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Foto de Lucianeapv

DISCRIMINAÇÃO

DISCRIMINAÇÃO
(Luciane A. Vieira – 25/04/2012 – 14:01h)

Discriminação, sob qualquer forma, é terrível na vida de um ser humano!
A sociedade em si trata todos aqueles ‘diferentes’ segundo seus parcos e denegridos conceitos com tal desprezo fortuito, fazendo seres humanos com tudo para ser considerados normais passem a se sentir “peixes fora d’água” quando o assunto é “ser rico”, “ser pobre”, “ser gordo”, “ser magro”, etc.
Lembro-me, há alguns anos, quando minha irmã caçula chegou em casa chateada e triste pelo que ouviu de nossa prima (apenas 20 dias mais jovem) uma frase que mudou, de certa forma, toda sua vida. Na época elas deveriam ter, mais ou menos, 14 anos.
Um colega, vendo-as juntas, perguntou se eram gêmeas, devido ao fato de se parecerem tanto (ambas eram bem clarinhas, olhos claros – uma azuis e a outra verdes – cabelos loiros e cacheados, mesma altura etc), ao que nossa prima riu e debochou nos seguintes termos:
- “Não... Eu sou a prima rica e ela a prima pobre...” – e zombou de minha irmã.
A partir daí nunca mais as vi juntas...
Isso só veio à minha cabeça por ter sido um tipo de discriminação que achei injusto para com minha irmã, na época, e porque marcou, de certa forma, nossa vida e a maneira de vermos o mundo.
Na época em que fui criança, não era “crime” ser “gorduchinha”, nem se era, claramente, marginalizado pelos coleguinhas de escola...
Mas naqueles tempos gastávamos energia sempre...
Nossas brincadeiras não eram frente à TV, com o vídeo game, nem frente a uma fria tela de computador...
Não...
Naquela época brincávamos de pular corda, soltar pipa, procurar girinos em córregos (perto de minha casa tinha uma mina e um pequeno córrego...), amarelinha, passar anel, carimbada, bicicleta, pique de esconder, e tantas outras brincadeiras sãs, que nossos pais não precisavam ficar se preocupando em levar-nos ao médico todos os dias e nem regrar em nossa alimentação...
A vida era uma festa...
Acreditem: podíamos brincar de bicicleta nas ruas próximas de nossas casas sem ninguém para nos vigiar, pois nossos pais confiavam na obediência dos filhos que tinham e nos olhos da família, vizinhos e amigos existentes nas redondezas para cuidar discretamente de seus filhos de maneira sã.
Mas aqueles tempos acabaram...
Hoje em dia não se pode confiar mais nem mesmo nos pais que se tem... quanto mais em família, vizinhos e amigos...
Hoje em dia também não se pode confiar na qualidade da comida que se ingere, pois tudo contém conservantes, hormônios, estabilizantes, aromatizantes, e tantos “antes” mais ali adicionados fazendo a comida ter sabores melhores (embora não naturais) e fazendo nosso paladar se esquecer da simplicidade de alguns anos atrás...
Hoje em dia nem mesmo o leite é leite... Eu já me esqueci do sabor que tem o verdadeiro leite... Antes eu até cheguei a tomar leite tirado na hora, em uma caneca, de uma vaquinha, na fazenda de primos onde íamos sempre...
Hoje em dia não podemos chegar em uma fazenda e bebermos leite puro tirado diretamente do úbere de uma vaquinha... pois é considerado anti higiênico...
E com isto veio a epidemia de obesos em todo o mundo...
Sim, pois afinal não há mais segurança para nossas crianças brincarem... não há mais espaço para comidas realmente saudáveis... não há mais lugar para se viver com equilíbrio neste mundo globalizado...
Antigamente eu sabia que existiam outros países porque estudava sobre eles, mas eles eram distantes a todos... mas hoje em dia estes mesmos países estão dentro de nossas casas, atrapalhando a vida em nosso país, com suas crises mil, tentando despedaçar e fragilizar o nosso “pedacinho’ de mundo... E olha que a crise é deles e os discriminados somos nós... pois somos, ainda, considerados “selvagens” de terceiro mundo...
Em um breve resumo, somos discriminados por:
- sermos gordos ou magérrimos
- sermos tristes ou alegres
- sermos altos ou baixos
- sermos feios (os belos nunca são discriminados...)
- sermos pobres (ricos nunca o são... hehehe...)
- sermos muito fortes ou muito frágeis
- sermos emocionais ou rígidos
- sermos brancos ou negros ou amarelos ou pardos... etc...
Enfim: tudo leva à discriminação do ser humano... bastando, para isto, que este ser seja vivo e tenha sentimentos...
Poderemos, em alguma época futura, sermos apenas humanos???

