Céu

Foto de Carmen Vervloet

Arre Morte!

A morte em longas vestes negras,
nariz afilado,
garras afiadas, foice na mão
bate à nossa frágil porta
sem chave, sem tranca, sem escoras...
Diz que é chegada a hora...
E nem se importa
se ainda nos sentimos crianças...
Nem se nossa amiga esperança
empresta-nos forças para enfrentá-la.
Destina-nos um túmulo hostil
um lugar tão frio,
um espaço escuro e vazio
coberto por granito polido
que esconde o anil escorrido do céu!
Asfixia-nos com seu negro véu...
Gatos pretos rondam nossa sorte,
lobos prevêem nossa morte e
soltam uivos que arrepiam na escuridão!
Bate acelerado nosso coração!
Momento de medo e solidão!

Arre morte!...
Bata em outra porta,
não injete seu veneno
em minha aorta
não quero ir, não posso partir...
Cumpro ainda minha missão.
Tenho que fiar poesias...
Tecer versos de alegria,
semear sentimentos em profusão
sobre a terra deste nosso mundo
às vezes cordeiro outras vezes cão.

Foto de Carmen Lúcia

Hoje me faltou inspiração

Hoje me faltou inspiração...
Saí para observar o dia,
olhar o céu
às vezes azul silvestre
e outras, cinza agreste...
onde um sol que desconheço
aparece pelo avesso,
ilumina em tom grotesco,
em desarmonia com o universo
como um grito de protesto,
contra a humanidade que o vestiu assim.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar as flores
que antes exultavam cores,
belezas a incitar poetas
a versejar amores.
Hoje choram a natureza ultrajada,
enxertada de artificialidade,
onde a falsidade se faz prevalecer
e a verdade já não tem razão de ser.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar a noite
e a lua de luto, escondida
em negro véu, no céu chora a despedida
das noites claras onde seu luar
prateava serenatas que já não há mais
e estrelas sonhadoras vinham suspirar
o suspiro dos amantes...
Hoje já não são mais tão brilhantes.
Muitas já não se encontram lá.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar o mundo
que corre o risco de inexistir,
globalizado pela hipocrisia,
obcecado pelo ter...pelo não ser...
Onde a maquiagem camufla o caráter,
onde se banaliza a célula mater .

Hoje me faltou inspiração...
Só versos sem rumo, sem rima, sem noção,
que morrem antes de se tornarem poesia,
por falta de fantasia, por falta de coração.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

A espera

Conto os dias
imaginando a hora
de te ver voltar...
Abro portas e janelas,
retiro as tramelas
pra que possas entrar.

Enquanto não vens
compactuo com o sol
pra aquecer teu lugar...
Irradiar o vazio,
o frio sombrio
que deixaste ficar.

Enfeito a vida
na doce esperança
de te reencontrar...
Caminho entre flores,
matizes e cores
pra te abraçar.

Modifico o epílogo,
do romance vivido
no etéreo de nós...
Grito tua volta
que me traz a revolta
de minha própria voz.

Os dias passam,
as flores murcham,
a esperança se esvai...
A lua desenxabida
recolhe a magia
e no céu se retrai.

Sem cumplicidade
não me persuade,
retira o luar...
Sem prata, sem festa,
não se manifesta
e a dor invade
restando a saudade.

_Carmen Lúcia_

Foto de Hirlana

Só você

Nem a distância
Tampouco o tempo
Foram capazes de te tirar do meu pensamento

Nem o mel
Adoçou outro beijo em minha boca
Nem o fel
Azedou o amor que sinto por você

Nem o céu, nem o Sol
Iluminaram um novo amor no meu coração
Nem a Lua, tampouco as estrelas
Foram testemunhas de uma declaração

Nem o sal e o mar
Trouxeram gosto ou beleza à minha vida
Nem o sono e o sonhar
Fizeram adormecer esse amor

Só você é capaz de me fazer sonhar
Só você que é impossível eu encontrar
Só você é aquele que pra sempre irei amar
Só você eu seria capaz de esperar
Só você ...

