia tanta força para suportar tudo o que suportou.
Ouvíamos o nosso velho rádio. As radionovelas... mas a minha paixão eram as estórias de fadas, princesas, príncipes encantados. Eu poderia ouvir mil vezes Cinderela (morria de pena da borralheira e vibrava com o final da estória) e ainda assim queria ouvir de novo. E "Joaninho Pequenino"!... Esta meus irmãos queriam ouvir mais e mais.
Eu nunca ia dormir antes papai chegasse. Minha mãe embalava um a um até que dormisse e eu ficava "firmona". Aguardava-o porque ele sempre trazia doces e também porque o amava tanto e queria vê-lo ainda uma vez antes de pegar no sono.
Enquanto o aguardávamos ficávamos as duas na sala, minha mãe e eu, e foram as melhores horas de minha vida (aquelas horas tão nossas).
Não sei depois de tantos anos se estávamos sugestionadas pelo ambiente, ou se pela ausência de papai, pelas nossas cabeças tão capazes de fantasiar... mas o fato é que minha mãe e eu víamos um fantasma.
Verdade mesmo! Ele se esgueirava rente a parede da sala e adentrava pela porta semi-fechada do quarto da nona. Usava um chapéu na cabeça e logo que ele entrava no quarto a impressão que tínhamos era que a noninha conversava com alguém.
No outro dia ela dizia: O "Queco" veio me visitar de novo esta noite.
Cresci assim, com aquele fantasma passando rente a parede e nem o estranhava mais. Ele fazia parte das nossas noites. Nem nos assustava.
Confesso que sentia mais medo quando as folhas das bananeiras balançavam-se com o vento do que com aquela figura que lentamente passava por nós.
Não conheci pessoalmente este meu avô, pois que faleceu bem antes de meu nascimento. Mas o vi, o senti, ou sei lá o quê. Ele fez parte de minha infância. Não foi um fantasma assustador, foi uma presença fluídica que ficou entre as tantas e tantas incógnitas que não decifrei em minha vida.
Tens nas minhas mãos um caminho de algodão
E no olhar a confiança onde podes adormecer
Sente os meus arrepios que te fazem estremecer
Iluminando o céu da noite com o meu resplandecer
O brilho do teu olhar é o dicionário da sedução
Que usas chamando-me a ti como homem
Transpondo-me de sensível a animal selvagem
Um monstro domesticado na beleza do teu toque
Fazendo-me correr pelos quatro cantos do mundo
De alma excitada pelos teus beijos feiticeiros
Homenageando a uniformidade do prazer
Que partilhamos e concebemos magneticamente
Numa química de paixão que nos deixa á deriva
Ao largo de um oceano de sensações pecadoras
Ao beber tua beleza numa fonte de água cristalina
Saciando a sede dos meus desejos que provocas
Laureando pela passadeira que te estendo de amor
A pureza do teu ser em fusão com tua sensualidade
Impulsionam forças de temperaturas elevadas
Clareando as noites de fantasias cintilantes
Que devoramos em luxúrias inventadas por nós
Em volúpias que nos levam borbulhantes
Á descoberta do pecado dos nossos corpos
Numa chegada ao paraíso de emoções virgens
Que nos alimentam a pele com um soro quente
Aquecido na sensação de entrar dentro de ti
Agora que deste lugar parti
Como dói a ausência do nada
Como é triste sentir-me assim
Neste silêncio oco e desumano!
Trago comigo apenas a lembrança
Do enlaçar das mãos dos momentos passados
Nas teclas pousadas no meu teclado
Dos meus dedos, na noite tardia, cansados
Soltando palavras ao vento por entre o lamento
Dos amigos que aqui criei e deixei
Como quem acaricia duas pétalas de rosa
Manchadas de rubra cor, na manhã silenciosa.
Ah…! Como a noite pesa e não passa,
Como dói o imenso vácuo dos sentidos
Que aos olhos cansa e aos ouvidos ensurdece,
Que estraçalha os nervos rendidos
E dá vida e voz ao irreal que permanece…!
