Blog de Carmen Vervloet

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MÃOS DE MÃE

Mãe... hoje contemplo suas mãos frágeis e delicadas
e vejo nelas marcas de dedicação delineadas...
mãos que já foram ativas... fortes... tão determinadas,
mãos que amassaram o pão nosso de cada dia,
mãos que souberam ofertar a rosa com alegria,
mãos... onde ainda hoje vibra tanta energia...
Mãos que arrancaram o sustento da vida
com garra e determinação,
mãos que ainda se postam em oração...
Mãos que nos proporcionaram excelente educação,
que sempre mapearam da vida a direção
e indicaram o caminho do bem e do progresso...
Hoje se alcançamos qualquer sucesso
a essas mãos... santas mãos... ele é devido,
mãos que foram à luta...
Mãos que orquestraram em acordes de amor
a vida com sua delgada e suave batuta,
mãos amigas... companheiras...
Mãos de mulher guerreira!
Mãos que em cada delicado gesto
mostraram-nos um rico e intenso universo!
Mãos que nunca se fiaram na sorte
e que nos deram o suporte...
Teceram com trabalho nosso futuro,
mãos que acenderam com sabedoria o escuro...
E como a vida como a lua tem fases,
deixaram para trás o esplendor da lua cheia,
mas em cada uma dessas salientes veias
que marcam essas suas abençoadas mãos
corre o sumo do amor que a nós suas filhas
por toda uma vida devotou... e abençoou...
Um amor ilimitado entranhado para sempre
no âmago do meu ser
que eu sinto de uma forma tão intensa
que com palavras jamais poderei descrever...
Ah! essas santas e abençoadas mãos
que eu venero com toda devoção...
Que eu beijo com amor...
Mãos onde leio a mais linda oração
que nutre e nutrirá eternamente
o meu agradecido coração!

Carmen Vervloet

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A DÁDIVA DA MATERNIDADE ( Uma homenagem às Mães da Atualidade)

Uma estranha conspiração
frustrou teus desejos...
O sonho foi engessado.
O capitalismo selvagem
quase te fez perder a hora...
Era preciso estudar, conquistar, amealhar,
estabilizar a vida...
E só depois... Só depois semear
o doce fruto do amor.

Padeceste mãe, o medo da porta fechada,
a pressão da gestação não anunciada,
a insegurança do óvulo não fecundado,
do sonho frustrado...
A madrugada congelou lágrimas de dor.
A esperança amarrada por tênue fio,
quase ruiu...
Só a fé acesa em pavio molhado em óleo divino,
jamais se apagou.
Sofreste mãe, mas hoje sorris feliz!
O sol enternecido aqueceu por nove meses
o desejado fruto
germinado com o mais puro amor!
Engravidado com o fogo do coração...

Hoje, um hálito de criança
acaricia teu rosto,
um choro forte soa como música
aos teus ouvidos
e amamentas a tua cria
que só faz crescer e fortalecer
tua vocação de mãe.

Um botão em flor suspira,
enfeita o lar...
Um Anjo chegou suavemente
e brinca no jardim com o beija-flor...
E tu, mãe, derramas lágrimas de emoção
e agradece a Deus
a dádiva da maternidade!

Carmen Vervloet

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FALAR DE SAUDADE?

Se quiser falar de saudade
terei que voltar no tempo,
vou ter que retroceder na idade,
buscar guardado um antigo sentimento.

Momento sublime que ficou pra trás
plantado em segredo na terra do coração,
e porque não fui nem audaz, nem capaz,
perdi-o, num vacilo, em tumultuada estação.

Agora o procuro, com um nó na garganta,
chorando o meu amargo desgosto...
Não soube cultivar emoção tão santa
e só em lembranças vejo seu pálido rosto.

O tempo chora o desespero da perda,
gestos impensados de um coração imaturo
que partiu por um desvio à esquerda
em vez de transpor apenas um pequeno muro.

