Abrigo

Foto de zzPri

SALGUEIRO CHORÃO

"Salgueiro chorão com lágrima escorrendo
Por quê você chora e fica gemendo?
Será porque ele lhe deixou um dia?
Será porque ficar aqui não mais podia?
Em seus galhos ele se balançava
E ainda espera a alegria que aquele balançar lhe dava
Em sua sombra abrigo ele encontrou
Imagina que seu sorriso jamais se acabou
Salgueiro chorão pare de chorar
Há algo que poderá lhe consolar
Acha que a morte pra sempre os separou?
Mas em seu coração pra sempre ficou."

(Lembro que foi o primeiro filme que assisti no cinema, tinha em torno de 8-10 anos, apartir dali descobri que eu amo poemas..... "Meu primeiro amor....por Vada, uma menininha de 10 anos que descobre o amor pelo seu amigo Thomas que por uma fatalidade morre, ela declama essa poesia que fez para seu primeiro amor")

Foto de wenderson amaral

O que o homem de carne quer?!

E ando a caminhar por entre as veredas íngremes de tua sorte, pois tudo que tínhamos já não mais vive, já não há mais. Se de lembranças me tomo, é pelos sonhos que a teu lado não vivi, é pelos destinos que não segui. Ando a caminhar, sem norte e sem abrigo, sem momentos de êxtases profundos ou sem pensamentos inconstantes. Eu me escondo no amargo escudo dos meus vícios paternais, na cama ao lado vejo a nudez do pecado se entrelaçar nas juvenis curvas de meus desejos, e que desejos! Vejo o teu corpo a chamar-me em viril declaração e no meu coração um turbilhão de ansejos eróticos repousa. Nos teus lábios vejo um tempo que não cansa de existir e não aguento mais a ilusão de viver por amores infinitos! Eu me debruço em seus braços, em teu corpo me deleito e nos seus seios ponho meu pecado mais capital. O cigarro queima por entre meus dedos, e nos meus pulmões a fumaça dos mais insanos momentos vibra e nele se projeta em limiar futurístico. Se amor é fogo que arde sem se ver, então não preciso mais vê-lo, não preciso mesmo dele. Em doses alcóolicas sinto o prazer de minhas entranhas ao gozo de suas sinuosas curvas e em seus mais sórdidos gemidos minhas mãos a te tocar. E não tem limites o prazer! Se é pecado tudo isso, então que seja condenado, pois é pela justa condenação do amor que o homem em carne nasce e se sou de carne, já não mais vivo para injusto Amor...

Foto de Orlando Filho

RAZÃO VS CORAÇÃO

La vai de novo, esse coração sofrido,
Juro que eu pensava que você tinha aprendido,
Lá vai de novo, me fazer sair do abrigo,
Arriscar, e me fazer correr perigo,

Só não sei por que te sigo,
Se me chamam de razão,
Vive em conflito comigo,
Conflito eu contigo então.

Eu só fico sossegado,
Enquanto “dormes” sem paixão,
Basta tu estar apaixonado,
Fico eu em turbilhão.

Enfim de ti não me separo,
Tú, de mim, separas não,
Pois ninguém sabe o pior,
Uma razão sem coração.
Ou um coração sem razão,

Foto de Sentimento sublime

Ficar!

Ficar!

Não quero contigo tão somente ficar.
Quero contigo ver nascer um novo amanhecer.
O sol despontando, a nos aquecer.
A brisa suave do alvorecer.

Entregar-me com loucura!
Sem hora marcada, meu bem querer.
Sentir teu calor, em teus braços viver.
Beijar tua boca, meu doce mel.

Saciar tua sede de amor!
Mergulhar-me em teus sonhos.
Tua pele em minha pele.
Sentir do teu corpo todo tremor!

Amar-te sem medidas.
Sem hora marcada
Em noites infindas
Teu corpo acariciar.

Estando ao teu lado a todo o momento
Como as gaivotas voando ao vento
Num vôo incessante a procura de abrigo
Meu porto seguro em teus braços encontrou.

Osvania

Foto de Arnault L. D.

Chuva escura

Eu preciso de abrigo
para esta chuva escura,
que alaga-me a estrada.
Pois, sei que corro o perigo
de perder fúria e paúra,
inerte n'água estagnada.

Chuva pegajosa e turva,
que tinge as cores e minimiza
tudo no que ela mesma é.
Pesando sobre as plantas, que curva,
em meus olhos, as metas que visa,
corroendo o ânimo e a fé...

Mas, as lágrimas ainda puras,
continuam vertendo límpidas,
a solver, a nódoa impregnante.
Mas, elas anseiam as alturas,
do azul, das estrelas, ávidas...
De um abrigo à chuva incessante.

Se for chuva, então que desabe
para que lave a alma e o ar
e que depois o vento a leve
e assim, este nublado acabe,
num rasgo de céu a estiar...
E o infinito azul torne breve.

