Blog de Gaivota

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____ CHORA, CHORO ____

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Onde mora o
Verde pé de alface
que abriga meu pouso?
sobrevoando
a ilha da agonia
ouvi seu pranto
deslizando
monossilábica palavra

Chora,
choro

Meu dia azul corrói-se

Chora,
choro

Amada amora
solícita estrada
plantada em pés infantis
Chora, chuva
acidez da vida
braços de ferro
apertam pulmões
fuligem aplica
mortal seringa

Lua de prata
abre asas
abraça o soluço
que desenha
solitário vôo
de bandos no céu.

RJ- outubro/2006
** Gaivota **

Foto de Gaivota

* Metarmofose de rosas *

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Mais uma mentira
escapa-me das mãos
viram meus pensamentos
andando por aí?
não se distraiam
os vírus atacam
na voz soturna
gritam
Detona!

Esmigalho-os
Queiram ou não
Deus?
dormia sono eterno
cotuquei-o
no primeiro
bocejo
disse-lhe -
Acorda!
a treva poderá consumi-lo

Até os dentes carregando fuzil
armo coragem
sinto na epiderme as dores do mundo
carrego no coração
luz pra escuridão

Não! Não sou vagalume
finjo de morto
saio à rua
alcanço a praia

Tiro a camisa
ouço-a palpitar
arranco-a

Caio ao mar
metamorfose de rosas
vermelhas pra te encontrar

RJ – 1°/09/2006
** Gaivota **

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__INFINITAMENTE, AMO-TE!__

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A luva do orvalho descia,
minha garganta invadia,
noite escura de estrelas fugidias.
Que fazes comigo estrelas infiéis?
Por que roubas
as pérolas que dormem
no coração do poeta?

Escorrido pranto
de nervos ensangüentados,
que pulsam no perfume
pele de desejos,
balbuciam...
Amo-te!

A cada olhar trêmulo
na casca de tua pele,
em cada passo sonoro
de teu sorriso,
sou cão que fareja
tua roupa suja,
apenas porque...
Amo-te!

Respinga a noite do prazer
na boca louca,
onde derramei desejos,
engolindo vísceras da paixão.
Somente porque..
Amo-te!

RJ – 01/06/2006
** Gaivota **
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____ COMPRIMIDOS _____

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Calma!
Aberto o dia comprimido
eis que o vejo sorrir!
Diga-me
por favor diga-me..
Por que o dia
precisa estar assim
guardado em laminado,
preso
em papel lacrado,
sem ar sem luz
na caixa
que o abriga?

É, encontrei o dia assim..
Rasgo a caixa,
destaco os dias,
e os retiro
da torre branca
e abafada,
com tarjas
genéricas
nas prateleiras das
drogarias.
Haverei de soltar os dias,
mortos de sede e ar.
E depois? Ora depois..
vamos passear,
correr, pular
como crianças
na porta da escola.

RJ – 24/07/2006
** Gaivota **

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* QUANDO ABRI A BORDA DA CONCHA....MINI-CONTO

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QUANDO ABRI A BORDA DA CONCHA