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

OUVIDOS DE MERCADOR

OUVIDOS DE MERCADOR
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Ninguem jamais deve lhe dizer quem voce deve amar
Ou com que voce vai dividir o resto de sua vida
Nao importa os argumentos que venham lhe mostrar
Voce deve tomar sua decisao preferida
De acordo com o que seu coracao sentir e aprovar
Como o caminho de ser feliz na sua vida

Temos o direito de questionar
Temos o direito de argumentar
E haverao os que nao concordarao nem um pouco
Mas quando voce tiver problemas
Ninguem vira abrir as suas algemas
Ou tirar a corda de seu pescoco

Algums lhe chamarao nomes feios
Nem sempre bons de se ouvir
Alguns lhe falarao dos receios
Do que possa ser o seu fim
Mas o que os seus parentes ou amigos alheios
Tem que ver com o que voce estar a sentir

Que cada um guarde sua opiniao
Que cada um resfreie seu nariz
No assunto do coracao
No assunto de ser feliz
So vale a sua decisao
E o que o seu coracao diz

Portanto ame quem voce desejar
Nao importa com o que cada um pensa
Pois se este e o preco que voce tem que pagar
Se esta e a sua recompensa
Deixem falar
Absorva cada ofensa
Faca ouvidos de mercador
E faca do seu amor
A sua duradoura crenca
© 2011 Islo Nantes Music

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Orfanato

- O Orfanato

No orfanato
Toda linhagem de enjeitado
Toma a forma de legião

Todo o povo da região
Passa-nos com o ego apontado
Acusando nossa rejeição

E a sombra que aqui relato
Desnuda a treva em ebulição
Sonho irrealizado

Presente desembrulhado
Futuro em suspensão
A humilhação em seu recato
Frio, destrato

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O Sol é falso, losango angular.

Umas poucas crianças cantam.

Outras tantas crianças gritam.

A volta da escola é lenta e singular,
Pois não há ninguém há esperar.

O vento espalhar seu vento, e a folhagem.

Uma nuvem nos faz pajem.

Nosso ritmo é policial e folhetinesco.

Reside o medo do grotesco.

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Os moleques do orfanato são feios e não têm receio em admiti-lo, já que no verso de sua condição morava o adverso, o ridículo dos corações partidos, a brevidade de sua relevância.

Um deles riu-se automaticamente:
- Somos completos desgraçados!

Esta frase correu sem gírias ou incorreções.

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Os moleques
Sabendo serem desgarrados
Destravavam seus breques
Em serem desencontrados

Faltava-lhes o saber da identidade
Descobri-se em um passado plausível
Ver-se na evolução da mocidade
Em um lar compreensível

Mas não lhes foi dada explicação
Nem sentido da clemência
Nem pedido, nem razão
Para sua permanência

Viviam por viver
Por invencionice
Viviam por nascer
Sem que alguém os permitisse

Abandonados
No porão de um orfanato
Sendo assim desfigurados
No humano e seu retrato

