Nada me inspira.
O cansaço, meu sono tira.
Ao lado da cama, livros em pilha.
Procuro encontrar minha poesia.
Ainda faço os passeios da manhã
Quando aparecem nuvens de algodão,
Cedo, ou logo que se veja a chuva
A formar espelhos pelo chão.
E, à tarde, assim que o pedreiro sai,
Caminho a arrastar os pés.
Os fios se enchem de andorinhas,
Gaivotas cantam a volta ao ninho.
Um banho, um café, uma novela,
Eu me amontoo e qualquer cantinho.
Declaração de amor, conversa de paz.
Ele chega, mais um café.
Acompanho-o com muito amor.
O cansaço não me deixa de pé.
Levanto, vou escrever. Nada me inspira.
Ainda bem que ele não se irrita.
Vou dormir. O cansaço, meu sono tira.
Leio umas páginas dos livros da pilha.
Nada. Procuro encontrar de novo minha poesia.