Canto

As vezes tenho medo da realidade
O que tenho que escolher(e são muitas né?!)
Pois aquele caminho que eu olhar...
É o que vai realizar-se.

Quando eu olho para um canto
Ao qual nunca existiu uma luz
E então um claro...
Que à tudo conduz...

Apenas um desejo. de um simples homem
Nesse espaço, longo e curvo...
Se apenas o "deslizar" fosse sentido
Eu estária "completo"...

No simples tempo curvo!
Tudo está ao alcance do meu desejo
Mas continuo a gatinhar...
E a saltar, um elmo muro
E assim eu me levanto...
Num desconhecido escuro...

Por vezes sinto o teu cheiro,
Perfume que chega acima das nuvens,
O odor que os Deuses invejam
Todos se prostram, todos são teus.

Lembro-me também da tua figura,
De um corpo perfeito que me torna fraco,
Mais fraco, ainda, quando é apenas uma miragem.
Um dia para te gostar, mil serão p'ra te esquecer.

Nestas horas de mágoas infinitas me encontro
A chorar por ti, sozinho na escuridão
Esperando encontrar-te, a ti e à tua face
Que irradia o meu caminho de beleza e paixão.

As tormentas pelas quais ando
Ninguém me as pode tirar
São símbolo do meu amor, do meu canto.
Mas, por favor, vem atenuar
Todos aqueles vísceros choros e prantos
Que me têm estado a matar.

Despertar em Si bemol,
Ao som do saxofone,
Vontade de dormir,
Solfejar Dó, Ré, Mi, Fá Sol, Lá, Si.

Depois, no Boteco da Lalá,
Tomar uma cervejinha,
Comprar limão e cachaça,
Para fazer caipirinha.

Aranha
No telhado
Tece suas teias.
Perfeita fiandeira!

Borboletas no jardim,
De cores bem variadas,
O canto do Bem-te-vi,
No findar da madrugada.

Nada é mais emocionante,
Como ao som de alto-falante,
Solfejar Dó, Si, Lá, Sol
E despertar em Si bemol!

©Maria Goreti Rocha
Bragança/Santa Leopoldina/ES - 28/02/06