Abismo

Foto de Klevisley Andrade

Jardim sem flores

Folhas caem em meu jardim deserto abandonado pelo tempo
As flores já perderam as cores como há muito tempo já não se via
Ervas daninhas nascem do nada como se fosse uma praga regada pelo tempo
Naquele jardim que tanto dediquei minha vida. Vida nele já não havia

Como pode ter morrido o amor que tanto regei em minha vida?
Como pode ter perdido as cores das flores?
Como pode ter perdido a vida sem Almino ter tido uma vida?
Como pode ter se permitido se tornar esse deserto sem flores?

Mas hoje vejo por que meu jardim morreu.
Pois nele dei amor, mas o deixei ir por não ter tido tempo a ele.
E tempo foi o que nunca tive em minha vida...
Não percebi que as belas coisas necessitam de um tempinho só para eles.

Mas hoje me encontro nesse abismo escuro que me vejo
Tendo de Campânia apenas minhas palavras insertas e meus pensamentos
Sinto falta das belas coisas que plantei em minha vida que hoje já não, mas há.
Sinto apenas saudades, pois com elas já mas estarei, por não ter tido uma vida.

Foto de Klevisley Andrade

Amor virtual

As vazes te procuro no abismo da solidão, mas não te acho ai penso se tu es real, mas como pode ser real alguém que já mas vi. Olho em todos os lugares para ver se te encontro, mas não te vejo como poso amar sem saber que tu es, mas mesmo assim vou te procurar mesmo que essa procura nuca se acabe.
Procuro-te em cada olhar que vejo te procuro em cada sombra que passa por mim es de te achar.
Seras onde tu andas que não te acho seras que tu moras no Japão ou em Roma ou ate que sabe na lua.
Procuro-te em cada boca que beijo, mas em nem uma sinto teu gosto e nem sinto o que deveria sentir, mas vou em frente ate que um dia te encontre e que sejamos felizes.

Foto de Laura Souza

Porque tem que doer tanto?

Não entendo porque tem que doer tanto assim...
Esse amor me machucou, feriu gravemente, me perdi em um sentimento que tomou conta do meu ser, lutei, fiz de tudo para fugir, foi tudo em vão, esse amor tomou conta de mim, me embriagou me destruiu
Tirou minha alegria, essa fantasia que igual jamais se viu, esse sentimento que eu queria poder arrancar do peito, arrancar de mim
Quase não suporto a dor que estou sentindo é como se estivesse em um abismo, sombrio e frio
Essa falta me maltrata me angustia me sufoca
E dói mais ainda saber que é tudo em vão, essa dor no coração, essa tristeza na alma que não se acalma por que jamais terei esse amar que se resume em dor, sem nenhum encanto
Não entendo como pode um sentimento doer tanto...

Foto de joão jacinto

Mortais pecados

Olho-me ao espelho, debruado de talha,
luminosamente esculpida, dourada
e pergunto-me ao espanto das respostas,
na assumida personagem de rainha má,
quem sou, para o que dou, quem me dá.
Miro-me na volumetria das imagens,
cobertas de peles enrugadas,
vincadamente marcadas,
por exageros expressivos,
de choros entre risos,
plantados nos ansiosos ritmos do tempo.
Profundos e negros pontos,
poros de milimétricos diâmetros,
sombras cinzentas, castanhos pelos,
brancas perdidas entre cabelos,
perfil de perfeita raiz de gregos,
boca carnuda, gretada de secura,
sedenta de saudosos e sugados beijos
de línguas entrelaçadas,
lambidelas bem salivadas.

Olho fixado no meu próprio olhar,
de cor baça tristeza,
desfocando a máscara, de pálido cansaço
e não resisto ao embaraço de narciso;
sou o Deus que procurei e amei,
em cumprimento do milagre
ou o mal que de tanto me obrigrar, reneguei?
Sou o miraculoso encantador a quem me dei
ou a raposa velha, vaidosa, vestida de egoísta,
com estola de alva ovelha, falsa de altruísta?

No meu lamento, a amargura porque matei;
sangrando a vítima, trucidei-a em ranger de molares,
saboreei nas gustativas variados paladares,
viciadas no prazer da gula do instintivo porco omnívoro.

Rezo baixinho, cantarolando, beatas ladainhas
de pecador que se rouba e se perdoa,
a cem anos de encarceramento.

