Dolorosa

Foto de Arnault L. D.

Minha alma anda tão triste
que apagou as luzes,
desligou o som.
Que buscou o canto da parede,
o chão do canto da parede
e ali se encolheu.

Respirando de pouquinho,
quase como esquecendo,
a chorar lágrimas mornas,
a engasgar de boca aberta.
Só querendo junto a luz,
apagar a dor.
Ou se fazer invisível,
inalcansável fim do mundo.

O chão do canto da parede
tem um quê de fim do mundo,
como o umbral de uma cova.

O corpo teso, cada músculo
queimando em estafa.
Testa vincada, pulmões travados,
olhos vazios de esperança,
olhos de naufrágio...
No canto escuro, no silêncio,
solitário, das almas doloridas.

Um grito fibrilante é o silêncio.

Comentários

2
Foto de Izaura N. Soares

Um poema triste, mas não perdeu o seu brilho. Parabéns poeta gostei!

Foto de Arnault L. D.

Tem vezes que o olhar poético é o que salva do caótico...
coloca um pouco de beleza onde ela não existiria naturalmente.
Obrigado pelo comentário gentil.

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