A morte discursa sempre numa sala repleta de sombras. Requisito essencial: janelas encerradas, e paredes ‘besuntadas’ de um cinzento entristecido, quase como se tratasse de um pedido de desculpas formal aos conferencistas.
São temas esparsos que nunca abrangem a compreensão de todas as multidões. Com o pé fincado no púlpito, a oradora só sai quando a retórica se esgota.Diz que tem pressa, e receio de invasões. As salas têm, por isso, de ser estanques. Em causa estão eventuais violações protagonizadas por elementos estranhos.
Especialmente receado é o arrependimento. Figura difusa, por vezes multiforme, capaz de estragar o encadeamento de um raciocínio.Por decreto, estão proibidas todas as manifestações deste sentimento durante sessões oratórias da morte. Devem evitar-se possíveis caminhos de retorno dos conferencistas convidados para os eventos periódicos.
Dissertando no menor da morte
Data de publicação:
Quinta-feira, 20 Novembro, 2008 - 11:10
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