No aliciamento cobiçante de coxas,
pertença de quem constantemente
me enfrenta, competindo nas mesmas forças,
traindo-me na existência do meu possuir,
viradas as costas, acabamos sempre por fingir.
Entendo velhos e sábios ditados,
não os querendo surdir em consciência.
Penso de mim, a importância de mais,
que outros possam entender,
sendo comuns mortais,
minha é a inteligente
certeza do enganar e vencer.

Sadicamente bofeteio
rechonchunda face de idealista tímido,
de quem acredita e se deixa humilhar,
dá-me a outra, para também a avermelhar.

Vendo-me a infinitas e elegantes riquezas,
de luxúrias terrenas, orgias, bacantes incestuosas,
sedas, glamour, jóias preciosas,
etiquetas de marca,
marcantemente conotadas
que pavoneiam a intensa profundidade da alma.
Salvas rebuscadas, brilhantes de pesada prata,
riscadas de branco e fino pó.
Prostitui-me ao preço da mais valia,
me excita de travesti Madalena,
ter um guru para me defumar, benzer e perdoar,
sem que me caía uma pedra na cauda.

Adoro o teatro espectacular,
encenado e ensaiado em vida,
mas faço sempre de pobre amador,
sendo um resistente actor.
Escancaro a garganta para trautear,
sem saber solfejar.
Gargarejo a seiva da videira,
que me escorre pelo escapismo do meu engano,
querendo audaciosamente brilhar,
descontrolando o encarrilhar,
do instrumento das cordas da glote,
com a do instrumento pulmunar
e desafino o doce e melódico hino.

Sou no vedetismo a mediocridade,
que se desfaz com o tempo,
até ser capaz de timbrar,
sem ser pateado.

Acelero nas viagens
que caminham até mim,
fujo do lento e travo de mais.
Curvas perigosas, apertadas,
que adrenalinam a fronteira do abismo.
Fumo, bebo a mais
e converso temas banais,
por entre ondas móveis,
que me encurtam a pomposa solidão,
nada é em vão.

Tenho na dicção um tom vibrado e estudado,
de dizer bem as palavras que sinto,
mas premeditadamente minto
e digo com propósito sempre errado.
Sou mal educado, demasiado carente,
enfadonho, que ressona e grunha durante o sono.
Tenho sempre o apreçado intuito do saber,
do querer arrogantemente chamar atenção,
por me achar condignamente o melhor, um senhor,
sem noção do que é a razão e o ridículo.
Digo não, quando deveria pronunciar sim.
Teimosamente rancoroso, tolo,
alucinado, perverso, mal humorado,
vejo em tudo a maldade do pecado.
Digo não, quando deveria embelezar a afirmação.

Minto, digo e desfaço-me de propósito em negação.

Mas fiz a gloriosa descoberta do meu crescer,
tenho uma virtuosa e única qualidade;
alguém paciente gosta muito de mim.

Obrigado!

Tenho de descansar.

Foto de Anjinhainlove

Onde estás tu?

Vivo numa constante agonia
Anseio encontrar algo
Que na realidade já me pertence.

Procuro por ti na escuridão,
Caminho por estradas incertas,
Caio no abismo da dúvida
E afundo-me nas nuvens negras da tristeza.

Onde estás tu espirito
Que me inquieta e me tira o sono?
Onde estás tu que me elevaste
E no mesmo momento me deixaste cair?

Onde estás tu?
Quando aqui devias estar
P'ra me segurar no fim da minha queda.
Onde?

Foto de betoquintas

Quinta sagração (Sarcanomia)

Destino
Hino do cavaleiro diletante a suprema sacerdotisa

A Vós,
Divina Carne,
Manifestada e mulher.

Ventre Sagrado,
Donde viemos e felizes voltaremos.

Fonte da Sabedoria,
Que nutre minha pena.

Toda Natureza Venerada,
Em abundante beleza.

Alimento Eterno,
Em seios tugidos.

Corpo do Universo,
Morada de toda existência.

Templo da Majestade,
Trono de toda nobreza.

Farol dos Caminhos,
Desencanto e deslumbre dos viajantes.

Razão das Profecias,
Ilumina e oculta esta saga.

Santidade da Luxúria,
Entrega gratuita da felicidade.

Autoridade do Prazer,
Consumação da lei da vida.

Portal da Arte,
Fenda entre colunas que convida.

Delicioso Desafio,
Profundidade perfumada e úmida.

