Carne

Foto de angela lugo

Sexta-feira da paixão

Naquela quinta-feira te deram um beijo
Não um beijo de amor... Mas de pura traição
Entregaram-te aos soldados do desamor
Aqueles que te prenderam... Açoitaram-te
Ao invés de sentir por ti compaixão
Machucaram-te até fazer a tua carne sangrar
O que tu passaste nesta noite somente a ti
Pertence e aqueles que lá se encontravam
E naquela sexta-feira...
Fizeram-te carregar uma cruz pela Via Sacra
Teu corpo já estava transfigurado pela dor
Caia... Levantava-se e lá caminhava...
O povo simplesmente olhava nada fazia
Com os olhos amedrontados apenas te via
Quando chegou ao teu destino já quase desfalecia
E ainda tinha a pior parte aquela que tu temias...
Vieram os soldados para que lá te pregassem
Naquela cruz que por ti lá esperava
E quando os cravos começaram a ser fincados
A dor quase já não existia já havia transpassado
Tamanho sofrimento já havia passado
Quando terminaram nem sequer se preocuparam
Com teus gritos abafados pela multidão pasmada
E assim tua cruz com teu corpo foram içados
Eles não se contentaram que ainda estavas acordado
Levantaram a lança e teu coração foi perfurado
Mesmo assim ainda os perdoaste...
Oh! Jesus como pôde ter sido tão injustiçado
Esqueceram que ali jazia o corpo do Pai amado

Foto de Lou Poulit

Amados Poetas, a Poesia é Espírito.

Ah, porque nos vestimos de palavras, tantas vezes não nos reconhecemos. Porque co-habitamos nosso próprio lirismo, e desse convívio alimentamos a auto-estima, pela humana necessidade de auto-identificação... Enfim, tantas vezes exilamos para outros níveis conscienciais a idéia da nossa verdadeira natureza. Íntima natureza dos poetas, que não cabem em si e precisa vasar.

Nossas palavras, meros veículos físicos, revelam-se multifacetadas à luz de um fogo interior. A poesia, como um diamante pendular, é susceptível às emoções das nossas fibras e à oxigenação do nosso sangue. Dança. Passa de mão em mão. A um só tempo é permissiva e púdica, torpe e lúcida, lânguida e dissimulada, escrachada e recatada, de modo a se aninhar no olho do turbilhão das susceptibilidades de cada um. E de modo a habitar a transitoriedade de tudo, faz-se sempre amigável e gentil. Rima-se dor com amor há uma miríade de sucessivos sóis, sem pensar na crueza dessa verdade, submetidas as nossas mentes pela força de preconceitos morais, instituídos e protegidos pela visão míope e dogmatizada de um deus meramente humano...

Então, pensamos que na poesia podemos ser o que, no nosso mundo humano, não teríamos coragem de ser. Ou deixar de ser o que para o mundo somos. Ou fazer-nos melhores, ou piores... Amados poetas... A poesia é espírito... E assim como não é a palavra, também nós (pensamentos e sentimentos) não somos nossa carne. Embora a exerçamos, e exercemos a vida e o mundo quando nos permitimos que a poesia nos possua! Lendo ou escrevendo, gozamos uma energia segundo a espiritualidade de cada um. Oh, não... Ao menos dessa vez não permitam que algum dogma turve a pureza cósmica de gozar, de transmitir e transformar, como manifestação de amor, de querer bem e de bem servir. Nem mesmo o dogma anárquico, segundo o qual nenhum dogma se justifica.

Façamo-nos dóceis e gentis. Podemos vestir a mais delicada seda ou a mais frágil renda. Podemos caminhar sem botas sobre peitos trêmulos, ou arar sulcos fremitosos, ou moer ansiosas areias até torná-las líquidas. Podemos fazer todas essas coisas e muitas outras, do lado de fora, sem macular a brancura do amor... Mas façamos isso, aqui dentro, lucidamente. Os poetas são herdeiros de Vulcano. Nas covas profundas das suas dores, onde escorre incessante o suor do seu trabalho interior tão desprezado e mal pago, acumula-se a pressão altíssima da sua sensibilidade, tenha ele ou não consciência disso. O inevitável. O imensurável. O intangível amor do poeta haverá de cumprir seu papel no mundo, sempre que se romperem as últimas crostas. Seus versos ejacularão o magma incandescente da sua pureza, sequiosa, ansiosa por um cadinho onde possa enfim repousar. Só então o seu espírito exultará levitado, sobre a sua carne, pacificada.

