Ah, meu tudo, deste que foste
sou apenas luva sem mão,
o mundo tornou-se tão triste,
o relógio perdeu a razão...
As horas se emendam iguais,
só se travestem doutro dia.
Apenas luz que vem e vai
mas, sempre a mesma que eu via.
O que foi riso é chover,
o horizonte, fez-se aos pés,
cada dia, acordo em morrer,
desde quando não me és...
Meu prazer foi junto a ti,
cor da flor, calor do sol,
todo o amor que vi e ouvi,
todo tom tornado em bemol.
Sou-me apenas eu e não basto...
Um fragmento, ou pedaço,
ou quem sabe, talvez, um resto.
O resultante do fracasso...
Mirando o chão me enterro,
na inanição e inércia calo,
no erro, o por que encerro,
no encontro da alma ao ralo.
Sempre é o tempo do quando
é tornado insuportável.
Quando estavas foi voando
ao partiste... o interminável.