Abismo

Foto de Lou Poulit

Espumas de Copacabana

Pondo a manhã nos olhos da gente
inunda luz quente a alma,
que sente vontade de possuir o momento.

Um transatlântico espumante apita ao largo.
Uma despedida sem lenço.
Pelo imenso lençol se arrasta
e se esconde na cabeceira do Forte.
Quem se despede diz “hasta la vuelta!”
e quem fica pensa “que sorte...
sou fraco, não preciso voltar”.

A densa e imensa mistura de gente
fez disso aqui um lugar diferente
e criou uma democracia de surfistas sociais.
Ou mais, uma “anarquia democrática”
onde todo comportamento é tática.
Tudo, qualquer coisa vale
para continuar fraco e não ter que partir.
Muitos não têm mesmo para onde ir.
Alguns sequer o que comer.
Mas todos de alguma forma se comem
seja mulher, fora de norma ou homem.

Pondo a noite nos olhos da gente
os brilhos múltiplos ofuscam as estrelas,
mas seus filhos últimos poderiam vendê-las,
mesmo do alto, ao primeiro incauto.
E ele compraria! Por força do encanto.
Porquê veio de longe e pagou mais.
Porquê ademais: que sorte ser fraco!
Talvez nem se dê conta do simulacro
roto (é jogo, é mão-no-saco!)
que lhe põe uma coleira no escroto.

Pondo a cara nos olhos da gente
a madrugada pressente o falo do novo dia.
A viúva mostra o calo, a vulva viva e crua
e eu a minha verborragia
que, nua, masturba a esfera da caneta e anuncia,
de humanidade até o pescoço, o termo do endosso
o salto no próprio abismo.
O ermo em que fraco lambo o fundo da louça freme,
como num sismo, a poça...
Essa sopa de talento e miséria humana
com que alimento a verve séria,
que mendiga espumas em Copacabana.

Foto de Senhora Morrison

Fetiche

Sinta meu cheiro
Adocicado atrás de minha orelha
Quero enfeitiçar-te
A ti e a todos
Sentir-me desejada
Por todos que se julgam homens
Ser o centro de todas as atenções
Mesmo que por esta noite
Ver teus olhos queimar
Pela cobiça alheia
E teu ego inflar
Pois sou só tua
Dançar para ti
Com a admiração de todos
Todos os homens me desejando
E eu só a ti
Meus olhos voltados para a sua boca
Que me entorpece de desejos
Pura volúpia...
Em pensamentos pecaminosos
Vem a mim meu prazer
E desfrute-se de toda esta carne
Que queima por ti
Liberte as fantasias
Que por ti se fazem
Numa envolvente perdição
Explore esse abismo
Ausente de rotinas
Enlouquecendo-nos
Atirando-nos
Nesta viagem sem fim

23/01/2007
Senhora Morrison

Foto de M.Veríssimo

Noite Só

Nesta noite de solidão
Penso em ti
Com a angustia de te saber longe,
Sonho com os beijos
Que trocámos longamente,
Beijos tão meigos…
Como se cada um de nós
Fosse a mais frágil criança
Carícias tão tímidas…
Como se descobríssemos
Pela primeira vez
Os segredos da nossa intimidade
Todo o segredo de uma vida
Depois amando-nos ardentemente
Como se a aproveitar
O mais ínfimo segundo
Com o pavor do tempo
Nos escorrer por entre os corpos
E esvair-se
Trazendo o fim
Ou o abismo.

Foto de Anjinhainlove

Medo

Quando a serpente mortífera
Nos percorre a espinha,
E o coração bate ao ritmo do terror.
Quando as mãos tremem e suam
E os olhos se enchem de água.
Quando o medo se apodera da nossa mente
Como se num infinito abismo tivéssemos caído
E a respiração fica mais ofegante.
Não quero voltar a senti-lo.
Rouba-me cada gota de sangue
E aperta meus pulmões até extrair
A última molécula de ar
E o meu sangue parar.
Sentir a morte segurar-me a mão
E a eternidade beijar-me o rosto.

Foto de leveli

Amorfo

Me mostre teu amor,
Quando não houver sol,
Quando não restar mais dor.

Me mostre teu amor,
Na escuridão que vivo...
No abismo...
Nos destroços do meu coração.

Me mostre teu amor,
Nas lágrimas que escorrem da tua face,
Na boca seca, um beijo espera.
Nas suas mãos a esperança carrega.

Me mostre teu sentimento indefinido,
Quando houver estrelas...
Quando só restar amor.

Foto de Gabriel Luís

Feliz Natal

Leio esse poema com a expectativa de que um dia a dedicatória constante no mesmo perca o sentido.
Um feliz Natal a todos.