Possuo amigos.. algo de bom, deveras bom.. ser escutado é uma parcela da existência rota e vagabunda de todo escritor. Por um lado amado e por outro amaldiçoado...ou será alma dissociado.? Eternamente mal encarado.. Descarado!
Foi assim.. resolvi sair do casulo onde guardava a mente estúpida entre dedos ao molho campanha e decidi: É agora ou nunca. Não tenho papas na língua e vomito prazeres ou delírios, não guardo pensamentos em vão.
Jogo na vida, nas páginas pretas que passeiam virtualmente a espera de manchetes sangrentas que o povo aguarda roendo unhas.... Onde estão as notícias trágicas? Quem morreu? Onde aconteceu o tiroteio da última avenida manchada de sangue onde moscas e bactérias transitam em fome absoluta?
Saído do lar em perfeita harmonia aconchegante, onde a boca enorme mamava azul ondas deslizantes de dias coloridos abraçado a mãe natureza. Eu pérola expelida.
Caminhei arrastando dedos estúpidos no ritmo da maré e cheguei ao asfalto onde percebi o primeiro tiroteio..
Era a maré! Não..! Não a minha onda que sobe e desce em ritmo cardíaco... era sangue desfeito em pólvora.
Era o cheiro fétido da morte alisando minha cabeça. Era a gosma que sobrou.. era a dor.
Perfurada alma docemente azul que dentro de mim criou-se, vi com estes olhos que comem estrelas sorridentes, corpos estendidos na poça da vida... Na fome, na miséria humana... nas mãos armadas.. nos ratos que passeavam por entre vísceras e fuzis....
Vi que o mundo não parecia o lar-pérola azul-negritude....
O lar era a briga de gangues, era a necessidade de poder, eram notas e notas de dinheiro ensangüentado, era o desejo mórbido de comer algum pedaço de coração humano..era o pseudo existir nas línguas do fogo cruzado. Era matar! Matar! Matar..
Engoli a lágrima escorrida, lambi meu beiço na voracidade do desejo...desceram lágrimas sal doce aportando a garganta e fizemos sexo... Eu, a lágrima e a cama desfeita de meu ser. Ali no silêncio da garganta entrei em transe....nossos corações batendo no desespero selvagem dos prazeres...

RJ- 08/11/2006
** Gaivota **

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* MORDO A LÍNGUA *

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MORDO A LÍNGUA

A casa ruía dentro do silêncio,
eu vagava como o vagabundo..
No chão triste comido pelo vento
embrulhava braços
de tristezas,
sem saber exatamente
desatar o nó que havia dentro.

Fulminando no olhar
a mordida quente,
o bolso vazio..
Excêntrico instante
dolorido.

Perpassam ali personagens
de filmes.
Quem sabe?
Ontem choveu e as poças
ainda olham
fugidas do lar..
Na estranha mania,
mordo a língua.
Atravessa a garganta,
penetra o cérebro
escorrido
caldo quente.

Desliza ao coração,
pulsa desnorteado
na busca de luvas
que enxuguem
o sangue espirrado.

** Gaivota **

Do livro: " ABERTA FOLHA DA SUAVE AGONIA"

Foto de Gaivota

* GRITO ! *

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Grito!
Tensão.
Asas mecânicas,
e a louca vontade
de partir.
Lágrimas presas,
enclausuradas,
trancadas,
pisadas,
socadas!

Grito!
Soluço.
No louco coração
ensandecido, desatinado.
Eu grito,
soluço!
No desejo
incoerente..
Eu grito,
soluço!

Ferozmente arranco
o sangue em punhaladas.
Eu grito!
Caio na terra,
viro semente!

** Gaivota **
__ Outubro/2005 __

Para Dean, que partiu no grito!

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* PEQUENO POEMA DESCONECTADO *

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Na paisagem
sub real
carregada
de fina poeira
que lixa asperamente
a casca dos pés,
arrasto
corpo cruel
montado na saudade
de desejos..

Quem fala ?
Um ser em evolução,
formação da síntese
científica
de pensamentos nus.

Espécie alada
do ventre
da terra,
na explosão
de sentidos
desejantes
da cor,
da dor,
do amor,
da transcendente
forma
que sou!

** Gaivota **

Poema extraído de meu livro - Azul De Doer!"

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Foto de Gaivota

* SILÊNCIOS&MORANGOS *

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Calado dorme o silêncio
a meu lado,
aguarda que o poeta
pinte paredes
negras na noite.

Entre suspiros,
respira ofegante..
O poeta
Tecla.

Tecla poeta!

Rabisca a cor negra
aos gritos.
Delira poeta!
Pisa os dedos da alma.
Machuca poeta..
As letras e traduz.

O silêncio aguarda..
Come morangos,
lambuza a boca sedutora,
salpica o papel.

Beija dedos cansados,
massageia os olhos da noite,
caminha à sala
enxugando o soluço da hora
com dedos em pantufas,
pra não espantar poemas.

RJ – 11/07/2006
** Gaivota **

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Foto de Gaivota

Video- Acordar a esperança

ABAIXO O LINK DO POEMA COM MÚSICA E AUDIO FEITO NO YOUTUBE, SE FOR POSSÍVEL SER PUBLICADO SERÁ UM PRAZER.

OBRIGADO

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