Blog de Sonia Delsin

Foto de Sonia Delsin

ESTÁ ESCRITO NO TEU OLHAR

ESTÁ ESCRITO NO TEU OLHAR

Teu olhar me falou.
Estás tão bonita.
Paraste teus olhos nos meus cabelos.
Gostavas deles longos.
Eu deixei crescer.
Não foi pra ti.
Foi pra mim.
Estou me sentindo mais bonita assim.
Teu olhar me falou.
Que mulher eu perdi!
Eu estou aqui.
Mas morri.
Pra ti não mais existo.
A toda dor resisti.
E parti.
Pra uma vida minha.
Vôo livre.
Sou andorinha.
Hoje em dia eu já não me alimento de sonhos.
Me alimento de poesia e da ternura.
Do amor da família.
Do carinho dos amigos.
E de um homem que me ama apaixonadamente.
Entre nós tudo é finito.
E olha que foi bonito.
Mas acabou.
Mentiria se dissesse que nada restou.
Mas é passado e passou.
Teu olhar diz que lamenta.
E ser feliz sei que tentas.
Como eu tento.

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EU QUERIA QUE TU SOUBESSES

EU QUERIA QUE TU SOUBESSES

Eu queria.
Queria sim.
Que tu soubesses o quanto significas pra mim.
Eu queria.
Eu queria pegar tua mão e beijar.
Silenciosamente ficar a te olhar.
Te descobrir.
Te redescobrir num olhar.
Eu queria...
Queria te contar.
Que já consegui te perdoar...
... Melhor deixar o tempo passar.

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HOMEM DE LATA

HOMEM DE LATA

Esta noite eu sonhei com ele.
O homem de lata.
Sonhei que ele andava.
Fazia um barulho com sua indumentária.
Entrava em minha área.
Ele vinha em missão.
Diziam que ele não tinha coração.
Homem de lata, de latão.
Será que tudo nesta vida precisa de uma explicação?

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OS GRANDES SE FAZEM PEQUENOS

OS GRANDES SE FAZEM PEQUENOS

Ser o primeiro na fila a qualquer custo?
O primeiro.
Chegar primeiro.
Catar tudo.
Contudo.
Os grandes se fazem pequenos.
Humildes.
Quando mais se conhece, menos se quer aparecer.
Pra que? Será que as pessoas custam tanto a entender o sentido do viver?
Vamos com calma.
Devagar ao pote.
Quem nunca comeu melado quando come se lambuza.
Quem tem pressa come cru.
O que falta ao ser humano é serenidade.
É parar e tentar entender.
É ter humildade.

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TOMBO INESPERADO

TOMBO INESPERADO

Ele dizia.
Vou vencer.
É certo que vou vencer.
Ele dizia.
Mas como se pode prever?
Somos frágeis.
Humanos.
Quebráveis.
Um tombo.
Um escorregão.
Uma distração.
Um carro na contra-mão.
Nós o vimos caído ao chão.
Pena.
Mas outras oportunidades surgirão.

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PERTO DO MEU OLHAR

PERTO DO MEU OLHAR

Aonde vou te encontrar?
Perto do meu olhar?
Meu olhar que te guarda.
Minha retina que te imortaliza.
Vem uma brisa.
Coço os olhos, enxugo a lágrima.
Estás longe.
Distante?
Não. Não.
Nunca.
Distância só existe quando não se tem no coração.

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NASCE UMA POETA

NASCE UMA POETA

Nasci com cara de joelho?
Ou nasci bonitinha?
Minha mãe diz que já nasci lindinha.
Mas mãe é tudo corujinha.
Nasci com cara de poeta?
Com cara deslumbrada?
Que horror eu devia ser...
Como fiz minha mãe sofrer.
Nasci querendo me mostrar.
Onde se viu? Nem a parteira eu pude esperar.
Nasci e agitei.
Meus pais diziam balançando a cabeça.
Esta menina, esta menina.
Nunca sonhei ser rainha.
Só uma coisa eu desejei.
E isto eu sempre fiz.
O que mais me deixa feliz.
Poetar.
De amor falar.
De dor chorar.
Num poema que a todos consegue encantar.
Posso falar de alegria, de tristeza.
Tudo pra mim é poesia.

