Ar

Foto de Mentiroso Compulsivo

O Actor

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Cansei-me.
Desliguei o leitor de CD’s, fechei o livro, e rodei do sofá para o chão. Cheguei à janela, afastei as cortinas. Chovia a “potes”.

Fui comer. Voltei à janela. Já não chovia. A noite estava escura, o ar, fresco da chuva, cheirava a terra molhada; a cidade lavada. Vesti a gabardine e saí.

Cá fora, a cidade viva acolheu-me. No meio dos seus ruídos habituais, nas luzes do passeio. Percorri algumas casas e vi um bar um pouco retirado. Era um destes bares que não dá “muitos nas vistas”, sossegado e ao mesmo tempo, barulhento.

Com alguns empurrões, consegui passar e chegar ao balcão. Pousei o cabo do guarda-chuva na borda do balcão e sentei-me. O bar estava quente e o fumo bailava no ar iluminado. Senti o cheiro a vinho, a álcool. Ouvi as gargalhadas impiedosas de duas mulheres e dois homens que se acompanhavam. Deviam ser novos e contavam anedotas. Eram pessoas vulgares que se costumam encontrar nas pastelarias da cidade, quando vão tomar a sua “bica” após o jantar. Estes foram os que mais me atraíram a atenção. Não, esperem... ali um sujeito ao fundo do balcão, a beber cerveja...
- Desculpe, que deseja? – perguntou-me o empregado.
- Ah! Sim... um “whisky velho”, por favor.
Trouxe-me um cálice, encheu-o até ao meio e foi-se embora.

Bebia-o lentamente. O tal sujeito, desagradável, de olhos extraordinariamente brilhantes, olhou para mim, primeiro indiferentemente, abriu a boca, entortou-a, teve um gesto arrogante e voltou o rosto.
Estava mal vestido, tinha um casaco forte, gasto e sapatos demasiado velhos para quem vivesse bem.
Olhou-me de novo. Agora com interesse. Desviei a cara, não me interessava a sua companhia. Ele rodou o banco, desceu lentamente, meteu uma das mãos nos bolsos e veio com “ares de grande senhor” para o pé do meu banco.
O empregado viu-o e disse-me:
- Não lhe ligue... é doido “varrido” e “chato”.
Não lhe respondi.
Entretanto, ele examinava-me por trás e fingi não perceber. Sentou-se ao meu lado.
- É novo aqui?!... – disse-me
Respondo com um aceno.
- Hum!...
- Porque veio? Gosta desta gente?...
- Não os conheço – cortei bruscamente.
Eu devia ter um ar extremamente antipático. Mas, ele não desistiu.
-Ouça, - disse-me em voz baixa, levantando-a logo a seguir – devia ter ficado lá donde saiu, isto aqui não vale nada. Vá-se por mim... Está a ver aqueles “parvos” ali ao canto? Todos reparam neles... levam o dia a contar anedotas que conhecem já de “cor e salteado”...Vá-se embora. Todos lhe devem querer dizer, também, que não “ligue”, que sou doido...

Tinha os olhos raiados de sangue. Devia estar bêbado. Havia qualquer coisa nos seus olhos que me fez pensar. Era um homem demasiado teatral, havia nos seus gestos e segurança premeditada, simplicidade sofisticada do actor. Cada palavra sua, cada gesto, eram representações. Aquele homem não devia falar, devia fazer discursos.
Estudando-me persistentemente, disse-me:
- Você faz lembrar-me de alguém que conheço há muito, mas não sei quem é... Devia ter estado com esse alguém, até talvez num dia como este em que a chuva caía de mansinho... mas, esse alguém decerto partiu... como todos... vão-se embora na noite escura, ao som da chuva... nem olham para ver como fico.
Encolheu miseravelmente os ombros, alargou demasiado os braços e calou-se.

Eram três da manhã. Tinha agarrado uma “piela” com o ilustre desconhecido. Tinha os olhos muito abertos, os cotovelos fincados na mesa da cozinha e as mãos fechadas a segurarem-me os queixos pendentes. Ele tinha um dedo no ar, o indicador, em frente ao meu nariz, abanava a cabeça e balançava o dedo perante os meus olhos. Ria às gargalhadas, deixava a cabeça cair-lhe e quis levantar-se. O banco arrastou-se por uns momentos e cai com um estrondo. Olhou para mim com um ar empobrecido, parou de rir e fez: redondo no chão. Tonto, apanhei-o e arrastei-o para a sala.

Deixei-o dormir ali mesmo. Cobri-o com uma manta, olhei-o por uns instantes e fui aos “ziguezagues” para o meu quarto.

