Anjos

Foto de Marilene Anacleto

Cercado de Anjos - Para meu Pai

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Cercado de Anjos,
Sorriso na face,
De flores, ornado,
Foi na vida coragem.

Suportou dores,
Com amor sem medida.
Venceu sobremaneira,
Condução da família.

Doente que estava,
Sentado na cama,
Rezava a Deus
E à Maria, que o ama.

Com a gaita de boca,
Ou seja, harmônica,
O som sertanejo
Despertava a dança.

O cavaquinho chorava
Com as quadras de cordel.
O violão recheava
As histórias do plantel.

Os causos antigos
Tornavam-se piadas,
Dos tempos da guerra
Sem armas, com enxadas.

Cirandas de pássaros
E o Anjo, de braços,
Elevem-no à dimensão do espírito.
Que se restabeleça a alma,
Expulse o medo e a tristeza
E volte a pulsar
Com o Coração Divino.

Que o amor dos filhos
Seja a coroa de bênçãos,
A dança das violetas
A exalar muitos mimos.
E o amor da esposa,
O broche relicário,
Preso ao coração amoroso,
Unido ao Coração Divino.

As preces da vizinhança
Dancem ao som do universo
E depois, em sagrados versos,
Toque a alma do meu pai,
E retornem aos amados amigos
Para socorrê-los nos seus ais.

Vai-se a tristeza,
Fica a saudade.
Ao redor da mesa
Histórias engraçadas.

As velas e as rezas
Perpetuam no espaço
Jamais, perderemos
Esse tão sagrado laço.

Marilene Anacleto
27/03/2011

Foto de giogomes

Eu e ela em quatro estações

Vivia acuado em meu mundo acomodado.
Parado.

Com a vida passando junto aos carros das grandes avenidas.
Em ambas as pistas

Algemado a uma rotina sem rumo ou sentido, cíclico.
Um pássaro ferido, amargurado, impedido.

Quando a encontrei pela primeira vez,
foi quando o meu mundo se refez.

Entrou em minha vida como brisa de primavera.
Fria, mas com promessa de acalentar a quem espera.

Por algum tempo manteve-se a parte.
Como se observasse tudo do alto de um estandarte.

Aos poucos conheci suas grandezas de menina,
que espera uma mão acolhedora para cruzar a esquina

Mas ela cresceu, mudou os rumos de sua vida.
E, me disse que estava de partida.

Como a adolescente que tem medo, mas enfrenta a sua vez,
nesse momento o meu mundo novamente se desfez.

Ela se foi, mas não por muito tempo,
pois algo maior mudou a direção do vento

Ao encontrar seus olhos, vi que algo tinha mudado.
Só não entendia a intensidade do que tinha enxergado.

E ao encontrar toda aquela altivez,
disse adeus ao velho mundo e um novo se fez.

Com a primeira manhã de verão,
acordamos cedo para aproveitar toda a estação.

Vivemos o melhor possível tudo isso,
mas não mencionei a quem lê, que era um amor bandido ?

Tudo era farra, alegria e nada comedido.
Afinal, não é gostoso tudo o que é proibido ?

Por um tempo, tivemos tudo o que precisamos.
Amor, carinho, cumplicidade e até planos.

Aprendemos muito e rimos um com outro.
Mas ela começou a se questionar, se isso não era pouco.

Nossa relação oscilava entre o calor e o frio do abandono.
Então, ao fim do verão, entramos no outono.

Ela percebeu que não é só o amor que mantém,
e sim as provas de amor que se obtém.

O que eu podia provar já não era suficiente,
pois a maior de todas , era totalmente inconseqüente.

Minha adolescente, finalmente cresceu,
e com a fase adulta, a dor das escolhas apareceu

Ela não podia viver desse jeito.
Vida de concubina não era algo perfeito.

Ela resolveu por um fim da "sua" melhor maneira possível,
e o resultado foi dor a ambos, de maneira indescritível.

Ela disse o que não podia ser dito.
E eu respondi o que não podia ser respondido.

O estrago estava feito.
Conhecemos o lado negro do amor que parecia perfeito.

A primeira bonança, minha vez de ser humano,
cometi o erro de mentir e ser desumano.

Esquecemos tudo o que tínhamos dito.
Finalmente descobrimos o fim de um amor bandido.

E ao fim do que parecia eterno,
finalmente chegamos ao inverno.

