Blog de Marilene Anacleto

Minha cachorra se foi.
Chegou ela, ao meu portão,
Com uma filhote na boca.
Comida boa, ração,
Uma casa com telhado,
Passeios manhã e tarde.

Choro, lamento, saudade.

Lá fora mataram o moço,
Um menino para criar.
O pai trabalhador chamou-o
Para com ele trabalhar.

Mais que eu, esse pai e essa mãe
Não conseguem dormir, por certo,
A pensar que ódio tamanho
Tirou-lhes o filho de perto.

Seja o que for lá fora,
É sempre o filho querido,
Nem mãe, nem pai geram filho
Para tornar-se bandido.

A minha cadela preta
E o mocinho sofredor
Foram-se cedo na vida
Mas, com certeza sentiram
Momentos de muita ternura
E doces abraços de amor.

Nem enfeites, nem cortinas,
Incenso ou pé de flor.
Em qualquer lugar que for
A lua traz a poesia
De que é feito nosso amor.

A mãe dele partiu
Flores de lágrimas
Emprestaram-lhe
A aura iluminada

Carinho eterno
Do último abraço
Prevê doloroso inverno
Que agora começa.

Deixei de ser a mulher.
Nada de desenhos loucos no ar
Nem corpos em caos e calmaria.
Feito mãe, pude apenas abraçar.

Muitos beijos, carinho materno.
Comida em meio a prantos.
Folia de carnaval, nada terno.
Silêncio da natureza distante.

Abraços, colo, afeto.
A mulher é tudo nesta hora:
Amiga, mãe, irmã, terapeuta
A acolher o amado e sua alma,

No triste momento
Em que seu maior amor,
Com tristeza, certamente,
Despediu-se e foi embora.

Namorados versejam passos
Neste novo amanhecer,
Entre beijos e abraços.

Pés beijados pelo mar,
Mãos dadas a dançar
Abençoa, o céu em brasa.

Sorrisos desvendam amor
Que a vida agora acolhe,
De um carnaval que passa.

Canção do mar
Sussurro no ouvido
Canção do amado
Após visita aos queridos

Conforto do lar
Bênção divina
Braços do amado
Sorriso que ilumina

Canção de amar
Chegada de mimos
Céu colorido

Chuva em pingos
Arco-íris em brilho
Alegram meus dias.

Amamos, coração, corpo e alma,
Na fluidez da música sertaneja.
Não a que é feita para vender,
Nem a que rima com cerveja.

Loucas imagens flutuam no ar
Ao som de música sertaneja:
As que dançam nos cafezais
E trazem emoção benfazeja.

E contamos estrelas na noite,
E namoramos nas tardes de sol,
E amamos em meio às flores,

Histórias que as músicas contam
Em serenos tons de emoção,
De amor, de cores, de sons.

Pés descalços, da terra
Recebem bolhas de amor.
Com elas, sabedoria
Para um mundo melhor.

Nuvens formam as asas
De leves anjos a criar
Novo e maravilhoso dia
Para o homem amar mais.

Caminhamos de mãos dadas,
A contemplar a paisagem
Amor divino e amoroso
Que abençoa o nosso amor
Para outro dia iniciar.

Passos curtos, cheiro de mar,
Água a massagear tornozelos,
Gaivotas de volta ao mar.
Presente para a vida inteira.

Assim termina meu dia.

Seis da manhã.
Pedreiro, mais cimento, faltou cal.
Corta parede, pede janela... e a caixaria?
Ai... que cansaço!

Um cafezinho pra ele.
Como fazer a porta?
Abre para a direita?
Tem de ser ‘chumbada’.

O lado bom é que tudo está andando...
Está criando vida.
Torna a caminhada do fim do dia
Um pouco mais descontraída.

E a água a rolar no pescoço:
Um remédio, uma terapia,
Banho que retira a fadiga
E traz de volta a alegria.

Melhor ainda o ombro amigo,
O bom café, a ceia, o abraço,
Dois corpos num grande caos,
Calmaria após o cansaço.

Desculpem não escrever mais.
Vou tentar, estou tentando.

Abraços de muita luz.

Cheiro de terra, cheiro de mato,
Cheiro de grama, cheiro de pasto,
Cheiro de cascata, cheiro de regato.

Cheiro de santidade, cheiro de maldade,
Cheiro de flores, agradáveis odores
Pedra molhada, terra lavada,
Feliz borboleta na rocha seca.

Cheiro de Jair, cheiro de Nair,
Cheiro de Adair, cheiro de jasmim.
Cheiro de rosa, pessoa ou flor,
Amar o cheiro, prova de amor.

Não há dinheiro que a alma engane
Ou troque pelo cheiro de alguém que se ama.

No universo de cheiros, muitos olores,
Da flor da juventude à calma do regato.
Do jasmim, a doçura, do amor à loucura,
O cheiro mais doce é o som do abraço
Encontrado sem querer no teu regaço.

Concha na qual me apoio
Levemente, contente, dormente,
O colo de brilho infindo
Que sempre faz sentir-me gente.