No dia seguinte acordei com uma terrível dor de cabeça. Dirigi-me aos tropeções para a casa de banho. Vi escrito no espelho, a espuma de barba; “Desculpe-me, obrigado. Não condene a miséria!”

Comecei a encontrá-lo todos os dias à noite. Fazíamos digressões nocturnas, íamos ao teatro. Quando percorríamos os corredores dos bastidores, que ele tão bem conhecia, saltavam-nos ao caminho actores que nos cumprimentavam; punham-lhe a mão no ombro e quando ele se voltava, davam-lhe grandes abraços. Quase toda a gente o conhecia.

E via-lhe os olhos subitamente tristes, angustiados. Ele não se esforçava por esconder a tristeza: era uma tristeza teatral. De vez em quando, acenava a cabeça para alguns dos seus amigos e dizia:
- Não devia ter deixado...

Inesperadamente, saía porta fora, certamente a chorar, deixando-me só. Quando saía via-o pelo canto do olho encostado a uma parede mal iluminada, mão nos bolsos, pé alçado e encostado à parede, cenho franzido e lábios esticados. Nessas ocasiões estacava, por momentos, e resolvia deixa-lo só. Estugava o passo e não voltava a olhar para trás.

O seu humor era variável. Tanto estava obstinadamente calado e sério, como ria sem saber porquê.
De certa vez, passei dois dias sem o ver. Ao terceiro perguntei ao “barmen”:
- Sabe o que é feito do actor?... Não o tenho visto.
- Ainda não sabia que ele tinha morrido? Foi anteontem. A esta hora já deve estar enterrado...foi melhor para ele...
Nem o ouvia. As minhas mãos crisparam-se à roda do corpo, cerrei os dentes. Queria chorar e não conseguia. E parti a correr pelas ruas. Por fim, cansei-me. Continuei a andar na noite, pelas ruas iluminadas. E vi desfilar as imagens. Estava vazio e, no entanto, tantas recordações. Não sentia nada, e apenas via as ruas iluminadas, as montras, os jardins.
Acabei por me cansar, de madrugada tive um sonho esquecido.

Percorro as ruas à noite, os bares escondidos, à espera de encontrar um actor “louco e chato”. De saborear mentira inocente transformada em verdade ideal. E há anos que nada disso acontece. É verdade que há sujeitos ao fundo do balcão, mal vestidos, a beber cerveja... mas nenhum que venha e pergunte se sou novo aqui... As pessoas continuam a rir como dantes, todos os dias vejo as mesmas caras, e se me perguntarem se gosto desta gente digo-te que não as conheço ainda... e olho-os na esperança que venha algum deles e que lhe possa dizer, como a raposa de “ O principezinho”:
- Por favor cativa-me.

Acordei, tinha parado de chover, lá fora ouviam-se as gotas mais tímidas ainda a cair dos telhados, fazendo um tic-tac na soleira do chão, como quem diz o tempo da vida continua, por segundos parei o tempo e pensei, mais um dia irá começar e neste dia eu também irei pisar o palco, todos nós iremos ser actores, uns conscientes da sua representação, outros ainda sem saber bem qual seu papel, uns outros instintivamente representando sem saber que o fazem e outros ainda que perderam o seu guião....

Foto de Raiblue

Entre morangos e mofo

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Arranquei amores mofados
De uma gaveta
No canto do coração
Chovi sangue
Era uma manhã vermelha
O mofo fazia parte da casa
Desordem que eu gostava
Era vida, ainda que dolorida
Havia um prazer inconsciente
Talvez um medo
De viver sob o sol...
Mas o cheiro
Já me asfixiava
Era hora de abrir
Janelas
E amanhecer azul....
Havia esquecido
Que havia um céu sob o mofo...
Resolvi no ar riscar estrelas
Quando ele atravessou as nuvens...
Convidei-o para uma tarde
De morangos com creme de leite
Não mofados, frescos...
Como aquela brisa
Que soprava o momento...
Uma tarde azul
Para o nosso amor ainda verde...
Quiçá inventem
‘Amor em conserva’
E os amores possam ser
Degustados
Por instantes prolongados
Longe das gavetas...
Morangos em calda...
Dissolvidos na saliva
Anti-mofo natural...

(Raiblue)

P.S.:
Em homenagem a dois escritores que eu amo,o fantástico Caio Fernando Abreu e a grandiosa Clarice Lispector,com os quais passo horas prazerosas e me perco no infinito...

Foto de housy

De La Habana ... para ti !