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“PASSARINHO”

“PASSARINHO”

Sou passarinho.
Passarei, passarei.
Eu voei.
Eu fui... eu voltei.
Passarinho.
Procurei o conforto do ninho.
Dei e recebi carinho.
Passarinho.
Tantas paragens visitei.
Me encantei.
Digo e repito.
Passarei... passarei.
Por que tanto se preocupar?
Por que se angustiar?
Se passamos.
Se voamos.
Se voltamos.
Se passarinhos estamos?

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VINTE ANOS... VINTE

VINTE ANOS... VINTE

Ele a beijava e Laura pensava. Vinte anos...
Como pesam vinte anos!
O convite para dançar viera inesperadamente naquela tarde.
Os dois a conversar no ponto de ônibus.
A chuva que caía sem piedade.
-- Não me importo com a chuva. Até gosto.
-- Eu também. Notou que não está uma chuva fria?
-- É mesmo. O calor é tanto.
-- Vamos dançar hoje à noite, Laura?
-- Dançar com você?
-- Por que não? Não quer? Não gosta?
-- Adoro.
-- Então...
-- Mas dançar com um jovem?
-- Não vejo problema algum. Você vê?
Por que não aceitar um convite tão tentador?
Os olhos de Fábio a deslizar em seu corpo. Uma diferença grande de idade. Vinte anos. Mas ele vivia afirmando não ver problema algum nisso.
-- Aceito.
-- Nos encontramos lá às vinte horas.
Despedindo-se rapidamente ela falou olhando-o nos olhos:
-- Estarei sem falta. Meu ônibus.
Deram-se um beijo rápido no rosto e Laura entrou no ônibus com a face afogueada. Não era mais uma menina. Cinqüenta anos nas costas. Mas a alma... A esta era de uma menina. E o coração então! Um menino travesso que jamais cresceria em seu peito.
Ia pensando. Colocaria um vestido bem bonito pra encontrar-se com Fábio.
Belo jovem.
Fazia um ano que se conheciam e nunca tiveram uma proximidade tão grande como naquela tarde embaixo da chuva. Os olhos dele correndo em seu corpo.
Os dela buscando aqueles olhos escuros.
Sentia-se tão só ultimamente.
Sim, colocaria um vestido bonito. Capricharia na maquiagem. Se bem que era bonita aos cinqüenta. Muito bonita. O corpo bem cuidado. O rosto bonito.
Quando ele a viu chegando com aquela saia leve e a blusinha rosa elogiou de imediato.
-- Está tão bonita, Laura.
Os dois entraram de mãos dadas na danceteria e subiram a escadinha.
-- Muito melhor lá em cima, não?
-- Sim, é melhor.
Os olhos escuros não despregando dela. Laura gostava daquele olhar quente, mas ao mesmo tempo ficava um pouco apreensiva. Há meses não saia com um homem.
Sentaram-se na última mesa do lado direito.
-- O que vamos pedir?
-- Uma água sem gás.
Quando Fábio buscou sua mão ela estremeceu. A mão tocou seu pulso e subiu de leve pelo antebraço. Subiu mais um pouco e ele a puxou para um abraço.
-- Você é tão bonita.
-- E você tão jovem.
-- Já vem você de novo com esta estória.
-- Está bem, vou tentar esquecer.
Estreitou-a nos braços e buscou seus lábios, depositando um beijo leve.
No peito dela o coração pulava como doido quando ele buscou sua mão delicada e levou-a até seu peito. Precisava entregar-se ao momento. Precisava...
A sensação de estar encostada a ele era boa demais. Um homem a desejá-la. Bonito e jovem.
Quando ele buscou sua boca ela não apresentou resistência alguma. Também estava querendo beijá-lo. Como estava.
Ele quis mais beijos e levou-a até uma das vidraças.
Viam dali a cidade que dormia.
Ele a puxava pra seus braços e Laura podia sentir como estava desejoso dela. Os corpos tão próximos. Aquele contato provocava uma ereção no rapaz. O que não passava desapercebido dela, que também ardia por ele.
Achava errado esta atração que sentia pelo jovem. Já estava de novo a pensar na diferença de idade. Isto era prejudicial e ela sabia. Mas que fazer se tinha filhos da idade dele e não aceitava uma relação com uma diferença tão grande de idade?
Desejava-o.