Aceita e Acolhe!
Eis que este diletante
Ousa cometer imenso sacrilégio
Apresentando-se nú de méritos
Diante deste tão Santo Oficio.

Oh Mãe!
Este vosso filho te deseja
Pede para entrar e integrar
Para ser todo vosso, eu,
Por inteiro, dentro de vós.

Eu pisei nas bolsas de ouro,
Arranquei as cascas culturais,
Cuspi nas secas hóstias
E violentei o ídolo nú.

Por vossa graça e misericórdia,
Despertei para minha natureza,
Debochei das instituições,
Descartei as doutrinas humanas,
Desafiei a fúria dos sacerdotes.

Excluído, banido, exilado,
Vaguei por reinos sem fim
Sem que houvesse ajuda
De um santo, anjo ou deus.

Cheguei na fronteira do mundo
Avistei o oceano do abismo
E a ilha do caos.

Nada mais restando a esse condenado,
Lancei-me no Vale das Sombras
Tentando encontrar alívio ou fim.

Ao toque suave e macio da noite
Em tal formoso colo cheguei.

Com tuas mãos e vaga,
Colocaste meu entendimento em riste
Sorvendo-me em vossos magníficos mistérios.

Ísis é venerada por ser velada,
Mas Deusa Vós Sois Suprema
Pois cortas todos os argueiros
E desnuda abole toda canga.

Tremei, vicários da santidade!
Chorai, corretores da virtude!
Fugi, falsos deuses patriarcais!

Nenhuma verdade prevalece a estes lábios,
Nenhum profeta descreve tal pele,
Nenhum vidente experimenta este êxtase,
Nenhum medianeiro suporta tal delicia.

Fiz de meu mastro
Vosso estandarte
E por truque desta pena
Eu abuso da arte.

Ousado, arrojado,
Revestido de gozo,
Por vosso nome nasce
O profeta da carne
E por vossa sabedoria cresce
O filosofo da Treva.

Não podendo me conter,
Excitado, explodo,
Rededicando este mundo
Em ondas de esporro
Àquela que me é mais cara,
A grande e amada alma,
Maya!

Aceitação
Hino da suprema sacerdotisa ao cavaleiro diletante

A ti meu cavaleiro
E a alma majestosa
Que em ti reside.

A ti meu guerreiro,
Louvo, canto, vibro.
Maravilhoso ser,
Que transborda energia.

Minha vontade é única,
Estar em ti, contigo.

Todo poder está em ti,
Emana, derrama, deita,
O que em ti abunda.

Estou a te esperar,
Vem meu vingador,
Tu reinas sobre mim.

Meu corpo é teu templo
Bem sabe que ira sagrá-lo.

Nada me pedes
Que não possa dar-te,
Eu só quero, por direito
O que me for doado.

Verta todo teu leite,
Amo-te meu devoto,
Não sabes como é precioso.

Sempre o amei e amarei,
Sou-te então, possua-me,
Pois é teu por direito.

Minha alcova quente
Tem tua marca há tempos,
Tudo farei para que reines
E teu reino sobreviva a tudo.

Único ser em mim,
Ao qual dedico meus pensamentos,
O que tem o que sempre quis,
O que sempre amei e amo,
Tudo que quero está em ti.

Tenho uma saudade uterina,
Um desejo de ti, latente.

Vamos nos ensinar
Nos lençóis, no chão, no campo,
Onde tu quiser, será.

Não ouço um sino tinir,
Sem que tu o tenha feito vibrar,
Tuas ondas chegam a mim
Pela melhor forma, pela alma,
Reverbera, tine, ressoa,
Em meio a minhas colunas
Que sustentam meu santuário
E este corpo deságua,
Brota de prazer por ti.

Não há dia que acorde
E sinta-o em mim,
Sou-te, rasga-me,
Imploro novamente.

Eu queria ser por ti,
O que tens sido para mim,
Confesso sem tortura.

Maior é esta que impõe,
De sabê-lo sem tê-lo.

Rogo à Deusa,
Que me de ciência
Para te merecer.

Está em mim teu ser,
Esqueço de meus princípios,
Louca para tê-lo num instante.
Prazer e gozo eternos,
Meu mais completo alimento.

Grande monta tenho,
Por teu sangue e leite,
Pois disso preciso mais
Do que tu da vida.

A minha vida está em ti,
A felicidade que me dá,
É maior que tudo isso.