Desta vez não te falei que ia. Só na volta te enviei uma mensagem a dizer que já tinha chegado. Talvez por essa razão tenhas estado tão presente nas ruas por onde passei em Havana.
Quis escrever-te logo ali mas não pude. Quis colocar-te dúvidas e perguntar-te se sabias porque é que tudo aquilo me estava a impressionar tanto. No meio de todas as ruas degradadas da cidade, de casas que caem destruídas por falta de reconstrução, de um militar a cada esquina, existe um povo que sorri e canta sem razão aparente.... um povo que me faz lembrar que os meus problemas são só meus e sem valor ou peso. Impressionaram-me os murais escritos nas paredes, os "hasta la vitória siempre" que li. Impressionaram-me os hotéis de 50, as mesas e cadeiras de verga, as bandas nos bares de daiquiris, as margueritas em cima das mesas, os Chevrolets que povoam a cidade e estacionam em ruas onde quase não cabem e lhes conferem um ar que, por muito que tente encontrar outra explicação, só consigo achar que se existe um local onde um carro assim faz sentido é ali, estacionado naquela rua que já teve vida e época e onde agora existe alma, música, run e o sorriso de uma ou outra criança, de um ou outro velho que te olha sentado no poial de uma porta aberta que não esconde um olhar para dentro, que eles permitem. Dentro da casa, dentro dessas vidas.

Impressionou-me a vontade que tive de te ter ali, de te perguntar se sabias se em 50 se vestiam fatos de linho branco, se as tardes eram passadas em bares e hotéis de cadeiras de verga, a olhar o fumo de charutos a subir, a beber run, daiquiris ou mojitos ao som de música que só em países assim se consegue produzir.
Quis perguntar-te porque é que eu acho que são poucos, muito poucos os beneficiados de um regime, seja ele qual for, cujo maior interesse nunca é o das pessoas. Achei revolucionário e inconformista da minha parte mas não consegui evitar o pensamento. Talvez a minha democracia, no final, também não seja tão justa assim. Só me dá mais dinheiro... não me dá o sorriso.
Antes de sair daqui, li tudo o que pude sobre Cuba mas nada me preparou para as sensações que tive. Uma Havana destruída mas cheia de charme que a todo o custo eu queria que partilhassem comigo e da qual queria ficar ali sentada a ouvir... para que me contassem histórias. Dessa e doutras cidades, contadas por alguém que soubesse muito mais que eu. Por alguém que tivesse uma sensibilidade maior que a minha.

Estas e muitas outras foram as minhas percepções de uma viagem que terminou hoje ao fim de 22 horas entre esperas e aviões. Algumas são coisas que não te direi por receio de ouvir o que não goste e destrua o estúpido romantismo que ainda tenho quando vejo alguma coisa que mexe as minhas emoções....

Talvez tenha ido para férias frágil demais ...

Um beijo
Sempre!

Foto de Senhora Morrison

Desculpe-me por ainda te amar

Desculpe-me
Pelo corpo sem controle
Pela falta de pudor
Por faltar-me o ar
Desculpe-me
Por não saber
O porquê desse domínio
Que você exerce sobre mim
Desculpe-me
Sei que não devo querer-te
Desculpe-me
Pelo chão que falta
Pela falta que você faz
Sou ré confessa
Do crime de te desejar
Das lembranças
A tomarem conta de meus sentidos
Trago sem explicação
A sentença de não poder vivenciar
Essa vida ao seu lado
Em seu toque sou arrebatada
Em meio aos sentimentos
E à imagens translúcidas
Não materializadas
Nesse momento só tenho a certeza
Que em outra vida
Fomos muito felizes
Desculpe-me
Por não ter conseguido harmonizar esta
Por não ter te esperado
Desculpe-me
Por ainda ama-lo

Senhora Morrison
10/01/2007

Foto de Rosita

O AMOR E A MÚSICA

Quando a música começa a tocar
Os olhos, em cumplicidade, se encontram
O som suave e doce espalha no ar
As mãos insinuantes se procuram

O sorriso que fala mais do quer
Traduz palavras que dita o coração
Não é necessário nada mais dizer
Porque os corpos transpiram de paixão.

O abraço surge inconseqüente
O imã do amor é forte e os atrai
O coração bate desesperadamente.

Os dois parecem deslizar
Através da música inebriante
Tendo como testemunha apenas o luar.

Rosinha Barroso
20/02/2008

Foto de jeffsom

Eu Sonho!!!

Saber que o dia começa ao acordar de um sonho bom é bem como começar a dormir e sentir falta dos char sobre meus pés e dar aquela cutucada procurando me apoiar no ar das falsas ilusões que minha mente me proporciona e me faz sentir.

Olhar os dia raiar é como sentir aquela leve brisa que passava sobre meu rosto enquanto sonhava que sobre voará o amor da minha vida com um doce sorriso que esperava que eu pousa-se ao seu lado e lhe desse um grande abraça e aquele beijos de felicidade por poder estar sempre ali ao seu lado.

