Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Estratagemas (a vida em ão)

Perco o chão,
prendo a respiração,
ouço meu coração...
Vibro de emoção,
morro de paixão,
transbordo excitação...

Canto uma canção,
toco um violão...
Digo sim e não,
qualquer que seja a razão.
Fico na solidão,
só, na imensidão...

Grito um palavrão
em prol da libertação...
Saio da prisão;
o sol embaça a visão,
habituada à escuridão.

Olho pra multidão
andando sem direção...
Arrisco uma reflexão,
faço uma confissão,
entrego-me à oração,
me doo à conversão,
me agarro à religião
libero a devoção
sem noção ou pretensão...

Discuto a relação,
eterna procura de solução...
já tenho o não;
quem sabe um sim, então.
Por que não?

Procuro temas,
estratagemas,
cenas...
isentas ou não de problemas,
obscenas ou serenas,
profundas ou amenas...

Enfim, busco da vida
o poema.

Carmen Lúcia

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Marquês de Sapucaí

Ao longe, som de cuíca, reco-reco e
tamborim.
É a festa maior do povo vibrando a
Sapucaí...
Deem tréguas pra tristeza, abram
alas pra beleza,
deixem a alegria passar e explodir no
Carnaval!

É a arte simbolizada por mil
sentimentos.
É o povo sambando mazelas,
cantando lamentos;
extravasa seu peito sorrindo,
querendo chorar
e a avenida que antes vazia, quer
junto sonhar!

Tanto brilho luzindo o asfalto
pisando o ar,
invejando as estrelas do céu que no
chão vêm sambar.
As escolas combinam espaços,
cronometram compassos,
mestres-salas e porta-bandeiras
rodopiam abraços...

E os carros alegorizados
sugerem altares
aos destaques que glorificaram a
humanidade.
Fantasias bordadas com o luxo da
simplicidade
fazem deuses sobrevoarem os mais
altos pilares.

E no auge a
avenida esvazia
pelos cantos se
esconde a folia.
Quarta-feira, confetes são cinzas a
serpentear...

E a ilusão sai de cena pra realidade
entrar.

-Carmen Lúcia-

Foto de Carmen Lúcia

Castelos e Ruínas

Ao construir meu castelo de sonhos
depositei em cada canto de sua dimensão
toda a ilusão da plena certeza que o povoaria
das mais belas e ricas realizações.
(certezas são meras divagações...)

Ceguei-me ante o desejo apressado de concretização;
sob a luz incandescente de uma louca ambição...
Deixei rolarem os sonhos que se perderam
perambulando à esmo pelos caminhos,
pobres peregrinos, vítimas dos próprios destinos.
(sem perseverança morre a esperança)

Da indubitável certeza à frágil incerteza
(com a qual ficamos tal e qual...)
desestabiliza-se o alicerce, desmoronam-se castelos,
despencam os sonhos,
rompem-se pactos com as idealizações.
Vão-se as asas, ficam os pés no chão.
(sem voos, sonhos não se realizarão...)

Das verdades previstas e eternas
(nada é eterno, verdades se contradizem...)
muitas tiveram fim...
Quanto às outras...faltaram-me as pernas.
Somente uma restou, por fim.
Busco essa verdade dentro de mim,
entre os escombros, enfraquecida,
temerosa de enfrentar de novo a vida.
(chama que ainda permanece ativa...)

_Carmen Lúcia_

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A menina e o tempo

Ah, menina sonhadora...
Canta o amor que transcende a vida,
vibra sentimentos em comunhão com a paz,
compõe versos espelhados na beleza
precursora da arte,
invasora de sonhos,
que se faz perceber...
mesmo sem querer.

Ah, menina sonhadora...
Dança rimando seus passos,
gira, contagiando o mundo
que no fundo também quer sonhar.
E dançar...
Faz da vida um grande show
expondo sua arte
que o palco da emoção invade
e a ilusão fomenta.

Ah, menina sonhadora...
Segue sonhando e driblando o tempo
que veloz caminha e deixa a menina.
Talvez não queira surpreender a artista,
descompassar a frágil bailarina...
Desvia seu destino
eternizando o dom da compositora,
aplaudindo a menina sonhadora.

Ah, menina sonhadora...
O branco dos cabelos não a faz desistir,
as rugas em seu rosto, motivo pra seguir
reverenciando a vida
a lhe cobrir de fantasia
concedendo espaço para alçar seus voos,
espalhando sonhos
onde a inspiração atua
e o tempo complacente perpetua...

E a arte predomina
imorredoura
no coração da menina
sonhadora...

_Carmen Lúcia_

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Voo único...

Voa...
Nada te impedirá de voar...
Desprendido de teus fardos materiais
nem de asas precisarás.
Conquista os céus, os mares, as montanhas;
verbaliza o grito reprimido nas entranhas...
Não há mais chãos nem pedras pra te machucar,
nem mesmo correntes rangentes de amores banais.
Fronteiras hão de te deixar passar.

Voa...
Deixa o vento te levar...
Desvenda a beleza das cores que habita os arcoíris;
ouve, dos campos em flores, a poesia a declamar
a essência que se faz chama para inflamar
o frêmito de tua alma ...
Revela os mistérios das profundezas dos oceanos
onde a vida silenciosa se movimenta
num tributo à paz...

Voa...
Desbrava o infinito...Sinta-te perdido
diante do belo...
Estabelece com ele, um elo.
Batiza-te no prata lunar...
Derrama tua alma nua sobre as estrelas puras;
exala o brilho que sai dos poros teus
e num voo descomunal e único,
agenda teu encontro com Deus.

Carmen Lúcia

08/01/2010

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Sem poesia...

Senhor, perdoa-me o despautério...
Devolvo-te a inspiração...
Sinto cometer um adultério
traindo a voz do coração.

Meus versos perderam a alegria,
caminham sisudos pela poesia...
meus lábios não dizem o que sinto,
contradiz, minhas palavras, meu olhar...

Tento enaltecer o amor,
que de tão raro se codificou...
quero descrever o belo
que perdeu o viço e se esfacelou.

Perdi-me no compasso, tropecei nas rimas,
fugi de meu estilo buscando o que me anima,
e a cada passo um descompasso me abomina
e o poema segue falso, sem auto-estima.

Por isso, meu Senhor, me encontro à deriva...
Pra que inspiração se falta emoção?
Pra que a poesia se já não há fantasia?
Não sei se me perdi, ou me perdeu a vida.

Carmen Lúcia

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Se eu pudesse recomeçar...

Se eu pudesse recomeçar,
externaria o que guardei em mim.
Momentos que marcaram meu viver;
complementos de meu ser.
Recomeçaria minuto por minuto.
Com toda intensidade, cada segundo.
E a cada instante reviveria o torpor
inebriante...desses que unem os amantes
como se dois fossem um...

Recomeçaria do jeito que foi
do começo até o ...fim.
Fim?Nós não queríamos assim.
Expandiria, ainda mais,
a dimensão de nosso amor
e todo espaço seria insuficiente
para conter a eloquência inconsequente
de um sentimento que não se submete
aos limites impostos pela vida...

Se eu pudesse recomeçar,
não haveria ausência...
Dessas em que o sofrer cala demais
e cada um passa a viver num patamar...
outra dimensão, sem se verem jamais.
Haveria nossa eterna presença
a nos completar, nos confortar
nos invernos da vida
em que só o amor sopra as feridas.

Se eu pudesse recomeçar
dispensaria essa saudade
que ocupa teu lugar...
Essas lembranças tantas
que me fazem chorar,
a despedida vazia que não dá pra suportar.
Inventaria um jeito de te fazer voltar...
ou contigo me levar...

Carmen Lúcia

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Quem sabe...

Quem sabe
uma nova manhã se abra
num leque surreal
de cores inimagináveis
e raios de sol transpassem
por frestas de janelas entreabertas
convidando a sonhar,
a sorrir, a viver, a amar...

Quem sabe
a dor já nem mais exista,
o pranto não seja tão triste,
somente lágrimas de tanto rir
agora insistam em vir
a pincelar o rosto,
colorindo a última lágrima de desgosto.

Quem sabe
as amarguras
se afoguem no mar
a se abrir de imediato,
deixando-as passar,
fechando no momento exato,
impedindo-as de voltar.

Quem sabe
correntes de águas cintilantes
banhem de luz a esperança
clareando o verde musgo pesado
que o mundo tem carregado
e o verde fique mais brando
reativando a semente
de um novo acreditar.

Carmen Lúcia

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Relatos

Já morri tantas vezes...
E a cada vez que morria,
julgando ser para sempre,
em meu coração florescia
um jardim infestado de cores
mostrando-me uma nova vida.

Já renasci tantas vezes
depois de sangrar os reveses,
de sorver e estancar dissabores...
e a cada renascer
nascia diferente...
mais condescendente.

Hoje encaro naturalmente
os torpedos que de repente
arrancam-me o chão,
desnorteiam minha direção...
E não morro...Contorno a situação.

A intensidade da força que adquiri
surgiu dos momentos em que vivi
e sofri...
e enfrentei a luta
sem me acovardar ou fugir,
sangrar sem me deixar morrer...

Hoje vejo luz na escuridão,
alguém a segurar minha mão
sendo ponte pra que eu possa atravessar
admirando as belezas dos caminhos...
Fazendo da dor trampolim para chegar
onde quer que seja o lugar
que pra sempre irei ficar;
onde minha semente germinará.

Carmen Lúcia

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Ano Novo...tudo novo!

Refaço a bagagem,
retiro os excessos,
tudo o que me pesou
no ano que passou.

Deixo-a mais leve,
conservo o que me serve,
que me serviu de lição
e os momentos alegres.

Lágrimas amareladas,
amarguras saturadas
fazem parte do passado.
Fortaleceram-me e ajudaram...
Agora é caso encerrado.

Ainda sei que chorarei,
óbvio que entristecerei,
mas aprendi por que se chora
e a extravasar quando for hora.
A extrair de cada mal, um bem,
uma saída em cada sinal.

Desta vez será diferente;
pegarei a mala e viajarei contente;
embarcarei na primeira estação...
Irei buscá-lo com muito cuidado,
com toda esperança e muita emoção.

Chegaremos juntos, de braços dados,
não perderei um minuto
de poder estar ao seu lado
vivenciando cada estação...
Tudo renovado e bem sonhado,
Novo Ano tão esperado...
Pleno de realizações!

Carmen Lúcia

"Desejo a todos os poetas desse site, um Feliz Ano Novo.Que 2010 seja nota dez em tudo!"

Abraços!

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