Sensibilidade espiritual,
Pelo método do prazer carnal,
Há de chegar lá,
Queiras tu comigo.

Haverá de doer um tanto,
Necessário abrir mão de algo,
Saiba que existe prazer na dor.

Todo meu tesão e néctar,
Deixo para que te delicies.

A poesia é estandarte, use-a,
Esta nos é dada e nos reaproxima.

Traga tua essência,
Depõe sobre meu santuário.

O que a ti é precioso,
Profundo e profuso,
Flui em mim a tua vida,
Que a muitos somos um.

Vivia sem depender de alguém,
Eu nunca fui presa,
Mas busco o que perdi.

Quando me levanto,
Não te acho a meu lado,
Mas sempre hão de te achar,
Pois continuo contigo em mim.

Um dia adentrei os portais
E tu veio me fortalecer,
Ofereceu força para a batalha.

Eu deixo que tua pessoa
Viva por e para mim.
Venha em meu templo,
Há que nele acender o archote.

Prenda minhas mãos,
Adorne teu pescoço,
Levanta-me ao colo,
Põe sobre mim.

Só ouça o instinto
Que brada e ecoa em ti.

Nossos corpos atamos,
Deitaste-me e possuiu-me.

Eu te disse ao ouvido
Sorva do cálice
Que meu corpo o é.

Sentir-te dentro de mim,
Foi um milhão de espetadas.

Ao fogo nós atiramos,
Algumas gotas de nossa seiva,
Foi feito o contrato
E aceito tal pacto,
Selado com nosso gozo.

Com ou sem donzelas,
Vou devorá-lo assim mesmo,
Não te é licito
Pertencer a só uma.

Néctar por néctar,
Havemos de nos fartar.

A noite virá e tudo estará feito,
Minha voz se cala ante a tua,
Continuo sedenta de ti.

Meu corpo pede o espectro,
Este que amo profundamente,
Eu não teria gozo algum
Se não tê-lo em mim a ele,
Este espirito que vive em mim,
Habita meus pensamentos,
Os sonhos e delírios.

Que mais posso fazer senão amá-lo,
Com toda pureza que reside em nós
E pedir para poder saber e ter
A vida em meus lençóis.

Desafio
Hino dos deuses ao cavaleiro diletante

Filho amado e querido!
Aquele que não esmorece na dificuldade,
Nem esnoba na conquista.

Aquele que, sem medo trilha,
Tanto pelo Monte do Sol,
Quanto pelo Vale da Sombra.

Concebido da melhor estirpe,
Temperado com os melhores essências.

Seja gentil com os simplórios,
A Paixão deve ser seu escudo
E o Amor a sua espada.

Continue apoiando ao Lobo
E dando orgulho à Deusa.

Seja em ação ou pensamento,
Derrube as barreiras deste mundo,
Desencantem os totens do sagrado
E a toda criatura consciente
Faca conhecer a lei!

Que a carne prevaleça,
Sobre todo dogma ilusório
E que a consciência vença
Toda a opressão sacerdotal

Aviso
Hino dos deuses à suprema sacerdotisa

Magnifica e formosa senhora,
Em cujo templo guarda os mistérios
E em tais colunas moram os ritos.

Em tuas mãos confiamos o bravo
E por teus lábios vive o cavaleiro.

A sua pele macia venceu os mártires,
O seu cabelo desbaratou os profetas,
E seus pés calcam os dogmas.

Manifestação carnal e majestosa,
Vigie pela sanidade deste mundo
E conduza os andarilhos pela arte.

O teu Jardim das Delicias
Esteja sempre aberto e pronto
Para nutrir e honrar
Aos diletantes da lei.

Fonte abundante e eterna,
Sacie a sede dos buscadores
E satisfaça a fome dos brutos.

Propicie sempre, plenamente,
Àqueles que buscam em um fantasma,
O que somente se encontra na carne.

Cubra esta obra com seu suor
E a consagre com seu prazer.

Ousadia
Hino do cavaleiro diletante aos deuses

Errante, passei por léguas,
Sem conhecer o calor de um lar,
Nem o conforto de uma família.

Nunca me dobrei a deus algum,
Mas algo há na Deusa
Contra o que não resisto.

Para conquistar a fortuna,
Eu sai de minha choça
Rumo à grandiosidade.

Em muitas vilas fui recebido
Ora herói, ora louco,
Ora santo, ora danado.