Foto de Damien

Ausência adquirida

Entre dor e anseios
entre discórida e devaneios
entre amor e ódio eu vejo,
que pra mim se faz desejo

Não diga vagas palavras
que juz delas não faz,
do inferno que se tornou a honra
faz-se a glória de Satanás

De seus desejos não quero ser exilado
que em sua memória morto nao me faça
Como um pútrido túmulo violado
ficaria minha pústula vida nefasta

Cortar a carne não é preciso
não voltarás o pulso a sangrar
se dor tens em seu peito pálido
retirarei o câncer que vim a me tornar

Fazendo isto ficarás salva
dentre tantos, o melhor amigo
para mim sobrará angústia
pois viver sem você não consigo.

Foto de andrepiui

Eu...

minh´alma
como pode´s assim
sufocar -me
óhh!!! sentimentos meus

proclamarei em praça pública
quão belo a cor dos seus olhos
que tanto refletem
passar eu

perdido me encontro aqui
alí ou acolá rondando
palpitando coração
rompe as fronteiras osso e carne
se tornando refúgio, prisão

cantarei céus e mares
em todos os lugares
me entorpecerei do néctar
mais puro do chocolate

mesmo apimentado
sentindo seu doce gosto
no rosto suado
olhos dilatados
do mais puro baseado

em fatos recheados
de desejo por você
fortemente abalado
estão meus braços
cansados

lutando, mesmo que não ao seu lado
continuo sonhando acordado
que tudo que passou é enterrado
na história que ficou

acordado, agora estou
sentado,
dois ursos abraçados
emanando amor

que fazem brotar a flor
para o beijo
do passáro que vôou
na alma
sentimentos deixou...
(André dos Santos Pestana)

Foto de Senhora Morrison

Não Permitam...

_Vejam!
A escuridão esta vindo
Encobrindo o horizonte
Ainda distante
Sugando as árvores
As nuvens, mesclando-se em cinza.

_Saiam todos daí!
Não conseguem ver?
A cidade continua apressada
Mas ela esta vindo...
Como a dançar
Entorpecendo o que encontra. Destruindo!

_Corram!
Não percebem que não podemos
Continuar com isso?
Ela se alimenta de todos
Os mau-dizeres
De toda mágoa
De todo ódio
De toda inveja

_Olhem!
Não posso ser a única a ver
As últimas pétalas estão a cair
Não se entreguem
As lágrimas sempre fortalecem
Não permitamos que os abutres
Petisquem nossa carne

O sangue há de correr
Nas veias... Somente.
Os olhares inocentes
Não podem ser recolhidos

Já que nos acostumamos
Com qualquer situação
Já que incondicionalmente
Somos limitados

Que nos limite-mos
Somente a amar

13/02/2007
Senhora Morrison

Foto de Lou Poulit

Antes Sujo o Verso Seja, Que o Homem em Quem Viceja

Meu Deus, lá se vai mais um ano! Mais um cano e eis que vejo: Porque ainda sou tão puro! Uma luz no fim do escuro.

Começar tudo outra vez... Tudo que se fez (sem trocadilho), do porão ao tombadilho. Tudo, tanto que se quis, e tudo mais que não se diz. Como arrepio que fugiu pela mente; pois somos gente, de carne e osso, e mesmo do fundo do poço vejo: Porque ainda sou tão puro! Uma luz no fim do escuro.

Se lá se vão, os anos não importam. Entortam-se os anos como pepinos: de meninos. E sem olhar pra trás!

Mas não confunda a barafunda que aqui faço (e não afunda) com o corcunda da igreja, que mesmo sem abraço beija o pé, que de pronto abunda! Deixem-me ser errado porque queremos, ao menos uma vez (e não porque queiram). Fui tão sério, tanto, tanto, quis tanto fazer tudo certo... Que mágica! Ao se virar a página, nenhuma coisa pode ser tão trágica.

Tome o poeta por assexuado, mas o homem é na verdade macho (e precisa usar desodorante). É facinho, mas é macho de fato. Com focinho e tudo, macho do mato. Da fruta e do flagra do flato!...

Basta, nunca fiz tanta bosta posta num espaço tão curto. Mas só assim me ameniza a lombeira de um ano inteiro, à beira de fazer uma última e salutar besteira. Antes sujo o verso seja, do que o homem em quem viceja! Em Notre-Dame, na Lapa antiga, nem a Cornélia boa de briga me escapa e nem à tapa me convence, que de tudo nada se aproveita. Se já me peita hoje com o sorriso (embora ela pense que economizo) não sabe na vida o quanto eu a desejo! E que por isso... Eis que vejo: Porque ainda sou tão puro! Uma luz no fim do escuro.

Nessa vida não há dois sentidos... Há três, quatro, cem! E todos tidos como sem-vergonhas, sem isso e sem aquilo. Mas não é um “self-service”. O poeta serve-se de palavras, crava as unhas no meu plexo e no sexo dos meus ideais (ais!), mas eu quero é mais, muito mais. O mais difícil: O Himalaia, a panacéia divinéia, até mesmo a Paulicéia, o Saara, o Everest, a Cachemira... Pois está na cara que se veste e depois se tira a fantasia! Para que só reste a luz do dia... Que seja a luz feliz dos olhos, de preferência dos olhos da vida!