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Os moleques eram órfãos
E eu estava no meio deles sem me envergonhar!
Minha vida é curta
Dura, diante dos comerciais contrários!
Meu cárcere é espesso, grosseiro, não derrete nem sob mil graus!
Subo mil degraus e não encontro o final da escada
E a realidade é tão séria como o circo ao incêndio dos palhaços,
Pois nem meu hip-hop consola mais a sombra da minha insignificância
E nem toda a ostentação suporta o peso da veracidade

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O mundo me usa
Ao agrado parnasiano
E me recusa
O verso camoniano
Não tenho honra nem musa
Não tenho templo nem plano
A vida é pouca e Severina
Louca e madrasta carnificina

Solidão
No meu retiro na multidão

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Somos uma falange
Outrora negada pelo sistema
Zunido como abelhas de um enxame
Invadindo os isolamentos propositais;
Nação sem cara
Homericamente mostrando seu rosto
Olhando a palidez da polidez
Sendo enfim mortos de fome.

Sendo enfim cheios de vida!
O braço que nos impede a pedir banha-nos com seu sangue;
Nós somos encharcados
Havendo assim a benção que ignoraram em prestar
A afirmativa de um futuro inevitável;
Matamos e nutrimos
O pavor que nos atira para a vida;
Somos assim não só uma falange como uma visão intransponível.

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Em esperar ter condições
Só restaria estacionar
Ao choro das lamentações

E logo quando o meu lugar
For definido às lotações
Na margem sem quem se importar

Ou mantenho insurreições
Ou vou me colocar
Abaixo das aspirações

Se calar minhas intenções
Alguém vai me sacanear
E se buscar santas missões
Cair no desenganar

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Estamos descontrolados!

- Foi ele, tia, eu vi!
- Não, eu não fiz nada!

- Cala a boca molecada!
Ou vai entrar na porrada
Cambada de desajustados!

Nem suas mães os quiseram
Desde o dia que vieram
E ainda bem que não nasci
No mesmo mal em que estiveram

Enquanto existir distração
Restrito será seu contato:
Problemas não chamam a atenção
Ao veio da escuridão
Silêncio do assassinato

Eu me calo e penso então
Em como o mundo é ingrato
Por sobras ajoelhadas
Firmo-me em concubinato
Em estruturas niveladas
Para minha exploração

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A noite chega aos esquecidos
E com ela sonhos contidos
De um sono forçado

Sinto-me encarcerado
No meu instinto debelado
Pelo pânico dos inibidos

E os olhares entristecidos
Cerram-se em luto fechado
Da morte sem celibato

Estamos envelhecidos
Tão jovens e tão cansados
Estamos aprisionados
Na cela de um orfanato

Foto de Peter

Eis o nosso mundo...

Está tudo bem , está tudo bem
Já foi preso alguém
E o rapaz mau
Está na prisão!

Tudo mal, está tudo mal
Ainda não foi preso o “tal”
O rapaz bom
Jaz no caixão…

Está na hora
Chega de estar a “nora”
Quanta injustiça
No meio desta preguiça

Fechamos os olhos
Enquanto inocentes morrem
Injustiças aos molhos!
Enquanto vemos “tv” eles que torrem…

Guerras sem sentido
Num mundo perdido
Crianças choram
E as mães implorar
STOP; STOP!

Mas os “senhores”
É que têm os louvores
Os cofres estão cheios
E os valores feios…

E nos…como paralisados
Em nossos lares penhorados
Por todo o sangue derramado
Que um dia foi amado
Assistimos de plateia
Por uma justiça que anseia

Até quando esta inércia?

Pedro Gomes

Foto de Caio Eduardo de Lima

Teu Olhar

Um dia gostaria de explicar
o que sinto quando com voce
não posso estar
Um dia espero entender
se o que sinto
é mais que vontade de a ter

Mas hoje sei que, não é presiso mais sonhar
cada momento a seu lado me faz delirar
e inclusive pensar..
Como não se apaixonar ao admirar
a luz que emana de teu olhar

Na mais escura noite
no mais sujo dos asfaltos
meu onibus passa nos caminhos mais feios
e eu... encantado viajando em sonhos altos
sem parar de rir, sem parar de desejar
que meu amanhã não teria o brilho da manhã
se nesta manhã eu não contemplar...
e sentir, tocar e estar diante
da magia que é teu olhar!

