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Foi uma morte violenta,
Desaparecido a vários dias.
A chamada para reconhecimento
Acabou, em parte, a agonia.
Anos e anos, rios de lágrimas verteram
Em meio a Ave-Marias desfiadas
Em rosários, para aquele filho
Que viveu uma vida complicada.
E um dia, num claro sonho ele veio,
Agradeceu por cuidarem do filho.
Disse que, há mais de quinze anos,
Perambulava noutro mundo sem destino.
Mas agora estava cansado, muito cansado.
Antes que pedisse para ser, por anjos, levado,
Pediu que agradecesse àquela mãe
Pelos quinze anos de oração a ele dedicados.
“- Eu sei que ela me ama de verdade,
Não houve um dia que por mim não orasse.
Confiei nos amigos, mais do que na família,
Perdoem-me pelo sofrimento que causei em vida.
Eu gostaria de dar a ela um buquê de rosas,
Rosas de cor champagne, bem bonitas,
Muito enfeitadas, como ela merece,
Para alegrar-lhe um pouquinho a vida.”
E se foi, por Anjos de Branco levado,
Para o descanso que tanto queria,
E nos deixou muito emocionados
Por reconhecer que a vida ainda existia.
Comprei o buquê de rosas, em segredo.
No almoço do Dia das Mães, com a família,
Relatei o sonho claro que tivera
E vi, naqueles olhos, lágrimas de alegria.
E a oração do rosário continua,
Para o marido, para os filhos e o genro.
A fé que tem na Virgem Maria
É muito maior do que o próprio pensamento.
Marilene Anacleto