Angústia inesperada, que impedir não se pode,
Por que me persegues tanto, feito doença danada?
Fechas-me a porta do mundo, travas-me sorrisos no peito
E, como num sonho profundo, transformas-me em pesadelo,
Onde há pássaros e sóis eu já não consigo vê-los,
O amanhecer é bem pior do que a noite sem estrelas.
Vai, angústia, vai embora! Fazes parte de algo de mim
Mas, tinhas de vir agora, num lugar bonito assim?
O espelho da Lagoa transforma tudo em dois:
Beija-flores e pássaros em vôo não passarão outra vez.
Preciso sentir o Agora, com a alma incandescente,
Não sei se terei depois, lua cheia e sol nascente.
Vai angústia, vai embora! Deixe-me a sós com meus ais.
Só assim, a Luz da Vida poderá, de leve, entrar.