No onibus ou no meu skate eu toco
sinto e vejo meus medos anseios e receios
mas é so lembrar de ti que retorno a meu foco
o que eu seria sem voce sei que não posso entender
e se com voce não puder ficar
jamais iria poder explicar
para voce garota... dona "daquele olhar"

Foto de Jessik Vlinder

MAIS UMA NOITE SEM VOCÊ

Hoje a noite, mais uma vez, vou me tocar pensando em você...

Sentirei tua respiração quente próxima a minha nuca
Tuas mãos passeando por baixo de minhas poucas vestes
Procurando curvas íntimas em recantos escondidos

Sentirei tua boca molhada invadindo meus lábios
Descendo pelo meu corpo, deixando um rastro úmido de desejo
Lambendo meus seios e mordendo meus mamilos
Deixando-os eriçados de prazer(parece que foram moldados para tua boca!)

Ainda declinando em meu corpo, passas pela minha barriga quase ser perceber
Pois teu foco está embaixo, onde meus olhos não podem enxergar
Passas tua língua ardente no botão que me desperta gemidos loucos
Inunda tudo em volta com tua saliva, parece estar beijando minha boca
Percorre cada parte, cada dobra, cada sobra de meu sexo
Originando nessa coreografia uma mistura de sabores
Não sei mais o que é meu gozo nem o que é tua saliva

Sentirei teu membro duro tentando me perfurar por cima dos lençóis
Forçando-me contra a cama, não exitando em se exibir com tal volume
E por fim, quando eu cedo aos meus desejos
De ter o máximo de ti enterrado sobre mim
De sentir tua penetração findando minhas orgias
E instituindo novas levianas sacanagens
Me depravo contigo sobre minha cama macia
Pronunciando nomes feios e versos inacabados
Deleitando-nos do nosso sexo, em nossos orgasmos
Me despeço fechando os olhos e dormindo molhada!

Jessik Vlinder

Foto de Paulo Gondim

O vento da serra

O vento da serra
Paulo Gondim
07/05/2000

O vento sopra bem leve
Trazendo a brisa fresca da serra
Sozinho, rumo incerto, deserto
Lá vou eu, errante nesta terra

No sertão é assim
No duro fio que interrompe o passo
Do caminhar lento, do olhar perdido
De pouca esperança em descompasso

E vejo homens da terra
Bravos, corajosos, grandes guerreiros
Numa luta desigual, quase impossível
Porque aqui são sempre derradeiros

Mesmo assim, sopra o vento
Embalando o pouco sonho sertanejo
Um sonho bom, sonho de vida, de paz
Como miragem, que ao longe sempre vejo

No sertão a esperança foge
Na sobrevida cruel, fria e desumana
O homem é forte mas já se faz descrer
Na mudança desta sina tão tirana

E o vento da serra ainda sopra
Desta vez mais quente, nas savanas
Já não há mais homens fortes, lá se vão
Tristonhos, feios, fugindo em caravanas.

Foto de Civana

Não ao Plágio! (apenas uma prosa)

Plagiar é algo tão repulsivo, não se trata somente de falta de inspiração, falta de criatividade, e falta de dom, é acima de tudo falta de caráter!

Pessoas que agem dessa forma não roubam somente idéias, roubam os sentimentos de outras pessoas, que talvez tenham levado minutos, ou até mesmo meses, ou mais para compor. Aquelas linhas não são um amontoado de palavras expostas para se exibir, ou satisfazer o ego, são muitas vezes lágrimas, sorrisos, mágoas, tesão, e muitos outros sentimentos derramados pelo poeta em forma de letras.

