Na beira do rio, Alaor, um pescador violeiro,
Dedilha a sua viola, depois que última enchente
Levou quase tudo embora.
Pegou só viola e roupas, documentos na sacola,
E a redinha de pesca correu pelo rio afora.
Sem saber como iniciar, tristonho chega de volta.
Traz nos braços a viola, a filha e a mulher, que adora.
E canta a agradecer a vida diante do rio de tristeza.
Só barro, lenha, e entulho, nada para colocar na mesa.
Aqui na beira do mar, dedilha outra viola, Nicanor,
A maré trouxe-lhe madeira, casa para abrigar seu amor.
Vieram até uns bambus para o abrigo do barco,
Instrumento de trabalho, neste rincão abandonado.
E põe-se a agradecer àquele que era, de tudo, o dono.
Pede saúde e fortuna, e que não fique no abandono.
Quem sabe um dia, Alaor, encontre Seu Nicanor,
Dedilhem suas violas, cheios de gratidão e calor,
E pode até se tornar um violeiro pescador.
E, às duas famílias amadas, levar pouco mais de conforto.
E Deus assim os abençoe, pela esperança e pela fé,
Com as mulheres queridas, Lourdes Maria e Ester.