Blog de Henrique Fernandes
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Teus olhos caem em mim
Como chuva purificadora
Bela flor do meu jardim
Com teu aroma de sedutora
Teu sorrir é sol que aquece
Teus lábios são semente
Que me enlouquece
O desejo de ser teu amante
Desmaio na tua voz
Tão serena com doçura
Rodopia o Cupido em nós
Em ritmo de ternura
Sou o meu tesouro
Sem mistura de sucesso
Mais valioso que todo o ouro
Neste amor que te confesso
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Sentado na montanha olho em frente e avisto o céu azul
Por onde imagino caminhos com suaves passos
Por onde nada me lembra e nada me esquece
Uma nuvem aproxima-se e nela pouso meus olhos e descanso
Do cansaço da caminhada até então que não foi em vão
Aprendi a diferença entre o desejo e o sonho
Desejo o que posso alcançar e sonho com o que posso desejar
Acordei para a realidade da vida e sou o principal responsável
Pela minha felicidade, e sinto o peso dessa responsabilidade
Ainda que precise de empurrões não desisto, há sempre um empurrão
Sentado na montanha olho por entre os vales e penso, como é complicada a vida
Tal como neste horizonte de altos e baixos sou como um rio
Sempre a descer por açudes calmos
Por desfiladeiros e em cascata dou quedas a pique e choco na foz ao mar
Onde me dissolvo numa dança erótica com as ondas
Ondulando meu corpo e espalhando-me na praia do prazer
Na praia sentado olho o horizonte ao pôr-do-sol e penso
Depois daquela linha ali perto tão longe
Está a minha alma e a minha metade com ela
Paro, fecho os olhos e sinto o resto de mim a saborear as ondas
Ao encontro de quem me encontrou e parto em perseguição ao sol.
Embarco meu corpo para uma viagem aos confins do universo
Onde cada toque é um verso e cada olhar uma prosa
Vadias, as minhas mãos vagueiam nos contornos na poesia
Absorvendo-a tão macia.
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Preparado para o romance
Teu olhar é o meu jardim
Toma minha mão e sente
Podes confiar em mim
Sente o silêncio que fala
Na verdade de te amar
Um beijo em mim não se cala
Nos meus lábios para te dar
Momentos tão cheios de vida
Ao sabor do teu sorrir
Exponho a paz escondida
De um nós por existir
Lê no meu peito o poema
Do teu toque que senti
A noite é canção de quem ama
Escrita por ti
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Sabe tão bem parar
Para ouvir os sentimentos
Ouvir a sua fiel voz
Que não mente não engana
É preciso parar
Atender a nós próprios
Estar atentos sem folias
Ouvindo o que temos para nos dizer
Julgamos por vezes
Sermos a raiz do problema
E até a somos por vezes
Não paramos para nos escutar
E sentirmo-nos a própria solução
Ao seguir os sentimentos
Mas senti-los com egoísmo
Só nosso de bem dentro de nós
Só assim saberemos quem somos
E o que desejamos sem interesse
O melhor porquê da razão
Se não paramos em nós
O ego fica sem sentido
Fica esquecido num espelho
Que só ao nada reflecte
Ao nada a que chegaremos
O nada é não sermos nós
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E se eu fosse o mar?
Teria toda aquela água para te amar.
E se eu fosse o vento?
Varria a tua alma com meu sopro de carinho.
E se eu fosse o Sol?
Enchia de brilho as sombras da tua vida.
E se eu fosse oxigénio?
Respirarias juventude até á exaustão dos tempos.
E se eu fosse Deus?
De certo não acreditarias em mim.
Mas sou homem!
No mar navega a grandeza da minha alma,
No vento aprendo os caminhos que me ensinam.
Do Sol já tenho a ti.
O oxigénio lembra-me de que sou mortal.