Nossos escritos são como filhos únicos e especiais que colocamos no mundo, aos quais nos dedicamos, zelamos e amamos incondicionalmente, sejam eles lindos, feios, grandes, ou pequenos. Não importa o conteúdo, o que importa é que é nosso, nasceu de nossas mentes, corações, e mãos. Não venham pegar meu filho e colocar uma tarja, ou dizer que é seu, ou de outra pessoa, pois de alguma forma terei como provar.

Registrem seus escritos, assim como é natural registrar seus filhos!

(Civana)

OBS: Assinalei todos os sentimentos na prosa, porque são exatamente todos os nossos sentimentos que são roubados, quando cometem plágio.

Foto de Sentimento sublime

Seja Um Sábio! Osvania_souza

Seja Um Sábio!

O mais rico e sábio dos homens,
É aquele que deixa de herança,
Para a humanidade,
A paz, o amor ao próximo.
E a igualdade social
Aquele que não é egoísta;
E que sabe dividir e multiplica-las
Quantas vezes forem necessárias
Não fraqueje no primeiro obstáculo,
Já pensou que ele poderá ser o último?
E então...
Você veio, viu,
E não irá vencer?
Difícil, é não ter onde trabalhar,
Não ter o que comer,
Não ter onde morar,
Não ter com quem contar,
Mais, difícil mesmo,
É você não ser você mesmo.
Nós somos como os dias,
Uns bonitos outros feios,
Uns bons, outros ruins,
Mas que sempre morrem no final.
Nunca desista de um ideal,
Sabe por quê?
Ele poderá vir a ser
Uma verdadeira realidade,
E desistindo, você perderá,
A oportunidade de vencer.
Osvania_souza

Foto de pttuii

O velho dos sete cães

Menor manifestação da razão humana, vezes maior fenómeno da bestialidade religiosa, igual a saída da missa das sete na Igreja do Barrio de Las Hermanas, em Tegucigalpa, Honduras. Mais ou menos mil pessoas, todas residentes na isla de la paloma, bem no centro da capital, convergem diariamente, à mesma hora, para aquele local.Maridos e mulheres. Apêndices entre os 2 e os 10 anos pela mão de cada um destes casais. Dezenas de apêndices. Velhos mal vestidos, enrugados, e de bengala. E exactamente sete cães. Pertencem todos ao mesmo dono. O general Juan Freischel. Dizem que o velho é nazi. Perdão, foi nazi. Porque ai de quem lhe recorde que ele nasceu na Alemanha, no ano de 1922, e que com 16 anos andava a aplaudir um austríaco frustrado no campo zepellin de nuremberga. O senhor nega.
Diz que é mentira. Ele é apenas filho de alemães que, por "necessidades inalienáveis", tiveram de viajar até às Honduras. Nasceu filho único, chegou a um novo mundo como filho único, e fez-se à vida como filho único. Bem, isso é o que dizem as pessoas. Porque ninguém sabe muito sobre o senhor. Apenas que ele gosta de cães. E faz questão de mostrar isso. Os bichos são é dificil de definir. Feios, baixotes, gordos, patas minusculas. Para andar da porta de casa, ao jardim onde o 'señor' os leva a passear, chegam a demorar uma hora. E quando pára um, param todos ao mesmo tempo. O velho deixa um rasto de merda atrás dele. E depois, já ganhou os hábitos dos hondurenhos.
Apanhar aquela mistela, é que tá quieto. As pessoas dizem mal dele, mas depois acabam por fazer o mesmo. Toda a gente já se habituou a ver aquilo. Há até quem fale que o Luis Sepulveda, o chileno renegado que vendeu a alma aos gringos europeus, costuma vir duas vezes por ano a Tegucigalpa só para ver o velho Freischel. O próximo livro pode ser sobre ele. Mas ninguém tem certezas. A história de vida do velho dava um bom livro. Disso ninguém tem dúvidas. É bom é que quem a queira escrever se apresse. O homem anda com uma icterícia esquisita. Qualquer dia fica-se....

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