Após ânimos contidos, tentamos ser amigos, pois restava emoção.
O único dia quente desta fria estação.

No começo foi bonito.
Um vínculo assim, não podia ser partido.

Mas ela tinha outros planos, queria outras emoções,
viver novamente a sua vida, sem se lembrar das outras estações.

A cada encontro, ela tomava mais decisões.
Infelizmente, não era levado em conta minhas emoções.

Minha vida tinha se tornado um lugar tórrido, sofrido.
O quê mais em nossa relação seria restrito ?

Não poderíamos fingir amizade,
se o que desejávamos era nos possuir de verdade

Finalmente o inverno tinha se firmado.
O vento frio, desta vez não tinha como ser enfrentado.

Até a última vez, ao tomar sua última decisão de dor.
Tomei coragem, e pela primeira vez disse não ao amor.

Estava sofrendo muito, totalmente corroído.
Sentindo as dores dos anjos caídos.

Pensei comigo , "Se esse é o preço que tenho que pagar",
"Infelizmente não estou mais disposto a lutar".

Já haviam sido ditos vários "Adeus",
mas dessa vez foi com a convicção dos ateus.

"O que ela sentiu ? O que fez ? Aceitou o fim ?"
Sinceramente, creio que sim.

"E as outras duas perguntas estreitas ?"
Não procurei saber as respostas feitas.

"Ela ficará bem ? é o fim ?"
Acredito de coração que sim.

Ela é uma mulher corajosa.
Qualquer homem desejaria sua pele de rosa.

E o cheiro dela que sentia em mim tão profundo,
se esvai a cada minuto, segundo.

E agora, com toda esta convicção e a vida que me espera,
aguardarei uma nova primavera.

Foto de Sandro Nadine

Um Lindo Sonho Guardado

Tenho um lindo sonho guardado,
Não desisto, por ainda ser machucado,
Sou da terra, um peregrino isolado,
Sentido, triste e solitário...

Oro pelos homens desgovernados,
Pelas traições e corações machucados,
Dou ênfase a vida, quando penso no amor delicado,
Acredito nas crianças, como anjos abençoados...

Peço pelo planeta, pelos seus condenados,
Proponho o auxílio materno, do ventre ao leite abençoado,
Sinto pelas sementes, e fetos abandonados,
Lamento caminharmos para um fim incalculável...

Criamos nossas próprias dores, em nossos instintos animalizados,
Nos prendemos a eles, completamente desgovernados,
Mas eu ainda tenho um lindo sonho guardado,
Não desisto, por ainda ser machucado...

(Sandro Nadine)

Foto de Azke

"Ceifa"

rápido. como a fenda que lhe transfere...

repetida hora-vaga de se estar
procura
e
captura
desvios por entre suspeitas
daquelas,
que vivem pra iluminar um caminho qualquer
fazendo-se de mulher,
quando ainda são anjos
uma delas em cada,
dessas, que surgem do nada,
assimilam-se aos anos
que rompem o espaço/tempo
definem um de qualquer momento
e se tornam vida...
repetem-se de viver...
suspiram em ares conquistados
e desfilam até adormecer
em um sonho de um homem.

Foto de Marilene Anacleto

Anjos 7 - Anjos da Tarde

No calor intenso à beira mar,
Preparam o frescor, os Anjos da Tarde,
Indo e vindo com suas asas amorosas
Em movimentos de amor e suavidade.

Em contínua devoção ao Deus Criador,
Que protege os filhos Seus de suas criações,
Colocam mais leveza e amor nas noites,
E elevam os corações para percebermos o Amor.

Com o frescor da brisa que a chuva aproxima,
Vem o medo das recentes tempestades.
Mas a presença destes Seres reanima
A esperança em Deus e na Vida ora nos dada.

E os Anjos vêm e vão, num devotado festim.
Com cheiros de chuva na terra, voam as pétalas,
Asas de pássaros em festa e perfumes de alecrim,
Anjos da Tarde trazem o Paraíso da calma das florestas
Em odores e cores amarelo, alaranjado e carmesim.
Marilene Anacleto

Foto de Carmen Lúcia

Madrugada

Madrugada fria...
O ar me congela...
Nada me aquece...
Cobertas me guarnecem,
acaloram o meu corpo,
mas de minh’alma se esquecem...

Madrugada vazia...
Os minutos não passam,
as horas se resfriam
e preguiçosamente
empurram os ponteiros
de um relógio cansado,
querendo parar.

Minha solidão aumenta
nessa madrugada fria,
que não quer terminar...
Os cantos do quarto
parecem me olhar...
Desejam me abrigar,
mas, permanecem calados.
Seres inanimados.Coitados!(?)

O guarda apita, lá fora,
rondando e afrontando o passar das horas.
Sente o frio na pele que o impele
a rondar e a vigiar. E o frio na alma?
É o pior que há!
Talvez não o sinta...
Mas, ele está lá.
Me faz ponderar
que não estou só...

Também os anjos da guarda,
apesar da fria madrugada
fazem-me companhia...
Quem sabe me façam poesia!
E a manhã nasça ensolarada,
clara, iluminando, iluminada...
Fruto da angelical fantasia
de uma madrugada fria e vazia.

Agora minh’alma não mais se arrefece...
Ao crer no amanhã, se aquece e adormece.

(Carmen Lúcia)

Foto de betimartins

A Roseira do Amor

Busquei o amor, como eu te busquei
Por mares nunca antes, foram navegados
Caminhei por caminhos desconhecidos
Busquei os rios em vão, não te encontrei...

Falei com o Sol, pedi-lhe que me guiasse
Ele não escutou, deixou-me em prantos
Busquei a Lua, gentilmente pedi e ela
Ela, apenas indicou o caminho! Do amor...

Caminhei sobre um belo manto de estrelas
Uma a uma, escutei todos seus ensinamentos
Deixei-me a sonhar nas nuvens rosadas
E sonhei com os anjos a cantarem...

Desci em forma de gota, transparente
Fresca, faminta de amor, de te rever
Cai na mais bela roseira, ainda menina
Cheia de espinhos, apenas crescendo...

Voltei a terra, deixei enamorar pelas raízes
Minha menina ficou forte e eu voltei ao céu
Dancei com as estrelas, para a minha menina
Cantei com os anjos, canções de amor...

Adormeci na Lua, olhando-te apaixonadamente
Deixei-me aquecer pelo Sol e voltei a ser nuvem rosada
Pedi ao vento que levasse meu amor a ti, acariciando-te
A tempestade esta quase a romper, zangada e cruel...

Tempestade quis arrancar-me todo o meu amor por ti
Mas engrandeci-te, eu voltei, voltei a descer só por ti
Sou tua gota de cristal, gota do amor, gota que refresca
O mais belo despertar da minha roseira, acorda!

Acorda! Meu lindo botão de rosa! Sou eu!
Aquele que nunca te abandonou, o amor
Lembras-te das minhas doces canções?
Agora! Desabrochaste comigo Rosa vermelha...

Betimartins

www.betimartins.prosaeverso.net

São José do Rio Preto 18 de Março de 2011

Foto de Marilene Anacleto

Boas Viagens

Já fiz umas boas viagens
Fui acolhida por pessoas calorosas
Beijaram-me muitas nuvens cor-de-rosa

Pó de mil estrelas me banharam
Neves de sulcos distantes me aqueceram
Águas mornas conhecer-me favoreceram
Doces caminhos que a mim mesma levaram

Mas a maior aventura, a mais colorida
É aquela em que empenho a vida
Para cobrir e descobrir feridas
E recobri-las renovando a vida.

Com alegres e suaves arranjos
Cada célula recebe toque de anjos.

E que caminhos estranhos
Onde imagens se mesclam
O que pareciam orações
Logo tornam-se flechas
Em opostas direções.

De repente um abismo
Parece escuro e sem fim
Não. Não perco o otimismo
O Anjo espera por mim.

Imagens se iluminam
O poço desaparece
Cada cena se encandece

Torna-se tudo canção
Já não há o ir nem o vir
Para as setas doloridas
Cravadas no coração

Amargo-doce do crescer
Escuro-colorido, contínua melodia
Enlaçados na tênue alegria
Da descoberta quente-fria
Do ter vontade de Ser.

Ajudam-me nesta caminhada
A luz intensa da poesia
Encontrada em cada passo do dia,
Em cada anoitecer, e em cada amanhecer.

Marilene Anacleto
Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br, em 29/03/00
Publicado no livro Gira: dançando as raças, os costumes, as flores e os astros, vivências com danças circulares sagradas / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC): 2004. 95 p. : il.

Foto de Stacarca

Declaração de Amor

A tua beleza formidável exala recônditos turbilhões de sonhos na nevrose de minh’alma luminosa de paixão, sua formosura que concede aos olhos e a pele prosperar emoções contra veneráveis cloroses aos sonhos mais grotescos de meu ser, fazendo o doloroso se tornar miraculosamente tiaras de felicidade e maravilhas indeléveis de orações milagrosas, essa sua beleza perpetuamente contínua que divinamente faz as constelações soarem frêmitos que traduzem e materializam o amor. Essa sua prodigiosa forma de etéreo fascínio que contagia o mais rigoroso e trêmulo dos seres de virtudes perspicazes, Essa dádiva que treme o alicerce dos infernos e que excita o leproso numa tormenta excessiva de prazeres translúcidos. E esse azul de seus olhos que vão além das fúlgidas paisagens de todo o paraíso azúleo e tênue criado por Deus, e que consegue ser mais belo que o mais límpido céu esplendoroso de clarividências. Não sei quanto esse sorriso alvo é capaz de triunfar florescência de ritmos a um romanesco libidinoso e estéril, e o quanto essa brancura estupenda e contagiosa vibra melodias além das harpas dos anjos mais belos e elegantes. Essa sua voz que deixa as cordas à lira em desgosto com a sonoridade tão perfeita e infinitamente perpétua aos ouvidos, e que arroja uma sinfonia de constelações explêndidas. Essa mocidade imune a frigidez e que beneficia ao corpo uma pelúcia de desejos que sensualmente constrói um hipnótico olhar. Com sua gracilidade essas perfeições assombram o pensamento e o coração mais sepulcral e noctâmbulo de indiferenças, e com essa beleza e perfeição faz meus dias e noites serem mais belos e quentes com uma variabilidade absurda de idéias e pensamentos vorazes além do tempo e do espaço.

Foto de raziasantos

ASSIM SOMOS NÓS...

Assim somos nós.
Como uma garça ferida diante dos olhos dos espectadores.
Apenas olham incessível a sua dor.
Assim somos nós...
Abrimos nossa boca e declaramos amor:
Mas somos incapazes de estendermos as mãos aos pobres coitados.
Que sem destino se arrasta diante nossos olhos, em meio à sujeira.
Solitários se tornam como vegetais.
Como zumbis rondam as cidades em busca de uma lata de lixo para matar sua fome.
São esses os filhos da miséria:
Hoje muito se misturam aos adultos, crianças inocentes que já nascem em meio à miséria.
Não sabe o que é um lar, um teto para se abrigar.
Ironicamente brincam em meio ao lixo, dos ricos, correm felizes quando encontram um brinquedo quebrado:
Ou um pão mofado.
São esses os anjos de rua que perambulam por nós.
Quem de nós nunca cruzou com esses anjos?
Fala-se em muitos projetos, abrigos, amor, onde esta esse amor?
Entre os destorço de sua mente perturbada, se formam na oficina do diabo.
São os pássaros sem asas atingidos por vil caçado.
Neste emaranhado de horror.
Perdem por total sua identidade...
Mãe! “Pergunta a crianças, esquelética franzina” quem eu sou?
A mãe sem reposta olha para o filho em seus braços, e silencia-se...
E no silencio surge um grito em sua alma Deus quem eu sou?
O dia findado e a noite chega Deus para onde iremos...?
Assim se formam os anjos de rua, na miséria e desamor.
Sua única certeza é um caixão de madeira doado pela prefeitura.
Neste mar de amargura, não se dão nem ao direito de sonhar.
Depois de uma noite ao relento ainda molhados pelo orvalho da noite.
São acordados com tapa na cara levanta ladrão!
São os homens de farda dando ordem de prisão:
Como pode ser preso aquele que jamais esteve livre?
Anjos da rua entre a miséria, fome e podridão, drogas, violência, abandono!
Futuros clientes das penitenciárias, grades do inferno.
Será este o passeio turismo no futuro?
O que nossos filhos terão como diversão neste mundo que destruímos a cada
Passo sem compaixão...
Esses pássaros feridos aprisionados em seu interior sua mente cauterizada pela fome e dor.
Não sabem sonhar nem tem forças pra lutar, mas são humanos e necessitam reaprender amar.
Quem se habilita estes anjos adotar?
Onde poderão encontrar alem das promessas dos gigantes da terra, políticos engravatados na época de eleição,
Um abraço sincero, e um aperto de mão...
Esse ato simples poderia aquecer esses corações que se perdem a cada amanhecer em suas desilusões.

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