Blog de Sonia Delsin

Foto de Sonia Delsin

A CASA MISTERIOSA

A CASA MISTERIOSA

Aquela casa a assustava. Diziam que era assombrada.
Ela dormia no quarto do meio e ele era imenso àquela hora e tão frio. A casa estava gelada.
Tantas lembranças ela guardara daquela casa e agora estava lá. Quem diria que um dia voltaria?
Na parede os quadros ainda eram os mesmos de sua meninice. Os vasos agora vazios estiveram cheios outrora sobre móveis escuros e tristes. Pesadas cortinas também foram conservadas.
O tempo parara ali?
Precisava levantar-se um pouco.
Em dois tempos ganhava o corredor. O longo corredor onde corria com seu irmãozinho Marcos e Paulina, a prima que vivia com eles.
Lentamente Clarice descia as escadas. Degrau a degrau e respirava fundo.
A sala guardaria aquele aconchego? Poderia ainda acender a lareira?
Tropeçou num degrau e respirou ainda mais profundamente.
Um barulho no andar superior fez seu coração disparar.
Sabia que estava só. Seria o vento? Mas a noite parecia tão quieta lá fora.
Lentamente colocou o pé noutro degrau e a tabua rangeu.
Nada demais. O cunhado sempre dizia que casas antigas são cheias de sons.
Ela perdera Bruno numa noite tão chuvosa. Treze longos anos tinham se passado. Exatamente treze anos.
Parecia ter o seu lindo sorriso ali à sua frente. Bruno fora um esposo maravilhoso. O homem que toda mulher deseja encontrar. E ela o encontrara num daqueles bailes de fazenda que se promoviam por ali. Será que ainda existiam aqueles bailes?
Não tiveram filhos. Pena. Se tivessem tido poderia ter o sorriso do pai.
Quando colocou o pé no penúltimo degrau viu uma sombra na parede. Seria uma ilusão de óptica?
Poderia estar impressionada por estar sozinha naquela casa onde vivera toda sua infância e parte da mocidade.
Estalou outra madeira.
Não devia se impressionar já que pretendia passar uns dez dias naquela casa.
O irmão desejava vender a propriedade e ela era contra. Oferecera-se para comprar sua parte e se instalara na casa.
Uma mulher cuidaria da limpeza e das refeições. Florinda não podia passar a noite ali e ela a dispensara disso.
-- Não vejo necessidade. Desta vez vou ficar só uns dias aqui. Ainda vou pensar se vou me instalar de vez neste lugar. Então sim pensarei no assunto.
-- Se a senhora desejar posso encontrar alguém da vila para lhe fazer companhia. Penso que não lhe fará bem ficar aqui sozinha.
-- Não se preocupe. Ficarei bem. Obrigada.
A sala guardava ainda o ar de aconchego, mas estava tão gelada. A lareira apagada e completamente abandonada. Não era usada há anos.
Ela poderia pedir que alguém a reativasse no dia seguinte.
Sentiu uns arrepios quando se aproximou da poltrona azul. Era ali que o pai se sentava.
Olhou na parede o quadro do avô. O avô com seus bigodes retorcidos e os olhos que recordavam Paulina.
Punha-se a pensar em Paulina. Paulina menina.
Correndo pela casa e aprontando das suas.
Paulina no caixão. Tão linda e pálida na imobilidade absoluta dos mortos. A inquieta Paulina só assim pararia e não completara ainda dezesseis anos. Fora velada naquela mesma sala.
Marco chorava tanto e ela se escabelara. A mãe dizia que a prima querida fora encontrar os pais. Por que tinham todos que partir? Os pais de Paulina a queriam?
Ela não entendia ainda a morte. Ia completar quatorze anos.
Marco dizia que a casa ficaria sempre triste sem a linda prima e ficara mesmo.
Ela fora estudar na cidade e morar com uma tia. Acontece que nas férias, num dos passeios à casa dos pais conhecera Bruno. Casaram-se, mudaram-se para o Rio de Janeiro e viajavam muito para o exterior. Ela pouco visitara a casa naqueles anos todos já que os pais morreram alguns anos após seu casamento e Marco se mudara para o Paraná com a esposa. A casa ficara aos cuidados de uma senhora que agora estava velha demais para cuidar dela e o irmão lhe ligara dizendo que seria melhor que vendessem. Ela era contra a venda e por esta razão é que estava ali.
Os arrepios se intensificavam. Parecia ouvir o riso de Paulina, do pai. As zangas da mãe e os gritos de Marco. Marco estava vivo e por isso concluía que estava se deixando levar pela imaginação. Não havia nada ali.
Uma porta bateu forte no andar de cima e ela estremeceu. Um gato desceu correndo as escadas.
Esfregando uma mão na outra ela foi abrir a porta para o bichano.
Estivera fantasiando coisas.
Foi até a cozinha e saboreou lentamente um copo de água. Era deliciosa sempre a água daquele lugar.
Arrastando as chinelas foi subindo a escadaria.
Que tola! Era só um gato. Quando subia a escadaria o barulho recomeçava no andar de cima e isto a assustava. Arrependia-se de ter dito a dona Florinda que ficaria bem sozinha.
Com o coração aos pulos chegou ao quarto e descobriu que as janelas estavam abertas e ela estava certa que as fechara muito bem. Foi fechá-las e pensou que era melhor esquecer aquela estória de comprar a parte do irmão. No dia seguinte partiria para o Rio e colocariam a casa à venda.

