As unhas cravadas em desespero,
Formando na cara longas margas,
O sangue a correr às golfadas,
Formando um lago onde espero.
Vou aos poucos perscrutando o horizonte,
Tentando em vão evitar o sofrer,
Mas vejo-te lá longe a perder,
Perco-te assim e à tua imensa fonte.
Como oferecermo-nos ao amor pode ser cruel,
De lá tudo na vida pode surgir,
Eu só mais uma coisa tenho que te pedir,
Não me sirvas nunca mais do teu fel.
Sinto um aperto no mais fundo do peito,
Uma dor que se torna irreal no coração,
Porque será que um dia a infeliz paixão,
Me considerou um dia o seu novo eleito.
Às vezes o que eu mais quero,
É que no limite da minha vida,
Não sentir tantas vezes a descida,
Ou então morrer contra um serro.
A vida sempre foi efémera e dura,
E malfadada para quem a viveu,
A esperança lá no fundo já morreu,
Num poço fundo e escuro de amargura.
Por isso só vale a pena andar sozinho,
Para pelo mundo feliz conseguir passar,
Não andar pelo imenso e longo mundo a penar,
Até finalmente chegar ao fim do seu caminho.
Mais vale neste mundo morrer,
Para este sofrimento conseguir calar,
E assim para a eternidade nos libertar,
De uma longa e espinhosa vida de sofrer.