O RIBOMBAR DE UMA NOVA AURORA

Dedico este poema a todos os oprimidos,
Estejam estes no agora ou perdidos em tempos idos,
Àqueles que padecem com o horror da guerra,
Aos que estão à procura de um pedaço de terra,

Àqueles que almejam alçar vôo em direção à liberdade,
E têm esta negada desde a mais tenra idade,
Àqueles que em sonho clamam por igualdade,
E se descobrem confusos sob o olhar da piedade,

Àqueles cuja companheira é a solidão,
Aos que ao redor enxergam eterna prisão,
Àqueles que recorrem à fé e se refugiam no carma,
Aos que não podem ler, ouvir ou escrever um poema,

Àqueles que por entre o deslizar da lágrima,
A duras penas conservam serena a alma,
Ao marginalizado por questões relativas a sexo, crença ou cor da pele,
Por mais humanidade que dos seus poros exale,

Àqueles para quem se tornou insuportável a podridão das injustiças,
Aos que pela escuridão arrastam calados suas carcaças,
Àquele homem cujo nome é Jesus Cristo,
E ao sem-nome que suplica faminto,

Àquele que sente o peso de ser rotulado de deficiente,
Gritando aos quatro ventos: eu sou gente!
Aos que encontram razão de existir na ganância,
E aos que estão condenados ao abismo da ignorância,

Desejo que estas humildes palavras inspirem coragem,
A todos que ficam à espera da futura carruagem,
Construída a partir do aprendizado advindo dos erros de outrora,
A qual nos guiará rumo ao ribombar de uma nova aurora.

GABRIEL LUÍS DE ALMEIDA SANTOS

Foto de Adeilton Marcelos

Angel

A cada vôo, a cada batida de minhas asas...uma pena cai...estou ficando fraco...perdendo meu poder...estou voltando a ser mais um simples mortal...voltando a ser como outros do cotidiano! Vou recolher-me...ficar quietinho..fortalecer-me no encanto da minha magnitude e força vital! Vou aparecer com minha áurea coberta de luz e com minha asas na penumbra de um abismo...para que todos os meus inimigos e falsos anfitriões possam tentar enxergar-me no meio de tanta luz e ficarem cegos com o clarão que os ofuscará para todo o sempre! Estarei sempre a todo o momento te protegendo com minhas táticas e armas...estarei ao seu lado...de dentro e de fora...para que nenhum mal desça sobre a sua carne...estarei com minha foice amolada para que todos que tentarem de alguma forma te atingir sintam seu sangue escorrendo por entre meus dedos sem misericórida...

Te amo...

Foto de rosa_negra

Ser

Como posso eu ter
certeza da vida se ela não tem a minha certeza?!
por medo ou cobardia dela
ou minha eu não vivi
e ela simplesmente passou-me ao lado
perdi a noção do que é real
verdadeiro, sem consequência
ou sanção parti em busca
de algo que nunca encontrei
fui achada e perdida vezes sem conta
tive certezas e incertezas
fixei raizes e cortei-as logo a seguir
criei asas
para cair em queda livre no abismo que é o meu ser.
Confessei os meus medos e segredos
menti sobre o meu viver
perdi-me na escuridão encandeei a vida com a morte
travei batalhas comigo
não venci, não perdi
nem eu nem tu vivemos
somos luz e escuridão dia e noite
medo e valentia
branco e negro
somos simplesmente
a face da mesma moeda
dois lados de um ser que
nem eu conheço!!

Foto de InSaNnA

Desencanto

Estou abandonando os meus sonhos,
pela falta de possibilidades,
por ter tanto amor dentro de mim,
e não saber o que fazer com ele...
Sem poder repartir contigo,
o que sinto...
Meu chamado caiu no abismo
do teu silêncio..
Estou a espera do próximo instante,
a escuridão a cegar,
esse meu úmido olhar...
O pior,é que ainda bate
um coração dentro de mim..
avisando que eu ainda existo...
que o sangue ainda corre
pelo meu corpo fraco..
Mas,hoje nada sou,
sem a força da tua emoção,
estou apagando,
estou perto do fim...

(jazo-me diante de tí..)

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Eu ia cortar os pulsos ,mas desisti..

Brincadeirinhaaaaa.;....

Foto de Ravena

Ainda assim...

Queima...
Andando no escuro eu vou e somente me oriento por essa voz lânguida em meu ouvido, esse sussurro que jura saciar a fome, caminho em sua direção mas mal sei onde piso e tenho medo de cair, cair no abismo sem fim do esquecimento e da solidão, não seria minha primeira queda mas com certeza seriam meus piores cortes e vergões se dessa vez me ferisse.
Mas eu o desejo tanto que ele arde em mim, ele gera em mim a necessidade em dobro, em dobro desejo o beijo, o toque, a força sem pedir licença, apenas possuindo, apenas se apoçando de mim e crescendo...crescendo em ância e em desejo, afinal, nada mais seria...
Tateando as paredes negras eu vou nesse caminho e ele continua falando, nas horas da madrugada, no movimento do dia, ele fala e eu o sigo, terá volta esse caminho? Seria nocivo?
Me perdoe mas necessito ir em busca ...
E continuo a queimar...

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