Caindo leve ao lado, e lado a lado com doce realidade que o tempo se foi e acordado só posso vé-la ao lado de outro e o tempo perto de mim como uma arma que mira minha nuca e promete disparar ao mínimo movimento de um simples olhar!

Via durante o dia no sonho da minha triste vida de breves momentos de felicidade a dor de saber que só a saudade de um sonho bom me faz ter na mente coisas tão macias como a leve pena que cai aos pés de quem sonha em conquistar as alturas mesmo sabendo que seu fim inevitável é encontra-se face a face com a terra sólida e fria de sentimentos que fazer até o coração mais quente sentir-se em pleno sonho de verão na realidade de uma simples ilusão... Continua!!!

Foto de Henrique Fernandes

AMAR É SER SOL E LUA

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Amar é um mundo á parte
Por toda a parte de qualquer mundo
Sem bandeira nem estandarte
É um brasão do profundo

Quem ama filtra o próprio ar
Das impurezas que decompõem o ser
No peso da leveza de amar
É um ser que se ocupa de viver

Sentir amor é sentir de tudo
Dar tudo não esperando nada
Amor não se expõe mudo
No intimo da pessoa amada

Amar é ser Sol e Lua
É ser metade da metade
Partilhando inocência crua
Existindo com verdade

Foto de Henrique Fernandes

MAR DE BOLSO

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Sinto na pele a cólera dos vulcões
Forças que modificam a minha face
Dos sismos devastadores da alma
Até á incalculável força do olhar
Por campos abertos na autonomia de amar
E esse olhar dá voltas e voltas ao infinito
Dando frescura eterna ao meu intimo
Com sopros de ar puro ao meu profundo
Ditar o terror dos cumes montanhosos
No reino do meu vento de areia congelada
E estouro a ameaça da erupção da vida
No enigma do meu querer mais e mais e mais…
Tenho a idade do meu tempo deste tempo
Um errado calendário de pedra feita pó
Pó onde choro e faço o molde de lama seca
Do meu oásis invisível no deserto de solidão
Minhas lágrimas são um mar de bolso
Que me acompanha na pesquisa ao desconhecido
Não encontro o paraíso das nascentes quentes
Morada dos fantasmas que guardam tesouros
Nas areias de ouro das entranhas da terra
De onde me chega á pele a cólera dos vulcões
Prisioneiros na fonte da vida esquecida

Foto de Henrique Fernandes

QUANDO AMAMOS

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Quando amamos
Libertamo-nos da indiferença
E alcançamos capacidade para mostrar a nós próprios
A plenitude das coisas pelo prazer ou pelo incómodo
E ter por bom tudo aquilo que nós desagrada
Abandonando as tristezas pelos declives do ar
Quando somos amados, moldamo-nos á substância do céu
E a voz do tempo cantarola melodias de felicidade
Invadindo o corpo com um toque aceso de Eros
Lançando a sua flecha no apetite de um beijo puro
E então o amor engorda o nosso sorriso
Num encanto que nos prende á imortalidade
Por caminhos de alegria versejando os quatro ventos
E preservamos as estrelas com vontade de amar
Expulsando de nós um brilho perfeito
Que ilumina as galáxias plantadas no jardim da alma
Cultivado pelo amor sincero de quem nos sente
No meio de uma flor que nos eleva de coração aberto
Saltando por cima da aparência até á substância
De quem se expõe ao outro pelo outro
Num sono a dois em duas almas que se redizem
Em palavras interiores que o amor dirige para o exterior
Em gestos de igualdade que sustém os amantes
Redobrando e conjugando a vida com a de um outro
Amar é o que há de mais alto, é uma fonte de água viva
É um jorro que se expande vibrante até ao limite do infinito
Nas atitudes que exprimem sentimentos vitais
Quando amamos

Foto de Carmen Lúcia

Outono das paixões...

E vem chegando o outono das paixões,
Que voam como as folhas desgastadas,
Soltas ao vento, sem alento nem compaixão,
Num verde amarelado, queimado,
Carente de ilusão...
Melancolia que reina após o verão,
Aroma que invade o ar de solidão
Depois de acender fogueiras nos corações
E apagá-las no final da estação.

Algumas folhas resistem, esquecidas...
Que com a brisa,
Persistem em sobreviver ou renascer...
Perambulam pra não cair, sucumbir...
E não perder o verde de suas cores,
A frágil esperança incerta, reticente...
Tentam enraizar-se, ressuscitar amores,
Inutilmente...A brisa leve é impotente...
E incapaz de espalhar sementes...
E as paixões transformam-se em quimeras
Que se congelam no inverno de cada estação...

(Carmen Lúcia)

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