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A FORÇA DA NATUREZA

A FORÇA DA NATUREZA

Os mais velhos sempre me disseram uma frase que hoje me voltou nítida à memória. Que ninguém pode com a força da natureza. Minha avozinha me mostrava o fogo e falava: Quem o domina? Os elementos têm poder. Não brinque com fogo.
Meu pai me ensinou a amar e a respeitar a natureza. Quantas vezes assistimos juntos temporais acompanhados de raios, de trovões. Quantos estragos vimos juntos e quanto falamos a respeito.
Quem consegue segurar com as mãos a água? Um bem tão caro, mas que pode nos tirar a vida; tão benéfico e tão traiçoeiro tantas vezes.
Eu que quase morri afogada aos doze anos sei bem como é. Eu queria me segurar, me dependurar em alguma coisa e esta coisa simplesmente não existia dentro daquele rio. Não era a hora de minha morte, porque meu irmão que sabia nadar me retirou de lá quase sem vida. Depois aprendi a nadar, mas junto com a natação aprendi algo muito importante, a respeitar a água.
Ontem tivemos aqui em minha cidade uma chuva repentina e acompanhada de forte vento. Um vendaval.
Eu e meu filho ficamos olhando as antenas que balançavam e nosso pé de acerola que tombava todo.
Por sorte os galhos são bem flexíveis e tombam, mas não quebram facilmente.
Está tão bonito este nosso arbusto e eu não queria vê-lo por nada deste mundo ao chão caído.
Pois bem, vou adentrar agora no que me levou a escrever esta crônica. Quando cheguei hoje no local aonde estudo a primeira coisa que vi pelo portão entreaberto foi que uma de nossas belíssimas árvores, uma cuja sombra tantas vezes praticamos tai-chi ao ar livre, estava tombada. Os galhos retorcidos...
Pareceu-me que um gigante andou por lá ontem. Torcendo galhos como educadores maus torcem braços de aprendizes.
Foi esta a minha sensação, mas não acredito que a natureza venha se vingar em cima de belas criações como aquela árvore tão linda. A idéia me passou e o motivo nem sei. Também nem sabia se devia citar aqui isto, mas citei e está citado.
No chão estava o filhote de João-de-barro e os pais aflitos revoavam por lá.
É duro descrever a cena. Nos ponteiros da bela árvore algumas flores azuladas permaneciam lindas como ela se ainda estivesse de pé.
Senti vontade de chorar. A dor daqueles pobres passarinhos que tantas vezes vimos carregando material pra fabricar o ninho chegava a doer no meu peito.
Ficávamos admirando, conversando sob a árvore e os dois tão empenhados em construir a casa.
Olhando-os revoando conseguia trazer de volta os dias que os via trabalhando na construção do ninho, a alegria deles.
Uma cerca de segurança foi colocada, pois uma das outras árvores estava com o caule totalmente trincado e perigava cair.
Fui triste para a sala de aula, porque deixamos no pátio aquela árvore tombada. Fiquei imaginando se vão cortar as que ficaram de pé, porque me parece que apesar de imensas, elas são frágeis. Ou o vento foi tão forte?
Acredito que exista sim uma fragilidade naquelas árvores, mas são idéias minhas. Não conversei a respeito com nenhum entendido. E também não sei como encontrarei tudo lá amanhã.
Não teremos mais aquelas sombras tão aconchegantes? Será muito desolador encontrar aquele local vazio.
Mas se elas podem colocar as vidas das pessoas em risco...
Algo a pensar, realmente.
Bem, quem pode com a força da natureza? Algumas vezes vemos um céu tão azul, tão quieto. E de repente algumas nuvens se formam, chega um vento e o que parecia que ia durar eternamente se acaba.
Eu tinha que contar. Eram simples e lindas árvores, mas fazem parte do meu dia-a-dia. Ajudam a enfeitar o tempo que passo lá; pela beleza; pela sombra; pelos pássaros que nela se abrigam; pelas parasitas grudadas nos caules.
Senti vontade de chorar...senti vontade de contar e contei.

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