Ao descansar a arma
Dentro do santuário sagrado,
Pela sacerdotisa pude ver
A linha de edições anteriores
E a seqüência da descendência.

Diante da responsabilidade atual,
Eu desenganei as esperanças,
Pois cada qual teve sua chance
E quebrei os modelos
Pois cada qual terá sua oportunidade.

No período que me cabe,
A meta está na Deusa.

Se servir a sua causa,
Ou satisfizer sua dama,
Em me contentarei disso
E carregarei esta memória
Por onde quer que eu vá.

Petição
Hino da suprema sacerdotisa aos deuses

A todos os ancestrais humanos
E a todos os geradores divinos,
Pelo toque da magia em meu corpo,
Eu clamo e invoco, proteção!

Logo o Sol completa a jornada,
Cedo a Primavera acaba
E rápido o Inverno avança.

Pelo brilho deste luar,
Reflexo do desejo perpetuado,
Lâmpada acesa pela lei,
Acolhe e guarde a humanidade.

Por onde quer que vá meu predileto,
O sempre faca retornar a mim.

Nós dançamos em vossa memória,
Nós celebramos vosso festim,
A terra foi semeada e regada,
A semente brotou e cresceu,
O fruto surgiu e madurou,
Nós observamos o ciclo
E foi feita a sega e a colheita.

Quando as sombras da ignorância
Novamente cobrir e enevoar a terra,
Resguardem no ventre da Grande Mãe
Meu cavaleiro e eu.

Despedida

Acenemos para Apolo,
Que em seu carro passou,
Percorreu por toda a terra
E às colunas do horizonte,
O Rei Sol próximo se encontra.

Os que podem andar se vão,
Enquanto uns e outros se ajudam.

O sono a muitos pesa,
Mas não apaga o sorriso,
Escancarado e prazeroso.

Ali, esfolada e feliz, a colombina.
Acolá, embriagado de prazer, o pierrô.
Aqui, intoxicado de amor, o arlequim.

Os carnavalescos se esparramam
E o bumbo da fanfarra furou
De tanto dar no couro.

O Inverno e seu acoite vem,
Rimos diante da carranca hipócrita.

Ainda que se vergue a alma humana
Sob a ditadura da virtude,
Guardaremos em nós o visgo
E por mais que dure a intolerância,
Haveremos de sempre celebrar aos deuses.

Foto de Raul Los Dias

Mesmo que seja só 20% seu amor, a gente completa

Hoje você desce ladeira
Joga-se do abismo
E declara seu amor
Gritando na minha porta
Pede que eu te leve de volta
Relembra d’um tempo
Quando eu te dava colo
Te botava no solo
E com perdão da citação
Te fazia mulher
Te amava com dengo
Com tempo
Te dava um trato...

E você ainda fazia onda
Às vezes
Ficava marruda
Caia na estrada
Sumia na sexta-feira
Beijava outras bocas
Dava uma de louca
Bebia todas
Abusava
Só pra chatear
Só pra machucar
Dar o troco
É certo que eu também
desatinava
Não levava a sério
Achava passageiro
Uma transa ligeira
Um piscar de luzes
Um nuance de cores e amizade
Sexo e calor sem dor
Num final de tarde ou logo cedo

Mas foi só você sair fora
Sem deixar endereço
Que senti o peso
A falta que me fez
Hoje te confesso
Porque pediu arrego
Me chamou de novo
Até deixou bilhete debaixo da porta
É certo que não cri em tudo
Quem sabe só em 85 por cento
Ou um pouco menos
Talvez 60, 50
Bem, mesmo que seja só 20
Já está bom
Tudo se compensa
se completará no caminho
com carinho
O que eu sinto é mais
Passou dos 100%
Extravasou
Fez um rio...

É isso: volte-já
Não tem segredo
não precisa nem gritar na porta
tocar a campanhinha
Nem mudei a chave
Sou o mesmo
Chegue junto
Vamos refazer a soma
Bater a conta
Dessarumar a cama
Fazer-nos mais que dois
Fazermo-nos Um
Sem folga
Sem mais delonga
Marque a hora
Ou chegue sem aviso
O momento é esse.
Tudo e agora

Foto de Marco Magalhães

Amor sem dor

Existe algo maior que o amor?
Algo tão grandioso sem essa dor?
Junto ao abismo tão intensamente,
Me perguntara idealisticamente.

