esperança

Foto de Rosamares da Maia

UMA CANÇÃO PARA A TERRA

Uma Canção Para a Terra

Existe uma canção, uma linda canção
Que quero cantar bem alto, até voar,
Uma canção para a voz de todos.
Canção composta por muitos corações
Não importando a origem ou o nome.
Esta é a canção que eu quero cantar,
Entoar como hino com todas as pessoas.
Ricos ou pobres, o que importa é cantar.
Uma canção sem línguas ou nações,
A canção fala de iguais oportunidades,
Em voz cristalina, com força e verdade.
Uma melodia alta que ecoará pelo mundo,
Uma mensagem que dispensa traduções.
A Humanidade repetirá semeando o refrão,
Chega! Violência não, só mais paz e pão,
A Humanidade vibrando em um só tom.
... Igualdade, solidariedade, ... igualdade,
A canção nos coloca em um único coral,
Chega de dor! Menos mortes e ambição,
Sem distinção, todos cantam o refrão.
Porque a canção é de todos na Terra,
Reverberando mais amor, ... fraternidade, ...
Reverberando, .... Liberdade, ... igualdade.

Rosamares da Maia – 24/02/2021

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Nostalgia Total e Resistência Plena

Nostalgia Total e Resistência Plena

O meu coração esta preso ao passado e a minha saudade dói. Meu coração está atado aos tristes olhos azuis de Kurt e em meus ouvidos ecoam as suas melodias em meio a gritos de dor e desespero, melodias nada convencionais, cheias de agressões, injurias e pedidos de socorro. Poucos entenderam e quem entendeu não se deu ao trabalho, ou como dizem: “Não estavam nem aí”. Eram todas crianças impotentes, vivendo o desespero no mesmo diapasão. Então Kurt se cansou e pôs fim a tudo, se mandou para juntar-se ao clube dos 27.
Meus sentidos continuam presos à juventude, a beleza e aos olhos de tigre de Edie, muito mais que isto, os meus sentimentos estão presos as suas letras, a ansiedade das mensagens que pediam para que as pessoas mudassem, para que elas acreditassem que poderiam transformar o Mundo. Os meus olhos viram a sua juventude aspirada nos papelotes e a sua beleza afogada entre copos. Mas, aquela rebeldia era fundamental e acordou outros rebeldes - o tigre continuava pronto para pular do seu olhar. Todos foram tragados pela escuridão da noite enquanto covardes, como eu, preferiam encher o baú de nostalgia.
Gritei com Hetfield “Nothing Else Mather”, isto mesmo! Afinal eu também era rebelde. Covarde, mas rebelde e “nada mais importava a não ser uma nova visão”, aquela que nos libertaria, mas, o baú estava aberto e como um alçapão recolhia os nossos sonhos, recolhia o que havia de melhor em nós.
Nossos gritos, olhos e sons eram “Metal contra as nuvens” e Renato apregoava “Por Deus nunca me vi tão só / É a própria fé o que destrói / Estes são dias desleais.” Continuamos presos aos nossos ídolos, mais as suas ideias foram insucessos, eles “morreram de overdose“, desesperança e como Cazuza todos estamos assistindo os inimigos ascenderem ao poder em tristes plataformas de mentiras e cinismo. Só que na letra do poeta onde há dor há também insurgência e rebelião, por isto Renato também apregoou “Não sou escravo de ninguém / Sei o que devo defender / Sou raio, relâmpago e trovão / Quem sabe o sopro do dragão?”.
Na minha nostalgia estou presa aos olhos de Cobain, ao esplendor da juventude de Veder, a resistência consciente de Metállica, com a eloquência musical de James, recolhi a sensibilidade de Russo e a ácida inteligência do irreverente Cazuza. Aprisionei todos no imenso baú da minha nostalgia, também da minha fé, que volta e meia me recolhe, chacoalha e me liberta. Sei que eles não mudaram o Mundo, mas, conseguiram produzir outros rebeldes, até mesmo eu – covarde, mas com uma consciência que não adormeceu, com uma humanidade integra, que apesar de todas as dores estão prontas para o combate, mesmo que as armas sejam somente voz, guitarra, olhos de tigre, o rugido de um leão, ou simplesmente papel e caneta.

Rosamares da Maia – 23/01/2017.

Foto de Arnault L. D.

Sementes nos bolsos

Eu trago sementes no bolso,
nos lábios, alguns assovios.
Acordes abertos e esparsos
das músicas que à mente ouço.
Soam preenchendo os vazios
do cotidiano que esgarço.

Na guitarra, as notas trago,
que ainda não foram tangidas;
na língua o sabor das palavras,
sal, açúcar, acidez, que trago
dos falares e nas bebidas
no degustar do corpo trava.

Preso de mim, em mim se encobre.
No potencial sem uma trilha.
Sou um desconhecido íntimo,
minha fina pele a carne cobre.
O espelho d água o céu espelha,
e o céu lhe guarda a profundidade...

Mergulhado, imerso as entranhas,
nos bolsos a vestir as mãos.
Olhando nas poças o luzir esboços,
assoviando canções estranhas,
desconhecidas, e minhas são.
Eu trago sementes nos bolsos.