Nada contra as luzes da virada. Mas seja a luz eternizada sobre o que se construiu pedra por pedra (ou seria pedrada por pedrada?), dia e noite, lembrança a lembrança... Porque nossa imensa andança, qualquer que fosse a distância, já tinha exato um endereço. Quero ser grato. Por ter pago o preço, por ter sido tanto tempo lapidado, para não perder agora o brilho do olhar.

Pois que venha o ano-novo logo! Assim volto a ser sério e rogo: não se apague em mim o sorriso da amada. Então, ainda que a minha estrela se apague, que o sol em zigue-zague, perverso caia no próprio escuro imerso, minha alma que ainda viceja gritará ao universo: Veja! Porque ainda somos mais puros juntos, uma luz no junto dos escuros!

Foto de Mirror Man

Dedilho-te...

Toco-te aqui
E toco-te ali...
Toco aonde eu não esqueci...
Dedilho a musica divina,
Do prazer que te faz sonhar...
Qual cego lendo baille,
Leio teus desejos,
Mapeio dedo a dedo,
Esse corpo meio de sonho,
Meio dádiva infernal...
Armadilha de carne e fogo,
Onde queimo meu desejo.
E logo a chama arde forte,
E não há mais tempo,
Não há mais morte!
Perco o Sul e viro a Norte!
Ardeu a pauta da sinfonia,
Mas há esta quente sintonia,
E sei bem a musica de cor...
É a musica do amor...
E se há alguma luxuria
Não há amor sem loucura,
Não há paixão sem desejo,
Não ha amor, sem um beijo!
E nossos intensos beijos,
Não são apenas lampejos!
São o prenuncio de um tempo,
Que poderia virar o Mundo!
Minha Terra, eu não sou cometa!
Seria para ti como uma estrela,
Guiando-te no teu caminho,
Espero-te aqui... sozinho...
Sozinho com o meu amor,
Meu desejo e a minha dor,
Lamberás minhas feridas?
Sê minha em todas as vidas!
Sei que até ao fim dos tempos,
Serei teu por todos os momentos!

Mirror Man

Foto de Senhora Morrison

Fetiche

Sinta meu cheiro
Adocicado atrás de minha orelha
Quero enfeitiçar-te
A ti e a todos
Sentir-me desejada
Por todos que se julgam homens
Ser o centro de todas as atenções
Mesmo que por esta noite
Ver teus olhos queimar
Pela cobiça alheia
E teu ego inflar
Pois sou só tua
Dançar para ti
Com a admiração de todos
Todos os homens me desejando
E eu só a ti
Meus olhos voltados para a sua boca
Que me entorpece de desejos
Pura volúpia...
Em pensamentos pecaminosos
Vem a mim meu prazer
E desfrute-se de toda esta carne
Que queima por ti
Liberte as fantasias
Que por ti se fazem
Numa envolvente perdição
Explore esse abismo
Ausente de rotinas
Enlouquecendo-nos
Atirando-nos
Nesta viagem sem fim

23/01/2007
Senhora Morrison

Foto de HELDER-DUARTE

Meu amor

Alfeizerão, 26 de Fevereiro de 2007

Isabel!
Amor de alma minha!

Hoje é o dia do teu aniversário!...
Passaram-se horas, dias, meses e anos, durante os quais, nossos dois seres se uniram numa só carne.

Neste teu dia especial, lamento que estejas distante. Mas essa distância revela ainda mais, este eterno sentimento, que no meu ser existe por ti!... Amo-te tanto!... Tanto!...

Volta o quanto antes dessa tua missão! Pois é em unidade, que nosso amor, dá mais frutos.

Um feliz aniversário.

Um beijo sem fim.

Teu marido,

HELDER DOS SANTOS DUARTE

Foto de thiagocenicas

Seja eu se não for, de nada adiantará

Que a carne que encobre o esqueleto que carrego apodreça
Que os olhos que presenciam a miséria desse mundo sejam arrancados
Que a boca que tantas donzelas desposou seja calada
Que as maos que tantos corpos violou seja cortada

Os homens sao feitos de instintos,
Os homens machos sao fracos,
Os homens nao sao racionais,
Os homens sao indubitavelmente animais pensantes.

Há no silêncio uma certa tristeza,
Há nada,
Há dores e amarguras,
Há existir.

Seja eu o dono de meu destino,
Seja eu o senhor da minha terra,
Seja eu o pai de familia,
Seja eu se não for, de nada adiantará.

Chore corpo velho,
Chore alma contaminada,
Chore,
Chore.

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