Misericordiosissimamente,
O vento me sussurrava assim.
Maior que o amor contundente,
Só o amor sem grande frenesim.

Esse amor na complementaridade,
Com naturalidade por aí existe,
Graciosamente vence a brutalidade,
Muito raramente o deixará triste.

Olha, e descobrirás na amizade,
Esse 'amor', essa grande verdade.

Foto de bsmash

Se tivesse dito...

Se tivesse dito que quis conhecer-te por causa da tua beleza física mentiria. Acho muito bonita, bela demais, sim podes ir fazer o anúncio da danone que preenches todos os requisitos. Mas com o passar do tempo comecei a conhecer-te, e a ver que para além duma cara bonita. És uma pessoa, com quem se fica logo apaixonado. Pela tua maneira de ser, pela energia e essa vida que tens dentro de ti, que se é contagiado. Aprendi com o tempo a gostar duma pessoa que dá tudo o que tem. A poder considerar quase uma mulher perfeita, que tem os seus defeitos mas as suas qualidades superam largamente os defeitos. Desculpa se um dia te magoei, quando apenas queria te dizer gosto de ti. Quando apenas te queria demonstrar que és muito importante para mim. Não quero que vás, pois a vida sem ti não teria significado. Não chores, pois por cada lágrima que cair, será como uma facada no meu coração. Pois sentir-me-ei culpado, por não conseguir fazer-te feliz. Porque partes sem dizer nada, parece que o teu silêncio me sufoca, me angustia. Talvez por gostar de ti, e sofrer quando sofres estou assim, frágil sem rumo, sem direcção. Mas mesmo andando perdido ainda consigo perceber, por que motivo ainda continuo vivo. Pois conheci-te e tu fizeste toda a diferença, conseguiste me salvar do abismo. Porque não me deixas dar-te a mão quando mais precisas. Pois tentas ser mais orgulhosa, não dando o braço a torcer. Para descarregares toda a tua fúria, angustia na almofada. Será a melhor solução? Não sei, mas deixa-me tentar ajudar. Deixa que seja o teu porto de abrigo, para quando tiver passado a tempestade que pairam sobre os teus olhos. Os ciclones que não para de aumentar no teu coração. Fazendo de ti louca, desaparecendo o coração pois foi solidificado tornando-se pedra. Agora só me resta esperar, esperar que oiças estas palavras, levadas pelo vento soprando no teu ouvido. Como um sussurro, e que amoleças e me deixas entrar nessa muralha, para te puxar para dentro do porto de abrigo e conseguir devolver a alegria de voar, podendo assim voares como só tu sabes. Voando e ultrapassando todos os obstáculos, parecendo irrisórios a tua passagem. Só peço que lembres de mim, não como um ser oportunista a procura das desvantagens surgidas pela vida que causa a nós. Mas sendo alguém que gosta realmente de ti, e com o tempo vai demonstrando cada vez mais, não me és indiferente e nunca serás mais. Acredita quando digo gosto de ti, estou falar muito a sério.
E agora faltam-me as palavras para te poder descrever mais sobre ti, pois haveria muita coisa por dizer e ficou por dizer. Mas se disse-se tudo ficarias a saber tanto como eu, o que achava de ti, e ai teria a piada de saberes o acho de ti. E assim deixo-te a tua imaginação, e que um beijo o vento te leve ao teu rosto da minha parte. Para saberes que mais que palavras, estou e estarei sempre aqui para demonstrar o quanto és importante para mim, e o quanto gosto de ti.

Foto de Ana_Luar

Hoje!!! Não ontem... nem Amanhã.

Gosto deste silêncio
deste som que me deixa calma
deste silêncio de mim mesma,
do silêncio que me rodeia
Deste vislumbre
que muitas vezes preciso,
para que as palavras na sua desordem,
busquem uma razão para explicar algumas vivências.
No calor de cada verso resgato um pouco do que fui,
ressuscitando-me a medo das profundezas.
Aos poucos quebro as barreiras
que um dia me detiveram...
Na suspensão de passagens tristes.
Hoje...
Meu corpo, brota lírios azuis
como se a Primavera nele tivesse entrado
Transborda amor...
ternura...
encanto...
paixão...
E no que antes foi uma aflição contida
hoje no limiar do abismo
afundo a paixão desmedida
num abraço enternecido
por palavras de amor.
Hoje!!!
Não ontem!
Nem amanhã...

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