Foto de Arnault L. D.

Seguindo estrelas ( navegante )

Enquanto a estrada
ligar o lá ao sei onde?
enquanto a esperança se esconde
no horizonte inalcançada.

Cheirarei a rosa dos ventos,
o perfume da estrela...
No afã de assim vencê-la,
ou na ilusão dos momentos.

Corre de mim o limite
neste olhar que se desfoca,
na humanidade, que soca
o falível que a alma omite.

Do sopro, encho as velas.
Este, que respiro e suspiro.
Enquanto o mundo orbita, eu giro,
a lugar sei lá... seguindo estrelas.

Foto de Vinicius_Sasso

Eu Amo Você...

Tentei não me iludir
Mas não consegui
Tudo aquilo que senti
Era tão real

Tudo aquilo que vivi
Era surreal
Não era normal
Era fenomenal

Nao Sei o motivo de acabar
Assim tão de repente
Mas assim é amar
Algo que aquece a gente

Mas esse calor acabou
E eu não sei porque
Talvez porque me ignorou
Quando precisei de vc

Ou talvez eu me esqueci
De uma data especial
Um aniversário ou coisa e tal
Mas eu me sinto tão mal

Foram do comum
Sinto estar de jejum
Jejum de amor
Com a falta do seu calor

Não sinto seu ardor
Nem a vontade de viver
Talvez se eu puder esquecer
Tudo o que iria te dizer

Poderia talvez voltar a viver
Sem saudade de você
Estaria a te esquecer
E nunca mais te dizer

"Eu amo você"

Foto de Arnault L. D.

Carapuça

E a sorrir a velha ideologia
com seus dentes podres
pelo mel e açúcar que sobejou,
moles, pelo tanto que mordia
a encher a boca e os odres
da ingênua fé que roubou.

Mesmo com seu bafo fedido,
a se esquecer da idade
quer soprar ares de juventude
que a muito perderam sentido.
Se pega a paixão da vaidade,
dos que se adonam da virtude.

Da fogueira crepitante do antes
sopra o carvão da obra, lutam
a parecer aceso o já passado.
feito caricatas, debutantes...
Suas musas. senis já caducam,
as ruínas de seu templo sagrado.

Agora ainda a boca banguela
conclama sonhos por velhos ecos
porém, o hoje não mais reverbera.
Feito mania, Toc, sequela,
agarra-se a seus cacarécos:
Vaidades, engano e quimera.

Mas, ainda a ela beijam, os egos
dos que nunca admitem enganos,
que pelo que queriam, seduzidos,
os olhos para o mais tornam cegos.
Não admitem o falhar dos planos,
por seus enormes orgulhos feridos.

Foto de Gui❤Lari

Chegou a hora!

Agora eu sei
A diferença entre amor e paixão
Pode se dizer que é como a chuva no verão
Elas vem e vão rapidamente
E mesmo que as lágrimas insistirem em cair
Não terei mais você para enxuga las
O amor vai continuar lá adormecido
Em meu coração
Esperança!
Dar outro rumo a minha vida
Nem consigo imaginar
Se nos últimos meses vive o mais belo dos sonhos
Te amei e fui correspondido
Sinto me perdido
O futuro prometido
Os planos e sonhos
Ficarão apenas nos versos escritos
A saudade invade e machuca
Mais como sabe prefiro a verdade
Olhe nos meus olhos e já irei saber
Acredito que em um olhar
Mostramos as palavras que vem do coração
Mais os lábios não tem coragem de pronunciar
Vai ser feliz
Sabendo que descobri o que é felicidade ao seu lado
Siga em frente sem olhar pra trás
Pois pode ter certeza que estarei aqui sempre a te esperar

Foto de Arnault L. D.

Infinitésima

Amor, somente a palavra
já abre uma luz... e é luz.
Uma brisa a soprar nuvens,
que naco de céu já livra
do não azul, que não fez jus
e nos sequestra de reféns.

Mas, foge apenas a menção,
e incide um lusco-fusco,
hiato entre sol e lua,
à vida e morte, faz seção.
No infinitésimo busco
o ar da palavra sua...

Amor, intangível fato,
que contrasta de nuança
o imaginário na imagem,
no retrato o abstrato.
Verbo que ao falar se lança,
e muda os ventos que agem.

Foto de Ivone Boechat

Ficar velho

Ficar velho é
enguiçar o sonho,
o propósito,
a capacidade de criar.
Ficar velho é
deixar morrer o
pensamento novo
que não pára de
gritar...

Ficar velho é
correr em sentido contrário
das belezas da vida,
sustentando aquela
antiga ferida,
ficar velho é
entregar os pontos,
desistir,
calar...

Ficar velho é
não querer
enxergar a oportunidade,
tapar o sol com a peneira,
ao invés de recriar
a idade,
perseguindo a novidade,
seguir em frente,
lutar.

Ivone Boechat

Foto de ArielFF

Armário

Teu lugar tá guardado
Lá no meu armário
Pra quando meu coração deixar
Eu te colocar
No cantinho escuro
Pra nunca mais te achar

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