melancolia

Foto de ArielFF

Poema de desamor

Este não é um poema de amor
Já que o amor não me cabe mais
Pois este me transbordou
Outrora tudo que fui
De repente se despediu
Sem pedir licença, partiu

Hoje eu sinto saudade
Da vontade
Da ânsia de coisa qualquer
Do encanto de qualquer mulher
Dos braços
Dos afagos
Dos tragos
Da saudade

Foto de ArielFF

Eu torta

Perdoe meu mal jeito
É que se venho em passos tortos
Caminhando toda incessante
Toda desconcertada
Toda errante
É que assim que me fez a vida:
Tornou de entortar-me as costas
E de tornar minhas pernas
Pobres e indispostas
Ora um, ora outro,
Meus pés ficam para trás.

Pobre de mim, me atrevo a admitir
Tão pouco que já vivì
E a vida já veio me assolar
A morte já chega a me ameaçar
O tempo já escureceu meu olhar
A mágoa já tornou em me amargar

Foto de Arnault L. D.

Melhor assim

Olhar o velho amor
depois da história ida,
e perceber em paz
mesmo num tanto a dor,
que certo fez a vida...
e que não volta atrás.

Que foi melhor assim...

As coisas foram certas,
tudo foi a seu favor.
Percebo no sorriso,
foram horas incertas,
em que era meu amor,
que foi meu paraíso.

Mas, ainda o traz.

Estranho a tola alegria,
em ver que acertou,
ao escolher desvio
a rota em que eu cabia.
Todo mundo ganhou. ( ? )
Em a ver feliz, sorrio...

Quiçá, porque era amor...

A vida, talvez salvou
de sermos mais um erro,
de sê-lo e me culpar.
Trago a semente que secou
sem solo, em desterro,
vendo um jardim florar.

A um velho amor olhar.

Foto de Arnault L. D.

Ensimesmado

A luz de meu raciocínio
ilumina meus pensares atormentados,
não possuo o dom da loucura.
Apenas a consciência em domínio,
a vislumbrar, abismos revoltados
e deste mal não tenho cura.

A bebida não me embriaga,
apenas me faz doente e tonto.
Como alérgico, sei quem me ataca,
a minha própria natureza, a chaga,
que feri e a qual confronto
desde a longa primeira data.

Meus olhos vêem demais
e a surdez não me ronda...
Minhas réguas nas mãos, sem saída,
meço a alma que se perde entre ais,
palmeando a somar o que estronda:
A realidade trágica da vida.

Foto de Arnault L. D.

A velha tapeçaria

O quadro continua ali,
quase que inalterado,
meus olhos são que mudaram.
Vêem nele, a passagem
das outras vistas que eu vi.
As memórias do passado
de coisas que acabaram,
mas, conviveram a imagem.

Extemporâneo que passa
vejo agora diferente,
as certezas das paisagens,
as verdades, transparentes,
que já a vista transpassa
e não reconhece a gente.
O tempo das engrenagens
que moem intermitentes...

Na tela a visão salvada,
amigas, familiares,
venturas de outra data
vem lembrar, de outro dia...
E degraus subo da escada
d’onde avisto velhos ares,
lugares que me refrata.
Díspar daqui... eu havia.

Foto de Arnault L. D.

No fim dos dias

Eu sei que o amor está em mim,
quando a dor não faz correr,
quando mesmo me ferindo,
e abraça-la é dizer sim,
Digo. Contando com o sofrer,
sem razão de estar sorrindo.

Eu sei que o amor está em mim,
quando não me ponho a mover
e deixo a onda me encontrar.
E o tiro não é de festim,
a festa não vem socorrer,
e mesmo assim irei ficar.

Eu sei que o amor está em mim,
este amor, que esta em você,
Mesmo se não traga canto
quedo aqui, até o fim.
Não deixo margem para um “se”.
Estarei... enquanto encanto.

Eu sei que o amor está em mim,
mesmo que não lembre, serei,
sem dever voltar mais nada.
Não é para ganhos que vim.
Assim, mesmo fim, amarei.
Pois, sei... que me fez morada.

Foto de Arnault L. D.

A poeira do tempo

Ah, se esta chuva pudesse lavar
o pó que norteia a história,
levar as folhas mortas, a sujeira,
e entregar mais uma vez ao olhar,
a vista clara, que guarda a memória,
antes do opaco de toda poeira...

Foto de Carmen Lúcia

Da janela...

Da janela vejo as folhas se entregarem
voando lentamente ao outono, com o vento,
buscando o alento de efêmeras moradas,
cumprindo a missão que lhes foi predestinada.

Da janela vejo o inverno incisivo
com seu poder decisivo de congelar e lacrar
jazigos onde folhas esquálidas repousam
pra renascerem quando a estação voltar.

Da janela vejo a vida ser mais bela,
o tempo de espera faz surgir a primavera
antes recolhida, adormecida sob a terra,
brotada das sementes, renascida em folhas verdes,
nas flores coloridas, perfumadas e singelas.

E as estações do ano nunca encerram suas lidas,
morrem e renascem retratando a própria vida...
Bailam pelo tempo em performances verdadeiras.
Terá a vida a mesma significação?
Da janela vejo a próxima estação...
Quantas mais verei até a derradeira?

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Chega um tempo...

Chega um tempo que não tem mais graça
olhar a vitrine, tomar um bom vinho, dançar uma valsa.
Andar por aí, curtir o que vier, sentar-se na praça.

Chega um tempo que não entusiasma tanto
vestir roupa nova, gritar o que choca
e dançar um tango.

Chega um tempo que é outro tempo
rápido, escasso, sem tempo
de olhar à janela, dobrar a esquina,
perder a cabeça, buscar outra sina.

Chega um tempo que o espelho embaça
a beleza das coisas que antes via
e que o próprio tempo oferecia…
Vista agora através da vidraça.

Chega um tempo desprovido de vaidade
cada espaço se enche de verdade
o supérfluo se perde com a ilusão
e a vida perde um pouco da graça
dando lugar à razão.

_Carmen Lúcia_

Foto de Arnault L. D.

Agora que ela se foi

Agora que ela foi embora
e levou consigo a ventania,
posso as janelas todas abrir.
Posso perder a linha, a hora,
as cortinas, o vaso, o dia,
sei que nada vai do lugar cair.

Os papeis soltos na mesa,
a caneta e o caderno,
as folhas que não balançam.
O viver não tem surpresa,
calor verão, frio inverno.
Sonolenta é a paz da razão.

Mais nada a cobrar, ou pedir,
e a agenda livre... letargia
bom... vejo que tudo está bem.
Eu, inerte, não preciso ir.
A tarde vai na noite e esfria,
outro motivo algum não tem.

Tudo agora fez-se calmaria.
Eu temo: as inertes lápides,
d’onde o resto ao redor é além.
O ventar, que agora estia,
abandonando-me os revides
não mais se movimenta; estou bem.

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