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MOINHO DE VENTO... MOINHO DE VENTO

MOINHO DE VENTO... MOINHO DE VENTO

Eu ia que ia.
Só pensamento.
Nas asas do vento.
Uma dor me oprimia o peito.
Uma agonia.
Por algo que ainda viria.
Algo eu pressentia.
Tentava me animar.
A mim mesma dizia.
Calma.
Virá outro tempo.
Virá um outro dia.
Outros ventos...
Eu ia na asa do vento.
Moinho em movimento.
Querendo deter o momento.
Temendo o que me contava o vento...
Como podemos pressentir que lá na frente vai existir sofrimento?
Precisava mudar era o meu pensamento.
Moinho de vento.

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MEU CORAÇÃO É UM BUMBO

MEU CORAÇÃO É UM BUMBO

Meu coração é um bumbo no peito quando vejo teu nome no visor do meu telefone.
Meu coração é um bumbo no peito quando ouço tua voz.
Mas a vida é algoz.
Ela me rouba tua presença amada.
Ela parece que faz caçoada,
Ri de meus sentimentos.
Meu coração é um bumbo quando te vejo chegando.
Quando tua boca fico olhando.
Teu beijo imaginando.
De repente tu me tomas nos braços.
Me esmaga. Me aperta.
A manhã me desperta.
Estive sonhando.
Ainda assim meu coração que desconhece o que é sonho e realidade bate com muita vontade.

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NASCI DE UM SONHO TEU

NASCI DE UM SONHO TEU

Um dia tu sonhaste e foste meu.
Meu pai.
Tu sonhaste ter esta filha nos braços.
Entre nós eternos laços.
Pai. Tem dias que me ponho a pensar.
A lembrar.
A chorar.
Por tua partida.
Mas acredito que existe outra vida.
Se te sinto.
Não te vejo.
Não te toco.
Mas te sinto.
Numa brisa que me acaricia.
Numa folha que balança.
Ah, eu fui tua criança.
Minha mãe conta que tu me carregavas pra todo canto.
Eu era pra ti riso e pranto.
Fui a filha que mais te preocupou.
Que teu pensamento ocupou.
Partiste me abraçando.
Estavas de minhas energias te desligando.
As físicas.
Porque espiritualmente estamos pra sempre ligados.
Pai. Nasci de um sonho teu.
Serás eternamente.
Meu pai amado.

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TUDO É INTENSO ENTRE NÓS

TUDO É INTENSO ENTRE NÓS

Eu passaria o resto de meus dias contigo.
Em cada noite eu seria pra ti a mulher mais ardente e mais doce.
Aquela que teu sonho trouxe.
Eu passaria meus dias e minhas noites nos teus braços e não me cansaria.
Como me cansar de teus beijos?
Se queimamos de desejo.
Eu passaria todas minhas vidas ao teu lado, meu amado.
Se o mundo permitisse eu seria tua em tempo integral.
Entre nós existe algo, algo muito especial.
Deixamos por conta da vida.
Deixamos por conta do tempo.
Do destino.
Por hora vivamos isto que temos.
Se é o bastante?
Fazemos imenso um instante.
E pode bastar?
Existem mistérios em tudo.
Até no amar.

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LAGOA SANTA

Aqui gostaria de viver o resto de meus dias.
Sob este céu.
Neste lugar.
Queria tanto ter alguém para amar.
Neste lugar.
Lagoa Santa.
Aqui minha alegria é tanta. Tanta.
Deito-me na água.
Flutuo.
Mergulho.
Tudo eu olho.
Penso.
Como tudo pode ser simples.
Simples mesmo.
Quando cheguei aqui a primeira vez eu pensei.
Este lugar é pra quem escolheu na vida a simplicidade.
Escolheu ser feliz de verdade.

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EM ALGUM LUGAR

EM ALGUM LUGAR

Em algum lugar deste universo lindo,
gosto de pensar,
que meu amor está sorrindo.
Nada o fere.
Seu coração não se machuca com espinhos.
Foram todos retirados.
Ele sorri sossegado.
Talvez caminhe numa praia deserta.
Talvez chute a água que o acaricia a canela.
Talvez ele esteja dizendo agora.
Como a natureza é bela!
Eu o imagino assim.
Levemente caminhando.
Talvez pensando...
Em mim.
No que representamos um para o outro no passado.
O que ele ignora é que continua sendo eternamente o meu amado.

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SOL AMIGO

SOL AMIGO

Ela corria grande perigo.
Pedia.
Me socorre, amigo.
Pedia que o astro rei logo chegasse.
Que a noite terrível acabasse.
Que o fantasma a deixasse.
Foram noites de terror.
Mas o sol lhe trouxe um outro amor.

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SUBLIME MISSÃO

SUBLIME MISSÃO

Ah! Hoje eu vi.
Numa fotografia e me desconheci.
Vestia uma bata branca.
Esperava uma criança.
É. Meu filhão ia chegar.
Deus! É magnífico o esperar.
Por qualquer coisa é um sobressaltar.
Quando ele se mexe em nosso ventre a emoção chega quase a nos matar.
Eu de bata branca estava tão sorridente.
Tão contente.
Enorme com nunca mais na vida fiquei.
E tão feliz.
A foto guardei.
E as lembranças.
Meus filhos sendo gerados.
Eles nascidos.
Sendo criados.
Quantas emoções!
Posso dizer que uma vida completa eu vivi.
Nasci, cresci e ajudei a trazer dois lindos seres humanos para viverem aqui.

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SEM TI

SEM TI

Sem ti eu me vi ferido colibri.
Sem asas.
Sem sonhos...
Sem ti eu me vi nua.
De uma brancura sem igual.
Como a cal.
Sem ti me vi mão sem dedos.
Me vi segredos.
De um céu negro.
Me vi morcego.
Sem ti morri.

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