Minha alma tranquei no espelho
Percorro o dia
Automatizando meus passos
Sendo um espectro do que já fui.
Meus bens já não me pertencem
Meus quadros, da parede arrancados,
A mobília revirada,
Tudo coberto pelo pó do tédio
Que se tornou minha vida sem você.
Espio a vida pela fresta da janela.
A luz não deixo entrar
Natal, Carnaval, Páscoa,
Nada disso me interessa
Não sou mais companheira da aventura,
O ar da alegria não penetra mais
Em meus pulmões.
Sinto-me só,
Desamparada e triste
Seqüestrando minha própria vida
E trancando na gaveta
Junto a teu retrato.