Desisto! Não quero mais viver...
Estou esgotado; nada à frente
que dias piores; o mundo venceu.
Meus sonhos, mentiras, que eu fui crer.
Meu sentir, errado..., demente...
O amor não existe. Não vem... Só eu...
Morte, me atende, vem se aninhar...
Em um anjo de chumbo, perdido,
pouse em meu peito e o faça leito,
crave ao coração e o faça parar.
Torne o corpo também falecido,
a sangrar num choro o todo feito...
Não pertenço a nada, ninguém, lugar...
Desterrado de mim, exílio em tudo;
quero um sonho: Dormir e não acordar...
Sem alarde, ou notar, ou fazer faltar,
Logo esquecer, e enfim nada; mudo.
Quero um anjo perdido encontrar.
Nada mais espero... tão cansado...
não peço revanche, chance alguma...
e nem mais tempo... é tudo ilusão.
Sinto-me morto, torne acabado,
busca de vez o resto e consuma.
Não quero mais viver... sem razão..
Comentários
para Arnault/Carmen Lúcia
Segundo Fernando Pessoa, o poeta tem muitos "EUS", o poeta é um fingidor;espero que esse belo e triste poema seja um dos muitos eus fingidores, não condiga com a realidade. Seria clichê dizer-lhe que vivemos em busca de uma razão e que essa busca é incessante. Que a dor nos faz crescer e só evoluímos através dela. Que a vida é difícil e ninguém prometeu que seria fácil.Que amar é sofrer;não existe amor sem sofrimento.Mas a vida é um presente de Deus e devemos preservá-la. Você é um poeta e um poeta sobrevive às mais cruéis tempestades. Lembrei-me de um poema que fiz num momento trágico de minha vida e vou postá-lo aqui, com a intenção de ajudá-lo, se for o caso.
"Morte e ressurreição de um poeta"
Sangra, agora, seu coração...
Mudo, destroçado, descompassado.
Quer bramir um verso,
despertar a emoção...
Mas cala-se ante o gemido que brota
confirmando a triste derrota.
Sangrando assim, não é capaz...
Sangrando assim, seu verso jaz.
Outrora voava com a fantasia,
som de violino em feitio de poesia,
seus versos percorriam céus e terras...
Era o amor indo ao encontro de almas vazias.
Pisotearam o poeta, tiraram-lhe a visão,
Rasgaram os seus versos, escarraram suas rimas...
Amores perversos, almas desumanas,
maldade imbuída na mente humana...
Hoje, um farrapo vagueia pelas esquinas,
um resto de inspiração o incita à nova vida...
E tateia as emoções pelos cantos, perdidas,
restaurando seus versos, resgatando suas rimas...
Esculpindo sua alma...Um verdadeiro artista!
(Carmen Lúcia)
Carmen Lúcia
Arnault- Lua-Verde
Que triste poema, poeta dos doces violinos.... É verdade que o amor é um lugar fugaz, difícil de encontrar, mas ele existe, meu amigo. Sim, quero muito acreditar que sim. Não páre de sonhar, nem de cantar o amor nas teclas dos seus poemas, como tão bem faz. Quem sabe um dia, um violino bem especial, virá de forma mágica e surpreende, tocar só para você!
Um beijinho com carinho
Lua-Verde