melancolia

Foto de ArielFF

a bailarina

A bailarina
Em cima da caixinha
A girar, a girar
Em sua dança sem par

Com seu vestido rosinha
Os pés bem na pontinha
A bailarina
Só sabe dançar

A bailarina, coitadinha
Dança sempre sozinha
Pois na sua vida
Pàs de déux não há

A bailarina
Em cima da caixinha
A girar, a girar
Não aprendeu a amar

Foto de ArielFF

tédio

Há um tédio massante
Em existir sem saber porquê
Eu olho os livros na estante
E sei que eles nada tem a dizer
Nada dizem de importante
Nada que eu queira saber
Assim como eu ou você
Nada têm a oferecer

Foto de ArielFF

Tragos

Dou um trago
Pra ver se trago
Alguma graça
Pra essa vida
Intragável

Foto de Arnault L. D.

E ela adormeceu ( Para minha cadela Tchuca )

É... amiguinha, descansa,
eu lhe digo, pode ir, não tema.
ao seu lado estou, e fico.
Então sossegue e não se prenda,
Foram tantos anos, tanto tempo...
você foi a melhor, lhe garanto
você me fez sorrir, brincando,
implicando, ou apenas sendo,
Sempre confiando em mim.
Mas, é tarde e está cansada
então lhe canto um acalanto.
Dorme agora... não fique por mim
lutando contra este sono,
sinta a minha mão e relaxa...
estou aqui com você.
Tenha certeza que foi a melhor,
tenha certeza que eu a amo,
mas, agora é melhor você dormir
então dorme, em paz minha amiga
minha menininha.... adeus.

Foto de Ivone Boechat

Dia da criança

Hoje é Dia da criança!
dia marcado para refletir
sobre o que faz o Brasil
por seus pequeninos
para torná-los homens de bem,
como se empenha
na construção da felicidade,
no exemplo de atenção,
no cumprimento das leis
da educação...
Sonha com o futuro esse menino,
tem ansiedade para ser alguém,
não quer ser mais um
pedindo esmola,
matricula entusiasmado,
se orgulha do uniforme,
vai feliz da vida estudar,
muito longe dali onde mora,
mas encontra na escola...
Porta fechada, cadeado, muro
exigência pra todo lado...
a incompetência
o empurra para fora,
foi impossível agradar ao dono...
a vítima segue
o caminho, rejeitado:
evasão, escuro,
abandono.

Ivone Boechat

Foto de Arnault L. D.

Pedras da Lua

O amor, mesmo consumido
jamais torna-se em nada.
Ele muda o jeito sentido,
torna-se encanto de fada...

Doce a amargar a boca
e aos olhos úmidos brotar,
feito em tristeza; a concha oca
de ser, porém, não mais estar.

O amor está aonde ecoa,
o meu, está em mim, quiçá...
Em não sei está, se escoa,
nalgum lugar do tempo há.

Juntos no oculto, sob a lua,
ouço um eco assim dizer,
palavras doces da voz sua,
antes de tê-la e me esquecer.

Assim, espreito tal um voyer.
Vultos sentir qual foi sentindo,
com olhos da alma mister
reve-la fora ao mundo infindo

No intáctil ainda se ama...
Rir lágrimas secas, velho jogo.
No frio carvão, sopro chama,
logo se inflama e luz o fogo.

Ainda estou em mim guardado,
preservado onde fora aquém.
Tempo, ruas, vez fossilizado,
nas pedras que a memória tem.

Foto de ArielFF

Saudade tua

Ao teu lado eu crescì
Minhas melhores risadas eu rì
Meus melhores momentos vivì
E aos poucos o mundo conhecì

Ao teu lado eu era feliz
E foi pouco ou muito que fiz
Que te levou pra longe de mim
Que me levou pra longe de tì

Doeu depois, e doeu na hora
E juro que ainda dói agora
Mas acho que já não dá mais
Nem pra pensar em voltar atrás

Os tempos são outros
E eu mudei tambem
Os sorrisos se tornaram poucos
E as pessoas agora vão e vem

Ainda vejo os nossos sorrisos
Estampados em outros tempos
De que agora só sobram vestìgios
Que logo também somem no vento

Estúpida e vertigiosa saudade
Uma hora tens que partir
Que com essa dor no meu peito
É que eu não posso seguir

Foto de ArielFF

Poesia de papel

Minha poesia já não tem sabor
Não tem cor
Não tem cheiro
E nem vontade

Minha vida já não tem amor
Tampouco dor
Sofrimento
Ou vaidade

Meu domingo não tem sofá
Não tem musica
Não tem lua
E nem saudade

Minha garganta não tem nó
Nem no estômago borboleta
No meu olhar não tem brilho
No meu jardim nao tem violeta

Foto de ArielFF

Poeminha de domingo

No domingo perdì a graça
Soltei fumaça
Perdì o tempo
Cortei o vento

No domingo me fugiu a vontade
Me chegou a idade
Me sumiu a calma
E morreu minha alma

No domingo eu perdì a hora
E escrevi uma nota
Pra ver se la fora
Avançava o tempo

No domingo me findou a vida
Houve despedida
Sem haver partida

E domingo era todo dia
Em que perdì a vida
E não pude amar

Foto de ArielFF

Renuncio e vou-me

Eu renuncio á poesia!
Pois tudo o que escrevo
Me dá azia

Deixo de lado a canção!
Pois naquilo que canto
Já não vejo a razão

Esqueço os versos!
Já que em tudo o que crio
Não há mais sentimento terno

Desisto da palavra!
Mesmo que sejam tantas
Ainda não dizem nada

Vou embora!
Há tanto que estou aqui
E não vejo passar a hora

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