Fuga

Foto de Rosamares da Maia

RESSACA

Ressaca
A curva forte e sinuosa do vento
Saudava a saudade no meu corpo.
A força queria faze-me flutuar,
Mas sem qualquer legitimidade.

Quebrou o pudor das minhas saias,
Devassando a minha intimidade.
Nada mais tinha eu para esconder.
Nada havia para perder ou temer.

Mas em fuga corri, busquei abrigo,
Entre as paredes do sétimo andar.
Pelas janelas altas e esvoaçantes,
Divisei a silhueta do vento, o perigo.

Pude ver a vela que teimava no mar,
Presenciei sua força, o tolo destemor,
Levantaram-se ondas em espuma e sal.
Cova cavada na areia da praia.

Beleza destroçada pela tempestade.
Que sepultou a doce e frágil nau,
Junto com os despojos do meu amor.
Que se deitou na areia, só para morrer.

Rosamares da Maia 21/07/2020

Foto de Rosamares da Maia

Soneto da Minha Mágoa

Soneto da Minha Mágoa

Fugiu no meio da noite, na madrugada,
Partiu como reles ladrão.
O que roubou é patrimônio imaterial,
Nem por isto de riqueza inferior.

Talvez seja impossível medir o valor.
Deixou a casa deserta, paredes insipidas,
Meu coração devastado de mágoa e solidão

Partiu no meio da noite e eu o vi em fuga.
Chorei a dor, rasguei minhas entranhas.
O tempo como sempre cicatrizou as feridas.

Agora se degradam as paredes vazias.
Desapegam-se dos seus significados.
Minha alma chora quando encontra tempo.
No meu amor como nas paredes há buracos.

Rosamares da Maia
Março -2013

Foto de Jardim

algo se quebrou no universo

algo se quebrou no universo e sombras emergem da carcaça do mundo com a incessante enunciação de um espaço vazio. eterna e triste é a noite, esse território onde me vejo apátrida, refugiado, imigrante, deslocado. sob o signo do improvável minhas fronteiras são traços arbitrários criados por tua partida, limitados pela imprecisão daquilo que me resta por viver. compulsoriamente recebi de ti outro itinerário, outra viagem, outra existência, que perpassam a simetria da ambiência que foi tua. estranhamente tu permaneces, acima do tempo-espaço, tuas antigas mensagens suturadas ao mutismo da minha boca. como se tivesses abolido os calendários e os relógios, como se o que vivemos não possuísse mais existência concreta, ambos metamorfoseados em seres abstratos. na fuga ininterrupta deste pesado cenário em dissolução, a contínua convulsão enquanto percorro distâncias intermináveis sem outro objetivo definido a não ser a sobrevivência. sem mapas ou direção, sem me comover, acompanho surdamente a paisagem. procura e perda, presença e ausência: estranheza ao lembrar a textura de tua pele, os teus argumentos e os meus enganos. resta esquecer teus contornos, esquecer ferida e cicatriz. esquecer os lugares que compartilhamos. esquecer teu instinto, o espaço que ocupavas, teu toque. esquecer cada vértice de sentido em nossas histórias e me atirar à desordem das procuras e dos encontros possíveis.

Poema do livro Crônicas do Amor Impossível
a venda em http://sergioprof.wordpress.com
Contato:
blog: http://sergioprof.wordpress.com/
facebook: https://www.facebook.com/jardimpoeta
https://www.facebook.com/poetajardim
twitter: http://twitter.com/SERGI0_ALMEIDA
linkedin: https://www.linkedin.com/in/poeta-jardim-a7b0222b
google +: https://plus.google.com/+sergioalmeidaJardim
skoob: http://www.skoob.com.br/autor/7181-jardim

Foto de Arnault L. D.

Música ( Por onde a canção caminha )

Ainda bem que tenho você,
ou a noite seria mais escura
e emergir no breu total
é o mesmo que não existir.
Coisa alguma se vê,
ninguém enxerga a nossa figura,
não há cor, distância, nada afinal.
Se confunde mesmo o existir...

Mas, pequena estrela dalgum lugar,
me dá norte, um cerne, visão,
ponto de fuga, perspectiva
para imaginar uma linha...
Uma alusão para aonde navegar;
e não dissolvo em dispersão.
Por um sinal nesta deriva,
por onde a canção caminha...

Foto de Fernanda Queiroz

Vim dizer que te amo

Na penumbra de teu quarto
Teu corpo estendido na cama
Desarmado e indefeso
Jaz entre os lençóis amarrotados
De semblante inalterado
Teu rosto amado
Um pouco nublado
Da sombra azulada
Da barba por fazer
De olhos fechado
De riso calado
Teu perfume no ar
Um eterno inebriar
Teus cabelos se espalham
Em contraste ao branco suporte
Que ampara pensamentos
Adormecidos
Ou sonhos vividos
Entregue
Suave
Estás tão perto
Posso estender minhas mãos
E acariciar tua mente
Mais que de repente
Contornar a tua face
Tornear os lábios teus
Afagar os teus cabelos
Percorrer com os dedos meus
Fazer viver a esperança
Que perpetua na lembrança
De teu rosto e o meu
Sussurrar em teu ouvido
Sem dor ou sem gemido
Frases que ocultei
Dizer que me libertei
Das algemas do passado
Que quero viver a teu lado
Que para sempre serei
Mais verdade que sonho
Mais refugio que fuga
Mais abrigo que adeus
Dizer que te amo mil vezes
Olhar nos olhos teus
Mas você está dormindo
Ou é mais um sonho meu?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Paulo Gondim