Se soubesses voz daí…
Se pudesses sentir a marcha cansada
Do silêncio escorregando nos degraus da escada!
Se pudesse ouvir o diálogo absurdo entre mim e ele
Ele, ele silêncio doloroso e lento
Que vem abraçar agora o canto a onde me sento
E povoa de rumores trágicos e cores de verde fel
As sombras mortas-vivas talhadas sem cinzel!
Das paredes húmidas escorrem pesadelos
Flutuam mistérios em cada canto,
Espíritos tristonhos vagueiam errantes
Voláteis, etéreos, sinistros, ululantes
Em risadas escarninhas de timbres funéreos.
Lá longe, na praia
O som cavo da onda desmedida
Emudece o grito metálico da ave ferida
E o uivar dos cães nesta noite fria
Já não sei
Já não consigo diferenciar o real da Ilusão:
- Egoísta, reparto comigo o caos
Buscando refugio onde não existem laços
Numa voz gelada, oca e vazia
Áh… ! Como queria sentir de novo
O calor das palavras que me faltam agora
Mesmo quando ninguém está aqui comigo!
As horas vão passando, amargas,
Marcadas pelo tic-tac do relógio
E lá fora
Embalado pelas copas das amendoeiras
O nevoeiro agita-se
E descobre o desenho informe
Numa nuvem perdida na maré doirada
- Eu te saúdo nuvem alada, mensageira
Que anuncias risonha a chegada
Duma nova e sempre querida madrugada.
"Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar."
( O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos)
***
Eram três crianças de 8, 6 e 4 anos de idade.
Iriam viajar da cidade de sua infância para outra grande metrópole regional.
A viagem de trem:
Enquanto aguardavam na estação a chegada do trem que os levaria para uma cidadezinha próxima, um importante tronco ferroviário que interliga várias ferrovias que vem do interior do estado ao litoral, mais propriamente ao Porto de Santos, o que viam.
Viam as manobras das locomotivas a vapor.
Entre várias, tal como a chamada “jibóia” enorme, gigante, com várias rodas, as “Baldwins”, a que mais chamava a atenção do “menino” era uma “Maria Fumaça” pequenina. Tão pequena que nem tender ela tinha.
Ia para frente apitando, estridentemente:
Piuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuu!
Retornava, repetia os movimentos para frente para trás, tirando alguns dos vagões de várias composições estacionadas nos diversos trilhos da estação ferroviária.
E o Menino sonhava. Queria ser maquinista de trem.
Tanto que ele gostava, que em outras ocasiões, quando levava comida em marmitas para o pai, que trabalhava nas oficinas, permanecia várias horas sentado nos bancos da estação.
Via as manobras das “marias fumaças” e também a passagem das longas composições de carga puxadas por máquinas elétricas, verdes oliva, chamadas “lobas”.
Até que um dia sua mãe resolveu levá-los em uma viagem.
Nesse dia enquanto aguarda o Menino avistou ao oeste um único farol que surgia no horizonte da linha ferroviária, amarelado e a medida que se aproximava ouvia-se o barulho característico daquela famosa locomotiva elétrica, que zumbia como um grande enxame de abelhas: “zuuummmmmmmmmm”
A locomotiva devagar passava do local de aglomeração das pessoas e aos poucos deixavam em posição de acesso os carros de passageiros de segunda classe e lá quase ao final da plataforma um ou dois vagões de primeira classe.
Eram privilegiados, filhos de ferroviários.
O Menino sentia orgulho desse privilégio.
Lembra-se que naquele dia sentou-se no último banco do lado direito.
Dali podia ver que poucas pessoas permaneciam fora da composição. Alguns parentes, que gesticulavam se dirigindo aos parentes acomodados nos carros de passageiros.
Ao longe. Via um senhor uniformizado de terno azul marinho e “quepi”, com o símbolo – EFS.
Aos poucos esse Senhor vem caminhando pela plataforma, desde o primeiro carro até próximo da janela em que o Menino se encontrava.
Para e tira um apito do bolso superior de sua túnica e dá um apito estridente: “piiiiiiiiiiiiiiiirrriiiiiiiii”
Em seguida, a locomotiva apita “Foohhooommmm..”
Novo apito.
A seguir, começam a ouvir-se os sons característicos dos vagões que retirados de sua inércia estrondavam um a um e começavam a se locomover lentamente até que o carro e que o Menino está começa a se locomover, mas, sem fazer o barulho característico, o seja, o “estralo” ao ser acionado, pois os solavancos que se sentem nos primeiros vão diminuindo gradativamente e quando atingem o ultimo praticamente são imperceptíveis.
Justamente, por essa razão é que os vagões de primeira classe são colocados no fim da composição.
Este carro diferia dos demais por ter os bancos revestidos, corrediços, que permitiam serem virados e propiciar as famílias se acomodarem em um espaço particular.
Assim iniciava-se o percurso até a cidadezinha, onde passariam para outra composição, a qual seria tracionada por uma locomotiva a vapor.
Como era linda a paisagem.
Muitos locais dignos de cartões postais, o primeiro, por exemplo, a ponte sobre o rio Sorocaba, que nasce na serra de Itupararanga e desemboca no rio Tietê
Lindos lugares que por muito tempo permaneceram esquecidos, mas que hoje podem ser registrados em fotos e filmes das câmeras digitais.
Fotos que nos fazem afagar a saudade dos dias de outrora.
Mas, além dessas fotos antigas ou digitais, temos a capacidade de guardar no fundo do nosso inconsciente outras imagens e filmes de nossas lembranças.
Revendo tais filmes, verificamos que inconscientemente queremos alcançar trilhar os nossos sonhos, mas, geralmente em razão das dificuldades da lida, não o atingimos, ou então, ultrapassamo-nos e exercemos outras atividades ou profissões que nada tem a ver com aqueles sonhos.
Eu, por exemplo, adoro trens.
Simplesmente, queria ter sido “maquinista de trem”.
Mas termino este conto, simplesmente, para dizer:
À poucos dias, nesta cidade, de onde o Menino iniciou a viagem teve oportunidade de ver, aquele Senhor, em uma comemoração do retorno da “Maria Fumaça” que estava em outra cidade, onde permanecera sob os cuidados da Associação de Preservação Ferroviária, ser chamado entre outros velhos aposentados, pelo Prefeito:
_”Agora para comemorar o retorno de nossa Maria Fumaça - “Maria do Carmo” - chamo o mais velhos dos aposentados.
Puxa! Que felicidade do Menino, ao ver aquele Senhor caminhando pela plataforma da estação.
Sim. Era motivo de felicidade.
Pois o menino, já não é mais tão criança, já é um envelhescente e aquele Senhor continua vivo.
Oitenta e quatro anos.
Era o “Chefe da Estação”.
O mesmo “Chefe de Trem” que vira caminhando a quarenta anos pela plataforma da estação.
Para assistir video - poema relacionado entre em:
http://www.youtube.com/watch?v=7fE5aNx-zQ4
e em
http://www.youtube.com/watch?v=knPPSfHNm2U
Olá meu querido amor... Você disse que me ama...
Mas até que ponto vai este amor que se transformou em saudades,
em lembranças, lembranças boas,lembranças más. Prefiro ficar com
as lembranças boas porque são elas é que confortam minha alma.
Você disse que me adora...
Mas se afasta de mim lentamente quase parando, mas ao mesmo
tempo decidido a não retornar.
Você disse que eu sou sua...
Mas enciumado me abandona, me deixa na amargura, na ansiedade
sem noticias suas.
A que ponto chegou o nosso amor.
Que fica nesse vai e vem sem solução.
Ah, meu amor! Que bom seria se houvesse um diálogo, aquele chamado
de pingo nos is para que possamos conversar tirar todas as dúvidas que atormentam nosso pensar e que deixa nosso coração tão triste,
sem rumo a tomar.
Dizem meu amor, que o “tempo cura tudo”, mas o meu tempo adormeceu-se entre o gelo do inverno passado, mesmo na primavera, com a chegada do verão não conseguiu descongelar totalmente, apresentando uma fria lágrima derramada por ti.
Sabe meu amor, um dia vamos rir de tudo que aconteceu, por tudo que passamos, por tudo que sofremos, à distância, as palavras duras nos atingiram em cheio, pois temos almas sensíveis que não se adequada à rudez de um momento impetuoso.
Sei que vamos sorrir muito. Um dia quem sabe meu anjo, possa nos encontrar nem que seja na eternidade e de mãos dadas vamos caminhar; caminhar ao encontro da felicidade!
Enviado por Carmen Lúcia em Qui, 07/02/2008 - 23:00
Enamorei-me de ti...
Quando em meus sonhos te vi
A saciar meus anseios,
Desejos que eu reprimi
E tua chegada antevi...
Enamorei-me de ti...
Quando senti teu perfume
A queimar-me, tão forte ardume,
Deixando um lastro, teu rastro,
A me persuadir e a ti me induzir.
Enamorei-me de ti...
Pelo teu jeito sutil
De arrebatar-me o fôlego
Num beijo prolongado, demasiado,
Que me roubas, num gesto sôfrego.
Enamorei-me de ti...
Quando teus versos senti
Bordados em meu corpo,
E da tua poesia me servi,
E da tua inspiração eu bebi.
Enamorei-me de ti...
Em outras vidas, amor atemporal,
Que a tudo resiste, amor irracional,
Onde uma existência não basta
Para acolher tanto amor que se alastra.
Engraçado como a vida nos prega tantas peças
E não adianta tentar desviar. Fugir é invitavel.
E logo eu tão astuto e imutavel
cai em uma dessas
Algumas coisas deverião ter outros nomes.
Como um nome mais certo a sua causa.
como o amor, que deveria se chamar ardor
por queimar o corpo inteiro como lenha em brasa.
Por vezes pensamos; é agora! acertei!
Algumas vezes nos alegramos pensando ter encontrado.
e eu com toda certeza no momento pensei
encontrei a mulher que morrerá ao meu lado.
Mas eu morri antes.
de desespero e agonia
não sabendo esperar
como se esperam os amantes
a chagada desse dia.
Talvez seja ela , ou seja a outra, talvez ate mesmo seja voce
Mas oque todos meus amores tem em comum?
e que de todos eles tem só um
que mais me faz sofrer.
Pode ser voce lendo esse poema tão sem graça
pode ser alguem sentanda em alguma praça
pode ser perto, longe, outro mundo talvez
mas oque sei disso tudo
e que vou ate o fim do mundo
pra te ter outra vez.
Ahh,,, Digo eu como se ja a tivesse...
Tão coitado que iludo mesmo cego da visão
E se o destino hoje é injusto
e porque ele aprendeu com meu coração.
E engraçado como tudo tem um ponto zero
a partida, a chegada
o fim que começa do meio
amores em tão profundo anseio
pra se encontrarem no meio da estrada.
Psyller
Você é aquele e o outro
das minhas horas de paixão,
é o lago sereno
que esconde minha lucidez
e lança-me ao delírio da inquietação.
Você é meu desespero, quase resposta
para minha interrogação,
é aquele que me enlouquece
e ilude meu coração.
Você é meu domingo de chuva e sol,
meus anéis de Saturno
e a mais brilhante constelação.
Você é minha lua cheia e nova e renova
meu desassossego e meu medo,
é minhas teias e da minha praia, as areias.
Você é minha caminhada sem chegada,
minha vontade insaciável,
meu mistério, meu segredo irrevelável.
Você é meu silêncio sofrido,
é o meu amor proibido.