Foto de P.H.Rodrigues

Porão

No cair da noite
o vento sopra sem parar
do porão, ele enxerga
um mundo onde um dia quer andar

É possível sentir o frio da madrugada
cujo casaco fino não suporta
espreme os olhos para ver as árvores
que se mechem, e algumas não são tortas

Em tal lugar ele se questiona
Do porque ali esta...
Gosta da sensação do nada e do sozinho
Mas queria algo para espantar a dor do frio, abandona

Seu passa tempo é observar
as folhas que caem
os sons nos arbustos
é tudo, que seus ouvidos escutam

O balé das árvores é sua distração
o silêncio o seu professor
tem a si mesmo como amigo
faz desse Porão o seu abrigo

Ele pensa em sair
em caminhar ...
ele quer, esse porão deixar

Dali é possível escutar os passos
dos que estão acima de ti
que esquecem que ele está ali

Afinal de contas, está em um porão
solitário, e escuro
o seu abrigo, seu refugio, excluído do mundo.

Foto de Marilene Anacleto

Chove

Chove. Vejo a lagoa pelo vidro da janela.
Na casa verde, crianças debaixo das cobertas,
Sequer se pode deixar a porta aberta.

Gotas abalam a projeção da água,
Afogam as formas outrora espelhadas.
Somente círculos em constante caminhada.

Peixes continuam seus desígnios.
Embora na superfície haja perigo,
O fundo é segurança e abrigo.

O vento, ao fazer cócegas nas árvores,
Provoca-lhe risos, descompassa os galhos,
Devolve à terra, o orvalho armazenado.

Mas, quem assiste vê choverem diamantes
Iluminados pelo fugitivo raio errante
Que, entre nuvens, atira a luz fulgurante.

Aos olhos, extasiados pela beleza,
Acontece o caos nas águas da Lagoa
Da parceria entre vento e luz acesa.

Com estranhos movimentos dançantes,
Entre lâminas de águas nas janelas,
Segue a vida no interior da casa verde.

Foto de vânia frança flores

perdão

Perdoa-me pois na aflição da minha dor, acabei por te magoar e no desespero dos meus dias, te falei palavras desagradáveis, que não merecias ouvir.
Do fundo do meu coração te peço que me compreenda, e caso seja possível, me perdoa.
Porque de ti, só escuto palavras doces, meigas, que me fazem feliz...
Em ti, encontrei o resumo de todos os meus ideais.
E no teu amor, encontrei a razão da minha vida. A razão de tudo que sou, está em ti contida.
Quero-te. A cada dia que nasce, e a cada noite que chega, porque em ti descobri a essência de mim.
Quero-te homem, para que eu possa em ti, satisfazer os desejos do meu corpo e do meu amor.
Quero-te cúmplice, para que os nossos segredos, possam ser somente nossos.
Quero-te amigo, para que possas me escutar, aconselhar-me, mostrando-me o caminho.
Quero-te confidente, para que possas ouvir minhas queixas, e deixar que eu encontre em teu ombro, o abrigo seguro para guardar minhas lágrimas.
Enfim, quero-te na minha vida em todas as horas, porque já não sei viver sem ti.
Quero-te... Porque este meu coração batendo forte, não me deixa negar que te amo demais.

ddp

Foto de Rute Mesquita

(Des)pedaços da vida

Sou um velho pensador,
caminhando sobre a saudade
carregando o pudor
da outrora vaidade.
Tudo o que me rodeia
nada me diz.
Só o trigo e a centeia
que para a minha família
jazia da raiz.

Hoje, não tenho nada
nem ninguém
sou apenas eu e esta estrada
que me leva ao além.

Já fui um homem honrado,
já fui agricultor
mas, hoje aqui me encontro irado
por ter perdido aquele amor.

Caminho… de mãos nos bolsos
de cabeça baixa
aparentando olhar os meus passos
vejo-me nos reembolsos
daquela caixa
em pedaços.
Hoje, é tudo o que tenho,
cartão onde me abrigo.
As recordações não detenho
pois só elas tardam o meu castigo.

Foto de Marilene Anacleto

Amor de Trovoada

O relâmpago clareou o caminho da noite.
Feito chicote, o clarão corta o céu com açoite.

“É o ‘flash’ de Deus” – grita a criança,
Fotografando cada coisa que o trovão amedronta.

Seguimos com desassossego e cuidado sobre pedras,
Sob chuviscos errantes que o vento leva.

De repente, o medo nos leva ao abraço
E nos sentamos no abrigo até que a chuva passe.

Não sabemos quanto tempo durou
Deus deve ter fotografado lindas poses de amor

A ternura invadiu as nossas almas
E fomos do caos à calma

A chuva tudo lava, tudo amolda,
Enquanto o calor das almas segue vida afora.

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