Foto de Rute Mesquita

Lacrimosa

O meu olhar foca-se num ponto…
revivo todas as recordações…
sem o meu ‘eu’ dizer ‘estou pronto’
já eu deambulava por entre multidões…
Corro num olhar lacrimoso,
grito pelo teu nome,
soluço num compasso furioso,
que agasalha a minha fome..
Corro por gosto,
não me deveria cansar…
mas, canso este meu desgosto,
de por entre as trevas não te encontrar…
Onde estás?
Por e simplesmente desapareceste da minha vida…
Como fui eu capaz,
de um dia te ter deixado perdida?
Hoje… sei que não irás sequer querer ver
o meu vulto…
Hoje… sei que por mais que queira vencer,
estarei sempre de luto…
Eu sei, eu sei que é tarde demais
para pedir perdão…
mas, não deixo de ver sempre os teus sinais
de luz, na minha escuridão…
Lembro-me de cada pormenor…
quase de cada palavra…
lembro-me de sermos como irmãs,
lembro-me de rir, chorar, sempre contigo…
Mas, hoje somos apenas duas romãs,
em terrenos de outro amigo…
Continuo a deixar-te o céu por pintar…
continuo a preservar a tua lembrança,
e continuo a choramingar,
como se fizesse uma birra de criança…
Só queria que visses que hoje muito te tens a orgulhar,
só queria mesmo… era que não partisses,
antes de eu voltar…
Sem nunca estares solta no tempo,
sem nunca deixares de estar presente,
aqui te deixo um juramento,
de como tudo poderia ser tão diferente…
Sei que não irás ler as minhas palavras,
mas, se éramos assim tão telemáticas
aqui me refugo nas minhas macabras,
temáticas…

O meu olhar volta a mover-se,
acorda com o cair de uma lágrima,
eu só queria que este de novo se perdesse,
para feliz poder acabar esta rima.

Foto de Carmen Lúcia

Sonhar...sempre!

Não me importam os fracassos do dia,
posso apostar no amanhã
quando o céu se descortina
e oferece uma nova luz
azul, ao som de suaves blues...

Não me importa a manhã falida,
talvez a tarde seja promissora
ou a noite me traga a estrela-guia,
de verdades e esperanças, renovadora.

Não me importam os planos irrealizados,
sonharei de novo tantos quantos transbordar
esse meu coração inconformado
de ver sonhos destroçados
por nuas calçadas duras, derramados...

Há sempre um portal a se abrir às fantasias
que preenchem cada alma vazia
dando ao sonhador a chance de recomeçar...

Não me importa que seja utopia,
insana ilusão de quem conhece a melodia,
mas se perde no compasso da euforia
sem ouvir a mais bela composição
nascida da fragilidade da emoção.

Não me importa o silêncio,
ele gera a poesia...
Nem a densa névoa,
ela encobre a luz
de um sol que sempre irradia,
refaz as ruínas do idealizar,
aquece, com sua luz solar
as asas de quem quer voar
povoando o mundo
de quem quer sonhar...

_Carmen Lúcia_

08/12/2010

Foto de Monique Souza

Palavras soltas em rimas bobas.

Palavras soltas em rimas bobas.
Poderia te dar o céu.
Poderia te dar o Mar.
Porém nada disso faria você me amar.
E por várias vezes ri descontroladamente só para impedir as lágrimas que havia dentro de mim alcançasse meus olhos e assim transbordassem para fora de mim, e assim me deixando fora de si.
Sim, eu poderia ter chorado incontrolavelmente. Mas assim eu demonstraria meu lado frágil e sentimental, onde sentimentos dominam a razão e todo o meu ser é controlado pelo coração.Mas ainda sim, perdi as contas das vezes que chorei ao te ver ir embora, desesperadamente, sem saber a data de tua volta.
Cansei de me esconder por trás de meninices, só pra você não perceber que realmente o que eu queria era te ter.
Então agora decidir acabar com seu jogo de sedução, que já conseguiu destruir o meu coração.Pois posso ser boa pra rimar, mas não o suficiente pra você me amar. Pois o amor não se conquista com rimas, mas sim com atitudes e palavras. E foi este o meu grande erro, só dizer e escrever, porém nada fazer. Mas enfim não sei como posso te esquecer, pois o melhor de mim, só encontro em você.
E assim vou vivendo com medo de ti perder, mesmo sem te ter, pois nunca tive coragem de ti dizer, o quanto eu amo você.