Como homem exibo o humano que sou por tu existires…
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A paz é o meu farol neste nevoeiro
Onde finto espinhos como oxigénio
Sinto o picar e o arranhar mas respiro
Entre arbustos que falam a linguagem
De sentimentos que choram sem lágrimas
Fazendo ninho no colo do meu ego
No coro de um coliseu sem eco
Cantando cantigas de dor
Tão subtis como o fio de uma lamina
Para uma plateia de orelhas moucas
Esperando aplausos conformados
Entre vaias de quem não entende
O meu lado de outra gente
Que não essa gente desse lado
O meu olhar silencioso é uma sinfonia
De sons deliciosamente afinados
E pautados nesta alma guerreira
Que transformou a espada fria e afiada
De aço pesado em palavras doces
Tão meigas que decoram o horizonte
Com pétalas de rosas belas quão bravas
Que nunca precisaram de espinhos no seu caule
Para serem rosas
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Pai, não te tive na minha infância
Como ambos desejaríamos
Porque andavas ocupado com a vida
Numa luta constante pelo meu alimento
Um sacrifício pelo meu melhor futuro
Mesmo assim, ocupado naquela luta
Por entre muitos breves momentos
Foste o meu pai
O muito pai que sempre foste e serás
E quando finalmente conseguiste
Um pouco deste meu melhor futuro
Partiste
Levando contigo o resto da sabedoria
Que hoje me falta
É com alegria que te recordo
Foram tantos os sorrisos sinceros
Foram gargalhadas, foram brincadeiras
E aprendi ouvindo os teus sermões
Quando ralhavas aos meus erros
E tanto mais que me ensinaste
Sou a continuação do homem que foste
Respeitando teu presente do passado
No hoje de cada dia com saudade
Dos abraços que ficaram por dar
Das conversas que não tivemos
No tempo que nos foi tão curto
Mas acredito que de onde estejas
Estás comigo nos melhores valores
Desculpa todas as desilusões que te causei
Amo-te pai
(Ao meu pai Vitorino Fernandes que já está noutra dimensão)
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Entraste na minha vida pela porta da frente
Reluzente como um anjo magnifico
Por sinais que só tu me levas a sentir
Que de nada mais, quero mais só de ti
Perfumas o fantástico para lá da realidade
Das minhas noites com a tua paz
Fazendo-me beber da tua juventude
Que eternamente relacionas á vida
Quero ser um navio no teu cais de abrigo
Dar voltas ao mundo na tua sabedoria
E que em cada virar seja uma boa nova
Nesta mesa de emoções deliciosas
Que quero partilhar contigo sem cessar
Ter o teu amor é uma festa milionária
Na sinceridade com que valorizas
O valor dos meus dias decorados
Com o passear da tua alegria enérgica
Que forma um núcleo que nos completa
És o alvo pelo que vibra o meu coração
Que sem vaias entre nós palpita confiante
É com profunda convicção que falo
Os dois em um desejado pelos amantes
Num envolvimento que funde as almas
E se um dia saíres da minha vida
Que seja pela mesma porta da frente
Mas és bem-vinda e te convido
Que habites em mim para todo o sempre
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Sob a luz de um desejo
Sou vestígio de paixão
Afronto carência de um beijo
Emissário de emoção
Exponho a nudez do meu sentir
Numa solene bondade
No meu exaltado existir
Sou princípio de verdade
Desconheço o satisfeito
Nem o som da paz
Renasço do maior defeito
Dum homem que foi rapaz
Desperto a mente
Sobreposta na vida real
Aumento o ser de ser gente
Numa quimera brutal
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Ao longe um som de violino acompanha o meu olhar
Pousando leve como uma pluma no horizonte
Suspiro confiança como quem tecla um piano no escuro
Produzindo sons afinados para que rimem com a vida
Um violão tocado lentamente por de trás de uma nuvem
Traduz a falta solar que compõe a minha tristeza
Censurando a limpidez dos meus sentimentos escondidos
Entre um rufar de tambores num longo silêncio quebrado
A vida é orquestra de dias fonéticos em tempo maestro
Um musical por avenidas reféns do passado
Iluminadas por esperança ao toque alegre de um clarinete
Fazendo os reflexos da alma saltarem em notas soltas
Num sorriso que sopra timidamente o saxofone da certeza
E uma harpa cantante faz-me deslizar atento até amanhã
Em sinfonias relaxantes de rosas que bailam no meu peito
Perfumado de amor lembrando de como é bom estar vivo
Paixão é jovem cantora que interpreta o meu personagem
Encenado por um elenco de emoções aplaudidas pela alma
Um rock and roll suave misturado num clássico estrondoso
O tempo maestro não se cansa de ser director musical
E a orquestra da vida passeia de mão dada com o destino
Saído do Sol nascente que iluminou as grutas sombrias
Com sintonias de amor e narrativas verdadeiras
Recrutando novas melodias para a minha dança de gente
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