O tempo engendra o fim, mas não me assusta.
Caminho paciente, semeando meu jardim
num mundo de demônios e anjos...
Faço das cordas da vida um mágico bandolim,
dedilho as surpresas tirando delas belos arranjos.
Colho rosas sangrando a mão em seus espinhos
sei que sobreviver não significa estar a salvo...
Mas não me entrego, nem definho,
confio em Deus que acende em luz o meu alvo
e veste em esperança meu medo velho e calvo.
Uma estrela pequenina brilha dentro de mim,
às vezes ofuscada por fortes faróis
quase me perco dentro de um mar sem fim,
mas desvio meu veleiro dos perigosos atóis...
Se o leme está em minhas mãos,
sou totalmente responsável pela direção.
Sobrevivo a cada nova tempestade,
vou me fazendo forte na minha fragilidade...
Na tristeza descubro símbolos ocultos,
penso, repenso, mas vivo cada minuto.
Vida é dádiva de Deus e Dele eu sou o fruto!
Nas fúrias de cada tempestade
morre sempre um pouco de mim
mas renasço mais forte, em liberdade
nas cinzas do meu fértil jardim.
Carmen Vervloet