Hoje... já não há mais tempo para lamento,
a dor libera o açoite encharcado em agonia...
Na memória faço o meu acampamento,
busco num veleiro nebuloso, a perdida alegria!

Carmen Vervloet

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INESPERADO EQUÍVOCO

Lúcia era uma linda mulher nos seus quarenta e quatro anos de idade. Seu nome caia-lhe como luva... Lúcia... Luz... Tinha luz própria, brilho no olhar!
Lúcia casou-se menina. Foi mãe, esposa, dona de casa, artista... Casou-se por amor, para toda a vida. Assim havia sido com seus pais, assim deveria ser com ela.
Mas o destino mudou o rumo dos seus sonhos. Quando completou seus quarenta e dois anos, descobriu-se traída pelo marido e o casamento ruiu. Lúcia sofreu, baqueou, vergou-se diante a triste realidade. Vergou mas não quebrou. Colocou-se de pé e deu continuidade a sua vida de luta, agora arrimo dos quatro filhos ainda pequenos. Mulher corajosa, de fibra, dispensou pensão do ex-marido e foi à luta. Não considerava sua nova realidade como um problema, mas sim como um grande desafio que desempenhou com amor, afinco e sucesso.
O real problema de Lúcia era ter sido criada para ser mulher de um homem só daí seu relacionamento com outros homens tornou-se impossível. Lúcia era jovem, os hormônios em ebulição. Pretendentes não lhe faltavam, faltava-lhe a coragem para encará-los.
Lúcia resolveu então procurar um psicanalista e com seu jeito espontâneo disse-lhe:
_ Doutor, fui casada durante 22 anos, estou divorciada e não me sinto a vontade para me relacionar com outro homem. Melhor dizendo vim aqui para que o senhor me ensine a fazer isso. Sinto-me inibida, tímida, realmente não consigo resolver sozinha esse imenso problema. Quero me libertar desse pesadelo.
E o medico retrucou:
_ Fique tranqüila, Lucia, em uns dois meses será outra mulher, livre dessas amarras do preconceito.
E assim aconteceu. Em menos de dois meses de análise, Lúcia conheceu, numa galeria de artes, um francês, homem bonito, inteligente, intelectualizado. Os olhares se encontraram, o coração estremeceu, a pele arrepiou. Foi paixão a primeira vista, intensa... Levando Lúcia as estrelas. Uma paixão bonita, ardente... Em menos de um mês, Pierre, esse era o nome dele, já havia comprado uma casa na cidade que Lúcia morava. Passava quinze dias na França, cuidando da sua empresa e quinze dias no Brasil ao lado da mulher amada. E entre idas e vindas os dois iam sedimentando o relacionamento. Numa dessas vindas, Pierre telefonou já do aeroporto internacional de São Paulo:
Lúcia, “mon amour”, estou chegando, ardendo em desejo, com saudade de você.
Lúcia que morava no Rio, correu para o chuveiro, para se fazer cheirosa, linda, faceira, sensual e assim buscar seu amor no aeroporto do Galeão. Mas pobre Lúcia! No primeiro contato com Pierre senti-o arredio. Lucia sugeriu irem direto a um restaurante, mas Pierre continuou mantendo certa distância, diferente do Pierre de sempre, romântico, carinhoso, beijoqueiro. No restaurante sentou-se de frente para Lúcia e não ao lado dela como sempre fazia.
Lá pelas tantas, Pierre não resistiu e disparou a pergunta:
_ Lúcia, você tem piolhos?
Lucia, desconcertada e surpresa respondeu:
_Eu, Pierre? Piolhos? Não Pierre. Estou me coçando? Por que essa pergunta?
E Pierre retrucou:
Lúcia, eu não consigo ficar perto de você, seus cabelos cheiram demais a inseticida.
Foi aí que caiu a ficha de Lúcia. Lembrou-se que pediu pra sua empregada matar uns insetos no seu banheiro e provavelmente ela havia esquecido o spray de inseticida sobre sua penteadeira e no afã de se fazer bela para seu amor, confundiu os sprays e borrifou seus lindos e longos cabelos negros com inseticida em vez do seu fixador habitual.
Desfeito o mal entendido, tudo acabou num tórrido banho a dois, onde Pierre lavou os cabelos de Lúcia, tendo como fundo musical Piaff cantando “NE me Quit Pás”.