Foto de Rute Mesquita

Tudo mudou

Um dia,
o sol espreitou...
parecia normal
mas, logo um ponto acrescentou
mudando o final!
'Reencontrei te'
após tanto tempo
o céu abriu-se num azul vivo...
cumprimentei-te
através do vento...
brisa suave, simpática
e de súbito num prisma
se decompôs a luz
do sol escaldante!
A tua forma de ser reluz
no céu numa noite estrelante!
E assim, mudou o dia
e todos os que se seguiram!
Com a tua alegria,
partiram
os ventos ferozes,
as chuvas torrenciais
dando lugar
a um jardim
florido de essenciais:
amizade,
carinho,
euforia.
'Nunca mais os dias foram iguais!'
Assim o digo e dizia!

Foto de Rute Mesquita

As memórias de uma viagem

Caminhava, sentindo a sombra de um corpo quente, um respirar sereno e tranquilizante, o transpirar de uma mão grande e macia. Caminhava, com os cabelos soltos ao vento, com uma brisa que me tocava suavemente a um tom musical. As folhas bailavam e caiam sobre o chão húmido, as pedras remexiam-se ao andar, as nuvens faziam formas engraçadas no céu e os nossos olhos começavam a avistar um lugar mágico. À medida que nos aproximávamos sentíamos uma relação forte entre nós e até com aquele lugar, uma interligação, um contacto, um pertence.
Chegámos, já completamente envolvidos naquele espaço, naquele tempo. Em plena harmonia para com o meio, sente-se outras energias. Umas energias relaxantes, confortantes, cheias de suspiros e emoção, penso que o resumem como sendo amor, não tenho a certeza, pois ainda tenho uma vida para saber o que é de facto.
Sentámo-nos sobre uma pedra, à sombra de uma árvore e observámos a natureza e os seus toques de exibição.
E são estas as memórias que guardo desta viagem, que apesar de curta é sempre muito longa. Que apesar de serem pequenos instantes, são sempre grandes momentos. E são nestes momentos que adoro ver os seus olhos brilharem, reflectindo os meus. O seu sorriso que dava cor àquele jardim. O nosso entusiasmo, o nosso à vontade que torna tudo mais especial e único.
Aquele encontro foi como uma flor que me ofereceu, foi curto mas longo, simples mas, único e especial, sem muitas cores mas, muito colorido.

Foto de Carmen Lúcia

Quem é você?

Quem é você?

Que está sempre ao meu lado,
que não vejo, mas sinto colado
em meu caminho, em meu destino
fazendo-me perder o rumo
e acreditar em sonhos alados?

Quem é você?

Que me segura as mãos
e me leva à imensidão
de todo o azul de céu e mar
a me mostrar riquezas
fazendo-me divagar e, devagar,
aproxima-se a sussurrar
aos meus ouvidos em arrepios,
as belezas de todo lugar...

Quem é você?

Que me faz companhia
em dias tristes e de alegria,
faz-me rir e chorar,
de emoção, de paixão,
da canção que traz a cantar,
do amor que nasceu do calor
de seus versos a contagiar?

Quem é você?

Um deus?Um mito?
É real? Metafísico?
Eu não sei...
Eu só sei
que não quero saber,
por enquanto...
Porque temo
quebrar-se o encanto.

_Carmen Lúcia_
18/12/2007

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