O AMOR QUE ACABA
O amor que acaba
produz vazio,
cratera de canhão.
Urgem sertralinas
na fuga de endorfinas
remédios para o coração.
O amor que acaba
amor não era
que amor fica
amor resta
presta atenção no amor
pronto para qualquer dor.
O amor que acaba
era amor que não amava
que amor não esquece
Se o amor desaparece
se ausenta do duplo
permanece vivo nos unos
que amam em separado
guardando cada um
um amor isolado
que nunca esquece o amado
Que seu fim seja torvelinho:
do amor que é amor fica o carinho.
O amor que não acaba
é o amor que suporta
que se esconde atrás da porta
dá sustos nas noites ardentes
que brinca de paciência
nos dias de ausência
O amor que acaba
deixa apenas solidão
Rasga a carne
enfia as unhas em desespero
puxa entranhas
para matar o desejo
Quando o amor acaba,
sei bem, urgem sertralinas
que o amor, minha cara
é pura química
que a gente não entende
a ciência não explica.
Quando o amor termina
ficam os vazios repletos
as noites no deserto
nebulosas no universo
que astrônomos não atingem
a poesia não define.
Quando acaba
silencio na sala
frio no quarto
dores do parto
perda da cria
vida vazia