Carmen Vervloet

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BEIJA-FLOR

Busca o néctar de flor em flor...
Desvirgina... rosas, hibiscos, lírios!
No seu vôo arrebatador
deixa o jardim em delírios!

A rosa abre-se em forma de coração,
lábios cheios de mel,
orvalhada em gotas de sedução!
Ávida...desnuda-se de cada véu!

O volúvel beija- flor
Não se rende ao seu encanto
Suga a doçura do seu amor
E bate asas... deixando a infeliz, pender-se, em pranto!

Carmen Vervloet

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AMOR TAMBÉM É COMPROMETIMENTO

Era primavera. A exuberância das flores encantava os olhos. Dias amenos, onde a esperança pulsava no coração e a alegria dava um brilho mais intenso ao olhar. Lembro-me bem, final de setembro de 2006.
Nos palanques os mesmos discursos, as mesmas promessas criando uma falsa expectativa para o povo sofrido. Era véspera de eleição, tudo iria mudar para sempre. Hospitais seriam reformados e aparelhados, outros tantos seriam construídos, escolas para todos, desemprego coisa do passado, alimentos fartos, violência eliminada. Os jornais repletos de notícias de programas políticos brilhantemente desenhados em papel.
Maria que catava jornais para sobreviver, nem sabia destas notícias. A pobre coitada era analfabeta, provavelmente por falta de oportunidade, já que Maria não fugia à luta. Os jornais serviam-lhe apenas para conseguir alguns míseros “trocados” para matar a fome da família e, sobretudo para agasalhar seus filhos nas madrugadas mais frias. Eram lençóis, colchões e travesseiros para sua família que vivia sob uma ponte. Pobre Maria! Pobres crianças! Maltratadas, sofridas, criadas nas ruas, esmolando nos semáforos. Maria sofria, Maria chorava! Era analfabeta, miserável, mas amava seus filhos! E como amava... Lutava como uma leoa para proteger suas crias. Lutava e padecia, porque nem o mínimo conseguia. A fome espreitava com olhos de insídia.
Passaram-se dois anos e as promessas se perderam ao vento, os programas não saíram do papel. Os políticos eleitos desviando dinheiro numa corrupção jamais vista no nosso amado Brasil. Dinheiro em cueca, dinheiro em meias, dinheiro em malotes, em cofres residenciais, contas em paraísos fiscais. A impunidade reinando. E Maria continuava lá, na mesma vida miserável. Paulo, o filho mais velho, envolveu-se com drogas e morreu assassinado numa esquina de um bairro nobre da cidade. Teve a cabeça esmagada por uma pedra. Antonio, o filho caçula, morreu de uma simples pneumonia, nos corredores de um posto de saúde por falta de atendimento. Subnutrido não resistiu à doença.
Então Maria, na sua imensa dor disse: Homens, onde está o amor? A vida é dádiva de Deus e todos têm o dever de respeitá-la. Sou pobre, mas sou gente! Tiraram-me dois dos meus três únicos tesouros. Por negligência, por egoísmo, por crueldade, por falta de sensibilidade! O coração de vocês é de pedra! Foi esse coração de pedra que esmagou a cabeça do meu menino. Foi esse coração de pedra que não deu a ele a oportunidade de uma escola, de uma profissão. Foi também esse coração de pedra que desviou o dinheiro destinado à saúde. Vocês mataram meus filhos. Assassinos! Assassinos! Assassinos! E saiu desnorteada pelas ruas, seguida de Pedro, o filho que lhe restou.
Os jornais deram grande destaque ao fato, que logo foi esquecido. E tudo continuou do mesmo jeito. O desamor reinando nos Palácios, os corações secos da seiva do amor. A sujeira cercando a consciência de quem por falta de amor não quer contribuir para a evolução do ser humano, trapos, num monte de lixo.
Neste Novo Ano que se inicia vamos colocar em nossa lista de desejos o nosso pedido a Deus para que ilumine, oriente e guie nossos novos dirigentes para que elevem suas consciências para essa realidade tão triste e feia e que se comprometam de fato para que a fome, a miséria, o analfabetismo, a violência sejam extirpados de vez do nosso rico e amável Brasil. Que possam merecer verdadeiramente a confiança do povo que os elegeu. Assim seja!

Carmen Vervloet

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ROSA ENCHARCADA

Manhã tão chuvosa e acinzentada!
E eu vi e ouvi chorar a rosa
trêmula e sozinha lá no jardim...

Carmen Vervloet

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PROTESTO DA ALMA

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PROTESTO DA ALMA

No estalo do meu grito
perdendo-se no infinito
o meu coração implora
para que se comece nova história.
Uma história em outra dimensão
onde honestidade, ética e liberdade,
sejam de fato verdades
num mundo onde tudo mudou.
Onde só o poder tem valor...
E nós só temos o que resta... dor!
Os valores foram invertidos
foram todos corrompidos
pelo peso do vil metal.
O Poder se tornou canibal,
animal irracional!
Perdeu a alma
e nós a calma!
Está roubando a esperança
dos jovens, velhos e crianças!
Diante de tanto desengano
grito... reclamo...
E proclamo para que se faça verdade
esta ilusão!
Neste Brasil sem dimensão,
onde a medida é o nosso amor.
Este Brasil de céu anil,
este Brasil cheio de cor,
este Brasil ensolarado,
este Brasil tão amado!
Este Brasil gigante
destruído por ganância alucinante.
Quero de volta os reais valores,
guerra aos impostores!
Quero a honestidade, a ética, a verdade...
Quero para os corruptos, punição,
quero paz e oração.
Quero homens exemplares,
quero fartura nos lares...
Quero para todos, educação,
quero o país em evolução...
Quero homens idealistas
e não meros alpinistas.
Quero voltar a ver o sorriso
acendendo os rostos...
Quero os corações iluminados
batendo de alegria, acelerados!
Quero voltar a ver em cada par de olhos,
a esperança!
Sentir das almas a fragrância
de rosas plenas, em exuberância!
Quero sentir no corpo, a aragem
e do alto acariciar a folhagem...
E viver em paz
num Brasil sem violência...
A Deus peço clemência!

Carmen Vervloet

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RITMO DA VIDA

Na cidade cinza, um pálido corpo desfolha
No mistério, da morte, que se aproxima lento
A lágrima orvalhada o rosto molha
A tristeza se arrasta pelo frio calçamento...

Ao longe no horizonte o sol se recolhe
Para recompor a energia derramada no dia.
O vento gelado debruça-se sobre a prole
Que cerra com sete chaves a alegria...

Nas ruas as luzes se acendem normalmente
Logo que as primeiras sombras se estendem
Os pirilampos tímidos cintilam no escuro
Sobre eras que tingem de verde os muros

Os céus parecem telhados iluminados
Inspirando, ardentes, os namorados
Envolvidos no manto doce do começo
Nas veredas que desconhecem o endereço

Os sonhos caminham por jardins orvalhados
Os pássaros fazem ninhos no beiral do telhado
O vento frio move as folhas em seu bailado
Enquanto os botões se abrem sossegados...

O poeta colhe na natureza a poesia
Pincela versos tingidos em estesia
Nos céus de luas prateadas
Que caem como raios nas calçadas.

Da janela ouve-se o gemido de um realejo
Tangem, na capelinha distante, os sinos
Enquanto a alegria dá um bocejo
A vida, isenta, entoa com ritmo seu hino.

Carmen Vervloet

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