Vazio

VAZIO
Paulo Gondim
08/12/2014

Acho que me acostumei com você
A gente sempre se encontrava no mesmo horário
Isso, quando você resolvia aparecer
Mas aparecia, não se fazia nada ao contrário

Um dia, dizia que me amava, e até jurava
Outro, me enchia de dúvidas e até me acusava
Como sempre, de nada que tivesse feito
Sempre foi assim esse seu jeito

Mas como tudo que se acostuma esfria
Você foi se tornando distante, fugidia
E, quando percebi, nem mais aparecia
Se escondia na noite, nem vinha com o dia

E foi aí que também me acostumei com sua fuga
Como a idade nos faz acostumar com cada ruga
Somos agora, do que fomos, meros fantasmas
No vazio frio que atormenta nossas almas.

Foto de Poeta Apaixonado

Fernanda #feelthismoment

Pra cada pedra que tens a atirar
Existe um beijo e um abraço à te confortar
Pra cada grito que soar
Tenho um poema a citar
Pra sua dor
Meu amor
Pra suas lágrimas
Meus lábios
Pra sua fuga
Minha ajuda
Enfim!
Juntemos as pedras e os cacos
E reconstruiremos nossos laços!

#feelthismoment

Foto de Paulo Gondim

Fuga

FUGA
Paulo Gondim
14/07/2013

O meu eu se desencontra sempre
Por caminhos a procura do teu
Por vias e rotas paralelas
Assim é meu eu, um barco
À deriva, sem velas

E nossos “eus”- o meu e o teu
Se desconhecem, fingem distância
Não se dão a verdadeira importância
Meu eu se faz amnésico
O teu se faz estratégico
Para fugir do meu

E por que fugir do que não é real
Se a incerteza do bem supera a do mal
Nossa fuga é comum
Apenas por vias de mão única
Saem de pontos isolados
Para outros, também, desencontrados

Foto de Joice Lagos

Amor

Meu amor...

Um dia me encontrei sentada à beira mar, meus olhos perdidos no horizonte, meu coração pulsava como as ondas do mar.

Naquele instante meu coração ansiava pelo amor, não o carnal, mas aquele que vai além de dois corpos unidos, aquele que nada absorve do ser amado, mas a ele acrescenta.

Mas apesar do desejo de ser amada, o medo me fazia companhia...
...Medo de jamais encontrar este sentimento, de nunca poder senti-lo.
Incrédula vagava pelo mundo, com o coração em chamas, sem poder viver o amor contido em meu coração.

Quando te vi pela primeira vez foi como se todos os meus anseios cegos, tivessem chegado ao fim, desejei como nunca estar ao seu lado e deixar crescer aquele sentimento que começava a tomar conta de mim.
Mas o medo mais uma vez me fez covarde, fugi como um gato acuado, não me dando conta de não havia lugar onde me escondesse.

Foram longos os conflitos no meu coração, dias se arrastaram até que dentro de mim se travasse uma batalha, em intervalos de trégua, você surgia na escuridão de meu ser, e trazia com a sua imagem momentos de grande alegria e desejo.

Até que um dia o medo foi abandonado a guerra, permitindo que amor tomasse conta de mim, meus olhos viam tua imagem e meu coração mandava-me a mensagem de nunca deixá-lo.

Era um presente do destino, não havia fuga, não havia escapatória, estava feito, foi então que permite sua presença em minha vida, e conheci a verdadeira felicidade.

Hoje se me sentasse à beira do mar, meus olhos perdidos no horizonte, só encontrariam o teu porto seguro, onde me abrigo pra fugir da maré.

Amo-te muito...

Foto de Delusa

A fuga da vida

Ando por aí a cantar,
À procura de ti...
Talvez a gritar:
Pura vida!
E pergunto a toda a gente,
Com ar de quem sente:
Viram passar por aí,
Essa perdida?
Sim, passou ali,
Feita menina,
Muito bonita,
De aspecto aflita,
A correr...
Muito esquisita.

E, eu
Continuo atrás dela,
Corro desiquilibrada,
Numa macabra ruela,
A cantar e a gritar,
Perguntando a toda a gente,
Por ela:
Viram-na passar?
Sim,
Passou há pouco tempo,
Ia tocada p'lo vento,
Muito florida,
A correr e a cantar,
Sem a nada olhar,
Fugindo a todos.

E, eu
Sem a poder alcançar,
Continuei a minha corrida,
Seguindo atrás dela,
Pelo caminho da fuga,
Tocada pelo vendaval,
Atrás daquela esquecida,
Triste e sozinha,
Onde ninguém me viu...
Fui pelo caminho,
Que ela seguiu,
E no final parei,
Mas só acordei,
Quando vi o fim,
Em frente a mim,
Uma supultura...
E uma cruz de pedra dura!
Onde pára o destino,
E acaba a tortura.

Depois de tanto correr,
Fez-me compreender,
Que todo o caminho ,
Termina assim,
Numa cruz,
De pedra dura,
A testemunhar,
O fim de alguém,
Que ali repousa.

Onde eu também,
A soluçar caí,
E fiquei ali...
Sem me poder levantar,
Junto da sepultura,
Sobre uma cruz,
De pedra dura...
A olhar para mim,
Que sem dar por isso,
Cheguei ao fim...

Delusa

Páginas

Subscrever Fuga

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma